quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Mário Lisboa entrevista... Isabel Alçada

Olá. A próxima entrevista é com a escritora Isabel Alçada. Desde muito cedo que se interessou pela escrita e em 1982 começa a escrever juntamente com Ana Maria Magalhães, a coleção literária "Uma Aventura" que passou por várias gerações e que já foi alvo de adaptações para televisão e para cinema e em 1987 colaborou na escrita da telenovela "Palavras Cruzadas" (RTP) que foi produzida e protagonizada por Tozé Martinho (irmão da Ana Maria Magalhães) e além da escrita também é professora tendo sido Ministra da Educação entre 2009 e 2011, durante o 2º mandato de José Sócrates como Primeiro-Ministro. Esta entrevista foi feita no passado dia 31 de Maio na Escola E.B 2/3 da Corga de Lobão. 

M.L: Como é que surgiu o interesse pela escrita? 
I.A: Eu sempre gostei de escrever, já como aluna gostava de escrever. Tive a sorte de ter professores que estimularam esse interesse, mas verdadeiramente e em pleno surgiu, quando tentei como professora incentivar os alunos a lerem mais, a gostarem de ler e gostarem de escrever.


M.L: Quais são as suas grandes influências, enquanto escritora?
I.A: A Ana Maria Magalhães e eu procuramos um modelo de histórias que agradasse à população escolar para quem nos dirigíamos que eram na altura (quando começamos) alunos do 5º e 6º ano de escolaridade e verificávamos que as histórias que eles mais gostavam eram histórias com ação, mistério e personagens da idade deles que foi um modelo criado por uma escritora inglesa chamada Enid Blyton, portanto as nossas histórias de alguma forma têm esse modelo. Mas depois, por exemplo fomos muito influenciadas talvez por uma escritora portuguesa que hoje as pessoas já não leêm tanto, porque têm uma problemática diferente, tem assuntos que já não são tão contemporâneos que é a Virgínia Castro e Almeida. 


M.L: Em 1987 colaborou na escrita da telenovela “Palavras Cruzadas” (RTP) que foi produzida e protagonizada por Tozé Martinho (que é irmão da Ana Maria Magalhães). Como foi a experiência de escrever uma telenovela? 
I.A: Não a escrevemos toda, nós colaboramos na conceção do enredo e colaboramos na escrita de alguns episódios para a telenovela, mas depois verificámos que era um trabalho muito intenso e que tinha de ser feito em full time e não era consentâneo com o nosso trabalho de docentes, portanto professoras que estávamos nós as duas no ativo e também gostávamos de escrever os nossos livros e que não era compatível e por isso escrevemos alguns episódios, mas não todos. Mas foi um trabalho interessante.


M.L: Como vê atualmente a Cultura e a Educação em Portugal?
I.A: Ao longo da minha vida que já é longa tenho assistindo a um progresso enorme na abertura dos portugueses à Cultura e nas possibilidades que se oferecem hoje aos portugueses de beneficiar na criação nas várias áreas (nas artes, no teatro e no cinema, etc.). Nós só basta ver o número de auditórios que hoje existem, os teatros que hoje circulam pelo nosso país, o número de galerias de arte, de museus, etc. E portanto na área da Cultura tem havido uma grande evolução e nós precisamos que isso aconteça, porque um país evolui, é um país em que as pessoas têm acesso à Cultura e que os criadores têm apoio para continuar a produzir as suas obras. Na área da Educação têm havido um progresso assinalável, basta ver os resultados do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) que é uma cooperação internacional de aprendizagem de jovens de 15 anos nos vários países da OCDE e no nosso país verificou-se que na última avaliação houve um salto enorme e que os nossos jovens de 15 anos já têm muito melhores resultados tanto na leitura e escrita, literacia como na Matemática e nas Ciências e nós temos que continuar nesse caminho de progresso.

M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
I.A: Eu gosto muito do trabalho que faço, já tive oportunidade de colaborar em organismos internacionais, de fazer avaliações de projetos educativos em organizações internacionais, mas gosto muito de trabalhar no meu país e sinto muito próxima dos professores, das escolas. Fui um trabalho que ao longo dos anos desenvolvi e que me sinto segura e quando as pessoas sentem-se segurança naquilo que fazem é muito bom que essa segurança possa beneficiar os outros e possa contribuir para que aqueles que são como nós os portugueses possam a ter um futuro melhor com melhores condições de educação.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
I.A: Vou continuar a escrever histórias, vou continuar a ensinar e vou continuar a reservar tempo para a minha vida pessoal que está muito centrada hoje nos meus netos.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
I.A: Nunca consegui tirar a carta de avião e gostava de ter sido aviadora, portanto nunca tirei. Já viajei em vários tipos de aviões, em alguns pequeninos com 6 lugares e até ao lado do piloto (não como co-piloto, porque não sei conduzir), mas gostava de ter tirado a carta de avião. Acho que é muito agradável, uma pessoa poder ter essa experiência de conduzir um meio de transporte voador.ML 

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