sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Mário Lisboa entrevista... Ângela Pinto

Olá. A próxima entrevista é com a atriz Ângela Pinto. Desde muito cedo que se interessou pela representação tendo desenvolvido um percurso que passa pelo teatro, pelo cinema e pela televisão (onde entrou em produções como "Desencontros" (RTP), "Meu Querido Avô" (RTP), "Esquadra de Polícia" (RTP), "Milionários à Força" (RTP), "Saber Amar" (TVI), "Mundo Meu" (TVI), "Morangos com Açúcar" (TVI), "Podia Acabar o Mundo" (SIC) e "Equador" (TVI) fazendo parte da companhia Tenda-Palhaços do Mundo que foi fundada em 2004 e em 2012 celebra 32 anos de carreira e recentemente participou na telenovela "Rosa Fogo" (SIC) e na peça "Coisas de Homem" de Franz Xaver Kroetz da qual contou com encenação de Maria Emília Correia e que esteve em cena no Teatro da Trindade em Lisboa. Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 24 de Janeiro na altura em que a entrevistada estava a gravar a telenovela "Rosa Fogo".

M.L: Atualmente participa na telenovela da SIC “Rosa Fogo”, onde interpreta a personagem Carlota. Como estão a correr as gravações?
A.P: As gravações desta novela correm com um grande ritmo. Tem sido algo cansativo, mas como temos uma excelente equipa tanto técnica como de colegas, o trabalho acaba por dar muito gozo.

M.L: Como é que surgiu o convite para integrar o elenco da telenovela?
A.P: O convite surgiu da diretora de projeto Patrícia Sequeira. Fui convocada para uma reunião com ela e com a diretora de atores Ana Nave em que me falaram de todo o projeto e em especial do meu papel, a Carlota. Fiquei logo bastante entusiasmada, trouxe uns guiões para ler e decidi rapidamente, pois todo o projeto me pareceu aliciante.

M.L: A última telenovela em que participou antes de “Rosa Fogo” foi “Podia Acabar o Mundo” da SIC em 2008. Já tinha saudades em participar numa telenovela?
A.P: Sim, embora eu gosto de fazer de tudo dentro da minha área e tenha estado bastante preenchida com teatro. Entretanto, a televisão é uma espécie de vício. É algo de que também gosto muito e em que podemos confrontarmos diariamente com o nosso trabalho e eu já sentia falta disso. Foi muito bom voltar.

M.L: “Rosa Fogo” é da autoria de Patrícia Müller. O que a cativa na escrita dela?
A.P: O ser uma escrita muito direta. As cenas não andam "à volta", as personagens dizem o que têm para dizer e isso é muito bom para quem representa. Gosto também da temática das relações entre mulheres e tenho mesmo pena de que a minha personagem não tenha desenvolvido mais a relação com a Maria (a filha que a Carlota nunca teve...). No entanto, acho que a relação de extrema fidelidade da Carlota com a Gilda me marcou muito e tornou os confrontos que existem entre elas muito fortes e emocionais, foram cenas que me deram muito prazer.

M.L: Como tem sido a reação do público a este projeto?
A.P: Pelo que posso sentir na rua tem sido muito positiva e de alguma surpresa. A mim estão-me sempre a pedir que "salve a menina"!!

M.L: Como classifica este projeto?
A.P: É um projeto muito cuidado, seguramente um projeto de qualidade.

M.L: Recentemente, Portugal conquistou o seu segundo Emmy com a telenovela da SIC “Laços de Sangue”. Como vê este reconhecimento internacional?
A.P: É uma grande mais-valia para todos os que trabalhamos nesta enorme área: ser-se reconhecido internacionalmente. Faz-nos sentir orgulho, mas também mais responsabilidade. Mostra que o nosso país não é tão pequeno como alguns nos querem fazer crer!!!

M.L: Como é que surgiu o interesse pela representação?
A.P: Desde criança que me sentia atraída pelo mundo das artes especialmente as performativas. Cheguei a pensar em ser bailarina, mas o grande amor que tenho pela palavra levou-me a decidir pela representação.

M.L: Durante o seu percurso como atriz fez teatro e televisão, mas pouco cinema. Gostava de ter trabalhado mais nesse género?
A.P: Claro!!

M.L: Qual foi o trabalho num destes géneros que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
A.P: Felizmente muitos. Costumo sempre apaixonar-me pela última coisa que estou a fazer... Continuo a representar a "Carta com Resposta" a partir de um texto do Fernando Pessoa e esse é um trabalho que me diz muito por toda a problemática da diferença que aborda. Recentemente, representei a Anna do "Closer" e foi um trabalho fortíssimo de uma grande atualidade. Mas também já fiz a Bernarda de "A Casa de Bernarda Alba" e ninguém fica igual, depois de dar corpo às palavras de (Federico García) Lorca... Muita coisa!!

M.L: Desde os últimos anos que é uma presença regular nas telenovelas. Este é um género televisivo que gosta muito de fazer?
A.P: Dá-me muito prazer fazer televisão. Fazer novela é como correr a maratona! É um género muito exigente em que estamos sempre a pôr à prova a nossa capacidade de resposta, torna-se muito estimulante para um ator.

M.L: Como lida com a carga horária, quando grava uma telenovela?
A.P: Como toda a gente!!!! Temos de nos cuidar e não deixar de descansar sempre que podemos... É uma questão de treino.

M.L: Um dos seus trabalhos mais marcantes em televisão foi a série “Milionários à Força” (RTP), onde interpretou a personagem Cândida Carrapito Leal. Que recordações leva desse trabalho?
A.P: Foi marcante??? Talvez!! Eu adorei, tínhamos um grande elenco. Adoro fazer comédia e trabalhar com o Fernando Mendes, o Vítor de Sousa, a Rosa do Canto e o Carlos Areia foi uma verdadeira escola para mim... Era uma equipa sempre muito bem-disposta e disposta a dar a mão ao colega!  Não posso esquecer nesta série, o talentosíssimo Pedro Alpiarça!

M.L: Qual foi o momento que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
A.P: Não tenho um momento, tenho uma vida inteira cheia de projetos, de recomeços, de voltar sempre a acreditar e de fazer sempre como se fosse a primeira vez. Às vezes sou melancólica do passado, mas não sou nada saudosista!

M.L: Como vê atualmente o teatro e a ficção nacional?
A.P: Isso dava outra entrevista!!! Mas sou otimista e acho que no teatro há muita gente nova a fazer coisas interessantes, o mundo não pára. Gostava de ver mais respeito pelos velhos pela sua sabedoria e capacidade de ainda dar e ensinar. A ficção nacional, acho que está a crescer na direção certa: a da qualidade.

M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
A.P: Claro!!!!! Mas não seria fácil, porque sou muito apegada à família... Mas sempre aceitei todos os voos! 

M.L: Este ano celebra 32 anos de carreira desde que começou em 1980. Que balanço faz destes 32 anos?
A.P: Sempre a lutar... por fazer melhor e por que se faça melhor! Detesto o facilitismo. Acho que consegui desenvolver alguns projetos interessantes e dizer às pessoas, "as coisas" que me interessam!!! É para isso que sou atriz: para comunicar, para transmitir ideias, para tornar o mundo melhor!!!! Claro que sonhei fazer muitas coisas que não fiz, mas já esqueci, não fico a olhar para trás... ainda tenho muito para fazer e para dizer...

M.L: É uma das fundadoras da companhia Tenda-Palhaços do Mundo que foi fundada em 2004. Como é que surgiu a ideia de fundar a companhia?
A.P: Não, eu não sou fundadora da Tenda, ainda que agora esteja empenhada neste projeto. Mas a Tenda e os Palhaços do Mundo são duas vertentes diferentes. A Tenda será o rosto do cidadão que intervém ativa e profissionalmente com a arte. Os Palhaços do Mundo são o lado solidário que também com a arte faz chegar sorrisos a quem mais precisa.

M.L: Que balanço faz do percurso que a companhia fez até agora?
A.P: A Tenda está a crescer, devagar, mas com passos seguros. Os nossos espetáculos têm vindo a criar um público próprio que já nos segue e isso é extremamente importante tanto infantil como adulto. E também no plano pedagógico temos desenvolvido um trabalho continuado com as diversas ações de formação a que nos dedicamos. Portanto, o balanço é muito positivo e seguramente para continuar.

M.L: Qual foi a pessoa que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
A.P: Tantas... felizmente. Impossível citar uma.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
A.P: Vamos repor entre 15 e 25 de Março, a "Carta com Resposta" de Fernando Pessoa e Inês Pedrosa no Teatro da Malaposta. E em Maio estrearei uma nova produção da Tenda no Teatro da Trindade de um grande dramaturgo europeu. E claro, espero voltar a fazer televisão brevemente!

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
A.P: Para o meu umbigo, gostava de fazer um papel importante em cinema!!!! Em termos mais gerais, gostava que o projeto dos Palhaços do Mundo tivesse mais possibilidades para crescer e nos deixar ser verdadeiramente solidários e ir para as ex-colónias com os nossos palhaços!ML

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