domingo, 5 de fevereiro de 2017

Mário Lisboa entrevista... Sérgio Graciano

A paixão pelo audiovisual surgiu muito cedo na sua vida, e nos últimos dez anos tornou-se num dos realizadores mais prolíferos em Portugal, trabalhando essencialmente em Cinema e Televisão. Um dos fundadores da produtora SP Televisão, trabalhou em Angola em anos mais recentes, onde guarda boas recordações, e gostava de realizar um jogo do Sporting. Recentemente, realizou a longa-metragem "Perdidos" que vai estrear ainda em 2017, e também co-realizou a série "Filha da Lei" que está em exibição na RTP. Esta entrevista foi feita no passado dia 9 de Janeiro.

M.L: Quando surgiu o interesse pelo audiovisual?
S.G: Desde pequeno que ia muito ao cinema com o meu avô, ia ao Eden, ao Pathé, ao Condes, etc. Acho que foi aí que me comecei a apaixonar pela imagem. A partir daí e especialmente nos tempos de faculdade, ia ao cinema quase diariamente. Acho que foi nesses tempos que criei hábitos que nunca mais perdi, e mais, fiquei dependente desse mesmo (ir ao cinema). 

M.L: Quais são as suas referências nesta área?
S.G: As minhas referências estão mais relacionadas com o cinema, e as minhas escolhas estão sempre muito ligadas à dramaturgia, por isso mesmo, prefiro sempre os verdadeiros "contadores" de histórias (Paul Thomas Anderson, Woody Allen, Christopher Nolan e Martin Scorsese).

M.L: Como realizador, trabalha essencialmente em cinema e televisão. O teatro poderá ser para si uma área por explorar no futuro no que toca à encenação?
S.G: Estive para encenar um espetáculo em Março de 2017 com o Palco 13, mas com alguns projetos que tenho tido, têm coincidido com esse, tive de adiar. Para o ano embarco nessa aventura de certeza.

M.L: Foi co-realizador do remake da telenovela “Vila Faia” que foi exibida na RTP entre 2008/09 e foi a produção inaugural da produtora SP Televisão. Quase dez anos depois, valeu a pena fazer este remake da primeira telenovela portuguesa na sua perspetiva?
S.G: Valeu, até porque acho que foi das melhores novelas que fiz. A "Vila Faia" foi onde tudo começou, e nem que seja só por isso, foi uma justa homenagem que a RTP fez.


M.L: Trabalhou em anos mais recentes em Angola, onde realizou, por exemplo, a longa-metragem/série televisiva “Njinga, Rainha de Angola”. Que recordações guarda dessa experiência internacional?
S.G: Fazer este projeto foi incrível, tive a oportunidade de conhecer um País e um povo que não conhecia, fiquei apaixonado por aquela terra. Artisticamente estava sem qualquer limitação e isso, resulta como uma motivação gigante. Éramos uma equipa fantástica, e antes mesmo de sermos uma equipa, éramos verdadeiros amigos. Foram tempos onde criei como nunca, e isso, vê-se muito bem nas imagens. Foram tempos inesquecíveis.



M.L: Estreou-se na realização de longas-metragens em 2012 com “Assim Assim” que era baseada numa curta-metragem também realizada por si e foi distribuída pela extinta joint venture Columbia TriStar Warner Portugal. À semelhança do Brasil, as majors de Hollywood a seu ver deviam atualmente estar também em Portugal no que toca ao apoio à produção nacional?
S.G: A única questão é que essas majors só entram em indústrias formadas e têm só o objetivo de ganhar dinheiro. Portugal, ainda não é mercado nem tem tão pouco uma visão de indústria para com o cinema. Com o "Assim Assim" aconteceu que a Warner achou que o filme podia ser um filme de público e decidiram arriscar. O filme teve perto de 12.000 espectadores, que é muito abaixo do que costumam ser as apostas destas distribuidoras, por isso, apesar de achar que tenham de apoiar, percebo que não apoiem...


M.L: O que o cativa na língua portuguesa tanto como realizador e como pessoa?
S.G: Gosto de poesia, e acho que a língua portuguesa é poesia, tem uma melodia como mais nenhuma, e um vocabulário que não acaba. Quando leio qualquer coisa escrita em português, normalmente também a vejo. Deve ser por isso, deve ser porque o português ser uma língua completamente cinematográfica que gosto tanto dela. 

M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na área do audiovisual?
S.G: Para fazer! Não deixem mesmo de fazer. Não interessa se filmam com os telemóveis, o importante é que filmem, e acima de tudo, que errem, errem muito!

M.L: Que balanço faz do percurso que tem desenvolvido até agora como realizador?
S.G: Acho que tenho alcançado o que pensei para mim. Agora estou numa fase em que quero fazer muito cinema e séries de televisão. Já fiz alguns projetos dos quais me orgulho muito e outros que nem por isso, mas todos serviram para eu me desenvolver profissionalmente e assim, todos os projetos acabam por ser importantes, não só porque me formo como profissional e pessoa. 

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda nesta altura da sua vida?
S.G: Adorava realizar um jogo de futebol do Sporting.ML

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