domingo, 23 de março de 2014

Mário Lisboa entrevista... Marta Quelhas

Olá. A próxima entrevista é com a produtora Marta Quelhas. Natural do Porto, licenciou-se em Cinema e Audiovisual, tendo trabalhado em várias curtas-metragens como produtora e como diretora de casting, mas é no teatro que tem trabalhado mais, estando, atualmente, na produtora Yellow Star Company que foi fundada em 2010 pelo casal Paulo Sousa Costa e Carla Matadinho e está a produzir a peça "Boeing Boeing" de Marc Camoletti, com encenação de Claudio Hochman, conta com as participações de João Didelet, Luís Esparteiro, Sofia Ribeiro, Patrícia Tavares, Elsa Galvão e Melânia Gomes, e está em cena no Teatro da Trindade até ao próximo dia 13 de Abril. Esta entrevista foi feita, por via email, no passado dia 9 de Março.

M.L: Quando surgiu o interesse pelo teatro?
M.Q: Curiosamente, o interesse pelo teatro surgiu apenas no final da minha licenciatura, em Cinema e Audiovisual. Na altura, andava à procura de uma empresa onde conseguisse um estágio e surgiu uma produtora, no Porto, ligada ao teatro que me deu essa possibilidade. Confesso que, inicialmente, não sabia muito bem se me conseguiria "adaptar", uma vez que a minha licenciatura, embora ligada às artes, incidia muito mais no cinema e na televisão do que no teatro. De qualquer forma, correu muito bem e, desde essa altura, que o "bichinho" do teatro nunca mais me deixou indiferente.

M.L: Quais são as suas influências nesta área?
M.Q: O teatro, como não era uma área prioritária na minha vida, tem vindo a ser descoberto com o tempo. Os géneros que mais me fascinam são os musicais e a Revista à Portuguesa.

M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora, enquanto produtora?
M.Q: O meu primeiro grande desafio, em teatro, foi, sem dúvida, o "Aladino e a Gruta Mágica-O Musical no Gelo”. Foi um projeto inovador que envolveu imensos custos e imensas pessoas. Ter as operações controladas foi o mais importante. Foi o projeto onde, a nível profissional, mais evoluí. Por muitos projetos em que me envolva, este será sempre muito especial.

M.L: Atualmente, trabalha na produtora Yellow Star Company. Que balanço faz do tempo em que está na produtora?
M.Q: A Yellow Star Company é muito importante para mim, tanto a nível pessoal como profissional, embora trabalhe com outras empresas. Trabalho com pessoas que, assim como eu, adoram o que fazem e gostam de o fazer com qualidade e isso também é muito importante, principalmente, para manter o equilíbrio. Estou vinculada à produtora há mais de um ano e espero que assim continue, porque é um prazer enorme fazer parte desta equipa.

M.L: A Yellow Star Company foi fundada em 2010 pelo casal Paulo Sousa Costa e Carla Matadinho e produziu produções teatrais de enorme sucesso como “Os 39 Degraus”, “Aladino e a Gruta Mágica-O Musical no Gelo”, “A Verdadeira História da Cigarra e da Formiga”, “Gisberta” e “Zorro”. Como vê o percurso que a produtora tem feito, desde a sua fundação até agora?
M.Q: Como qualquer empresa, em Portugal, é preciso que as coisas se façam com calma e com os pés assentes. Claro que é preciso haver determinação e garra mas, por vezes, isso só não chega. Felizmente, a Carla e o Paulo têm conseguido, na minha opinião, levar a empresa ao crescimento e com grande sucesso. Temos trabalho regular e somos reconhecidos nas áreas em que trabalhamos porque, embora a empresa esteja muito ligada ao teatro, trabalhamos noutras áreas, nomeadamente, ligadas à comunicação, onde também sou interveniente.

M.L: Também experimentou o cinema. Entre o Teatro e o Cinema, em qual destes géneros em que se sente melhor?
M.Q: Quando me formei, aquilo que eu queria mesmo fazer era produzir! Não me preocupava muito o resto, desde que eu fizesse aquilo de que gostava. Eu sinto-me bem e feliz a trabalhar em produção.

M.L: Como vê, atualmente, a Cultura em Portugal?
M.Q: Infelizmente, a Cultura, em Portugal, quase não se vê. Não percebo como é que se gasta dinheiro em assuntos que não trazem mais-valias para o povo português e depois não há dinheiro para a Cultura. Espero que esta crise no país, e consequentemente na Cultura, seja apenas uma fase menos boa a ser ultrapassada, num futuro breve.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
M.Q: Não penso muito nisso. Estou ainda a iniciar uma carreira que desejo prolongar, durante muito tempo. Gostava de fazer algumas formações, no Brasil, na área da produção de televisão, mas "internacionalizar-me" não é um objetivo.

M.L: O meio artístico português enfrenta, atualmente, uma enorme instabilidade. Na sua opinião, quais são os desafios que um produtor tem que enfrentar, perante esta instabilidade?
M.Q: Como ainda estou a consolidar algumas coisas e não sou produtora executiva, não sinto as dificuldades na pele, ou seja, não monto espetáculos nem os faço circular. Mas, por aquilo que vejo acontecer nesta área, é cada vez mais difícil fazer teatro, em Portugal. Não há apoios e a maior parte dos teatros não tem capacidade financeira de adquirir espetáculos. Há sempre o risco do espetáculo dar ou não lucro porque, cada vez mais, as pessoas definem prioridades e uma ida ao teatro pode ou não ser possível concretizar.

M.L: Que balanço faz do percurso profissional que tem feito até agora?
M.Q: Ainda sou uma “bebé”! Tenho a sorte de, às vezes, estar no lugar certo à hora certa, mas olhando para trás e vendo aquilo que, em tão pouco tempo, consegui fazer, sinto-me orgulhosa das escolhas que fiz e que continuo a fazer. É bom olhar para trás e perceber que a determinação pode ser um dos nossos melhores trunfos. Se continuar a fazer o que gosto e com quem gosto, então tenho a certeza que, daqui a uns anos, pensarei da mesma forma.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
M.Q: Em relação a projetos já fechados, tenho em cena, de dia 12 de Março a 13 de Abril, no Teatro da Trindade, a peça “Boeing Boeing”, onde faço parte da produção. Ainda este ano, tenho a rodagem de uma curta-metragem e um musical. Há também alguns projetos em cima da mesa, mas ainda nada está fechado.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
M.Q: Uma coisa que eu gostava imenso de fazer, e que já tinha em mente muito antes de entrar para a faculdade, é televisão. É uma das áreas que eu nunca explorei e, isso sim, é um objetivo que espero cumprir assim que possível.

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
M.Q: Assim de repente, não me lembro de nada. Tenho tudo nos lugares certos. Considero-me, nesta altura, uma pessoa bem resolvida em todos os aspetos.ML

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