sexta-feira, 24 de maio de 2013

Mário Lisboa entrevista... Adriana Rabelo

Olá. A próxima entrevista é com a atriz brasileira Adriana Rabelo. Interessou-se pela representação, durante a adolescência, e tem desenvolvido um percurso como atriz que passa pelo teatro, pelo cinema e pela televisão (onde entrou em produções como "Segredo" (RTP), "Páginas da Vida" (TV Globo), "Eterna Magia" (TV Globo) e "Cordel Encantado" (TV Globo) e desde 2006 que protagoniza a peça "Visitando Camille Claudel", um monólogo idealizado e produzido pela própria, sobre a escultora francesa com o mesmo nome, e recentemente participou na longa-metragem "O Grande Kilapy" de Zezé Gamboa, uma coprodução entre Brasil, Portugal e Angola que também conta com a participação de atores como Lázaro Ramos, Patrícia Bull, Sílvia Rizzo, São José Correia, João Lagarto e José Pedro Gomes. Esta entrevista foi feita, por via email, no passado dia 20 de Maio.

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
A.R: Na adolescência, quando fui fazer um curso livre de teatro, para trabalhar a minha timidez. Quando me dei conta, já estava em cursos profissionais. O teatro é um espaço, onde sinto-me mais confortável.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
A.R: Sou uma atriz que busco a minha autenticidade, pesquisando o meu corpo, a minha voz e avaliando o meu trabalho, para cada vez mais fazer o meu melhor. Mas gosto de observar atrizes que admiro como Fernanda Montenegro, Isabelle Huppert, Cate Blanchett, Bette Davis, Meryl Streep e muitas outras.

M.L: Faz teatro, cinema e televisão. Qual destes géneros que mais gosta de fazer?
A.R: Eu gosto de trabalhar e não importa qual seja o veículo, mas confesso que o cinema e o teatro atraem-me mais, pois temos mais tempo para aprofundar as personagens.

M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, durante o seu percurso como atriz?
A.R: Foi o monólogo teatral sobre a escultora francesa Camille Claudel, dirigido por Ramon Botelho. Idealizei esse projeto e produzi juntamente com o diretor. Não imaginei que fosse ter vida longa. Estreei em 2006 e faço apresentações até hoje. Camille Claudel foi uma mulher de forte personalidade, à frente do seu tempo (final do Século XIX), que lutou contra os preconceitos de uma sociedade extremamente machista, em busca da liberdade de expressão como mulher e como artista. Saio sempre comovida com a sua história, mas sinto-me como uma mulher mais forte, mais inteira, mesmo sabendo do final trágico de Camille. 

M.L: Em 2005, participou na série luso-brasileira “Segredo” que foi exibida na RTP, da qual interpretou a personagem Cristina. Que recordações guarda desse trabalho?
A.R: Tenho boas recordações e uma delas foi ter tido o privilégio de trabalhar com o ator português Henrique Viana que, infelizmente, já nos deixou. Ele era o meu pai na série. Um grande ator e muito divertido. Aprendi muito com ele.

M.L: Como vê, atualmente, o teatro e o audiovisual (Cinema e Televisão) no Brasil?
A.R: No Brasil, fazer teatro é uma tarefa árdua, porque não existe uma política cultural eficiente. Poucos conseguem patrocínio para fazer um projeto de teatro. O cinema está crescendo, estamos fazendo bons filmes, mas ele também precisa de mais incentivo, de mais salas e de mais público.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
A.R: Não tenho esse objetivo, mas se acontecer, é porque tinha que ser.

M.L: Recentemente, participou na longa-metragem “O Grande Kilapy” de Zezé Gamboa e é uma coprodução entre Brasil, Portugal e Angola, da qual interpretou a personagem Maria Antónia (Mitó). Como correu este trabalho?
A.R: Foi uma bela experiência, poder trabalhar com grandes talentos de países tão distintos como Brasil, Portugal e Angola. Deveria existir mais coproduções como esta, pois é uma forma de valorizar a nossa língua, fortalecer a cultura de cada país, unir e trocar vivências. Diverti-me muito, interpretando a Mitó.

M.L: Como é que surgiu o convite para participar nesta longa-metragem?
A.R: Participei, como atriz, na curta-metragem “A Cartomante” que foi produzida, durante o Festival de Cinema “Ver e Fazer Filmes” e o diretor Zezé Gamboa foi o diretor supervisor desse trabalho. Foi daí que surgiu o convite.

M.L: Como foi trabalhar com Zezé Gamboa?
A.R: É uma delícia trabalhar com o Zezé, ele é um grande Ser Humano, divertido, generoso e um diretor que sabe o que quer.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na representação?
A.R: Ao contrário do que muitas pessoas pensam, ser ator requer muita disposição para trabalhar, estudar e insistir. É preciso, também, uma certa habilidade para lidar com as frustrações.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito até agora como atriz?
A.R: Nunca foi fácil para mim, sempre fui construindo degrau por degrau, mas estou feliz por estar produzindo, recebendo convites e atuando. Contente por estar fazendo o que gosto. Saldo positivo!

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
A.R: Atualmente, estou ensaiando um novo monólogo que conta a história de uma mulher que cansada de abrir mão dos seus desejos em função dos outros, resolve fazer uma reunião interna com todos os seus Eus. A estreia será em Belo Horizonte no dia 3 de Julho.ML

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