M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
A.R: Na
adolescência, quando fui fazer um curso livre de teatro, para trabalhar a minha
timidez. Quando me dei conta, já estava em cursos profissionais. O teatro é um
espaço, onde sinto-me mais confortável.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
A.R: Sou uma atriz
que busco a minha autenticidade, pesquisando o meu corpo, a minha voz e
avaliando o meu trabalho, para cada vez mais fazer o meu melhor. Mas gosto de
observar atrizes que admiro como Fernanda Montenegro, Isabelle Huppert, Cate Blanchett, Bette Davis, Meryl Streep e muitas outras.
M.L: Faz teatro, cinema e televisão. Qual destes
géneros que mais gosta de fazer?
A.R: Eu gosto de
trabalhar e não importa qual seja o veículo, mas confesso que o cinema e o teatro
atraem-me mais, pois temos mais tempo para aprofundar as personagens.
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, durante o
seu percurso como atriz?
A.R: Foi o monólogo teatral sobre a escultora francesa Camille Claudel,
dirigido por Ramon Botelho. Idealizei esse projeto e produzi juntamente com o
diretor. Não imaginei que fosse ter vida longa. Estreei em 2006 e faço
apresentações até hoje. Camille Claudel foi uma mulher de forte personalidade,
à frente do seu tempo (final do Século XIX), que lutou contra os preconceitos
de uma sociedade extremamente machista, em busca da liberdade de expressão como
mulher e como artista. Saio sempre comovida com a sua história, mas sinto-me
como uma mulher mais forte, mais inteira, mesmo sabendo do final trágico de
Camille.
M.L: Em 2005, participou na série luso-brasileira
“Segredo” que foi exibida na RTP, da qual interpretou a personagem Cristina.
Que recordações guarda desse trabalho?
A.R: Tenho boas recordações e uma delas foi ter tido o privilégio de
trabalhar com o ator português Henrique Viana que, infelizmente, já nos deixou.
Ele era o meu pai na série. Um grande ator e muito divertido. Aprendi muito com
ele.
M.L: Como vê, atualmente, o teatro e o audiovisual
(Cinema e Televisão) no Brasil?
A.R: No Brasil, fazer teatro é uma tarefa árdua, porque não existe uma
política cultural eficiente. Poucos conseguem patrocínio para fazer um projeto
de teatro. O cinema está crescendo, estamos fazendo bons filmes, mas ele também
precisa de mais incentivo, de mais salas e de mais público.
M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
A.R: Não tenho esse objetivo, mas se acontecer, é porque tinha que ser.
M.L: Recentemente,
participou na longa-metragem “O Grande Kilapy” de Zezé Gamboa e é uma
coprodução entre Brasil, Portugal e Angola, da qual interpretou a personagem
Maria Antónia (Mitó). Como correu este trabalho?
A.R: Foi uma bela
experiência, poder trabalhar com grandes talentos de países tão distintos como
Brasil, Portugal e Angola. Deveria existir mais coproduções como esta, pois é
uma forma de valorizar a nossa língua, fortalecer a cultura de cada país, unir
e trocar vivências. Diverti-me muito, interpretando a Mitó.
M.L: Como é que surgiu o convite para participar nesta
longa-metragem?
A.R: Participei, como atriz, na curta-metragem “A Cartomante” que foi
produzida, durante o Festival de Cinema “Ver e Fazer Filmes” e o diretor Zezé
Gamboa foi o diretor supervisor desse trabalho. Foi daí que surgiu o convite.
M.L: Como foi trabalhar com Zezé Gamboa?
A.R: É uma delícia
trabalhar com o Zezé, ele é um grande Ser Humano, divertido, generoso e um
diretor que sabe o que quer.
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na representação?
A.R: Ao contrário do que muitas pessoas pensam, ser ator requer muita
disposição para trabalhar, estudar e insistir. É preciso, também, uma certa habilidade para lidar com as
frustrações.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito até
agora como atriz?
A.R: Nunca foi fácil para mim, sempre fui construindo degrau por degrau, mas
estou feliz por estar produzindo, recebendo convites e atuando. Contente por
estar fazendo o que gosto. Saldo positivo!
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
A.R: Atualmente,
estou ensaiando um novo monólogo que conta a história de uma mulher que cansada
de abrir mão dos seus desejos em função dos outros, resolve fazer uma reunião
interna com todos os seus Eus. A estreia será em Belo Horizonte no dia 3 de Julho.ML
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