domingo, 29 de julho de 2012

Mário Lisboa entrevista... Isabel Campelo

Olá. A próxima entrevista é com a cantora Isabel Campelo. Desde muito cedo que se interessou pela música e desde aí desenvolveu um percurso como cantora tendo por exemplo cantado a canção "Boa Noite, Vitinho" em 1986 e o tema de genérico da telenovela "Nunca Digas Adeus" (TVI) em 2001 e também participou no Festival RTP da Canção e além da música também é professora, locutora e atriz e atualmente está a trabalhar no seu doutoramento sobre os Estúdios Namouche tendo depois escrever a tese e defende-la. Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 7 de Maio.

M.L: Como é que surgiu o interesse pela música?
I.C: Como não sei, mas quando... terá sido bastante cedo a avaliar por algumas histórias contadas pelos meus pais.

M.L: Quais são as suas grandes influências, enquanto cantora?
I.C: Muitas e diversificadas. Desde James Taylor a Caetano Veloso passando por Sting, Fernando Tordo, Paulo de Carvalho, Zeca Afonso, Tom Waits...

M.L: Qual foi o trabalho que a marcou, durante o seu percurso como cantora?
I.C: As colaborações que fiz em estúdio com nomes como Rui Veloso, Paulo de Carvalho, Zé Mário Branco, Zé Calvário, Jorge Machado, Luís Pedro Fonseca, Zé da Ponte, Guilherme Inês... no tempo em que era preciso saber cantar para gravar em estúdio!!

M.L: Além da música também é professora, locutora e atriz. Qual destas funções em que se sente melhor?
I.C: Em todas. Atriz, enfim... sou uma mera aprendiz... fiz alguns musicais e colaborações em séries de TV e bem dirigida consigo representar. Gosto muito, mas tenho consciência que não é uma competência que tenha ao mesmo nível do canto ou de outras.

M.L: Qual foi o momento que a marcou, durante o seu percurso como cantora?
I.C: Não consigo isolar "um momento”... mas uma experiência inolvidável foi sem dúvida a colaboração no espetáculo de José Mário Branco "A Noite". Absolutamente incrível!!

M.L: Como vê atualmente a música portuguesa em geral?
I.C: Vejo com bons olhos. A música cantada em Português está a voltar em grande força, existem muitos grupos com propostas interessantes. Mesmo ao nível dos que se expressam em Inglês (opção que vejo como menos interessante) existem artistas que merecem o meu respeito (David Fonseca e Rita Redshoes por exemplo).

M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
I.C: Os únicos artistas portugueses a fazerem carreiras internacionais cantam Fado ou música que de alguma forma se relaciona com esse universo musical (caso dos Madredeus). Não me identifico minimamente com estes géneros musicais.

M.L: Como lida com o público que acompanha a sua carreira há vários anos?
I.C: Tenho muito pouco conhecimento desse público...

M.L: Em 2001 cantou o tema de genérico da telenovela da TVI “Nunca Digas Adeus”. Que recordações leva dessa experiência?
I.C: Boas. Agradou de uma maneira geral e isso é sempre gratificante.

M.L: Qual foi a pessoa que a marcou, durante o seu percurso como cantora?
I.C: Os meus filhos foram as pessoas que mais me marcaram no meu percurso como cantora, como pessoa, como tudo!!

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na música?
I.C: Trabalhar muito e se possível ser multi-instrumentista. Sobretudo aos aspirantes a cantores/cantoras tocar um instrumento parece-me fundamental assim como ter conhecimento aprofundado de música. O mercado de trabalho hoje em dia é muito concorrencial e os músicos têm muito mais formação e mais meios para a obter. Por isso, os cantores não podem (não devem) ser aqueles "analfabetos musicais com jeitinho para cantar" que durante anos foram sempre dependentes dos músicos. Um cantor tem que ser outro músico numa banda em igualdade de circunstâncias com os demais.

M.L: Como vê o futuro da Música em geral nos próximos anos?
I.C: Vejo bem! Espero que a música portuguesa continue um percurso independente do Fado, parece-me que neste momento se vive uma certa obsessão pelo Fado ainda mais depois da sua classificação como Património Imaterial da Humanidade com o devido respeito. Por outro lado agrada-me que a música dita "pimba" não ocupe o lugar na cena musical que ocupava há uns anos. Existem muitos artistas a solo e grupos emergentes muito interessantes.

M.L: Que balanço faz da sua carreira?
I.C: Positivo. Tive a oportunidade de trabalhar com grandes músicos, produtores e técnicos de som deste país alguns deles grandes personalidades também.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
I.C: Continuar o trabalho de campo para o meu Doutoramento (sobre os Estúdios Namouche em Lisboa), escrever a Tese e defende-la!!! Ter saúde e ver os meus filhos continuar a crescer e amadurecer. Sobreviver à crise. Ser feliz.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
I.C: Fazer a Route 66 de carro e comprar uma Vespa (e andar nela, pois já uma vez comprei uma mota parecida, mas entretanto engravidei da minha primeira filha e só andei à pendura...).ML

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