sexta-feira, 15 de abril de 2016

"Cinzas": Mário Lisboa entrevista... Sofia Nicholson


Continua a publicação das 6 entrevistas feitas entre 2012 e 2014 no âmbito da telenovela "Cinzas" e a próxima é a que foi concedida pela atriz Sofia Nicholson no dia 5 de Outubro de 2012. Filha do recém-falecido e co-autor de "Cinzas", Francisco Nicholson, teve em "Cinzas" como o seu 1º trabalho de grande visibilidade, onde interpretou "Adelina", a colega da jornalista da RTP, Marta (Sofia Sá da Bandeira).
M.L: Quando surgiu o convite para participar na telenovela “Cinzas”?
S.N: Não fui de início convidada para nenhum papel. Inscrevi-me para fazer figuração e chamaram-me para preencher a "redação" da RTP, onde trabalhava a personagem desempenhada por Sofia Sá da Bandeira. Limitava-me a dizer "sim-não-obrigada-toma lá-dá cá". Nem nome tinha. A ideia de criar a Adelina até partiu do Nicolau Breyner (o produtor e um dos protagonistas de “Cinzas”) que sugeriu ao Francisco Nicholson (meu pai) que me desse mais incidência para ver como me aguentava.

M.L: “Cinzas” foi escrita pelo seu pai, Francisco Nicholson, em parceria com Ângelo Granja. Qual foi a sua sensação, quando leu o guião escrito por ambos?
S.N: Como disse, no início nem era para entrar com personagem pelo que para mim era mais uma novela escrita pelo meu pai e pelo Ângelo que conhecia desde miúda. Depois, obviamente que me senti muito orgulhosa por participar no projeto e recebia sempre o guião com muito entusiasmo e pressa de o ler.

M.L: Em “Cinzas”, interpretou Adelina. Fale um pouco sobre esta personagem.
S.N: A Adelina era o grilo de Pinóquio da Marta (Sofia Sá da Bandeira): decidida, pragmática e divertida.

M.L: Como classifica a sua personagem?
S.N: Para mim foi importante, porque acabou por ser a 1ª personagem de relevo que desempenhei, enquanto profissional. Sem ser fulcral na trama da novela “Cinzas” acabou por ser uma personagem que compôs a equipa de jornalistas da RTP e deu dinamismo à mesma. Tenho muito carinho pela Adelina.

M.L: “Cinzas” foi realizada pelo falecido realizador brasileiro Regis Cardoso. Que recordações guarda dele?
S.N: O Regis era extremamente exigente.

M.L: Houve algum momento marcante para si, durante as gravações?
S.N: Um dia, o meu pai decidiu assistir às minhas gravações sentado literalmente em frente ao décor, olhando-me fixamente com muita atenção. Fiquei tão nervosa (apesar de já estar a gravar há algum tempo) que não conseguia concentrar-me e dizer corretamente as minhas falas. Tive de pedir para o meu pai sair para conseguir gravar. O meu pai divertiu-se imenso com a situação. Foi uma risota geral no estúdio.

M.L: Como foi trabalhar com o elenco?
S.N: Uma honra sobretudo: trabalhar com nomes como Armando Cortez, Nicolau Breyner, António Montez, Mariana Rey Monteiro (para só citar esses). Os "mais velhos" davam conselhos aos mais novos. Eu (do alto dos meus 22 anos) sentia-me muito pequenina e com muito por aprender.

M.L: O que é que achou do trabalho do seu pai e do Ângelo Granja na escrita de “Cinzas”?
S.N: Sempre gostei da forma como o meu pai escreve. Sou suspeita. O Ângelo e ele entendiam-se muito bem. Obviamente, gostei do que eles escreveram.

M.L: Como era o ambiente nas gravações de “Cinzas”?
S.N: Muitíssimo bom. Fiz grandes amizades que mantenho ainda hoje.

M.L: Que recordações guarda do tempo em que trabalhou em “Cinzas”?
S.N: Andava sempre a correr entre o estúdio, a faculdade e o aeroporto. Era uma loucura, mas lembro-me que andava muito feliz por estar a fazer algo que realmente gostava.

M.L: “Cinzas” foi o seu 1º trabalho de grande visibilidade. Tem saudades deste trabalho?
S.N: Fico com saudades de todos os meus trabalhos. Claro que este é especial por ser o 1º, mas não é mais importante do que os outros.

M.L: “Cinzas” foi a primeira telenovela produzida pela NBP (atual Plural). Como vê o percurso que a produtora tem desenvolvido até agora?
S.N: Soube criar um mercado de trabalho a muita gente e é a que mais ficção produziu até hoje. É um caso de sucesso.ML

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