quarta-feira, 15 de julho de 2015

Mário Lisboa entrevista... Moema Silva

Iniciou-se como jornalista em 1981 e desde aí tem desenvolvido um considerável e sóbrio percurso na área do jornalismo que já conta com 34 anos de existência. Filha de portugueses e nascida no Brasil, especializou-se nomeadamente no intercâmbio luso-brasileiro, e o seu próximo projeto é criar o seu próprio blogue. Esta entrevista foi feita no passado dia 5 de Julho.

M.L: Quando surgiu o interesse pelo jornalismo?
M.S: O meu interesse pelo jornalismo surgiu muito cedo. Aos 8 anos de idade, depois de ter querido ser princesa loura e de olhos azuis, anunciei aos meus pais que iria ser jornalista. Nunca mais mudei de ideias.

M.L: Quais são as suas referências nesta área?
M.S: Fui muito influenciada pelo jornalismo brasileiro, que por sua vez, segue o estilo norte-americano. Gosto de conversar com os meus entrevistados e não de os interrogar. Para isso, é preciso preparar bem o trabalho de casa. Ser descontraído não significa obrigatoriamente improvisar.

M.L: Como vê, atualmente, a Comunicação Social em Portugal?
M.S: Acho que a Comunicação Social, não apenas em Portugal como no Mundo inteiro, está a sofrer mudanças radicais devido ao advento do digital. Praticamente, já nenhum órgão de Comunicação Social consegue dar notícias em primeira-mão, pois com a Internet, toda a gente sabe de tudo quase ao mesmo tempo.

M.L: Em 2015, celebra 34 anos de carreira, desde que começou como jornalista em 1981. Que balanço faz destes 34 anos?
M.S: O balanço é positivo. Sinto-me realizada por ter conseguido manter-me até hoje na profissão que escolhi. Não tenho um emprego, tenho uma carreira. E orgulho-me bastante dela. Mas confesso que nunca me sinto tão velha a ponto de ter já mais de 30 anos de jornalismo. E ainda não me considero uma veterana.

M.L: Vive em Portugal, mas nasceu no Brasil, sendo filha de portugueses. Como vê, hoje em dia, os dois países, a nível de intercâmbio?
M.S: Esta é uma pergunta complexa, pelo que vou cingir-me apenas ao aspeto cultural do intercâmbio luso-brasileiro. Brasil e Portugal estão unidos pelo nosso maior património comum, que é a língua. Nesse sentido, haverá sempre muito o que fazer para incrementar o intercâmbio, pois há que garantir esta herança para as futuras gerações. Do ponto de vista artístico, durante varias décadas houve a sensação de que os portugueses admiravam mais os brasileiros do que vice-versa. Mas penso que nos últimos anos, Portugal tem marcado presença constante no Brasil e mudado um pouco essa perspetiva. Veja-se o exemplo de António Zambujo e Carminho no Fado ou de Leonel Vieira no cinema. Veja-se as inúmeras parcerias que se têm criado no campo das artes plásticas, da dança, do teatro e até da televisão. Acho que, hoje em dia, o intercâmbio está muito mais equilibrado.

M.L: Entrevistou personalidades de diferentes áreas e nacionalidades ao longo de 34 anos como jornalista. De todas as entrevistas que fez, qual foi a mais marcante para si?
M.S: É quase impossível escolher uma única entrevista entre centenas... Mas posso dizer que me senti privilegiada por ter tido a oportunidade de falar com a Madre Teresa de Calcutá. Uma entrevista de poucos minutos, realizada no Aeroporto de Lisboa, mas muito marcante para mim. Mas como na verdade sou especialista em artistas brasileiros, não posso deixar de citar nomes como Fernanda Montenegro, José Wilker, Marília Pêra, Antonio Fagundes, entre dezenas de outros... Com destaque particular para a minha atriz favorita, Glória Pires, que entrevisto regularmente desde o início da minha carreira e com quem é sempre um grande prazer conversar. E na música, Ney Matogrosso, que é super-culto e super-charmoso.

M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na área do jornalismo?
M.S: Não me sinto à vontade para dar conselhos gerais. Acho que cada caso é um caso. Penso, no entanto, que continua a ser importante ter vocação para o jornalismo.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
M.S: O meu próximo projeto é criar o Blog da Moema.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda nesta altura da sua vida?
M.S: Ainda não viajei pelo Mundo tanto quanto gostaria. Mas não perdi a esperança de o fazer!ML

Fotografia: António Pedro Ricardo

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