domingo, 27 de novembro de 2016

Brevemente...

Entrevista com... Diana Barnabé (Atriz)

Mário Lisboa entrevista... António Durães

Estreou-se como ator profissional em 1984, e desde então tornou-se num dos atores mais carismáticos da sua geração, com uma presença muito forte em cena e um percurso notável que já conta com 32 anos de existência. Com uma vida que tem passado nomeadamente pelo Norte tanto a nível pessoal como profissional, também tem uma larga experiência na encenação, e atualmente participa na ambiciosa trilogia teatral "Os Últimos Dias da Humanidade" que esteve em cena no Teatro Nacional São João no Porto e vai passar em Janeiro de 2017 pelo Teatro Nacional D. Maria II em Lisboa. Esta entrevista foi feita no passado dia 8 de Outubro.

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
A.D: Na verdade, eu não tenho sinalizado propriamente um momento certo para que as coisas tenham progredido por esta via. Vivia mais ou menos perto de um palco de uma salinha de teatro, quase familiar diria, e esse cantinho sempre funcionou para mim como uma espécie de sítio de refúgio e um local onde me escondia e onde me sentia mais ou menos seguro. Mas é evidente que nunca imaginei que mais tarde pudesse vir a fazer vida dessa atração, dessa sensação de segurança, uma hipótese de caminho. Sentia-me seguro, preservado no meio daquela escuridão em que tantas vezes está envolvido o palco. Ler um livro lá, por exemplo, completamente sozinho, é uma sensação incrível. Mas era só isso. Também era uma fuga às responsabilidades diárias. Às que apetecia menos cumprir... Depois acabei por frequentar os grupos de teatro na escola e inventá-los e fazer parte deles, depois os grupos de teatro amadores, depois a escola de teatro, depois os grupos profissionais… Foi uma espécie de caminho que eu fui fazendo sem que me desse propriamente conta de que o estava a fazer, como se as coisas fossem só acontecendo e me fosse deixando ir mais ou menos confortável por esse rio acima, como diz a canção.

M.L: Quais são as suas referências, enquanto ator?
A.D: Tenho imensas referências, imensos atores nos quais me revejo (ainda que nunca tenha tentado copiar nenhum), mais velhos do que eu e que me ensinaram imensas coisas. Foi muito importante para mim o trabalho realizado, no caso concreto, no antigo Centro Cultural de Évora, agora chama-se Centro Dramático de Évora. Aqueles atores que trabalhavam no Teatro Garcia de Resende em Évora e com os quais eu aprendi imenso, durante o curso. Muito, também, com todas as companhias de teatro e todos os artistas (músicos, bailarinos, etc.) que frequentaram aquele palco e com quem eu tive a oportunidade, durante esse período de formação, de conviver e com quem fui aprendendo vendo. Aprendi muito nos ensaios, espreitando os ensaios da companhia de teatro do Centro Cultural de Évora. Aprendi muito em todos os lugares, mas mais, talvez, no Teatro Nacional São João, com os atores com quem me fui cruzando, com os atores e com os encenadores... Mas, hoje, diria que as minhas referências, aqueles para quem eu olho com uma atenção muito especial, não deixando de lado naturalmente os atores da minha geração, mais velhos do que eu ou um pouco mais novos, são os jovens atores com quem eu tenho vindo a cruzar-me em diferentes momentos da formação deles e da minha também que continua permanentemente a realizar-se. É com eles que aprendi mais. E em quem me revejo. E que invejo um bocadinho porque, tantos deles, são capazes de responder já hoje de uma maneira que eu nunca serei capaz de responder. E por isso os invejo, às vezes...

M.L: De tudo o que tem feito até agora como ator, houve algum trabalho em particular em que se sentiu algo diferente?
A.D: Claro que há sempre espetáculos que nos marcam mais por razões que às vezes desconhecemos. Eu lembro-me muitas vezes (se questionado, como agora) assim, imediatamente, de dois espetáculos que realizei em circunstâncias diferentes, em momentos diferentes também, da minha formação e da minha vida: o último espetáculo que eu realizei, enquanto ator amador, na Figueira da Foz e que se chamou “CicloMimo-Exercícios Combinados” e que era um espetáculo sem palavras, onde tudo aquilo que eu precisava de dizer, não verbalizando, era "dito" por intermédio de uma guitarra do (fantástico) músico português José Luís Iglésias. Esse foi um espetáculo marcante para mim. O outro, evidentemente já enquanto profissional, foi na Companhia de Teatro de Braga, que se chamou “O Fetichista”, porque foi o primeiro espetáculo que fiz como encenador e portanto foi também um momento muito marcante. Curiosamente, quase que reuni completamente a equipa com quem tinha feito aquele último espetáculo como amador, o que também pode ser revelador de outra coisa qualquer que também não sei exatamente o que é. Um agradecimento, talvez, mas também uma espécie de porto-seguro sim. E depois houve tantos outros espetáculos que eu organizei e que foram marcantes, mas para todos os efeitos o mais importante é sempre aquele que estou a fazer agora. E agora o que estou a fazer é “Os Últimos Dias da Humanidade”, que em Janeiro estará no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa.

António Durães como o "Eterno Descontente" em "Os Últimos Dias da Humanidade"
M.L: Além da representação, também tem uma larga experiência na encenação. A seu ver, o António ator é indissociável ao António encenador ou são dois lados muito distintos?
A.D: Eu creio que os dois caminhos sendo diferentes, são complementares. É claro que estamos a trabalhar o mesmo material, mas com pontos de vista diferentes. É curioso, porque eu acho que funciono de maneira completamente diferente numa ou noutra função. É como se eu tivesse a capacidade, quando enceno, de ver bastante mais do que aquilo que sou capaz de ver como ator. A amplitude do meu olhar é diferente, fisicamente mesmo.

M.L: Interpretou D. Afonso Henriques em “Capitão Falcão”, a sátira ao Estado Novo realizada por João Leitão em 2015. Que recordações guarda da sua participação no que é também uma abordagem ao universo dos super-heróis?
A.D: O João convidou-me para participar nesse filme que inicialmente era para ser uma série, e esse convite honrou-me muito, e foi muito divertido sobretudo. Uma experiência muito interessante. Eu gosto muito de participar em projetos que me coloquem um bocadinho fora do meu sítio. Cada vez que me convidam para participar no que quer que seja, fico sempre muito surpreendido: como é que alguém se lembra de mim, que estou tão longe dos holofotes, fisicamente longe mesmo, na convicção de que posso acrescentar alguma coisa aos projetos que desejam tanto fazer... É um milagre. E eu, contentíssimo, aceito.

António Durães como "D. Afonso Henriques" em "Capitão Falcão"
M.L: Em 2016 celebra 32 anos de carreira, desde que se estreou como ator profissional em 1984. Que balanço faz destes 32 anos?
A.D: Passaram muito depressa, acho eu. Olhando para trás, recordo-me de muitas coisas, de muitas coisas que fiz, mas a minha memória, num primeiro momento é muito seletiva. Acho que recordo muito mais as coisas que fiz e que gostei de fazer e que me serviram muito, do que aquelas que me custaram a fazer. Eu recordo-as com satisfação, embora não seja muito de olhar para trás. Mas às vezes também recordo as coisas que correram menos bem. Há uma lição a tirar sempre de todas as experiências...

M.L: A sua vida tem passado nomeadamente pelo Norte tanto a nível pessoal como profissional. Como olha, hoje em dia, para o Norte artisticamente?
A.D: Eu olho para o Norte e no que diz respeito ao teatro com algum pessimismo. Quero crer que muitas das soluções que ainda não foram experimentadas e portanto ainda não foram encontradas irão passar por esta gente nova que está a surgir, porque eles têm uma capacidade diferente de olhar para estes tempos e para as respostas e linguagens artísticas que estes tempos exigem, com uma clarividência que eu já não tenho. Da maneira como eu olho para o tecido teatral e para a prática teatral, formatada nos modos antigos como as coisas normalmente se faziam, e que colidem a maior parte das vezes com a forma como as coisas estão organizadas agora e que são quase linguagens inconciliáveis com esses modelos. É por isso que acho que são estes novos agentes teatrais que vêm capacitados para responderem de uma maneira diferente. Não desfazendo em todos os agentes teatrais da minha geração, mais velhos até, que fazem teatro e que têm um olhar diferente daquele que é suportado pelas novas gerações. Aliás, esse é um diálogo fundamental que tem de ser feito...

M.L: Participou no drama noir “Ornamento e Crime” de Rodrigo Areias e que para mim foi um dos melhores filmes de 2015. Como foi para si fazer parte de um projeto que é uma homenagem tanto ao género noir como ao falecido arquiteto Fernando Távora?
A.D: Aqui está um projeto que eu adorei fazer. Recordo-me perfeitamente que eu estava muito condicionado pelas inúmeras coisas que estava a fazer nesse momento e eram mesmo muitas, mas foi com a paciência do Rodrigo, o realizador/produtor, que foi sendo sensível às minhas dificuldades de tempo naquele momento e foi capaz de articular a produção também com a minha menor disponibilidade neste ou naquele momento, embora estivesse disponível naturalmente. É um projeto que está a fazer o seu percurso, creio que já foi visto em vários sítios e tem mesmo uns quantos prémios em vários festivais, em vários sítios, o que me dá um prazer muito grande claro, mas que eu acho que ainda assim não corresponde ao prazer que tive naquele momento. Foram dias muito bem passados com aquela equipa muito gira, muito boa, muito profissional e foi fantástico. E ver o filme também foi muito interessante. Fui vê-lo no Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira e foi muito divertido voltar a encontrar lá as pessoas todas que fizeram o filme e vê-lo e ver o resultado do trabalho que fizemos foi muito gratificante.

M.L: Numa era profundamente tecnológica e com a cultura da celebridade, ser ator/atriz ainda é um desafio enorme tanto para os mais velhos como para os mais novos na sua opinião?
A.D: Eu acho que agora é que é. Quando eu comecei e quis ser ator e comecei a fazer teatro, o máximo que tínhamos garantido era um caminho e um futuro muito pouco risonho tal as dificuldades financeiras que se adivinhavam. Havia só dois canais de TV e portanto esta ideia romântica do ator como celebridade não existia ou, se existia, estava confinada a uma meia-dúzia de pessoas que criaram, digamos, essa imagem por força do trabalho que foram desenvolvendo, claro, e porque a televisão que existia também lhes deu esse reconhecimento. Com a proliferação das televisões e agora também o cabo, isso ganhou contornos absolutamente impensáveis nessa altura, na altura em que comece. Mas na verdade, mesmo hoje, isso acontece com um grupo de atores, não acontece com a generalidade dos atores. Acho que quem faz só teatro dificilmente terá o reconhecimento do grande público, o que não significa que não tenha o reconhecimento dos seus pares. Uma coisa não tem exatamente a ver com a outra, o reconhecimento não se mede aos palmos, isto é, com likes e considerações semelhantes. Mas hoje eu sei que há muita gente que chega às escolas de teatro com o objetivo claro de serem reconhecidos. Mas também sei que muitos que querem ter esse objetivo nem sequer vão para as escolas, fazem um percurso completamente diferente para chegarem rapidamente à batalha televisiva. Mas há muita gente que chega à escola com os sonhos que eu tinha e que, basicamente, se resumiam a coisas simples: salvar o mundo pelo teatro.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda nesta altura da sua vida?
A.D: Eu acho que ainda me falta fazer tudo, porque estes 32 anos passaram muito rapidamente.ML

sábado, 12 de novembro de 2016

Mário Lisboa entrevista... Marta Andrino

Estreou-se na representação em 2006 com a série "Aqui Não Há Quem Viva" (SIC) e tem
desenvolvido nos últimos dez anos um percurso muito promissor como atriz que passa pelo teatro, pelo cinema e pela televisão (onde entrou em produções como "A Outra" (TVI), "Deixa Que Te Leve" (TVI), "Espírito Indomável" (TVI), "Morangos com Açúcar" (TVI), "Doida por Ti" (TVI), "I Love It" (TVI). Filha da atriz Carla Andrino e do maestro Mário Rui, tem como duas das suas maiores virtudes a humildade e a vontade de aprender e evoluir, e atualmente apresenta o programa diário "Câmara Exclusiva" na TVI Ficção e é uma das concorrentes do programa da TVI "A Tua Cara Não Me É Estranha". Esta entrevista foi feita no passado dia 21 de Outubro.

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
M.A: Esta será eternamente a pergunta mais difícil de responder. Há coisas que não se explicam, talvez brincar em camarins e dormir sestas nas plateias dos teatros, tenha deixado o pó mágico deste mundo. Não sei quando surgiu, vivi sempre rodeada de atores, cantores, músicos... acho que não fazia sentido ter sido de outra forma.

M.L: Quais são as suas referências, enquanto atriz?
M.A: Tudo são referências, uma pessoa desconhecida na rua, uma atriz que nem sei o nome num filme, a minha mãe.

M.L: Celebra 10 anos de carreira em 2016, desde que começou com a série “Aqui Não Há Quem Viva” (SIC) em 2006. Que balanço faz destes últimos 10 anos?
M.A: É verdade, já passaram 10 anos?! Este período de tempo acompanha também a fase da minha vida em que me transformo de jovem adulta em mulher adulta. Já não me sinto a menina que começou, e em cada trabalho fui evoluindo enquanto atriz e em paralelo como ser humano, através das próprias personagens como das pessoas com as quais me cruzei.

M.L: De tudo o que tem feito como atriz nesta última década, houve algum trabalho em particular em que sentiu que os seus objetivos foram cem por cento conseguidos?
M.A: Em todos. Só sei dar 100%. Claro que olho para trás e o nosso lado de auto-crítica, sempre presente, avalia, bem ou mal, aquilo que foi feito. Depois há projetos e personagens que podem dar mais ou menos gozo, mas tirei sempre prazer de todas elas. 

M.L: Participou nas séries juvenis “Morangos com Açúcar” e “I Love It” que foram exibidas na TVI, na qual interpretou respetivamente as vilãs Verónica Garcia Lima e Iolanda Medeiros. Que recordações guarda de interpretar estas personagens e também de experimentar este tipo de ficção dedicado ao público juvenil?
M.A: Não diferencio, são projetos. As recordações que guardo são ótimas, de um ambiente super divertido, com um público muito atento e umas personagens deliciosas e desafiantes.

Marta Andrino como "Verónica Garcia Lima" em "Morangos com Açúcar"

Marta Andrino como "Iolanda Medeiros" em "I Love It"
M.L: É filha da atriz Carla Andrino e do maestro Mário Rui. Como olha para os percursos que os seus pais têm desenvolvido até agora?
M.A: Além de ter estado, e estar, bem de perto durante o percurso de cada um, que em várias situações se cruzam, olho com um orgulho gigante e como referência do caminho que aos poucos também quero traçar.

Mário Rui, Marta Andrino, Carla Andrino
M.L: Atualmente apresenta o programa diário “Câmara Exclusiva” na TVI Ficção. Embora áreas muito diferentes, a Comunicação Social pode ser de certa forma um complemento à representação a seu ver?
M.A: Tudo é complementar. Acredito que nada acontece por acaso, a minha licenciatura em Marketing em vários pontos do meu percurso tem vindo ao de cima. Creio que no “Câmara Exclusiva” é um deles, pelo seu lado de comunicação como de divulgação da ficção TVI, do qual me sinto uma porta-voz.

Marta Andrino como apresentadora de "Câmara Exclusiva"
M.L: Como lida com o público que tem acompanhado a sua carreira nestes últimos 10 anos?
M.A: De uma forma muito tranquila. Talvez porque sempre lidei com isso, através dos meus pais, e porque acredito que o público faz parte da equação do nosso trabalho. É por eles e pelo seu feedback que também evoluímos.

M.L: Como atriz e também como pessoa, considera-se como alguém que questiona o Mundo e o que está à sua volta?
M.A: Claro que sim, como atriz, como mulher, como mãe... Terei sempre perguntas que não terão respostas. Ou porque não existe resposta, ou porque não aceito a que me dão ou porque a vida ainda não me deu. Mas ao aceitar-me e aceitar o que o mundo me dá facilita muita coisa.

M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na representação?
M.A: Independentemente da carreira que se escolha, o meu conselho é que se lute por aquilo que nos faz acordar felizes por ir fazer e chegar a casa, mesmo que exaustos, felizes por sentir que a missão foi cumprida.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda nesta altura da sua vida?
M.A: Continuo a achar que me falta fazer tudo, desde personagens a viagens, a tantas outras coisas... Mas a vida continua a surpreender-me, por isso é ir vivendo-a, tranquilamente.ML

terça-feira, 8 de novembro de 2016

"O Homem do Ano" (2006)


É já hoje (8 de Novembro) que se vai saber se é Hillary Clinton ou Donald Trump que vai ser Presidente dos EUA e a propósito das já históricas eleições americanas deste ano, eu achei que era muito apropriado escrever sobre "O Homem do Ano", a comédia política/satírica escrita e realizada por Barry Levinson e protagonizada pelo falecido Robin Williams que celebrou o seu 10º aniversário no passado dia 13 de Outubro e, tal como Trump na vida real, é sobre uma figura pública de outra área que inesperadamente concorre à Presidência dos EUA.


Também com a participação de atores como Christopher Walken, Laura Linney e Jeff Goldblum, "O Homem do Ano" é um filme que eu ouvi falar logo na altura em que foi lançado, mas só o vi em DVD por volta de 2009, e apesar de ter sido muito mal recebido pela crítica e atualmente muito esquecido eu francamente gostei de "O Homem do Ano" nomeadamente pela sua trama, pelos seus temas muito pertinentes e pelo seu elenco principalmente Williams, Walken e Linney.

Barry Levinson & Robin Williams
Apesar de não ser um filme memorável como "Bom Dia, Vietname" (1987), a primeira colaboração entre Barry Levinson e Robin Williams, "O Homem do Ano" vale a pena ser visto/revisto nesta altura de futuro incerto, pois é um filme que nos faz pensar em termos políticos.

Barry Levinson, Lewis Black, Robin Williams
Mário Lisboa

sábado, 5 de novembro de 2016

Brevemente...

Entrevista com... Marta Andrino (Atriz/Apresentadora)

Mário Lisboa entrevista... Carla Andrino

Começou como bailarina e a representação surgiu naturalmente na sua vida, tornando-se numa das actrizes mais admiradas pelo público português, cujo percurso passa nomeadamente pelo teatro e pela televisão (onde entrou em produções como "Os Malucos do Riso" (SIC), "Bacalhau com Todos" (RTP), "Fábrica de Anedotas" (RTP), "Os Batanetes" (TVI), "O Prédio do Vasco" (TVI), "Ilha dos Amores" (TVI), "A Outra" (TVI), "Negócio da China" (TV Globo), "Um Lugar para Viver" (RTP), "Espírito Indomável" (TVI), "Redenção" (TVI), "Doce Tentação" (TVI), "I Love It" (TVI), "Giras e Falidas" (TVI). Casada desde 1986 com o Maestro Mário Rui e mãe da actriz e apresentadora Marta Andrino, a psicologia também faz parte da sua vida, e actualmente co-protagoniza a peça "Noivo por Acaso" que está em digressão. Esta entrevista foi feita no Teatro Sá da Bandeira no Porto.

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
C.A: Acho que surgiu desde sempre. Comecei o meu percurso pela dança, mas acho que mais do que dançar eu gostava era de representar através da dança. Portanto, representar surgiu assim tão natural como respirar. Foi um percurso natural na minha vida.

M.L: Quais são as suas referências, enquanto actriz?
C.A: São várias. Actrizes e actores, portugueses e estrangeiros. Eu acho que até de um mau exemplo se pode tirar um bom exemplo, nem que seja de como não fazer, de como, pelo menos eu, não gostava de representar.

M.L: De todos os trabalhos que tem feito até agora como actriz, houve algum em particular que se pode dizer que é o seu favorito?
C.A: Todos me deixaram a sua marca e fizeram de mim aquilo que sou.

M.L: Como lida com o público que acompanha sua carreira há vários anos?
C.A: Lido com muito respeito, independentemente se estou mais cansada ou menos disponível. Se as pessoas me reconhecem e querem dar um beijinho, cumprimentar, pedir um autógrafo ou tirar uma fotografia, cedo de uma forma simpática porque é o mínimo que posso fazer.

M.L: Desde 1986 que é casada com o Maestro Mário Rui e é mãe da actriz e apresentadora Marta Andrino. Como vê os percursos que ambos têm desenvolvido até agora?
C.A: Ambos têm tido muito respeito, dedicação e investimento pela profissão, muito respeito pelo público, e, também, uma pitadinha de sorte. Os dois têm uma característica que acho fundamental para esta ou qualquer outra profissão, a humildade.

Carla Andrino com a sua família (Mário Rui, Marta Andrino, o genro Frederico Amaral e o neto Manuel)
M.L: Entre 2008/09, participou na telenovela brasileira “Negócio da China”, exibida na TV Globo, da autoria de Miguel Falabella. Gostava de um dia repetir a experiência de trabalhar no estrangeiro, caso haja essa possibilidade?
C.A: A experiência foi absolutamente fantástica, fui muitíssima bem tratada por todos, sobretudo, pelo Miguel Falabella, que é um senhor. Gostei muito de lá estar até porque estive acompanhada pela minha família. Portanto, foi uma felicidade partilhada o que fez, ainda, mais sentido. Se tiver outro convite, e estiver disponível, com certeza que irei.

Ricardo Pereira, Joaquim Monchique, Carla Andrino e Maria Vieira, o núcleo português de "Negócio da China"
M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na representação?
C.A: Se quiser entrar na representação, entre por amor e não pela fama. Entre para servir e não para ser servido.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem desenvolvido até agora como actriz?
C.A: O melhor possível. Era isto que eu queria fazer, consegui e estou a fazer. Que mais posso pedir à vida?

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda nesta altura da sua vida?
C.A: Fazer cinema.ML

Esta entrevista não está sob o novo Acordo Ortográfico