domingo, 30 de março de 2014

Brevemente...

Entrevista com... José Alves Fernandes (Ex-Profissional da RTP)

Mário Lisboa entrevista... Gonçalo Mourão

Olá. A próxima entrevista é com o realizador Gonçalo Mourão. Desde muito cedo que se interessou pelo audiovisual, e tem desenvolvido um percurso como realizador que passa, essencialmente, pela televisão, tendo trabalhado na produtora Plural Entertainment Portugal (ex-NBP), durante vários anos, onde realizou produções como "Ajuste de Contas" (RTP), "Jardins Proibidos" (TVI), "Olhos de Água" (TVI), "A Senhora das Águas" (RTP), "Sonhos Traídos" (TVI), "Saber Amar" (TVI), "Morangos com Açúcar" (TVI), "Ninguém como Tu" (TVI), "Dei-te Quase Tudo" (TVI), "Doce Fugitiva" (TVI), "Deixa Que Te Leve" (TVI), "Mar de Paixão" (TVI) e "Doida por Ti" (TVI). Esta entrevista foi feita no passado dia 20 de Março.

M.L: Quando surgiu o interesse pelo audiovisual?
G.M: Desde muito miúdo, lembro-me de construir estúdios com câmaras, iluminação, apresentadores e convidados. Tudo em LEGO. Mas com 15 anos comecei a querer ser Realizador de novelas na (TV) Globo e a tomar mais consciência do mundo audiovisual e, mais concretamente, da TV.

M.L: Quais são as suas influências nesta área?
G.M: Séries, novelas brasileiras e filmes, mas sobretudo os bastidores de toda esta área.

M.L: Como realizador, trabalha, essencialmente, na televisão. Gostava de, um dia, realizar uma produção cinematográfica?
G.M: Não ambiciono, porque eu gosto do ritmo e da dinâmica da TV.

M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou, durante o seu percurso como realizador?
G.M: A novela “Doce Fugitiva” (TVI). Por toda uma equipa que tive nessa altura.

M.L: Foi corealizador da telenovela “Ajuste de Contas” que foi exibida na RTP entre 2000 e 2001 e protagonizada por João Perry. Que recordações guarda desse trabalho?
G.M: Foi a primeira novela inteira que realizei e que deu direito a nome no genérico. Recordo esses e outros atores ilustres  e o apoio que a minha equipa me deu.

M.L: Como vê, atualmente, a ficção nacional?
G.M: Com uma enorme evolução, falta só um bocadinho mais de tempo para os criadores e apostar mais na escrita, mas já vejo uma melhoria acentuada nas últimas novelas da SIC a esse nível. Tecnicamente já conseguimos ser superiores aos Brasileiros.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
G.M: Carreira não digo, mas SIM a uma experiência de um ano ou meses. Digo isto, porque valorizo muito a família e como tenho 4 filhos e sou bem-casado, não me estou a ver a sair de Portugal.

M.L: Trabalhou, durante vários anos, na produtora Plural Entertainment Portugal (ex-NBP). Que balanço faz do tempo em que trabalhou na produtora?
G.M: No inicio muito BOM, nestes últimos cinco anos muito MAU. Má gestão das pessoas e pouca comunicação interna.

M.L: A Plural Entertainment Portugal existe, desde 1992. Como vê o percurso que a produtora tem feito, desde a sua fundação até agora?
G.M: Teve uma enorme evolução técnica nos primeiros 14 anos, depois estabilizou em Bom, mas nos últimos cinco anos começou a haver pouco rigor na escolha dos elementos técnicos e com os baixos orçamentos, menos qualidade.

M.L: O audiovisual tem estado em grande mudança nos últimos anos. Sendo um profissional dessa área, qual é a sua visão, no que diz respeito a essa mudança?
G.M: Até agora tem sido para melhor e espero que continue nessa ascensão.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na área do audiovisual?
G.M: Pense bem, porque isto é uma área de muito desgaste e pressão, por isso temos de que gostar muito para fazermos bem e resistirmos.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até agora, como realizador?
G.M: Muito bom. Se bem que nos últimos anos não tenho dado tudo por falta de motivação. Lutei muito para corrigir problemas que hoje continua e ninguém liga nenhuma e deixam andar. Fiz sempre o meu trabalho bem, mas só não me meti em assuntos ligados às produtividades da empresa para quem eu trabalhei. Apesar de quase exigirem isso dos realizadores acho que haviam lá pessoas para o fazer.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
G.M: Há muita coisa para fazer, mas, neste momento, não devo adiantar mais nada sobre isso.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
G.M: Concertos de Música, para relaxar.

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
G.M: Nada de especial.ML

sábado, 29 de março de 2014

Brevemente...

Entrevista com... Gonçalo Mourão (Realizador)

Mário Lisboa entrevista... Micaela Cardoso

Olá. A próxima entrevista é com a atriz Micaela Cardoso. Natural do Porto, desde muito cedo que se interessou pela representação, e tem desenvolvido um percurso como atriz que passa, essencialmente, pelo teatro, e, atualmente, está a participar na peça "A Cena" de Valère Novarina, com encenação da encenadora, dramaturga e atriz Renata Portas, e vai estar em cena no Teatro Carlos Alberto no Porto entre os dias 10 e 19 de Abril. Esta entrevista foi feita no passado dia 17 de Março.

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
M.C: Aos quinze anos, fechava-me na sala de jantar e brincava a ser outras figuras, outras pessoas, outros eus.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
M.C: Não sei se consigo designá-las... São aquilo que leio, filmes que vejo, música que ouço, mas também o dia-a-dia, as pessoas na rua... O espetro aonde pode um(a) ator (atriz) ir beber, é muito grande.

M.L: Faz, essencialmente, teatro. Gostava de trabalhar mais no audiovisual (Cinema e Televisão)?
M.C: Sim, faz-me muita falta fazer mais cinema, é toda uma outra linguagem, um universo muito distinto do teatro.

M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, durante o seu percurso como atriz?
M.C: Houve muitos trabalhos que foram marcantes, e cada um foi especial à sua maneira, só assim faz sentido, para mim, trabalhar, com paixão e dedicação e entrega. Houve, no entanto, textos e personagens que me foram mais queridas e misteriosas, uma delas “A Castro” de António Ferreira.

M.L: Entre 2001 e 2002, participou na telenovela “A Senhora das Águas” que foi exibida na RTP, da qual interpretou a vilã Dulce Trovão Pedroso. Que recordações guarda desse trabalho?
M.C: Bom, não foi um trabalho que me enlevasse de sobremaneira, para ser franca. Penso que me é difícil dominar o ritmo de uma novela e sobre ele fazer um trabalho com a profundidade a que estou acostumada.

M.L: Como vê, atualmente, o teatro e a ficção nacional?
M.C: Como deves imaginar, por um lado, sinto uma grande tristeza ao ver que há estruturas que se apagam e que tinham o direito de persistir, mas, infelizmente, a Cultura é desconsiderada no nosso país. Em tempo de crise, a Cultura é ainda mais necessária, mas não é assim que as coisas são vistas... Por outro lado, admiro imenso a perseverança daqueles que, apesar de todas estas intempéries, continuam a trabalhar.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
M.C: Não sei bem o que é uma carreira, muito menos internacional... Como ouvi uma vez a Maria de Medeiros: "Eu não tenho uma carreira, tenho um carreirinho...".

M.L: Tem desenvolvido, praticamente, o seu percurso como atriz no Porto. Gostava de trabalhar mais em Lisboa?
M.C: Penso que o país não é assim tão grande para que o trabalho tenha de ser divido entre esses dois pólos. Nunca percebi muito bem essa coisa de Lisboa versus Porto, e, já agora, versus o resto do país, que também existe e é real. Há muito boa gente a trabalhar fora desses dois "centros", digamos assim, e a desenvolver projetos culturais de um interesse extraordinário.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na representação?
M.C: Recuso-me a dar conselhos desse tipo, ou de qualquer outro tipo.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até agora, como atriz?
M.C: Profundamente intermitente.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
M.C: Isso é mistério...

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
M.C: Uma longa viagem... Uma viagem que dure, no mínimo, três meses...ML

domingo, 23 de março de 2014

Brevemente...

Entrevista com... Micaela Cardoso (Atriz)

Mário Lisboa entrevista... Marta Quelhas

Olá. A próxima entrevista é com a produtora Marta Quelhas. Natural do Porto, licenciou-se em Cinema e Audiovisual, tendo trabalhado em várias curtas-metragens como produtora e como diretora de casting, mas é no teatro que tem trabalhado mais, estando, atualmente, na produtora Yellow Star Company que foi fundada em 2010 pelo casal Paulo Sousa Costa e Carla Matadinho e está a produzir a peça "Boeing Boeing" de Marc Camoletti, com encenação de Claudio Hochman, conta com as participações de João Didelet, Luís Esparteiro, Sofia Ribeiro, Patrícia Tavares, Elsa Galvão e Melânia Gomes, e está em cena no Teatro da Trindade até ao próximo dia 13 de Abril. Esta entrevista foi feita, por via email, no passado dia 9 de Março.

M.L: Quando surgiu o interesse pelo teatro?
M.Q: Curiosamente, o interesse pelo teatro surgiu apenas no final da minha licenciatura, em Cinema e Audiovisual. Na altura, andava à procura de uma empresa onde conseguisse um estágio e surgiu uma produtora, no Porto, ligada ao teatro que me deu essa possibilidade. Confesso que, inicialmente, não sabia muito bem se me conseguiria "adaptar", uma vez que a minha licenciatura, embora ligada às artes, incidia muito mais no cinema e na televisão do que no teatro. De qualquer forma, correu muito bem e, desde essa altura, que o "bichinho" do teatro nunca mais me deixou indiferente.

M.L: Quais são as suas influências nesta área?
M.Q: O teatro, como não era uma área prioritária na minha vida, tem vindo a ser descoberto com o tempo. Os géneros que mais me fascinam são os musicais e a Revista à Portuguesa.

M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora, enquanto produtora?
M.Q: O meu primeiro grande desafio, em teatro, foi, sem dúvida, o "Aladino e a Gruta Mágica-O Musical no Gelo”. Foi um projeto inovador que envolveu imensos custos e imensas pessoas. Ter as operações controladas foi o mais importante. Foi o projeto onde, a nível profissional, mais evoluí. Por muitos projetos em que me envolva, este será sempre muito especial.

M.L: Atualmente, trabalha na produtora Yellow Star Company. Que balanço faz do tempo em que está na produtora?
M.Q: A Yellow Star Company é muito importante para mim, tanto a nível pessoal como profissional, embora trabalhe com outras empresas. Trabalho com pessoas que, assim como eu, adoram o que fazem e gostam de o fazer com qualidade e isso também é muito importante, principalmente, para manter o equilíbrio. Estou vinculada à produtora há mais de um ano e espero que assim continue, porque é um prazer enorme fazer parte desta equipa.

M.L: A Yellow Star Company foi fundada em 2010 pelo casal Paulo Sousa Costa e Carla Matadinho e produziu produções teatrais de enorme sucesso como “Os 39 Degraus”, “Aladino e a Gruta Mágica-O Musical no Gelo”, “A Verdadeira História da Cigarra e da Formiga”, “Gisberta” e “Zorro”. Como vê o percurso que a produtora tem feito, desde a sua fundação até agora?
M.Q: Como qualquer empresa, em Portugal, é preciso que as coisas se façam com calma e com os pés assentes. Claro que é preciso haver determinação e garra mas, por vezes, isso só não chega. Felizmente, a Carla e o Paulo têm conseguido, na minha opinião, levar a empresa ao crescimento e com grande sucesso. Temos trabalho regular e somos reconhecidos nas áreas em que trabalhamos porque, embora a empresa esteja muito ligada ao teatro, trabalhamos noutras áreas, nomeadamente, ligadas à comunicação, onde também sou interveniente.

M.L: Também experimentou o cinema. Entre o Teatro e o Cinema, em qual destes géneros em que se sente melhor?
M.Q: Quando me formei, aquilo que eu queria mesmo fazer era produzir! Não me preocupava muito o resto, desde que eu fizesse aquilo de que gostava. Eu sinto-me bem e feliz a trabalhar em produção.

M.L: Como vê, atualmente, a Cultura em Portugal?
M.Q: Infelizmente, a Cultura, em Portugal, quase não se vê. Não percebo como é que se gasta dinheiro em assuntos que não trazem mais-valias para o povo português e depois não há dinheiro para a Cultura. Espero que esta crise no país, e consequentemente na Cultura, seja apenas uma fase menos boa a ser ultrapassada, num futuro breve.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
M.Q: Não penso muito nisso. Estou ainda a iniciar uma carreira que desejo prolongar, durante muito tempo. Gostava de fazer algumas formações, no Brasil, na área da produção de televisão, mas "internacionalizar-me" não é um objetivo.

M.L: O meio artístico português enfrenta, atualmente, uma enorme instabilidade. Na sua opinião, quais são os desafios que um produtor tem que enfrentar, perante esta instabilidade?
M.Q: Como ainda estou a consolidar algumas coisas e não sou produtora executiva, não sinto as dificuldades na pele, ou seja, não monto espetáculos nem os faço circular. Mas, por aquilo que vejo acontecer nesta área, é cada vez mais difícil fazer teatro, em Portugal. Não há apoios e a maior parte dos teatros não tem capacidade financeira de adquirir espetáculos. Há sempre o risco do espetáculo dar ou não lucro porque, cada vez mais, as pessoas definem prioridades e uma ida ao teatro pode ou não ser possível concretizar.

M.L: Que balanço faz do percurso profissional que tem feito até agora?
M.Q: Ainda sou uma “bebé”! Tenho a sorte de, às vezes, estar no lugar certo à hora certa, mas olhando para trás e vendo aquilo que, em tão pouco tempo, consegui fazer, sinto-me orgulhosa das escolhas que fiz e que continuo a fazer. É bom olhar para trás e perceber que a determinação pode ser um dos nossos melhores trunfos. Se continuar a fazer o que gosto e com quem gosto, então tenho a certeza que, daqui a uns anos, pensarei da mesma forma.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
M.Q: Em relação a projetos já fechados, tenho em cena, de dia 12 de Março a 13 de Abril, no Teatro da Trindade, a peça “Boeing Boeing”, onde faço parte da produção. Ainda este ano, tenho a rodagem de uma curta-metragem e um musical. Há também alguns projetos em cima da mesa, mas ainda nada está fechado.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
M.Q: Uma coisa que eu gostava imenso de fazer, e que já tinha em mente muito antes de entrar para a faculdade, é televisão. É uma das áreas que eu nunca explorei e, isso sim, é um objetivo que espero cumprir assim que possível.

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
M.Q: Assim de repente, não me lembro de nada. Tenho tudo nos lugares certos. Considero-me, nesta altura, uma pessoa bem resolvida em todos os aspetos.ML

domingo, 16 de março de 2014

Brevemente...

Entrevista com... Marta Quelhas (Produtora)

Mário Lisboa entrevista... Ana Rita Pinto

Olá. A próxima entrevista é com a atriz Ana Rita Pinto. Natural do Porto, desde muito cedo que se interessou pela representação, e tem desenvolvido um promissor percurso como atriz que passa, essencialmente, pelo teatro, e desde Janeiro de 2014 que é atriz residente da companhia Persona D'arte que foi fundada pela atrizes Tânia Orchid e Rafa Santos. Esta entrevista foi feita no passado dia 5 de Dezembro na Biblioteca Municipal de Santa Maria da Feira.

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
A.R.P: Desde muito pequena que sempre estive ligada a grupos de teatro e quando acabei o 9º ano já vinha com o gosto anterior pelo palco e pelas artes e surgiu a oportunidade de investir na minha formação e foi quando comecei a estudar Teatro e formei-me em Teatro no Balleteatro Escola Profissional.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
A.R.P: Tenho várias. Não consigo dizer só um nome, porque há muita gente que eu gosto de ver, há atores muito bons e de todos eles eu consigo retirar um bocadinho o que há de bom.

M.L: Faz, essencialmente, teatro. Gostava de trabalhar mais no audiovisual (Cinema e Televisão)?
A.R.P: O cinema é uma área que me fascina muito. Eu acho que qualquer ator pretende, um dia, chegar à televisão, não vou dizer que seja o meu objetivo maior, porque não é, mas tenho a noção de que, um dia, vou precisar de fazer televisão até para conseguir viver no teatro que não é fácil.

M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora, enquanto atriz?
A.R.P: Houve dois trabalhos. O primeiro foi “Peter Pan-O Musical” que foi a minha grande estreia no teatro, foi um dos meus melhores trabalhos e foi onde eu percebi que este era, realmente, o meu caminho. Depois foi o “Aladino e a Gruta Mágica-O Musical no Gelo”, porque para além de ter tudo o que um musical tem que é a dança, a interpretação e a música, também tinha a patinagem que era maravilhoso.

M.L: “Aladino e a Gruta Mágica-O Musical no Gelo” foi coproduzido pela Yellow Star Company do casal Paulo Sousa Costa e Carla Matadinho. Como foi trabalhar com eles?
A.R.P: Foi muito bom, aliás toda a experiência do “Aladino…” foi muito interessante. Começando pela produção (Yellow Star Company) e continuando com toda a equipa que era realmente maravilhosa.

M.L: Como vê, atualmente, a Cultura em Portugal?
A.R.P: Infelizmente, os artistas são muito pouco valorizados, porque as pessoas ainda não perceberam que é impossível viver sem as artes. O nosso país valoriza muito pouco a Cultura.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
A.R.P: Eu gostava muito de completar a minha formação noutro país e de ter a oportunidade de ir para outros caminhos, para alargar horizontes.

M.L: Tem desenvolvido o seu percurso como atriz no Porto. Gostava de trabalhar mais em Lisboa?
A.R.P: Eu já trabalhei em Lisboa várias vezes. Na verdade, o público do Porto é mais caloroso do que o público de Lisboa.

M.L: Nos últimos anos, tem surgido jovens que enveredaram pela representação influenciados pelo fascínio transmitido pela televisão, através dos seus produtos de ficção (nomeadamente telenovelas). Na sua opinião, acha que, um dia, esse fascínio diminuirá e que os jovens irão enveredar-se pela representação de uma maneira mais séria?
A.R.P: Eu espero sinceramente que sim. É um facto de que cada vez mais as crianças e os jovens são influenciados por aquele “mundo maravilha” que vêm nas televisões. O que é um grande erro, pois ser ator ou atriz é muito mais do que aquilo e muitas vezes a única parte maravilhosa é fazermos o que gostamos. É essencial que se comece a dar valor à formação nestas áreas.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até agora, como atriz?
A.R.P: Dependendo de como estão as coisas no nosso país e na Cultura. Felizmente, não me posso queixar, acho que sou mesmo uma privilegiada, eu ainda não tinha acabado o meu curso e já trabalhava profissionalmente como atriz e desde que acabei o curso acho que as coisas têm corrido muito bem.ML

quarta-feira, 5 de março de 2014

Brevemente...

Entrevista com... Ana Rita Pinto (Atriz)

Mário Lisboa entrevista... António Jorge

Olá. A próxima entrevista é com o jornalista António Jorge. Natural de Cinfães, interessou-se pelo jornalismo aos 13 anos ao ser convidado por um professor para trabalhar numa rádio na Escola Secundária de Cinfães, e desde aí tem desenvolvido um percurso como jornalista que passa, essencialmente, pela rádio, e, atualmente, trabalha na Antena 1, onde apresenta, desde 2008, o programa "Antena Aberta" que teve uma versão televisiva que terminou em 2011 com o fim da RTPN (atual RTP Informação), cuja apresentação partilhou, juntamente, com Eduarda Maio (atual apresentadora do programa "Sociedade Civil" (RTP2). Esta entrevista foi feita na sede da RTP Porto.

M.L: Quando surgiu o interesse pelo jornalismo?
A.J: Quando eu tinha 13 anos, havia na Escola Secundária de Cinfães (de onde eu sou natural) uma rádio da escola e comecei a trabalhar na rádio, por causa de um professor que me convidou para ir para lá. Era o Engenheiro Nuno, de quem guardo boas memórias. E a partir daí, comecei a fazer coisas na rádio e não demorou muito tempo a vir trabalhar no Porto para a Rádio Comercial Norte. Depois da Rádio Comercial Norte, aos 18 anos fui para a Antena 1 e estou lá, desde então, muitas vezes, tenho trabalhado fora da Antena 1, mas mantendo sempre aqui o meu trabalho, tenho feito coisas na área da televisão, na área da escrita… Basicamente, o meu interesse pelo jornalismo começa de uma forma acidental e depois torna-se numa paixão.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto jornalista?
A.J: São todos os grandes jornalistas que fazem todos os dias o seu trabalho sem cederem a pressões, sem privilegiarem grupos económicos, sem privilegiarem grupos políticos. São todos os que fazem, diariamente, um trabalho de permanente procura da verdade.

M.L: Trabalha, essencialmente, na rádio. Gostava de ter trabalhado mais em outros meios de comunicação como, por exemplo, a imprensa?
A.J: Tive algumas experiências na imprensa. Eu confesso que a partir do momento em que se começa a trabalhar na rádio como comecei aos 13 anos começamos pela prática a ficar muito formatados para escrever para falar, escrever para dizer. E escrever para dizer, ao fim de tantos anos como eu faço, acaba por ser quase natural, o que não me retira a obrigação de, sempre que escrevo alguma coisa para outros lerem, a ter cuidado com aquilo que escrevo, de cumprir regras de português e ser o mais claro possível. Isso, para mim, não é tão fácil, não é tão “natural” como escrever para a rádio, mas tive a oportunidade de ter uma atividade mais permanente na área da imprensa, nunca me senti especialmente seduzido por isso, assim como nunca me deslumbrou, por exemplo, a televisão, apesar de ter feito várias coisas na televisão.

M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou, durante o seu percurso como jornalista?
A.J: Vários. Eu tenho um percurso, enquanto jornalista, que me fez passar por variadíssimas situações e todas elas diferentes. Cada uma no seu registo, com muitos desencantos e com muito prazer.

M.L: Como vê, atualmente, a Comunicação Social em Portugal?
A.J: Está muito presa em interesses económicos. Nesta altura, há na Comunicação Social em Portugal (salvo algumas exceções) uma proximidade muito grande entre os interesses dos grupos económicos com aquilo que a imprensa reproduz e isso é bastante perigoso.

M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
A.J: Adorava ter sido correspondente em Nova Iorque, em Paris ou em Londres, mas nunca tive oportunidade.

M.L: Qual foi o momento que mais o marcou, durante o seu percurso como jornalista?
A.J: A queda da Ponte de Entre-os-Rios. Estive lá duas semanas, sem vir a casa, sem praticamente dormir. Num momento muito difícil para o país, muito difícil para aquelas pessoas e com uma particularidade: eu sou natural de uma zona muito próxima de Entre-os-Rios, portanto conheço muito bem aquela região, não conhecia ninguém que tivesse falecido no acidente, mas digamos que a dor daquelas pessoas naquela altura era também a minha dor, sentia aquilo como tivesse sido também um acidente comigo. Portanto, foi o momento mais marcante. Mas houve outros: Os dez anos do 11 de Setembro, o 11 de Março em Espanha, e agora mais recentemente a cobertura das cerimónias fúnebres de Nelson Mandela, na Africa do Sul…

M.L: Atualmente, apresenta na Antena 1 o programa “Antena Aberta” que teve uma versão televisiva que apresentou, juntamente, com Eduarda Maio e que terminou em 2011 com o fim da RTPN (atual RTP Informação). Como está a correr o programa?
A.J: Está a correr exatamente igual ao que corria até então. Quando veio da TSF para a Antena 1, a Eduarda Maio começou a fazer este espaço interativo, depois a direção da rádio decidiu que eu o fizesse, e o espaço ficou sempre (quase sempre), até hoje, a ser editado a partir do Porto. Basicamente, eu sempre fiz o “Antena Aberta”, desde 2008 até agora. Pessoalmente, eu nunca gostei da versão televisiva do “Antena Aberta”. A decisão não era minha, portanto tinha apenas que cumprir ordens. Nunca gostei da versão televisiva, no sentido plástico da coisa, eu acho que nunca houve interesse de investir neste simultâneo entre a rádio e a televisão, porque, do ponto de vista do formato televisivo, o programa era bastante pobre e podia ter tido melhoramentos, ao nível da imagem. Foi, no entanto, o primeiro programa a ser feito em simultâneo, e depois de quebrado esse simultâneo, sinceramente, acho que ficou a perder, quer a rádio, quer a televisão, porque a televisão conseguia ter uma visibilidade junto de um público que está em movimento àquela hora, ter uma visibilidade junto de um público que não tem que pagar a um distribuidor de televisão por cabo para terem informação com a marca da RTP. A rádio fica a perder na medida em que também perde visibilidade na televisão, mas, pessoalmente, não estou nada insatisfeito pelo facto de não estar a fazer o programa na televisão.

M.L: Qual foi a situação mais embaraçosa que o marcou, até agora, durante o seu percurso como jornalista?
A.J: Tive várias. Muitas delas decorrentes devido ao facto de eu estar a fazer um programa em direto com as características do “Antena Aberta”. Pelo menos duas vezes, fui maltratado no ar, chamaram-me nomes, de pessoas que eu não conheço, não faço a ideia de que tipo de motivação é que tinham para dizerem aquilo, eu acho que têm, obviamente, algum défice educacional para terem tido esse comportamento. Foram situações desagradáveis, mas ultrapassei-as com imensa tranquilidade e eu acho que esses foram os momentos mais desagradáveis. Não me recordo de outros.

M.L: Como vê, hoje em dia, Portugal e o Mundo?
A.J: Vejo Portugal com uma grande dificuldade em sair desta falta de esperança, acho que o país está com falta de horizonte, acho que é um sentimento que é generalizado. Começo a achar que os índices de felicidade em Portugal (que, apesar de tudo, nunca foram extraordinários comparativamente aos outros países da Europa) vão continuar a baixar. Acho que temos de nos ajustar a viver com menos dinheiro, mas não devemos baixar os braços e deixarmo-nos ficar num estado nostálgico perante esta aparente ausência de horizonte. Quando perdermos essa vontade de querer olhar mais adiante, aí sim acho que o futuro pode ser absolutamente negro.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira no jornalismo?
A.J: Que procure outra carreira (risos). Acho que só vai para o jornalismo quem tem, de facto, muita paixão seja pela rádio, pela televisão, pelos jornais, pela Internet. Tem que haver uma verdadeira paixão para com os princípios básicos desta profissão: o primeiro deles é o respeito por quem nos ouve, por quem nos lê, por quem nos vê, porque eu sinto isso, diariamente com as pessoas que saem das faculdades, com os estagiários que me apresentam aqui para a rádio. Quem quiser vir para o jornalismo, tem que perceber exatamente para onde vai, ter os pés bem assentes na terra e saber que nunca será rico, que vai ter condições de trabalho sempre (ou muitas vezes) precárias, portanto se puderem mais vale pensar noutra profissão.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até agora, como jornalista?
A.J: É um balanço positivo. Eu costumo dizer aos meus amigos que me pagam para curtir, mas sei que dizer isto assim pode parecer displicente, o que quero dizer é que amo o que faço, porque eu comecei a trabalhar na rádio aos 13 anos e continuo a ter o mesmo prazer.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
A.J: Gostava de percorrer o país, durante um mês, a fazer reportagem… Tenho vários projetos e esse é um deles. Um dos primeiros livros que o José Saramago escreveu chama-se “Viagem a Portugal” e eu li esse livro há muitos anos e sempre tive esta ideia que era fazer em rádio aquele livro ou seja pegar no livro e ir à procura daquelas terras que o José Saramago descreve e fazer reportagens naquelas terras fazendo um paralelo entre a realidade daquele encontro e a realidade em que se encontra o José Saramago. Isso era uma coisa que eu gostava de fazer.ML