domingo, 1 de março de 2015

Mário Lisboa entrevista... Cristina Cavalinhos

Estreou-se na representação em 1982 ao criar o grupo de teatro (H)oraviva em Setúbal, onde é natural, e desde aí tem desenvolvido um considerável percurso como atriz que já conta com 33 anos de existência, na qual passa, essencialmente, pelo teatro e pela televisão (onde entrou em produções como "Herman Enciclopédia" (RTP), "Anjo Selvagem" (TVI), "Morangos com Açúcar" (TVI), "Inspetor Max" (TVI), "João Semana" (RTP), "Floribella" (SIC), "Casos da Vida" (TVI), "O Beijo do Escorpião" (TVI), "Água de Mar" (RTP) e "Bem-vindos a Beirais" (RTP). Uma das atrizes mais acarinhadas pelo público português, também tem experiência em dobragens, locuções e direção de atores, e vai regressar brevemente ao teatro com o espetáculo "A Cruzada das Crianças" que vai voltar a estar em cena no Centro Cultural de Belém, depois de ter sido estreado lá pela primeira vez em 2014. Esta entrevista foi feita no passado dia 3 de Fevereiro.

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
C.C: Com 15 anos, estava eu no 10º ano e como não me bastava a escola, formei um grupo de teatro amador com os meus colegas de escola e fomos à Câmara Municipal de Setúbal pedir o espaço que na altura estava desocupado, o Círculo Cultural de Setúbal, atualmente é a Casa da Cultura. Foi-nos concedida a chave, limpámos o espaço, organizámos uma inauguração e formámos o grupo de teatro (H)oraviva. Desde aí nunca mais parei!

M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
C.C: São dos atores e encenadores com quem trabalhei, Carlos Rodrigues, Henrique Canto e Castro, Isabel de Castro, e os encenadores e mestres João Mota e Luís Miguel Cintra, e ainda os encenadores Pompeu José e  António Pires. Todos eles me passaram ensinamentos, posturas e técnicas que ainda hoje utilizo no meu processo de criação.

M.L: Faz, essencialmente, teatro e televisão. Gostava de trabalhar mais em cinema?
C.C: Claro que sim! No meu entender, o ator deve fazer de tudo dentro da sua área profissional. No caso do Cinema, uma vez que não existe praticamente formação é fazendo que vamos adquirindo a técnica própria para representar para Cinema.

M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora, durante o seu percurso como atriz?
C.C: Eu não consigo selecionar um trabalho, uma vez que todos tiveram a sua importância no seu devido tempo. Tento que em cada trabalho a minha dedicação seja a mais intensa possível para que o ato de criação seja levado a "bom porto".

M.L: Foi diretora de atores da telenovela “Feitiço de Amor” que foi exibida na TVI entre 2008 e 2009. Que recordações guarda desse trabalho?
C.C: Uma excelente relação de camaradagem com os técnicos e atores que participaram no "Feitiço de Amor". Relembro ainda o apoio incondicional do Coordenador/Realizador António Borges Correia. Foi o meu primeiro projeto como diretora de atores e estava muito nervosa, daí salientar todo o apoio que me deram.

M.L: Como vê, atualmente, o teatro e a ficção nacional?
C.C: Temos de separar as "águas", no que respeita ao Teatro e Cinema vejo com alguma apreensão visto os nossos governantes estarem a utilizar uma política de indiferença e de desresponsabilização em relação à Cultura e à Educação artística. Por todo o País, todos os dias, fecham escolas, associações culturais, teatros, cinemas... A Cultura é a alma de um povo e sem Cultura acaba a esperança e começa a ignorância! Contudo a criação não pára sendo os atores, realizadores, encenadores, técnicos, etc. a investir na nossa Cultura e a criar, produzir e apresentar as suas criações.

No que respeita à ficção televisiva acho que está cada vez melhor, com mais projetos e mais diversificados. Temos crescido nessa matéria e a concorrência entre canais de televisão gera quase sempre qualidade.

M.L: Como lida com o público que acompanha sua carreira há vários anos?
C.C: Com muita timidez e carinho, sempre que me abordam na rua eu penso que vale a pena continuar a ser atriz.

M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na representação?
C.C: Se querem mesmo ser atores têm de lutar muito, procurar sempre formação diversa e ser persistente. Não basta o talento. É preciso lutar, amar e não desistir à primeira. É ainda importante estar conectado com o Mundo que o rodeia. É mais do que ser artista. É ser "artesão" da condição humana.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até agora, como atriz?
C.C: 33 anos de altos e baixos como todos os atores. Não trocava por nada.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
C.C: Para Maio, um espetáculo de teatro com a Companhia Gato Que Ladra no CCB, "A Cruzada das Crianças". Depois, o futuro dirá.

Em televisão aguardo convites…

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda nesta altura da sua vida?
C.C: Tanta Coisa! Vamos ver o que a vida me reserva!ML

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