quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Mário Lisboa entrevista... Sandra Santos

Olá. A próxima entrevista é com a atriz Sandra Santos. Interessou-se pela representação aos 14 anos tendo feito o primeiro curso de interpretação da companhia ENTREtanto Teatro e depois um curso de formação de atores na ACT-Escola de Atores entre 2002 e 2004 e desde então tem desenvolvido um percurso que passa pelo teatro, pelo cinema e pela televisão (onde entrou em produções como "Dei-te Quase Tudo" (TVI), "Conta-me como foi" (RTP), "A Outra" (TVI), "Casos da Vida" (TVI), "Podia Acabar o Mundo" (SIC) e "Olhos nos Olhos" (TVI) e recentemente participou na 8ª temporada da série "Morangos com Açúcar" (TVI) e nas peças "Sonho de uma Noite de Verão" de William Shakespeare e "Comédia de Desenganos" de Luísa Costa Gomes (que é uma reinterpretação de "Sonho de uma Noite de Verão"), dois projetos que contaram com encenação de António Pires e que estiveram em cena no Teatro do Bairro em Lisboa. Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 3 de Agosto na altura em que a entrevistada tinha acabado de fazer a peça "Sonho de uma Noite de Verão".

M.L: Atualmente integra o elenco da peça “Sonho de uma Noite de Verão” de William Shakespeare que está em cena no Teatro do Bairro até ao próximo dia 16 de Julho. Como é que está a correr a peça?
S.S: A peça já terminou e correu muito bem. Neste momento, já estamos a preparar o próximo projeto: "Comédia de Desenganos" de Luísa Costa Gomes que também terá estreia no Teatro do Bairro.

M.L: Como é que surgiu o convite para integrar o elenco da peça?
S.S: O convite surgiu através do António Pires, o encenador da peça com quem já tinha trabalhado num âmbito diferente, quando ainda estava a estudar na ACT-Escola de Atores.

M.L: Qual é a personagem que interpreta nesta peça?
S.S: Eu interpreto a Helena que é completamente apaixonada por Demétrio que por sua vez repudia o seu amor por lhe estar destinado casar com Hérmia que ama Lisandro. Nesta comédia, onde o Mundo dos Deuses e dos Humanos se cruzam e se tocam por intermédio de uns pozinhos mágicos são muitas as confusões e mal-entendidos entre estes quatro apaixonados.

M.L: “Sonho de uma Noite de Verão” é encenada por António Pires. Como é trabalhar com ele?
S.S: Foi muito bom voltar a trabalhar com o António Pires ainda por cima nesta peça extraordinária de Shakespeare e interpretar Helena, personagem que sempre quis fazer. Ele torna o trabalho mais fácil, há uma grande preocupação com o texto, com a verdade do texto. Para além disso, como foi ator é-lhe mais fácil transmitir o que pretende da cena, passar o que está dentro da sua cabeça para nós atores e para o palco. 

M.L: Como tem sido a reação do público a esta peça?
S.S: Tem sido muito boa e para nós sentir o prazer do público, durante esta hora e meia é a maior recompensa.

M.L: Recentemente integrou o elenco da 8ª temporada da série “Morangos com Açúcar” (TVI), onde interpretou a personagem Claudia Cortês. Que balanço faz da sua participação na série?
S.S: Muito positivo. Os "Morangos com Açúcar" têm um ambiente muito descontraído que começa nos próprios textos e se contamina e expande no ambiente criado entre todos os elementos da equipa. Foram 10 meses que passaram muito rápido e dos quais guardo boas recordações.

M.L: “Morangos com Açúcar” é exibida há quase 10 anos. Como vê o percurso que a série fez até agora?
S.S: Eu não acompanhei a série ao longo destes dez anos, mas é uma série com um target específico que a cada ano renova o seu público e esse é o segredo para manter vivo o interesse da audiência mais jovem.

M.L: Como é que surgiu o interesse pela representação?
S.S: Surgiu quando tinha 14 anos e fiz o primeiro curso de interpretação na ENTREtanto Teatro, uma companhia subsidiada pelo Instituto das Artes e sediada em Valongo.

M.L: Durante o seu percurso como atriz fez teatro e televisão, mas pouco cinema. Gostava de ter trabalhado mais nesse género?
S.S: Não gosto do tempo verbal em que coloca a questão (risos). "Nunca é tarde demais para sermos o que poderíamos ter sido" como referiu George Eliot. Ainda por cima com a minha idade tenho a certeza que no futuro ainda virei a fazer mais cinema. 

M.L: Qual foi o trabalho num destes géneros que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
S.S: Em televisão, foi a série "Conta-me como foi" (RTP) pela sua qualidade inegável, pelas condições de trabalho que nos foram dadas, pelo privilégio de trabalhar com atores tão talentosos, enfim pelos 3 anos em que a "Nani" por lá passou. Em teatro, destaco a última peça e o meu último amor: "Sonho de uma Noite de Verão". Quase pelos mesmos motivos do “Conta-me…”: uma personagem que eu adorava e um ambiente de camarim absolutamente extraordinário e fora do vulgar. Trabalhar e estar com todo o elenco era um prazer, havia uma grande cumplicidade e confiança dentro e fora do palco.

M.L: Já fez telenovelas. Este é um género televisivo que gosta muito de fazer?
S.S: Depende! Se a personagem e o argumento for interessante, este é um género televisivo como outro qualquer. Se a personagem carecer de interesse quer para o público quer para mim, enquanto atriz torna-se mais complicado, porque é um trabalho que demora entre 6 meses a 9 meses e ninguém gosta de fazer por tanto tempo algo que não lhe dá prazer. Mas isso também poderia acontecer numa série... O que para mim é mais complicado gerir numa telenovela é o fator tempo: tudo é muito rápido e há uma consciência de todos que é assim que tem de ser, o tempo é como uma nuvem negra que paira nas nossas cabeças, uma pressão constante e isso faz com que nem sempre as cenas tenham a qualidade que poderiam ter. Mas tal como disse, esta é uma característica do produto.

M.L: Como vê atualmente o teatro e a ficção nacional?
S.S: Eu gosto do teatro que se faz cá em Portugal, acredito que temos um bom nível internacional e só é pena que não haja mais apoios para os novos criadores que se vão formando e lhes seja tão difícil pôr em cena os seus trabalhos. Já no que diz respeito ao cinema e à televisão considero que ainda temos um longo caminho a percorrer. Temos alguma dificuldade em inovar, em encontrar novas ideias e sobretudo novos e bons argumentos e no meu ponto de vista é aqui que reside o principal problema.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
S.S: Claro! Embora saiba que no meu caso seria complicado, pois não domino mais nenhuma língua como domino o Português e para uma atriz a palavra é (na maioria dos casos) fundamental. 

M.L: Vive em Lisboa, mas nasceu no Porto. Já alguma vez se arrependeu de ter decidido ir viver para Lisboa?
S.S: Nunca, gosto muito de viver em Lisboa, tenho uma grande afinidade com esta cidade e a família e parte dos amigos estão a uma distância de 3 horas, não é o fim do Mundo.

M.L: Em 2012, vai fazer 30 anos. Como é que se sente ao chegar a esta idade?
S.S: Ainda nem 29 anos tenho, não me faça já mais velha do que sou...

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
S.S: Mais uma peça no Teatro do Bairro: "Comédia de Desenganos" da Luísa Costa Gomes e encenada pelo António Pires com praticamente o mesmo elenco do “Sonho de uma Noite de Verão” e ainda um telefilme da TVI escrito e realizado pelo Artur Ribeiro com quem tenho trabalhado noutros projetos e com quem é sempre um prazer trabalhar.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
S.S: Passar uma temporada no estrangeiro quer pela experiência em si, quer pelas oportunidades ao nível da formação que alguns países oferecem.ML

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