sábado, 29 de março de 2014

Mário Lisboa entrevista... Micaela Cardoso

Olá. A próxima entrevista é com a atriz Micaela Cardoso. Natural do Porto, desde muito cedo que se interessou pela representação, e tem desenvolvido um percurso como atriz que passa, essencialmente, pelo teatro, e, atualmente, está a participar na peça "A Cena" de Valère Novarina, com encenação da encenadora, dramaturga e atriz Renata Portas, e vai estar em cena no Teatro Carlos Alberto no Porto entre os dias 10 e 19 de Abril. Esta entrevista foi feita no passado dia 17 de Março.

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
M.C: Aos quinze anos, fechava-me na sala de jantar e brincava a ser outras figuras, outras pessoas, outros eus.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
M.C: Não sei se consigo designá-las... São aquilo que leio, filmes que vejo, música que ouço, mas também o dia-a-dia, as pessoas na rua... O espetro aonde pode um(a) ator (atriz) ir beber, é muito grande.

M.L: Faz, essencialmente, teatro. Gostava de trabalhar mais no audiovisual (Cinema e Televisão)?
M.C: Sim, faz-me muita falta fazer mais cinema, é toda uma outra linguagem, um universo muito distinto do teatro.

M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, durante o seu percurso como atriz?
M.C: Houve muitos trabalhos que foram marcantes, e cada um foi especial à sua maneira, só assim faz sentido, para mim, trabalhar, com paixão e dedicação e entrega. Houve, no entanto, textos e personagens que me foram mais queridas e misteriosas, uma delas “A Castro” de António Ferreira.

M.L: Entre 2001 e 2002, participou na telenovela “A Senhora das Águas” que foi exibida na RTP, da qual interpretou a vilã Dulce Trovão Pedroso. Que recordações guarda desse trabalho?
M.C: Bom, não foi um trabalho que me enlevasse de sobremaneira, para ser franca. Penso que me é difícil dominar o ritmo de uma novela e sobre ele fazer um trabalho com a profundidade a que estou acostumada.

M.L: Como vê, atualmente, o teatro e a ficção nacional?
M.C: Como deves imaginar, por um lado, sinto uma grande tristeza ao ver que há estruturas que se apagam e que tinham o direito de persistir, mas, infelizmente, a Cultura é desconsiderada no nosso país. Em tempo de crise, a Cultura é ainda mais necessária, mas não é assim que as coisas são vistas... Por outro lado, admiro imenso a perseverança daqueles que, apesar de todas estas intempéries, continuam a trabalhar.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
M.C: Não sei bem o que é uma carreira, muito menos internacional... Como ouvi uma vez a Maria de Medeiros: "Eu não tenho uma carreira, tenho um carreirinho...".

M.L: Tem desenvolvido, praticamente, o seu percurso como atriz no Porto. Gostava de trabalhar mais em Lisboa?
M.C: Penso que o país não é assim tão grande para que o trabalho tenha de ser divido entre esses dois pólos. Nunca percebi muito bem essa coisa de Lisboa versus Porto, e, já agora, versus o resto do país, que também existe e é real. Há muito boa gente a trabalhar fora desses dois "centros", digamos assim, e a desenvolver projetos culturais de um interesse extraordinário.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na representação?
M.C: Recuso-me a dar conselhos desse tipo, ou de qualquer outro tipo.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até agora, como atriz?
M.C: Profundamente intermitente.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
M.C: Isso é mistério...

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
M.C: Uma longa viagem... Uma viagem que dure, no mínimo, três meses...ML

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