domingo, 25 de novembro de 2012

Mário Lisboa entrevista... Maria da Fé

Olá. A próxima entrevista é com a fadista Maria da Fé. Natural do Porto, desde muito cedo que se interessou pelo fado tornando-se numa das mais importantíssimas figuras deste género musical com mais de 50 anos de carreira tendo por exemplo concorrido ao Festival RTP da Canção em 1969 com o tema "Vento do Norte" com letra de Francisco Nicholson e de Braga dos Santos e é casada desde 1968 com o poeta José Luís Gordo com quem teve duas filhas (uma delas é a também fadista Rita Gordo que lançou recentemente o seu primeiro álbum intitulado "Eu sou assim") e fundou em 1975 o restaurante Sr.Vinho, um dos mais importantes espaços culturais da cidade de Lisboa. Esta entrevista foi feita no passado dia 10 de Fevereiro no Teatro Rivoli no Porto na altura em que a entrevistada passou pela cidade para atuar num concerto no Teatro Rivoli. 

M.L: Como é que surgiu o interesse pelo fado? 
M.D.F: Essa pergunta já tem tantos anos… São já 50 anos a cantar, já nem me lembro quase… Não sei, é muito complicado… O interesse pelo fado vai aparecendo no dia-a-dia ao longo de 50 anos, todos os dias é uma aprendizagem… Comecei a cantar muito nova com 9 anos, com 13 anos ganhei um concurso de Fado… Sou do Porto, portanto eu fiz parte da minha infância no Porto, depois fui com 17 anos para Lisboa e a partir daí a minha vida foi sempre o fado.


M.L: Em 1969 concorreu ao Festival RTP da Canção com o tema “Vento do Norte” com letra de Francisco Nicholson e de Braga dos Santos. Que recordações guarda dessa experiência?
M.D.F: As melhores de sempre. Fiz o meu melhor, fiz o meu trabalho com todo o respeito, com dignidade. Defendi a canção com muita tensidade e fiquei tão feliz como se tivesse ganho o Festival da Canção, porque acho que foi a canção (a nível do público) mais votada tanto no continente como no ultramar.

M.L: Como vê atualmente o fado e a música portuguesa em geral?
M.D.F: Acho que está de boa saúde e agora com uma filha (Rita Gordo) a cantar ainda está mais enriquecida, porque é uma área de canto… não foge muito às raízes do fado, mas também tem uma autenticidade e uma verdade muito dela e que ela faz com muito carinho, com muito respeito e que vai ter grandes frutos, já o provou e portanto o fado e a música portuguesa desde que a tratem com respeito é sempre muito bom.

M.L: Tem uma carreira internacional. Gostava de ter ficado no estrangeiro?
M.D.F: Não, nem pensar.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
M.D.F: Não tenho projetos, eu já não tenho projetos. Já canto há 50 e tal anos, eu não posso ter projetos, agora quero sossegar. Isto é um acontecimento que de vez em quando acontece, não tenho nada programado na vida ao longo de 50 anos. Isto vai acontecendo ao longo dos anos que vou vivendo e que vou cantando.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
M.D.F: Não tenho ambições. Não tenho nada para fazer, quero ter saúde, estar viva, poder ver as minhas netas a crescer e quero agora que este disco da minha filha (este trabalho que ela fez) a crescer também.ML

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