domingo, 24 de abril de 2016

"Cinzas": Mário Lisboa entrevista... Maria João Luís


A 4ª entrevista publicada no âmbito da telenovela "Cinzas", desta feita à atriz Maria João Luís. Já com 31 anos de carreira, teve em "Cinzas" como o seu 1º trabalho de grande visibilidade a nível televisivo, onde interpretou "Matilde Veiga", a desequilibrada filha do protagonista Rui Veiga (Armando Cortez) e era casada com o vilão Jaime Abreu (Júlio César). Esta entrevista foi feita no dia 13 de Julho de 2013 no Hotel Mercure no Porto.

M.L: Quando surgiu o convite para participar na telenovela “Cinzas”?
M.J.L: Foi há muito tempo que surgiu este convite e para mim foi muito importante, porque foi uma forma de me tornar mais conhecida do grande público, embora já tivesse feito muitas coisas em televisão que se fazia na altura.

M.L: Em “Cinzas”, interpretou Matilde Veiga, a desequilibrada filha do protagonista Rui Veiga (Armando Cortez) e era casada com o vilão Jaime Abreu (Júlio César). Que recordações guarda da sua personagem?
M.J.L: Eu guardo boas recordações. Também estávamos todos muito no início e então andava toda a gente a aprender e a tentar perceber como é que se devia de fazer para se fazer um bom trabalho e um bom produto. Tivemos alguns percalços na construção da novela e até da própria personagem, porque eles queriam que a “Matilde” tivesse o cabelo comprido e eu tinha o cabelo curto na altura e então acharam que o melhor era pôr uma peruca. Foi uma péssima ideia, porque a peruca não resultava e diziam que era falso. Mas foi interessante.

M.L: Como foi trabalhar com o elenco de “Cinzas”?
M.J.L: Foi muito agradável. Éramos todos muito cúmplices de uma maneira geral, desde a realização, à equipa técnica até aos atores, trabalhava-se muito em equipa mesmo e estávamos muito empenhados em fazer com que “Cinzas” fosse uma coisa muito boa e trabalhava-se com uma paixão que hoje em dia não se encontra.

M.L: “Cinzas” foi realizada pelo falecido realizador brasileiro Regis Cardoso. Que recordações guarda dele?
M.J.L: Era um homem muito cansado de fazer novela e que já vinha do Brasil com um passado de novela muito grande. Notava-se que havia um certo cansaço nele, mas acabou por resultar num belo trabalho dele.

M.L: “Cinzas” foi escrita por Francisco Nicholson em parceria com Ângelo Granja. O que é que achou do trabalho de ambos na escrita de “Cinzas”?
M.J.L: Era extraordinário. Eles eram muito bons e pessoas muito talentosas de forma que foi muito agradável e foi um trabalho que eu achei muito bom da parte deles.

M.L: Que recordações guarda do tempo em que trabalhou em “Cinzas”?
M.J.L: Foram momentos bons passados ao lado de grandes atores, privei muito com muitos atores nomeadamente a Mariana Rey Monteiro, o Armando Cortez, o Júlio César e sobretudo o Nicolau (Breyner). Eu sempre gostei muito do Nico, sempre nos demos muito bem e trabalhar com ele para mim era um prazer até porque somos muito parecidos mesmo a trabalhar, somos um bocado indisciplinados no que toca ao texto e aquela coisa de não dizer o que exatamente lá está, inventámos um bocado de maneira que trabalhar com uma pessoa que é parecida contigo quando é assim é muito agradável. Acresce muito.

M.L: “Cinzas” foi o seu primeiro trabalho de grande visibilidade em televisão. Como é, hoje em dia, a sua relação com a televisão?
M.J.L: Eu gosto muito de fazer televisão, estou farta de sempre dizer isto nas entrevistas. Como eu tenho uma energia muito grande, toda aquela adrenalina, toda aquela coisa que se vive quando se está a trabalhar em televisão preenche-me muito e gosto imenso. Tenho uma boa relação ainda hoje com a televisão.

M.L: “Cinzas” celebrou 20 anos de existência em 2012. Tem saudades deste trabalho?
M.J.L: Sim, tenho saudades desse tempo, do tempo em que nós trabalhávamos com uma perspetiva de futuro que hoje parece que não existe tanto.ML

domingo, 17 de abril de 2016

"Cinzas": Mário Lisboa entrevista... Júlio César


A nova entrevista publicada no âmbito da telenovela "Cinzas", desta feita ao ator Júlio César que interpretou o vilão "Jaime Abreu" que era casado com Matilde Veiga (Maria João Luís), a filha meio desequilibrada do protagonista, Rui Veiga (Armando Cortez). Esta entrevista foi feita no dia 5 de Março de 2013.
M.L: Quando surgiu o convite para participar na telenovela “Cinzas”?
J.C: Já não me lembro muito bem, mas penso que o convite foi feito pelo Nicolau Breyner. Ele é, de facto, o “pai das telenovelas portuguesas”.

M.L: “Cinzas” foi escrita por Francisco Nicholson em parceria com Ângelo Granja. Qual foi a sua sensação, quando leu o guião escrito por ambos?
J.C: Lembro-me de ter lido uma sinopse e de ter gostado da “estória” principal. Depois, à medida que os episódios iam surgindo, é que tomávamos conhecimento das cenas e da trama a desenvolver...

M.L: Em “Cinzas”, interpretou o vilão Jaime Abreu que era casado com Matilde Veiga (Maria João Luís), a filha do protagonista Rui Veiga (Armando Cortez). Que recordações guarda da sua personagem?
J.C: Não andava muito longe da “estória” de qualquer vilão. Era um tipo “meio vigarista” que se insinuava muito perante o sogro e aturava uma mulher meio desequilibrada.

M.L: Houve algum momento marcante para si, durante as gravações de “Cinzas”?
J.C: Todos os momentos eram marcantes. Sabíamos todos que estávamos a dar os primeiros passos numa indústria nova, para nós, e que tínhamos a grande concorrência das telenovelas brasileiras.

M.L: “Cinzas” foi realizada pelo falecido realizador brasileiro Regis Cardoso. Que recordações guarda dele?
J.C: Sempre tive uma boa relação com o Regis. Era um realizador ágil, que pensava rápido, com grande experiência na profissão. Ficámos amigos e visitou-me várias vezes... sempre que vinha a Portugal.

M.L: Como foi trabalhar com o elenco de “Cinzas”?
J.C: Lembro-me de um grande ambiente em estúdio. Todos empenhados em dar o seu melhor. Guardo gratas recordações do Armando Cortez e da Marianinha Rey Monteiro. Tenho saudades deles. Grandes Mestres!

M.L: O que é que achou do trabalho de Francisco Nicholson e de Ângelo Granja na escrita de “Cinzas”?
J.C: Uma grande capacidade de trabalho. Muita dedicação. Muitas noites sem dormir. Lembro-me do Chico Nicholson andar de gravador no carro, para onde debitava cenas e ideias que mais tarde nos apareciam em forma de texto...

M.L: Como era o ambiente nas gravações de “Cinzas”?
J.C: Boa energia, gente nova e mais velha que se respeitava e divertia imenso com o trabalho. Não havia tanta pressão...

M.L: Que recordações guarda do tempo em que trabalhou em “Cinzas”?
J.C: Guardo boas recordações de todos os meus trabalhos. Ontem como hoje levo estas coisas com muito entusiasmo e prazer. Divirto-me a gravar e ainda por cima me pagam...

M.L: “Cinzas” celebrou 20 anos de existência em 2012. Tem saudades deste trabalho?
J.C: Já passaram 20 anos? Pois é. A vida passa rápido... mas tenho mais saudades do que está para vir...

M.L: “Cinzas” foi a primeira telenovela produzida pela NBP (atual Plural) que foi fundada por Nicolau Breyner (que também participou em “Cinzas”). Como vê o percurso que a produtora tem desenvolvido até agora?
J.C: Os tempos são outros, a responsabilidade é maior. Penso que valeu a pena dar passos e construir um caminho para a ficção portuguesa. As produtoras portuguesas estão de parabéns. A NBP desbravou caminhos novos e o Nicolau merece a nossa admiração.ML

sexta-feira, 15 de abril de 2016

"Cinzas": Mário Lisboa entrevista... Sofia Nicholson


Continua a publicação das 6 entrevistas feitas entre 2012 e 2014 no âmbito da telenovela "Cinzas" e a próxima é a que foi concedida pela atriz Sofia Nicholson no dia 5 de Outubro de 2012. Filha do recém-falecido e co-autor de "Cinzas", Francisco Nicholson, teve em "Cinzas" como o seu 1º trabalho de grande visibilidade, onde interpretou "Adelina", a colega da jornalista da RTP, Marta (Sofia Sá da Bandeira).
M.L: Quando surgiu o convite para participar na telenovela “Cinzas”?
S.N: Não fui de início convidada para nenhum papel. Inscrevi-me para fazer figuração e chamaram-me para preencher a "redação" da RTP, onde trabalhava a personagem desempenhada por Sofia Sá da Bandeira. Limitava-me a dizer "sim-não-obrigada-toma lá-dá cá". Nem nome tinha. A ideia de criar a Adelina até partiu do Nicolau Breyner (o produtor e um dos protagonistas de “Cinzas”) que sugeriu ao Francisco Nicholson (meu pai) que me desse mais incidência para ver como me aguentava.

M.L: “Cinzas” foi escrita pelo seu pai, Francisco Nicholson, em parceria com Ângelo Granja. Qual foi a sua sensação, quando leu o guião escrito por ambos?
S.N: Como disse, no início nem era para entrar com personagem pelo que para mim era mais uma novela escrita pelo meu pai e pelo Ângelo que conhecia desde miúda. Depois, obviamente que me senti muito orgulhosa por participar no projeto e recebia sempre o guião com muito entusiasmo e pressa de o ler.

M.L: Em “Cinzas”, interpretou Adelina. Fale um pouco sobre esta personagem.
S.N: A Adelina era o grilo de Pinóquio da Marta (Sofia Sá da Bandeira): decidida, pragmática e divertida.

M.L: Como classifica a sua personagem?
S.N: Para mim foi importante, porque acabou por ser a 1ª personagem de relevo que desempenhei, enquanto profissional. Sem ser fulcral na trama da novela “Cinzas” acabou por ser uma personagem que compôs a equipa de jornalistas da RTP e deu dinamismo à mesma. Tenho muito carinho pela Adelina.

M.L: “Cinzas” foi realizada pelo falecido realizador brasileiro Regis Cardoso. Que recordações guarda dele?
S.N: O Regis era extremamente exigente.

M.L: Houve algum momento marcante para si, durante as gravações?
S.N: Um dia, o meu pai decidiu assistir às minhas gravações sentado literalmente em frente ao décor, olhando-me fixamente com muita atenção. Fiquei tão nervosa (apesar de já estar a gravar há algum tempo) que não conseguia concentrar-me e dizer corretamente as minhas falas. Tive de pedir para o meu pai sair para conseguir gravar. O meu pai divertiu-se imenso com a situação. Foi uma risota geral no estúdio.

M.L: Como foi trabalhar com o elenco?
S.N: Uma honra sobretudo: trabalhar com nomes como Armando Cortez, Nicolau Breyner, António Montez, Mariana Rey Monteiro (para só citar esses). Os "mais velhos" davam conselhos aos mais novos. Eu (do alto dos meus 22 anos) sentia-me muito pequenina e com muito por aprender.

M.L: O que é que achou do trabalho do seu pai e do Ângelo Granja na escrita de “Cinzas”?
S.N: Sempre gostei da forma como o meu pai escreve. Sou suspeita. O Ângelo e ele entendiam-se muito bem. Obviamente, gostei do que eles escreveram.

M.L: Como era o ambiente nas gravações de “Cinzas”?
S.N: Muitíssimo bom. Fiz grandes amizades que mantenho ainda hoje.

M.L: Que recordações guarda do tempo em que trabalhou em “Cinzas”?
S.N: Andava sempre a correr entre o estúdio, a faculdade e o aeroporto. Era uma loucura, mas lembro-me que andava muito feliz por estar a fazer algo que realmente gostava.

M.L: “Cinzas” foi o seu 1º trabalho de grande visibilidade. Tem saudades deste trabalho?
S.N: Fico com saudades de todos os meus trabalhos. Claro que este é especial por ser o 1º, mas não é mais importante do que os outros.

M.L: “Cinzas” foi a primeira telenovela produzida pela NBP (atual Plural). Como vê o percurso que a produtora tem desenvolvido até agora?
S.N: Soube criar um mercado de trabalho a muita gente e é a que mais ficção produziu até hoje. É um caso de sucesso.ML

quinta-feira, 14 de abril de 2016

"Cinzas": Mário Lisboa entrevista... Francisco Nicholson


No dia 14 de Setembro de 1992, estreou na RTP a telenovela "Cinzas" que foi a 1ª produção da então NBP (Nicolau Breyner Produções), agora Plural Entertainment Portugal, e marcou o início da produção contínua de telenovelas que progressivamente levou à criação de uma pequena indústria de ficção nacional que atualmente existe. A propósito de homenagear "Cinzas" e a sua importância no que diz respeito à evolução significativa da ficção televisiva portuguesa, entre 2012 e 2014 eu entrevistei 6 pessoas que trabalharam em "Cinzas" e uma delas foi o recém-falecido Francisco Nicholson que foi o co-autor e também fez uma pequena participação como o advogado do vilão Amílcar Santos (António Montez). Esta entrevista foi feita no dia 21 de Fevereiro de 2013.

M.L: Quando surgiu a ideia de escrever “Cinzas”?
F.N: Procurei encontrar um argumento que se afastasse das vivências citadinas alargando horizontes e diversificando as paisagens.

M.L: Escreveu “Cinzas” em parceria com Ângelo Granja. Como foi trabalhar com ele?
F.N: O Ângelo era um grande amigo e um amigo grande. Trabalhar com ele, na imprensa, na TV ou na ficção, era sempre um prazer pelo excelente convívio.

M.L: Houve algum momento marcante para si, durante o processo de escrita de “Cinzas”?
F.N: Vários. “Cinzas” foi uma novela com vários acidentes e alguns incidentes de percurso, histórias de bastidores que dariam para outra telenovela divertidíssima.

M.L: Além da escrita, também fez uma pequena participação em “Cinzas”, interpretando o advogado do vilão Amílcar Santos (António Montez). Que recordações guarda dessa personagem?
F.N: Nenhumas. Era uma personagem irrelevante.

M.L: “Cinzas” também contou com a participação de atores como Armando Cortez, Rui Mendes, Manuela Maria, Helena Isabel, Júlio César, Morais e Castro, Fernando Mendes, Maria João Luís, Ricardo Carriço, Sofia Sá da Bandeira, Helena Laureano, José Raposo, Camacho Costa, Márcia Breia, Rosa do Canto, Mafalda Drummond, Mariana Rey Monteiro e Nicolau Breyner (que também produziu “Cinzas”). Como foi trabalhar com eles?
F.N: Um elenco supimpa. Bons colegas e excelentes atores.

M.L: “Cinzas” foi o primeiro trabalho de grande visibilidade de Sofia Nicholson. Como vê o percurso que a sua filha tem desenvolvido até agora?
F.N: Ascensional, seguro e muito positivo. A Sofia fez-se uma senhora atriz. E isto não é conversa de pai baboso.

M.L: “Cinzas” foi realizada pelo falecido realizador brasileiro Regis Cardoso. Que recordações guarda dele?
F.N: O Regis era um excelente profissional, mas um pouco irrascível. Feitios…

M.L: Houve alguma situação embaraçosa que o tenha marcado, durante o processo de escrita de “Cinzas”?
F.N: Nunca fui pessoa de me embaraçar.

M.L: Como é que era a sua rotina, quando escrevia “Cinzas”?
F.N: A mesma de sempre. Passava os dias convivendo com as minhas personagens. À noite ia com a maioria delas para a cama. Uma cama pequena para tanta gente mesmo ficcionada.

M.L: “Cinzas” foi exibida na RTP entre 1992/93 e marcou o seu regresso à escrita de telenovelas, depois de “Origens” (RTP, (1983). Tem saudades deste trabalho?
F.N: Tenho, embora não me considere um saudosista.

M.L: Que recordações guarda do tempo em que escrevia “Cinzas”?
F.N: Era vinte anos mais novo.

M.L: “Cinzas” foi a primeira telenovela produzida pela NBP (atual Plural) que foi fundada por Nicolau Breyner. Como vê o percurso que a produtora tem desenvolvido até agora?
F.N: É uma realidade incontornável.ML

Genérico "Cinzas"