domingo, 26 de outubro de 2014

Brevemente...

Entrevista com... Isabel Scisci (Atriz)

Mário Lisboa entrevista... Carla Maia de Almeida

Natural de Matosinhos, desde muito cedo que se interessou pela escrita, e tem desenvolvido um percurso como escritora que passa, essencialmente, pela literatura infantil. Além da escrita, também é jornalista, e em 2013 estreou-se na literatura juvenil com "Irmão Lobo" que conta a história de uma família obrigada a mudar de vida e também de uma viagem por um país que se desmorona e foi geralmente bem-recebido na altura do seu lançamento. Esta entrevista foi feita no passado dia 7 de Outubro.

M.L: Quando surgiu o interesse pela escrita?
C.M.D.A: O interesse pela escrita dos outros surgiu muito cedo, desde a altura em que comecei a ler, antes da escola. E nunca mais parou, claro. Demorei muito tempo até considerar que poderia contar as minhas próprias histórias, feitas de histórias dos outros e do que me foi dado viver. Comigo, tudo tende a acontecer D-E-M-O-R-A-D-A-M-E-N-T-E. Gosto disso.

M.L: Quais são as suas influências nesta área?
C.M.D.A: Não sei, sinceramente... Incorporo tudo aquilo que leio e que me toca, independentemente de ser escrito «para crianças» ou não. Incorporo tudo o que vivo, sinto, ouço, vejo e lembro, acima de tudo. Depois, quando escrevo, só quero esquecer-me de quem sou e deixar que o inconsciente procure o que tem de procurar. Esse é sempre o primeiro impulso para começar a escrever. Depois, vem a parte mais racional e técnica, imprescindível, em que tento mandar o Superego às urtigas.

M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora, durante o seu percurso como escritora?
C.M.D.A: Claramente, o meu sexto e último livro: “Irmão Lobo”, tão bem ilustrado pelo António Jorge Gonçalves (Planeta Tangerina, 2013). Vivi mais de um ano com ele na cabeça e depois escrevi-o durante um Verão duríssimo, em que me só apetecia estar na praia... Mas sabia que o tinha de escrever, porque senão desaparecia. Não é um livro para crianças. É para adolescentes e adultos, acho eu. Algumas crianças têm gostado, dizem-me, mas eu acho um bocado violento. Elas lá sabem.   

M.L: Além da escrita, também é jornalista. Em qual destas funções em que se sente melhor?
C.M.D.A: Raramente me sinto jornalista, até porque já se faz pouco jornalismo. Eu escolhi o «jornalismo cultural», que é de todos o menos valorizado, ainda por cima. De qualquer modo, nunca gostei do frisson jornalístico: a pressão do tempo, a confusão das redações, os cafés no corredor e as tricas, ter de fazer trabalhos sem interesse algum, receber ordens «superioras»... Não gosto disso e nunca me adaptei; tenho uma má relação com a autoridade. Na escola secundária, escolhi jornalismo porque tive uma professora com muita pinta, jornalista da TSF, que me disse que eu tinha uma «escrita desenvolta». E também porque era um bocado bicho-do-mato e, inconscientemente, sabia que me iria fazer bem cair no meio da arena e ter de me desenvencilhar. Melhor e pior, assim o fiz.

M.L: Como vê, atualmente, a Cultura em Portugal?
C.M.D.A: A Cultura em Portugal, atualmente. Portugal, atualmente, a Cultura. Atualmente, Portugal e a Cultura. Por muitas voltas que se dê, andamos sempre às voltas. A Cultura não interessa ao poder político e financeiro, a não ser quando lhes toca a receber louros. À parte disso, há sempre gente que não se conforma e tenta fazer qualquer coisa que saia da alma. É o que nos vale. A resistência à pequenez de meia dúzia de insurretos. 

M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na área da escrita?
C.M.D.A: A escrita não é uma carreira. Nem sei bem o que é. Uma forma de arte? Uma escolha? Uma espécie de maldição em que não escrever é que é ter alta (parafraseando Fernando Pessoa)? Enfim, eu diria que primeiro é preciso ler muito, ler os mestres. Depois, procurar uma voz, abeirar-se da sua alma, debruçar-se na escuridão interior. Arriscar, tentar, falhar, recomeçar, pôr-se sempre em causa. Não saltar etapas. Não ligar muito a críticas nem a elogios. Ser coerente. Não esperar nada e dar tudo. É mais ou menos como estar-se apaixonado. Às vezes, lixamo-nos. Ninguém disse que ia ser fácil. 

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até agora, como escritora?
C.M.D.A: Positivo. Evolutivo. Grato.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
C.M.D.A: Ainda este ano, vai sair uma biografia da Ana de Castro Osório ilustrada pela Marta Monteiro, na editora Pato Lógico. Estou a escrever um novo picture book para a Caminho, após dois anos de ausência por razões editoriais. E assim que o acabar, vou escrever o sucessor do “Irmão Lobo”, que está já a ferver na minha cabeça e a pedir para ser escrito. Vamos lá ver como me saio. 

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda nesta altura da sua vida?
C.M.D.A: Gostava de ganhar dinheiro suficiente para comprar uma casa de madeira na ilha Sul da Nova Zelândia e passar lá metade do ano. A escrever e a tosquiar ovelhas.ML

Fotografia: Paulo Sousa Coelho

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Mário Lisboa entrevista... Carla Maciel

Natural do Porto, estreou-se na representação em 1992, e desde aí tem desenvolvido um excecional percurso como atriz que passa pelo teatro, pelo cinema e pela televisão (onde entrou em produções como "Ajuste de Contas" (RTP), "A Senhora das Águas" (RTP), "Lusitana Paixão" (RTP), "O Teu Olhar" (TVI), "Baía das Mulheres" (TVI), "Fala-me de Amor" (TVI), "Resistirei" (SIC), "Laços de Sangue" (SIC), "Os Nossos Dias" (RTP) e "Mulheres de Abril" (RTP). Atualmente, é co-protagonista da peça "Albertine-O Continente Celeste" que é escrita e encenada pelo seu marido Gonçalo Waddington e está em cena no Teatro São Luiz até ao próximo dia 18 de Outubro. Esta entrevista foi feita no passado dia 2 de Outubro no Teatro Carlos Alberto no Porto.

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
C.M: Surgiu naturalmente. O meu pai era uma pessoa que gostava de música e eu fui acompanhando mais ou menos o gosto dele e iniciei-me primeiro na música e depois surgiu a representação.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
C.M: Tenho muitas consoante o trabalho que estou a fazer.

M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora, durante o seu percurso como atriz?
C.M: É um bocadinho complicado, porque tem fases. Eu faço teatro desde os 17 anos e foram muito boas as peças que eu fiz. Para mim, todos os trabalhos são importantes.

M.L: Entre 2007 e 2008, participou na telenovela “Resistirei” que foi exibida na SIC, na qual interpretou a personagem Marta Tavares. Que recordações guarda desse trabalho?
C.M: Foi uma personagem forte, porque perde um filho e na altura eu já era mãe, portanto vivi a personagem de outra forma. Houve uma equipa boa e bastante empenhada no trabalho. Fiquei com pena da novela não ter passado integralmente, mas eu tenho tido muita sorte no que diz respeito à televisão, porque têm-me dado personagens muito interessantes para interpretar, com percursos oscilantes a nível emocional e para uma atriz é fantástico.

M.L: Como vê, atualmente, o teatro e a ficção nacional?
C.M: A crise não é só no teatro ou na televisão. É geral, mas ainda assim se continua a fazer boa ficção, bom teatro, apesar de estarmos a viver num momento de crise, de haver pouco dinheiro para a Cultura, e continuamos a evoluir e a crescer como artistas e isso é bom.

M.L: Em 2014, celebra 22 anos de carreira, desde que se estreou como atriz em 1992. Que balanço faz destes 22 anos?
C.M: Bons. Não foram fáceis. Viver-se disto e querer ter uma família, com filhos… Não é um mar de rosas, mas eu adoro aquilo que faço, tenho o privilégio de fazer aquilo que gosto e mesmo nos momentos em que nos sentimos pior, com menos trabalho, com mais angústias, o balanço é sempre positivo e sempre a tirar algo de positivo.

M.L: Como lida com o público que acompanha sua carreira há vários anos?
C.M: Lido bem. Tenho uma página de fãs no Facebook e gosto de sentir que o público me acarinha, que gosta do meu trabalho e para mim isso é uma mais-valia, mais do que tudo na vida. É o que nos faz sorrir e continuar.

M.L: Vive em Lisboa, mas é natural do Porto. Gostava de, um dia, regressar ao Porto no que diz respeito a viver cá permanentemente, quando tiver uma certa idade?
C.M: Já não tenho essa ambição. Eu gosto muito do Porto, gosto de visitar a minha família, gosto de estar aqui a trabalhar, mas agora a minha vida é em Lisboa. Não quer dizer que não venha, as pessoas mudam de ideias, mas neste momento não faz parte dos meus planos vir para cá.

M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na representação?
C.M: Persistência e sobretudo muita humildade.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda nesta altura da sua vida?
C.M: Viajar mais.ML

Brevemente...

Entrevista com... Carla Maciel (Atriz)

Mário Lisboa entrevista... Maria Clara Mattos

Desde muito cedo que se interessou pela representação e tem desenvolvido um percurso como atriz que passa, essencialmente, pelo teatro e pela televisão (onde entrou em produções como "Xica da Silva" (TV Manchete), "O Beijo do Vampiro" (TV Globo), "Começar de Novo" (TV Globo), "Escrito nas Estrelas" (TV Globo) e "Amor Eterno Amor" (TV Globo). Além da representação, também é escritora, e, recentemente, estreou-se na literatura com "O Céu Pode Esperar Mais um Pouquinho" que até agora tem sido geralmente bem-recebido. Esta entrevista foi feita no passado dia 1 de Setembro.

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
M.C.M: Acho que foi por volta dos 8 anos, quando eu quis fazer um teste para o programa de TV “Sítio do Picapau Amarelo” (TV Globo), mas a minha mãe não deixou. E, aos 14, 15 anos, bati o pé e entrei para um curso de teatro.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
M.C.M: Cada personagem pede uma coisa. Às vezes inspiro-me em pessoas que conheço, às vezes em alguém que vi na rua, mas a partir de um determinado ponto da criação, na própria personagem, mesmo.

M.L: Faz, essencialmente, teatro e televisão. Gostava de, um dia, trabalhar em cinema?
M.C.M: Sim!

M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora, durante o seu percurso como atriz?
M.C.M: Nunca sei responder a essa pergunta. Cada trabalho tem a sua peculiaridade, e a gente guarda um carinho especial por cada personagem. Acho que a Paulina de “Xica da Silva” (TV Manchete) foi um momento importante na minha carreira, porque foi a primeira personagem “de verdade” que fiz numa novela. Foi a minha primeira vez com textos grandes para decorar, muitas cenas por dia para gravar… E tem a Isaura que foi a minha estreia na (TV) Globo e uma personagem mais que deliciosa de fazer. Mas não posso deixar para trás a Leninha (“Escrito nas Estrelas” (TV Globo), a Regina (“Amor Eterno Amor” (TV Globo), a Simone (“Começar de Novo” (TV Globo)…

M.L: Entre 2002 e 2003, participou na telenovela “O Beijo do Vampiro” que foi exibida na TV Globo, na qual interpretou a personagem Isaura. Que recordações guarda desse trabalho?
M.C.M: As melhores possíveis! A personagem começou pequenininha, eu fui me divertindo, os autores foram gostando e acabei virando vampira! Tive muita sorte com os guionistas que escreveram para mim, escritores atentos, parceiros. Isso é muito importante quando a gente está na frente das câmaras.

M.L: Além da representação, também é escritora. Em qual destas funções em que se sente melhor?
M.C.M: Na que eu estiver desempenhando no momento. Eu amo estar num set de gravação e amo estar atrás da tela do computador inventando histórias. Cada vez que estou numa dessas posições, penso: é isso! Mas hoje em dia vejo-me mais como escritora do que atriz. Escrevendo interpreto muito mais personagens de uma vez só. Sempre digo, sou gulosa.

M.L: Como vê, atualmente, o teatro e o audiovisual (Cinema e Televisão) no Brasil?
M.C.M: Acho que a TV está buscando caminhos novos, venho fazendo parte disso, escrevendo para TV por cabo, criando programas diferentes, séries, formatos novos. No caso do Cinema, acho que ainda vivemos uma divisão muito grande entre o que é entretenimento e o que é autoral. Particularmente, acho essa divisão ruim. Para mim o que importa é a qualidade. Pode ser ótimo entretenimento e péssimo autoral e vice-versa. E acho que deve ter espaço pra tudo. Sou a favor de entretenimento de grande qualidade. (Fiodor) Dostoievski é isso. Victor Hugo é isso. (Honoré de) Balzac é isso. E todos eles são extremamente autorais. 

M.L: Recentemente, estreou-se na literatura com “O Céu Pode Esperar Mais um Pouquinho”. Como é que surgiu a ideia de escrever este livro?
M.C.M: Primeiro veio-me a imagem do protagonista na situação em que ele apresenta-se na primeira frase do livro: “Hoje eu levei um tiro”. Daí para frente deixei-o falar. E ele foi falando, falando…

M.L: Como tem sido a reação do público a este livro até agora?
M.C.M: Bem legal. Tive uma resenha bem positiva no jornal O Globo, o livro foi para segunda edição, foi indicado ao Prémio Açorianos de Literatura, na categoria Romance… acho que estamos indo bem.

M.L: “O Céu Pode Esperar Mais um Pouquinho” tem uma ligação muito forte com a cultura pop. Como vê, hoje em dia, essa cultura pop, tendo em conta que pertence a uma geração que cresceu com ela, nomeadamente nos anos 80?
M.C.M: Não pensei em fazer um livro de pegada pop nem imaginei isso como uma bandeira. O protagonista é carregado dessas referências, é como ele atravessa o Mundo e é atravessado por ele. Só isso. Não sei se paro muito para pensar nessas coisas. Nem quando estava vivendo a minha juventude nos fosforescentes anos 80.

M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na representação?
M.C.M: Não entre! Hahaha. Não sei. Não sou boa de conselhos, acho as escolhas sempre muito pessoais. O que acho realmente importante é entender onde você está pisando, para ter a oportunidade de construir uma carreira mais prazerosa e próxima do desejo. Também acho fundamental ir fazendo balanços de vez em quando, estar sempre testando os próprios caminhos e tentando ser mais dono deles, para não se flagrar em algum momento achando que é mais refém do que condutor das próprias escolhas.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até agora, como atriz?
M.C.M: Acho que fiz coisas legais, realizei uma parte do meu sonho, mas como a vida não pára - até à hora que acaba -, o caminho está sempre aberto para novas experiências e oportunidades.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
M.C.M: Faço parte da equipa de guionistas do programa “Tapas & Beijos”, na TV Globo, que fica no ar até meados de 2015. E estou finalizando um segundo romance, espero que para o ano que vem.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda nesta altura da sua vida?
M.C.M: Cantar. Acho lindo quem sobe num palco e canta para uma multidão de pessoas.ML

Fotografia: Eduardo Alonso

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

"Albertine-O Continente Celeste" no Teatro São Luiz entre 10 e 18 de Outubro


O "Mário Lisboa entrevista..." têm o prazer de apoiar a peça "Albertine-O Continente Celeste" que é escrita e encenada por Gonçalo Waddington e protagonizada por Carla Maciel e Tiago Rodrigues, na qual esteve em cena no Teatro Carlos Alberto no Porto entre 26 de Setembro e 5 de Outubro e agora vai passar pelo Teatro São Luiz em Lisboa entre os dias 10 e 18 de Outubro.

"Albertine-O Continente Celeste" é uma criação com texto original de Gonçalo Waddington tendo como ponto de partida a obra "Em Busca do Tempo Perdido" de Marcel Proust e os trabalhos de alguns dos mais destacados físicos teóricos e cosmólogos dos nossos dias, como Stephen Hawking, Lee Smolin, Sean Carroll, Carlo Rovelli e Pedro G. Ferreira. 

O intuito de Gonçalo Waddington ao abordar estas obras fundamentais da arte e da ciência é o de refletir sobre a memória e o tempo. A memória como ferramenta para compreender o passado, mas também a memória imaginada, propositadamente ou não, reconstrutora daquilo que julgamos ter sido e, consequentemente, re-inventora do nosso eu. O tempo, aqui, como origem da vida no universo. Ou melhor, como a origem do próprio Universo. Uma busca interior versus uma busca exterior. Proust busca a essência. Os outros, a origem."

Mário Lisboa

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Brevemente...

Entrevista com... Maria Clara Mattos (Atriz)

Fotografia: Eduardo Alonso

Mário Lisboa entrevista... Fernanda Serrano

Estreou-se na representação com a longa-metragem espanhola "Muere, Mi Vida" (1996), e desde aí tornou-se numa das atrizes mais brilhantes e acarinhadas pelo público português nos últimos 20 anos, com um percurso que passa pelo teatro, pelo cinema e pela televisão (onde entrou em produções como "A Grande Aposta" (RTP), "Os Lobos" (RTP), "Jornalistas" (SIC), "Jardins Proibidos" (TVI), "Filha do Mar" (TVI), "Amanhecer" (TVI), "Queridas Feras" (TVI), "Dei-te Quase Tudo" (TVI), "Tu e Eu" (TVI), "Sedução" (TVI), "Louco Amor" (TVI) e "Mundo ao Contrário" (TVI). Recentemente, participou na longa-metragem "Os Gatos Não Têm Vertigens" de António-Pedro Vasconcelos, e, atualmente, participa na telenovela "Mulheres" que está em exibição na TVI e partilha com Maria Henrique e Ana Brito e Cunha o protagonismo da peça "40 e Então?" que está em digressão, na qual é a sucessora da peça "Confissões das Mulheres de 30" que foi protagonizada pelo trio. Esta entrevista foi feita no passado dia 6 de Outubro.

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
F.S: Em 1995, quando fiz o meu 1º filme em Espanha, "Muere, Mi Vida" (1996) de Mar Targarona.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
F.S: Definitivamente a atriz Cate Blanchett faz parte das minhas maiores e melhores referências; a nível nacional a extraordinária Luísa Cruz!!!

M.L: Faz teatro, cinema e televisão. Qual destes géneros que mais gosta de fazer?
F.S: Todos, mas não ao mesmo tempo. Já fiz e apesar de ser um bom mas difícil exercício, não nos deixa desfrutar do trabalho em si. Do projeto. São registos tão diferenciados, que não se torna eficaz emocionalmente.

M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora, durante o seu percurso como atriz?
F.S: A novela "Amanhecer" (TVI), foi a que mais gostei, pela personagem em si.

M.L: Entre 1997 e 1998, participou na telenovela “A Grande Aposta” que foi exibida na RTP e marcou a sua estreia na ficção televisiva, na qual interpretou a personagem Carlota Costa. Que recordações guarda desse trabalho?
F.S: As melhores, pelo excelente elenco, história e, obviamente, por ter sido a primeira novela que fiz.

M.L: Como vê, atualmente, o teatro e a ficção nacional?
F.S: Vejo tudo muito pouco acompanhado, pouco acarinhado e respeitado, não pelo público, que é o nosso motor e é extremoso, mas pelas direções de estação e sobretudo pelo Estado.

M.L: Como lida com o público que acompanha sua carreira há vários anos?
F.S: Da melhor e mais saudável forma possível. Dou muito, mas recebo muito mais. Só posso e devo agradecer muito tanta dedicação e carinho.

M.L: Atualmente, co-protagoniza a peça “40 e Então?” que está em digressão, na qual é a sucessora da peça “Confissões das Mulheres de 30”. Como está a correr este trabalho?
F.S: Muitíssimo bem. É a continuação de um trabalho sério, profissional e de dedicação extrema. Temos muito amor e carinho dedicados a este projeto e entre nós todas.

M.L: Partilha o protagonismo de “40 e Então?” com Maria Henrique e Ana Brito e Cunha, tal como aconteceu em “Confissões das Mulheres de 30”. Como é trabalhar com ambas?
F.S: O melhor do Mundo. Um luxo.

M.L: Como tem sido a reação do público a esta peça até agora?
F.S: Fantástica. Salas cheias e cheias de entusiasmo.

M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na representação?
F.S: Que pense que não é pêra doce, que só com muito trabalho, esforço, seriedade, dedicação e brio, se chega a algum lado.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até agora, como atriz?
F.S: Parece-me que tenho feito uma muito boa gestão de tudo, dos projetos escolhidos, do inerente processo de desgaste, da diferenciação das personagens, o que aparenta ser fácil, mas não é. Estar em antena durante 20 anos e manter o segmento, é fruto de gestão apertada.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
F.S: A seu tempo se saberão. Agora tenho a digressão desta peça a decorrer, a novela da TVI "Mulheres" no ar, e em exibição nas salas de cinema, um maravilhoso filme do António-Pedro Vasconcelos, "Os Gatos Não Têm Vertigens", tudo projetos de enorme e reconhecido sucesso. Penso que não me posso queixar, verdade?

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda nesta altura da sua vida?
F.S: Cantar e dançar maravilhosamente!!! Mas descobri entretanto que não tenho a menor vocação para isso, portanto desisto!!!ML

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Brevemente...

Entrevista com... Fernanda Serrano (Atriz)

Mário Lisboa entrevista... Marta Fernandes

Desde muito cedo que se interessou pela representação, tornando-se numa das atrizes mais brilhantes e versáteis que tem surgido no meio artístico português nos últimos anos, com um percurso que passa, essencialmente, pelo teatro e pela televisão (onde entrou em produções como "Aqui Não Há Quem Viva" (SIC), "Chiquititas" (SIC), "Louco Amor" (TVI) e "Os Nossos Dias" (RTP). Além da representação, também é encenadora, cantora e professora, e, atualmente, participa na peça "E Porque Não Emigras?" que está em digressão e também conta com a participação de atores como Carlos Areia, Patrícia Candoso e Rosa Soares. Esta entrevista foi feita no passado dia 26 de Setembro.

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
M.F: O interesse pela representação surgiu desde muito cedo. Tive a sorte de ter uns pais que sempre me incentivaram a expressar-me artisticamente, e ainda muito pequena, foram-me dando a oportunidade de experimentar diversas formas artísticas, da Música à Dança, para que pudesse ter critérios para fazer as minhas escolhas.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
M.F: Eu fui sempre muito observadora. Gosto de absorver tudo o que seja bonito e me inspire. Por vezes, basta uma expressão de alguém com quem me cruzo, ou uma determinada entoação de uma frase musical, para me inspirar. Adoro apreciar o trabalho dos outros, e sinto que aprendo muitíssimo com a "arte" dos outros. Os meus alunos, por exemplo, são uma inesgotável fonte de inspiração. As minhas influências vão desde os grandes musicais, ao cinema dos anos 50, passando pelos grandes clássicos da dramaturgia. Gosto de bons textos, e essa é a minha principal influência.

M.L: Faz, essencialmente, teatro e televisão. Gostava de trabalhar mais em cinema?
M.F: Sim, gostava de trabalhar mais em cinema, mas as coisas vêm todas a seu tempo.

M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora, durante o seu percurso como atriz?
M.F: Todos os trabalhos me marcam sempre. Ou pela personagem, ou pelo percurso da personagem, ou pelas pessoas com que me vou cruzando, ou pela aprendizagem que vou fazendo. Felizmente, no meu trabalho não me posso desconectar de mim própria nem das minhas emoções, e isso é um privilégio, porque me permite crescer muito enquanto Ser Humano. Obviamente que o projeto "Chiquititas" acabou por ser marcante, porque me deu a oportunidade de dar a conhecer o meu trabalho, abriu-me uma série de portas, e fez-me ver que tenho uma capacidade de trabalho enorme.

M.L: Entre 2012 e 2013, participou na telenovela “Louco Amor” que foi exibida na TVI, na qual interpretou a personagem Joana Morais. Que recordações guarda desse trabalho?
M.F: A novela “Louco Amor” foi o meu primeiro trabalho para a TVI. Durante anos achei que essa porta estaria fechada, e afinal, não. Foi um passo em frente. Sou freelancer e o meu objetivo é conseguir trabalhar para qualquer produtora e para qualquer estação televisiva. Foi um projeto especial, porque tive a oportunidade de cantar em televisão, desta vez num registo adulto.

M.L: Como vê, atualmente, o teatro e a ficção nacional?
M.F: A Cultura, no geral, está a passar por uma fase difícil, que é o reflexo do estado económico do país. Há falta de investimento financeiro, o que não significa que não haja investimento intelectual. As coisas continuam a fazer-se, mas com maiores riscos. Por outro lado, e da experiência que tenho tido durante a digressão do meu espetáculo "E Porque Não Emigras?", que já dura há 8 meses, o público tem muito desejo de ver coisas. O público está muito motivado e recetivo a novas experiências. As pessoas saem de casa para ver e ouvir temas que lhe interessam. Estamos a viver uma fase de muitas mudanças, e são todas para melhor.

M.L: Como lida com o público que acompanha sua carreira nos últimos anos?
M.F: Eu sinto-me muito grata por todas as manifestações de carinho que tenho recebido nestes anos. Fico muito feliz por saber que há algumas pessoas que têm acompanhado o meu percurso profissional, e dão-me muita energia para continuar. Eu trabalho para o público. São eles que têm de beneficiar do meu empenho e dedicação. 

M.L: Além da representação, também é encenadora, cantora e professora. Em qual destas funções em que se sente melhor?
M.F: Eu comecei o meu percurso como atriz mas, com os anos, e como consequência da minha formação, outros desafios foram surgindo. Uma vez que sou licenciada em Teatro, é normal que me fossem sendo feitas propostas para dar formação. O canto é uma paixão de sempre, e a encenação foi acontecendo por acidente. Desfruto de todas as experiências, e aprendo muitíssimo.

M.L: Atualmente, participa na peça “E Porque Não Emigras?” que é produzida pela produtora Produções Fora de Cena, na qual é co-fundadora, e está em digressão. Como tem sido a reação do público a esta peça até agora?
M.F: A reação do público a este espetáculo tem sido super-positiva. As pessoas gostam e participam. Trata-se de um espetáculo de comédia, com muita música. Tem um quadro de homenagem aos grandes nomes do Fado, com o qual o público se identifica e com o qual se delicia. Nunca tinha viajado durante tanto tempo com um espetáculo, e está a ser uma experiência inesquecível. Para isso também tem contribuído o facto de estar a trabalhar com pessoas de quem gosto muito, e que investiram tempo e energia para construirmos isto juntos. É um espetáculo despretensioso, mas com muita qualidade, e é bonito.

M.L: Trabalhou com Teresa Guilherme nas telenovelas “Floribella” (SIC) e “Chiquititas” (SIC) e na série “Aqui Não Há Quem Viva” (SIC). Como vê o percurso que ela tem feito até agora?
M.F: A Teresa Guilherme é uma amiga e uma grande profissional.

M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na representação?
M.F: O meu conselho é sempre o mesmo, estudarem. O talento é fundamental, mas a formação traz-nos as ferramentas e os conhecimentos para podermos ir mais além. É durante a experiência de formação que se abrem horizontes para novos gostos, novos interesses e novas inspirações. É, também, na escola que se conhecem pessoas com as mesmas direções artísticas, com gostos semelhantes, mas é também aí que se aprende a aceitar as diferenças, e se entra em contacto com a subjetividade da profissão. 

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até agora, como atriz?
M.F: A minha preocupação tem sido sempre encarar todos os trabalhos com o máximo de profissionalismo. Concentro-me e dedico-me a cada projeto de corpo e alma, e tento nunca desrespeitar os meus valores e os meus princípios humanos e artísticos. Tenho a minha linguagem, e procuro pôr o meu cunho em tudo o que faço, seja um protagonismo ou uma personagem pequeníssima.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
M.F: Neste momento estou muito dedicada ao teatro, mas sempre a cultivar projetos futuros.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda nesta altura da sua vida?
M.F: Eu não faço projetos a longo prazo. Desde que sou mãe, que aprendi a viver um dia de cada vez, e trabalho diariamente na procura do meu bem-estar e das pessoas de quem gosto. Quero saúde para todos, e muita paz e tranquilidade. O trabalho vai sempre haver porque, se não vier ter comigo, eu vou à procura dele.ML

domingo, 5 de outubro de 2014

Brevemente...

Entrevista com... Marta Fernandes (Atriz)

Mário Lisboa entrevista... Sandra Cóias

Estreou-se na representação em 1997 com a telenovela "A Grande Aposta" (RTP) e desde aí tem desenvolvido um percurso como atriz que passa pelo teatro, pelo cinema e pela televisão (onde entrou em produções como "Terra Mãe" (RTP), "Alves dos Reis" (RTP), "Um Estranho em Casa" (RTP), "O Processo dos Távoras" (RTP), "Morangos com Açúcar" (TVI), "Tu e Eu" (TVI), "Detetive Maravilhas" (TVI), "Casos da Vida" (TVI) e "Pai à Força" (RTP). Uma das atrizes mais acarinhadas pelo público português, é defensora dos Animais e da Natureza, e, recentemente, participou na longa-metragem "Eclipse em Portugal" que foi realizada, produzida e escrita por Alexandre Cebrian Valente. Esta entrevista foi feita no passado dia 10 de Setembro.

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
S.C: Acho que foi desde a primeira vez ao cinema com a minha mãe e vi o filme “Música no Coração” (1965). Fiquei apaixonada por cinema. Tenho esse momento muito presente.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
S.C: Acabamos por ser influenciados pelos filmes que vemos, e por outros atores que admiramos ver a trabalhar e pelo conhecimento que vamos adquirindo. Mas não posso deixar de referir duas pessoas muito importantes no início da minha carreira, a atriz Manuela Maria e Nicolau Breyner que apostaram em mim.

M.L: Faz teatro, cinema e televisão. Qual destes géneros que mais gosta de fazer?
S.C: São todos eles diferentes, com formas diferentes de trabalhar que os distinguem, gosto de todos. Mas a minha grande paixão é o cinema.

M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora, durante o seu percurso como atriz?
S.C: O primeiro nunca esquecemos, quer pela grande aventura que foi. Fui escolhida num casting e a primeira vez que gravei foi longe daqui, em Macau. Mas as que me marcaram mais, talvez tenha sido a D. Teresa de Távora, em “O Processo dos Távoras” (RTP), pela carga emocional que tinha esta personagem e por esta pessoa ter realmente existido. E no Teatro ter feito “Catarinas de Baleizão”, baseado na história de vida da Catarina Eufémia e ter na noite de estreia o marido de Catarina emocionado e no final a chorar, dar-me os parabéns por lhe ter dado vida e mostrar a força daquela pequena, grande mulher.

M.L: Em 2008, protagonizou o telefilme “Roleta Russa” da série “Casos da Vida” (TVI), na qual interpretou a personagem Cristina. Que recordações guarda desse trabalho?
S.C: Guardo ótimas recordações. Foi uma semana muito intensa de trabalho, com uma equipa fantástica dirigida pelo querido Nicolau Breyner, onde nos divertimos muito e aprendi muito.

M.L: Como vê, atualmente, o teatro e a ficção nacional?
S.C: Acho que o Teatro enfrenta grandes dificuldades, não só na falta de apoios como nas bilheteiras. A ficção nacional tem vindo a crescer em qualidade e espero que assim se mantenha.

M.L: Em 2014, celebra 17 anos de carreira, desde que se estreou como atriz com a telenovela “A Grande Aposta” da RTP em 1997. Que balanço faz destes 17 anos?
S.C: O balanço é muito positivo, fiz trabalhos de que me orgulho muito de ter feito e só tenho a agradecer a confiança que depositaram em mim e a todos os que me ajudaram a crescer como atriz. Aprendi muito. Tive anos de estar a fazer 3 trabalhos completamente diferentes em cinema e TV em simultâneo. E outros mais tranquilos, mas confesso que tenho saudades de estar mais ativa.

M.L: Como lida com o público que acompanha sua carreira há vários anos?
S.C: Sempre tive muita atenção e carinho do público, e isso é muito gratificante. É bom quando recebemos elogios pelo nosso trabalho.

M.L: É defensora dos Animais e da Natureza. Na sua opinião, o que é preciso para que, nos tempos atuais, as pessoas consigam preservar os próprios Animais e a própria Natureza?
S.C: É preciso sensibilidade! Que o Ser Humano seja responsável pelos seus atos, que não se considere no topo da cadeia subjugando Animais e a Natureza de forma egoísta. Todos os Animais têm direito à vida, é esse o desejo de qualquer Ser vivo. A Natureza não precisa do Homem para sobreviver, mas o Homem depende exclusivamente dela para a sua sobrevivência e se todos tivessem esse conhecimento presente… como tudo seria diferente!

M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na representação?
S.C: Se for esse realmente o seu sonho, deve ir atrás dele. Aprender o que engloba esta profissão, ser persistente, saber ouvir e observar e que tenha um forte carácter para saber lidar com os “nãos”.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda nesta altura da sua vida?
S.C: São tantas. Há sempre tanto ainda para fazer que não é fácil escolher apenas uma. Mas ver o meu programa ecológico no ar também é uma delas.ML