terça-feira, 21 de abril de 2015

Mário Lisboa entrevista... Ney Latorraca

Nascido dentro do meio artístico, estreou-se como ator profissional com a peça "Reportagem de Um Tempo Mau" em 1964, e desde aí tornou-se numa das personalidades mais lendárias da representação brasileira, com um notável percurso que passa pelo teatro, pelo cinema e pela televisão (onde entrou em produções como "Escalada" (TV Globo), "Vamp" (TV Globo), "Éramos Seis" (SBT), "Zazá" (TV Globo), "O Cravo e a Rosa" (TV Globo), "O Beijo do Vampiro" (TV Globo), "A Casa das Sete Mulheres" (TV Globo), "Da Cor do Pecado" (TV Globo), "Bang Bang" (TV Globo), "Negócio da China" (TV Globo) e "Meu Pedacinho de Chão" (TV Globo). Recentemente, co-protagonizou a peça "Entredentes" que foi escrita e encenada por Gerald Thomas. Esta entrevista foi feita no passado dia 14 de Abril.

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
N.L: Nasci no meio artístico. Sou filho único de um casal de cantores e, já na minha infância, eu queria ser cantor ou ator. O meu início foi aos 6 anos na Rádio Record, em São Paulo.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto ator?
N.L: As minhas influências começam com os ídolos do Cinema americano e da Europa. Mais tarde, também os grandes atores brasileiros como Paulo Autran, Cacilda Becker, Walmor Chagas, Sérgio Cardoso e Maria Della Costa, para citar alguns.

M.L: Faz teatro, cinema e televisão. Qual destes géneros que mais gosta de fazer?
N.L: Acho que um ator, para ser completo precisa de trabalhar no teatro, no cinema e na televisão. Tenho formação teatral, mas sempre trabalhei nas três áreas. O que me interessa na verdade é o projeto e as pessoas envolvidas.

M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou, até agora, durante o seu percurso como ator?
N.L: São muitos trabalhos marcantes, tanto na televisão, como no teatro e no cinema. Para citar apenas um foi no teatro: "O Mistério de Irma Vap". Pela longa carreira, 11 anos em cartaz e atingindo 3 milhões de espectadores. Um enorme sucesso de crítica e público.

M.L: Entre 1991/92, participou na telenovela “Vamp” que foi exibida na TV Globo, na qual interpretou o vampiro Vlad. Que recordações guarda desse trabalho?
N.L: Até hoje a novela “Vamp” faz sucesso quando é reposta. Tenho um carinho muito grande pelo Vlad, a minha personagem na novela. São muito boas recordações desse trabalho, eu destacaria principalmente o facto de ter atingido o público infantil. Foi um presente.

M.L: Como vê, atualmente, o teatro e o audiovisual (Cinema e Televisão) no Brasil?
N.L: Estamos vivendo um bom momento de amadurecimento. Acho que o Brasil tem uma capacidade muito grande de renovação com o surgimento de novos diretores e autores. E vivemos numa Democracia. Temos filmes autorais de alto nível com prémios em festivais e filmes de gosto popular levando um público enorme ao cinema, que traduz em farta bilheteria.

M.L: Como lida com o público que acompanha sua carreira há vários anos?
N.L: Adoro ser reconhecido, tirar fotos e dar autógrafos. Sou um ator popular, não vivo escondido numa caverna.

M.L: Entre 2008/09, participou na telenovela “Negócio da China” que foi exibida na TV Globo, na qual contou com a participação dos atores portugueses Ricardo Pereira, Joaquim Monchique, Maria Vieira e Carla Andrino. Como foi trabalhar com eles?
N.L: Foi um grande prazer. São ótimos atores e pessoas muito simpáticas. A nossa influência vem dos portugueses. Somos frutos da Escola portuguesa. No meu último trabalho em teatro, a peça "Entredentes", éramos 3 atores em cena: Eu, o ator Edi Botelho e uma atriz portuguesa maravilhosa, Maria de Lima. Uma grande atriz, simplesmente genial. Ela encantou-nos com o seu talento, simpatia e cultura.

M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na representação?
N.L: Eu fiz escola de Teatro e acho que é o melhor caminho. O Talento é nato, mas a escola é a base de tudo. Ela dá-nos conhecimento e capacidade para enfrentar a profissão.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até agora, como ator?
N.L: Tenho 70 anos de idade e 50 de profissão. Sinto-me feliz e realizado por ter escolhido esta profissão. Acho que fiz a escolha certa.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
N.L: Tenho propostas de trabalho tanto no cinema como no teatro e na televisão. São projetos que ainda estou analisando e ainda é cedo para dizer algo. Mas vem coisa boa por aí.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda nesta altura da sua vida?
N.L: Apesar da idade, ainda me sinto como um aluno recém-saído da escola de Teatro. Tenho uma criança dentro de mim que ainda sonha com grandes personagens e projetos que possam contribuir e ajudar a mudar a Sociedade para melhor.ML

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