sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Mário Lisboa entrevista... Sofia Correia

Estreou-se profissionalmente em 2006 com a peça "Orgia" de Pier Paolo Pasolini nos Artistas Unidos e tem desenvolvido nos últimos dez anos um percurso muito bem preenchido como actriz nomeadamente a nível teatral. Natural do Porto e licenciada em Ciências da Comunicação, tendo estagiado tanto na Antena 1 como na Rádio Oxigénio, também é professora de Expressão Dramática e considera que o melhor do teatro são as pessoas, e recentemente participou na telenovela "Rainha das Flores" que está em exibição na SIC e foi o seu primeiro grande projecto televisivo. Esta entrevista foi feita no passado dia 6 de Dezembro, poucos dias antes do fim das gravações de "Rainha das Flores".

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
S.C: Comecei a fazer teatro na escola com 15 anos, no Grupo de Teatro Aurélia de Sousa no Porto. Foi uma experiência muito intensa e que me marcou, mas na altura nem sonhava ser possível fazer disto profissão. Vim viver para Lisboa aos 18 para estudar Ciências da Comunicação. Aos 20, voltei ao teatro num grupo universitário. Uma noite ao sair de um ensaio tive a clara noção que queria ser actriz mas ainda demorei a assumir a ideia. Mal acabei o curso, fui directa para o Conservatório de Teatro.

M.L: Quais são as suas referências, enquanto actriz?
S.C: Tenho várias. A Beatriz Batarda, a Isabel Abreu, a Carla Galvão, o Gonçalo Waddington e o Nuno Lopes são alguns dos actores que conheço pessoalmente e que me inspiram a tentar ser melhor. Lá fora, amo a Isabelle Huppert, a Julianne Moore, a Julia Roberts e a Meryl Streep.

Isabel Abreu, Regina Duarte, Sofia Correia
M.L: Como actriz e também como pessoa, se voltasse atrás faria tudo de novo?
S.C: Faria. A vida está sempre a mostrar-nos que está tudo certo, mesmo quando nos parece errada. Estou numa fase óptima da minha vida e foi o caminho que fiz que me trouxe até aqui.

M.L: Em 2010, participou na peça “Um Eléctrico Chamado Desejo” de Tennessee Williams e encenada por Diogo Infante no Teatro Nacional D. Maria II. Que recordações guarda de representar Tennessee Williams pela primeira vez?
S.C: Foi maravilhoso. Era o regresso da Alexandra Lencastre ao teatro e por isso foi especial. Os actores e a equipa eram fantásticos e adorei trabalhar com o Diogo Infante, que era o encenador. Tinha dois papéis mínimos, mas aprendi tanto a ver.


M.L: Celebra 10 anos de carreira em 2016, desde que se estreou como actriz profissional com a peça “Orgia” de Pier Paolo Pasolini nos Artistas Unidos em 2006. Que balanço faz destes últimos 10 anos?
S.C: Um percurso feliz. Tive quase sempre trabalho. Fiz muito teatro, alguma televisão. Trabalhei com encenadores maravilhosos, conheci gente incrível. Costumo dizer que o melhor do teatro são as pessoas. O meu desejo nesta altura era fazer uma novela do princípio ao fim e aconteceu. A cereja no topo do bolo. Só espero ter cada vez mais trabalho para poder descobrir-me cada vez mais como actriz e como pessoa.

"Orgia", a estreia profissional de Sofia Correia
M.L: Trabalhou com os Artistas Unidos entre 2006/08. Como olha para o percurso que a companhia de Jorge Silva Melo tem desenvolvido desde 1995 até agora?
S.C: Acho incrível. Os Artistas Unidos têm sido ao longo dos anos uma porta aberta a novos actores, novos autores e isso é tão refrescante e entusiasmante. Foi uma óptima casa para me estrear e adoraria voltar a trabalhar com eles.

M.L: Além da representação, também é professora de Expressão Dramática. A representação e o ensino podem, a seu ver, coincidir-se no que toca a inspirar as gerações mais novas por um Mundo melhor?
S.C: Acredito que sim. O teatro obriga-nos a pensar e reflectir sobre o Mundo ajuda a querer torná-lo melhor. Aulas de teatro acho que deviam ser obrigatórias para todas as crianças: estimulam a criatividade, o trabalhar em grupo e sobre si mesmo, abre novos mundos e ajudam a pensar “out of the box”.

M.L: Actualmente participa na telenovela “Rainha das Flores” que está em exibição na SIC, onde tem na “Lia” a sua primeira grande personagem televisiva. “Rainha das Flores” tem sido para si um projecto muito gratificante principalmente no que toca à sua personagem em si e ao timing cómico da própria “Lia”?
S.C: A Lia é um bombom que me foi dado. É uma personagem muito engraçada, que vive para encontrar o Amor e não desiste à primeira. Tem um lado trágico-cómico maravilhoso. E adoro o visual de pin-up. A equipa é espectacular, e este projecto vai ficar sempre no meu coração.

Sofia Correia como "Lia" em "Rainha das Flores"
M.L: Vive em Lisboa, mas é natural do Porto. A seu ver, Porto está muito melhor agora artisticamente do que quando começou a trabalhar profissionalmente como actriz?
S.C: Nunca cheguei a trabalhar profissionalmente no Porto. Mas tento acompanhar a agenda cultural da cidade. Há cada vez mais teatro e pessoas talentosas a fazer do Porto um polo cultural cada vez mais interessante.

Sofia Correia e o seu Porto
M.L: É licenciada em Ciências da Comunicação e estagiou tanto na Antena 1 como na Rádio Oxigénio. Gostava de, um dia, prosseguir com uma carreira paralela na Comunicação Social?
S.C: Há uns anos atrás pensei nisso mas percebi que não era compatível. Pelo menos no início, sinto que tinha que ter as coisas bem definidas e escolhi ser actriz. Mas não importava nada de voltar a fazer rádio. Nunca se sabe o que pode acontecer. Mas neste momento, estou focada em ser actriz.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda nesta altura da sua vida?
S.C: Escrever um livro para crianças. Aliás, publicar que já tenho umas histórias escritas.ML

Esta entrevista não está sob o novo Acordo Ortográfico

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