quinta-feira, 26 de maio de 2016

Mário Lisboa entrevista... Patrícia Tavares

O interesse pela representação surgiu aos 8 anos de idade, mas a sua grande oportunidade surgiu em 1996 com a telenovela "Roseira Brava" (RTP), onde interpretou a sofrível protagonista Anabela, e a partir daí tornou-se numa das atrizes mais populares e acarinhadas pelo público português, com um percurso que passa pelo teatro, pelo cinema e pela televisão (onde também participou em produções como "Primeiro Amor" (RTP), "Vidas de Sal" (RTP), "Filhos do Vento" (RTP), "Terra Mãe" (RTP), "Os Lobos" (RTP), "A Lenda da Garça" (RTP), "Ganância" (SIC), "Não Há Pai" (SIC), "O Olhar da Serpente" (SIC), "Jura" (SIC), "Vingança" (SIC), "Chiquititas" (SIC), "Olhos nos Olhos" (TVI), "Meu Amor" (TVI), "Remédio Santo" (TVI), "I Love It" (TVI), "Jardins Proibidos" (TVI). Também tem experiência na direção de atores, e, atualmente, co-protagoniza o espetáculo "Noivo por Acaso" que está em cena no Teatro Sá da Bandeira no Porto até ao próximo dia 29 de Maio. Esta entrevista foi feita no passado dia 17 de Abril no Teatro Sá da Bandeira.

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
P.T: Cedo, com 8 anos. Quando comecei a experimentar fazer figuração em cinema e foi aí nessa altura que percebi que queria ser atriz e tenho conseguido cumprir o meu desejo, o meu sonho. Tenho realizado essa vontade.

M.L: Quais são as suas referências, enquanto atriz?
P.T: As minhas referências são muitas. São as pessoas com quem eu vou cruzando, com quem eu vou aprendendo. O Nicolau (Breyner), com certeza, é uma grande referência, o Chico Nicholson outra, o Armando Cortez, o Álvaro (Fugulin). Estas pessoas já partiram, mas outras todas continuam a fazer parte da minha vida e ainda bem que fazem.

M.L: De todos os trabalhos que tem feito até agora como atriz, qual foi o mais marcante para si do ponto de vista pessoal, artístico, etc.?
P.T: Não é uma pergunta muito fácil para mim. Não consigo identificar nenhuma personagem, acho que gosto de todas as que tenho a possibilidade de criar.

M.L: Em 1996, teve a sua grande oportunidade como atriz com a telenovela “Roseira Brava” (RTP). 20 anos depois, como revê essa grande oportunidade que teve na altura?
P.T: A oportunidade foi procurada. Eu fui a um casting, não foi fácil, já tinha ouvido muitos nãos, já estava naquela altura de talvez desistir, ter que estudar para outra coisa, de pensar no meu futuro de outra maneira, e foi quando aconteceu ser escolhida pelo Nicolau (produtor) e pelo meu querido Tozé Martinho (autor) e a minha aventura começou aí.

Patrícia Tavares como "Anabela" em "Roseira Brava"
M.L: Como vê, hoje em dia, o meio artístico em termos gerais?
P.T: Eu acho que temos evoluído bastante. Há muito mais caminho a trilhar, acho que temos ótimos meios humanos, quer da parte técnica quer dos atores, acho que temos imensa gente com imenso talento e que estamos no caminho certo. Temos que continuar a andar para frente e trabalhar, acho que só assim é que se conseguem as coisas.

M.L: Como lida com o público que tem acompanhado a sua carreira nos últimos 20 anos?
P.T: Eu acho uma ternura e sinto-me muito feliz e agradecida, quando as pessoas me abordam e me dizem, “Acompanho-a desde pequenina e gosto muito do seu trabalho.”, e é uma frase que toda a gente diz e que é ótima de se ouvir. É muito bom que gostem do meu trabalho e sentir este carinho.

M.L: Além da representação, também tem experiência como diretora de atores. Gostava de, um dia, desenvolver mais um percurso alternativo em dirigir atores?
P.T: Nunca pensei muito nisso. Eu vou aproveitando as oportunidades que me dão. É uma coisa que eu gosto muito de fazer também, mas o que me completa é ser atriz. O que me estimula mais é ser atriz, mais do que ser diretora de atores, embora na realidade eu sempre estive como assessora de um diretor de atores, eu nunca fui diretora de atores à exceção de quando fizemos “Crianças SOS” (TVI) em que o elenco infantil estava completamente entregue a mim. Mas é uma coisa que me dá imenso prazer, onde eu aprendi imenso também por estar atrás e a observar.

M.L: Em 2010, Portugal conquistou o seu primeiro Emmy com a telenovela “Meu Amor” (TVI), na qual participou. Qual foi a sua sensação, quando soube que “Meu Amor” ganhou o prémio?
P.T: Honestamente, eu não fico deslumbrada com esse género de premiação. É de facto bom o nosso trabalho ser reconhecido sobretudo lá fora, mas isso não quer dizer que se possa estar descansado e viver sobre o fruto do que é um prémio. Pelo contrário, acho que temos muito mais a provar agora e temos muito mais a fazer e não tenho dúvidas que temos as qualidades humanas necessárias para que isso aconteça.

M.L: O Nicolau Breyner teve nos últimos 20 anos uma enorme influência na sua vida. Como vê o percurso de 56 anos que ele desenvolveu até falecer recentemente?
P.T: Foi um homem com uma vida riquíssima. É um homem enorme e é sem dúvida uma fonte de inspiração. Foi um privilégio e uma honra ter feito parte da vida dele e ele continuará a fazer parte da minha vida sobretudo pelos ensinamentos que me transmitiu e isso eu farei questão de honrar, enquanto estiver por cá.

Patrícia Tavares e Nicolau Breyner
M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na representação?
P.T: Estar atento o máximo possível, observar, aprender a estar na profissão e não esperar que isto seja um mar de rosas.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem desenvolvido até agora como atriz?
P.T: Vou andando um dia de cada vez, com a certeza de que há muito para aprender e com a imensa gratidão que sinto de poder fazer parte deste mundo que é o mundo que eu escolhi quando tinha 8 anos, portanto isto para mim é de facto uma grande emoção e uma grande alegria e é uma prova de que os sonhos tornam-se realidade. Não podemos é ficar à espera que nos batam à porta e que eles aconteçam, temos que fazer por eles.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda nesta altura da sua vida?
P.T: Há muita coisa para fazer ainda, também não penso na vida dessa maneira. Há com certeza muita coisa que eu ainda não vivi e que vou viver no seu tempo, sem pressa e sem grande vontade de “quero cumprir aquilo”. Há muita coisa que quero cumprir, mas vou cumprindo diariamente.ML

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