M.L: Quando surgiu o interesse pelo jornalismo?
M.J.R: Quando
fui para a faculdade tirar o curso de Comunicação Social, confesso que não
tinha intenção de me tornar jornalista. Escolhi o curso, porque gostei muito do
programa, porque queria tirar uma licenciatura abrangente, onde pudesse
aprender sobre áreas muito diversificadas e tinha como objetivo, fazer
depois o Conservatório de Cinema para me tornar realizadora. Aconteceu que, durante
o curso, ganhei imenso gosto pelo jornalismo e tive a minha primeira experiência
profissional na revista Media XXI. Por fim, ganhei uma bolsa para estagiar
na TVI em 2002, foi aí que o bichinho da televisão se apoderou de mim e
foi então que, na verdade, me tornei jornalista. Estive vários anos a trabalhar
na editoria de Sociedade, fiz grandes reportagens, jornalismo de
investigação e, sobretudo, informação diária. Senti grande satisfação ao
realizar os meus pequenos "filmes", as minhas peças de informação, que
eram vistas por milhares de pessoas no próprio dia ou nos dias em que iam para
o ar. E claro, assim que me pude especializar na área do Cinema, foi ouro sobre
azul! Juntei a minha paixão pelo Cinema ao gosto que cresceu em mim pela
televisão e ao meu desejo de contar histórias através de imagens.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto
jornalista?
M.J.R: As minhas
influências como jornalista passam muito pelos colegas com quem mais aprendi
nos anos em que me tornei jornalista na TVI, a trabalhar na editoria de
Sociedade. Alguns são conhecidos, outros nem por isso, mas todos eles me deram
algo que ainda perdura na minha forma de trabalhar. Posso referir os nomes de
alguns colegas que chegaram a ser meus editores e que admiro imenso como o
Paulo Simão e o Francisco Prates. O meu colega Vítor Moura também é uma
referência para mim até porque já faz jornalismo de Cinema há mais anos do que
eu. Como pivots e personalidades de televisão, devo dizer que aprendi bastante
com a Ana Sofia Vinhas, com o José Carlos Castro que me deu formação como pivot
e com o meu atual diretor José Alberto Carvalho.
M.L: Qual foi o trabalho que a marcou, durante o seu
percurso como jornalista?
M.J.R: Apesar de
ter tido momentos muito gratificantes nalgumas grandes reportagens que fiz,
enquanto trabalhei na editoria de Sociedade da TVI, o arranque
do “Cinebox” e da TVI24 foram os momentos mais marcantes da minha
vida profissional até à data.
M.L: Desde 2002 que trabalha na TVI, onde apresenta
desde 2009, o programa “Cinebox” na TVI24, em parceria com Vítor Moura. Que
balanço faz do tempo em que está no canal?
M.J.R: O balanço é amplamente positivo, criamos um programa de raiz e
imprimimos-lhe uma personalidade própria, tentamos marcar a diferença, desde o
início em relação a outros programas do género e conseguimos conquistar um
público fiel, que nos dá feedback
constante, nomeadamente através das redes sociais. Além disso, tendo o “Cinebox”
arrancado ao mesmo tempo que a TVI24, é não só um programa pioneiro do canal,
como também um caso de sucesso, já que desde o início da TVI24, o programa
nunca parou e, enquanto outros foram desaparecendo, o “Cinebox” permaneceu
até hoje.
M.L: A TVI celebra este ano 20 anos de existência.
Como vê o percurso que o canal tem feito até agora?
M.J.R: Tem sido
um percurso muito interessante, em que o canal tem crescido e ultrapassado
várias metas. Espero grandes coisas da TVI24 no futuro e conto poder
contribuir com isso através do “Cinebox” e não só.
M.L: Como vê atualmente a Comunicação Social em
Portugal? Como vê o futuro da Comunicação Social em geral nos próximos anos?
M.J.R: A
Comunicação Social em Portugal atravessa um período difícil. Em tempos de crise
económica e da crescente tendência do "infotainment",
é complicado manter a independência do jornalismo e a fidelidade ao valor da
informação. Há cada vez mais candidatos a jornalistas e cada vez menos postos
de trabalho, o que também torna mais difícil, a condição destes profissionais.
Acredito, no entanto, que com inteligência e profissionalismo é possível
ultrapassar, a maior parte dos obstáculos que nos apresentam, mas acima de tudo
vai ser preciso ter muita boa vontade e "vestir a camisola" do meio
de comunicação ao qual se pertence para se conseguir vingar como jornalista,
sem perder o ânimo.
M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
M.J.R: A minha
carreira como jornalista, felizmente, já me dá muita atividade a nível
internacional. Ao fazer reportagens em Cannes, nos Óscares,
em Los Angeles e em muitas apresentações de filmes pelo mundo fora,
tenho com frequência a oportunidade de trabalhar com equipas internacionais. Seja
como for, se um dia surgir a oportunidade de trabalhar para um meio de
comunicação estrangeiro, adoraria ter essa experiência. Quem sabe o que o
futuro traz?
M.L: Este ano celebra 16 anos de carreira, desde que
começou como jornalista na revista Media XXI em 1997. Que balanço faz destes 16
anos?
M.J.R: Não são bem 16 anos de carreira,
visto que depois de uma primeira experiência profissional em 1998 (e não 97), só
voltei a trabalhar como jornalista em 2002, quando comecei a estagiar na TVI.
Seja como for, pelo menos de 2002 até agora, faço um balanço muito positivo,
cresci como jornalista, tornei-me também pivot e especializei-me na área que
mais me apaixona: o Cinema.
M.L: Qual é a personalidade do Cinema que gostava de
entrevistar no futuro?
M.J.R: Já tive a
oportunidade de entrevistar algumas das personalidades que mais admiro no mundo
do Cinema como o Woody Allen e o Quentin Tarantino. Gostaria
muito de entrevistar o David O. Russell (o realizador de "Guia Para Um
Final Feliz" (2012), de cuja carreira já sou fã, mas além disso não tenho
nenhuma entrevista específica que gostasse particularmente de fazer de momento.
São todas interessantes e todas excelentes oportunidades de conhecer o mundo do Cinema por dentro.
M.L: Gostava de experimentar outras áreas como, por
exemplo, a escrita?
M.J.R: Já experimentei a escrita,
pontualmente, não só, quando trabalhei na Media XXI, mas também em artigos e
entrevistas de cinema que escrevi, ao mesmo tempo que trabalhava já na TVI, por
exemplo para a revista Visão. É algo que também me agrada, mas a televisão é o
meu meio favorito.
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira no jornalismo?
M.J.R: O meu
conselho é que tente fazer, paralelamente à licenciatura, uma formação profissional
mais prática (como, por exemplo, a do Cenjor) e que procure estagiar assim que
possível num meio de comunicação, mesmo que não seja logo na área que se
pretende seguir de futuro. O jornalismo aprende-se sobretudo na prática, a
teoria e a formação académica são essenciais para dar maturidade e bagagem
cultural, mas uma pessoa só se torna jornalista "na tarimba". É um
lugar-comum, mas é verdade!
M.J.R: Para já, o meu projeto continua a ser, sobretudo, o “Cinebox”, fazê-lo cada vez melhor é um trabalho a tempo inteiro! A par disso, tanto eu, como o Vítor Moura fazemos todas as peças informativas sobre Cinema para as notícias da TVI e da TVI24. Somos os senhores do Cinema na TVI.ML
Parabéns. Admiro a sua capacidade de persistência e de ser apologista da sempre importante unidade Teoria/Prática.
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