Olá. A próxima entrevista é com o ator Rui Porto Nunes. Desde muito cedo que se interessou pela representação tendo-se estreado como ator em 2007 na 5ª temporada da série "Morangos com Açúcar" (TVI) e desde aí tem desenvolvido um interessante percurso como ator que passa essencialmente pelo Cinema e pela Televisão (onde entrou em produções como "Olhos nos Olhos" (TVI), "Lua Vermelha" (SIC), "Laços de Sangue" (SIC) e "Rosa Fogo" (SIC) e além da representação também é DJ e recentemente participou na telenovela "Dancin' Days" (SIC) e no novo videoclip da banda Tara Perdida e fez parte do elenco vocal da versão portuguesa da longa-metragem de animação "Os Croods" (2013), da chancela da DreamWorks Animation e está em exibição em Portugal, desde o passado dia 21 de Março. Esta entrevista foi feita no passado dia 20 de Março.
M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
R.P.N: Já em criança participei em peças de teatro na escola, mas era muito novo e não levei a sério. Só anos mais tarde, quando iniciei o workshop para entrar nos "Morangos com Açúcar" (TVI) e comecei a explorar a construção de personagem e a entender os métodos de Stanislavski ou Grotowski, é que percebi que era isso que queria para a minha vida.M.L: Quais são as suas influências, enquanto ator?
R.P.N: Tenho muitas influências como Marlon Brando, James Dean, Robert DeNiro ou Al Pacino, mas atualmente é o ator Christian Bale que mais admiro pela capacidade de se transformar e adaptar, tanto psicologicamente, como fisicamente, a cada papel.
M.L: Dedicou praticamente a sua vida profissional ao audiovisual (Cinema e Televisão). Gostava de trabalhar em teatro?
R.P.N: Penso que qualquer ator de televisão sonha pisar um palco, afinal o teatro é a origem e o expoente máximo da arte de representar. Em 2009, tive uma pequena experiência em teatro, mas soube-me a pouco, e por isso é algo que faço questão de repetir no futuro.
M.L: Qual foi o trabalho num destes géneros que o marcou, durante o seu percurso como ator?
R.P.N: Aquele que mais me marcou e no qual sinto que mais cresci como ator foi, sem dúvida, o vampiro Afonso de "Lua Vermelha" (SIC) e depois disso, o Barbalho de "Rosa Fogo" (SIC) que só veio confirmar o que a "Lua Vermelha" me proporcionou. Se antes já tinha a paixão pela representação, dentro de mim, só saiu reforçada com esses projetos.
M.L: Já fez telenovelas. Este é o género televisivo que mais gosta de fazer?
R.P.N: Dentro do que já fiz em televisão, gosto, sobretudo, por ser um formato que prepara os atores de uma forma intensiva ao lidarmos com uma grande quantidade de cenas devido à necessidade de "fazer minutos", pois os timings em televisão são muito apertados. Se acrescentarmos a tudo isto, personagens ricas e com substância e guiões com cada vez mais qualidade, é natural que tenha imenso prazer em fazer televisão, mas não escondo que a minha grande paixão é o cinema.
M.L: Como lida com a carga horária, quando grava uma telenovela?
R.P.N: Não é algo que tenha dificuldade em gerir. Gosto muito de ser ator e quem corre por gosto não cansa.
M.L: Um dos seus trabalhos mais marcantes em televisão foi a telenovela “Olhos nos Olhos” que foi exibida na TVI entre 2008 e 2009, da qual interpretou a personagem Gustavo Viana Levi. Que recordações guarda desse trabalho?
R.P.N: Foi um privilégio participar numa novela do Rui Vilhena e foi marcante no sentido em que deu continuidade ao percurso que eu tinha começado a construir nos "Morangos com Açúcar". Tive a sorte de integrar um dos núcleos mais dinâmicos e interessantes e aprendi muito com os atores mais experientes que me rodeavam. Apesar do horário de exibição não ser o mais favorável às boas audiências, a novela acabou por se tornar num sucesso de culto.
M.L: Qual foi o momento que mais o marcou, durante o seu percurso como ator?
R.P.N: Não foi um único momento isolado, mas sim os meses de verdadeiro trabalho de ator que foram necessários para construir e interpretar o Afonso de "Lua Vermelha", tanto antes, como, durante as gravações.
M.L: Como vê atualmente a ficção nacional?
R.P.N: A ficção nacional está a viver num paradoxo. Por um lado, a crise tem deixado inúmeros atores sem contratos de exclusividade ou qualquer outro tipo de segurança profissional num mercado cada vez mais competitivo. Por outro, a qualidade das produções nacionais tem sido alvo de reconhecimento internacional nos últimos anos, com dois Emmys e quatro nomeações como prova disso mesmo, e penso que é por aí que é preciso investir: tentar manter a chama dessa qualidade acesa apesar de todas as dificuldades.
M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
R.P.N: Não duvido que fosse uma ótima experiência de aprendizagem, mas para já a minha prioridade é consolidar a carreira que tenho em Portugal.
M.L: Como lida com o público que acompanha a sua carreira nos últimos anos?
R.P.N: Ainda me abordam muitas vezes na rua e tenho mais de 112 mil seguidores no Facebook, incluindo público internacional, e sobretudo da América Latina, desde que a "Lua Vermelha" começou a ser transmitida nesses países. É muito compensador saber que tenho apreciadores do meu trabalho em todos os cantos do mundo. O público é a razão de ser de qualquer artista e por isso procuro retribuir sempre o afeto que recebo do meu.
M.L: Além da representação também é DJ. Qual destas funções em que se sente melhor?
R.P.N: A minha profissão é ator. Ser DJ não é uma carreira, é mais um hobby com o qual me divirto.
M.L: Recentemente, a telenovela da SIC “Rosa Fogo”, da qual participou foi nomeada para o Emmy Internacional na categoria de Telenovela. Como vê este reconhecimento internacional?
R.P.N: É a melhor recompensa possível para todos os atores e elementos da produção que se empenharam em fazer da novela um sucesso e é sinal de que estamos a produzir ficção de grande qualidade em Portugal. Não só o público nacional se apercebeu disso nos últimos anos, como o mesmo está agora a acontecer no estrangeiro.
M.L: Qual foi a pessoa que o marcou, durante o seu percurso como ator?
R.P.N: Não posso escolher uma só pessoa, seria injusto. Não houve só uma, mas sim muitas, e todas elas tiveram a sua importância. Ser ator é também beber da sabedoria de cada um, e todas as pessoas têm algo para nos ensinar, desde outros atores à produção e equipa técnica.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito até agora como ator?
R.P.N: O balanço só pode ser muito positivo. Em poucos anos, já interpretei vários papéis marcantes com registos muito diferentes, contracenei com atores consagrados, continuo a receber convites para integrar novos projetos, a receção por parte do público é extraordinariamente boa, e tenho como profissão fazer aquilo que mais gosto na vida.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
R.P.N: Acabei há pouco tempo de gravar participações na novela "Dancin' Days" (SIC) e no novo videoclip dos Tara Perdida e dei voz à personagem Guy na versão dobrada do filme de animação "Os Croods" (2013).
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
R.P.N: A nível profissional gostava de participar numa longa-metragem de Cinema. A nível pessoal, gostava de fazer uma viagem a Whistler, no Canadá, um Bike Park que é um autêntico paraíso para apreciadores de BTT.
M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
R.P.N: Gostava de já ter a estabilidade profissional e financeira que sempre imaginei que teria com a minha idade e que o estado do país parece deixar cada vez mais fora do meu alcance.ML
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