M.L: Como é que surgiu o interesse pela escrita?
P.L: A literatura esteve sempre presente na minha vida,
assim como o cinema e a música. Mas quando era adolescente nunca me passou pela
cabeça ser guionista. A minha ideia era tirar o curso de História e dedicar-me
à investigação e ao ensino.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto
guionista?
P.L: É complicado falar em influências, quando hoje em dia
temos acesso a tanta coisa. E ainda por cima nunca fui de ter ídolos. Mas o
Aaron Sorkin é para mim um dos grandes argumentistas de televisão e de cinema
da atualidade.
M.L: Escreveu para teatro, cinema e televisão. Qual
destes géneros que lhe dá mais gosto de escrever?
P.L: Eu quero ter liberdade para escrever. O que eu gosto é
de contar histórias. Obviamente, umas funcionam melhor em teatro, outras em
cinema, outras ainda reservo-as para as novelas.
M.L: Qual foi o trabalho num destes géneros que o
marcou, durante o seu percurso como guionista?
P.L: Eu entrego-me por completo aos projetos, por isso é
complicado falar daquele que mais me marcou. Claro que os “Laços de Sangue”
(SIC), que ganhou o Emmy, é um trabalho que marcou a minha carreira.
M.L: Atualmente trabalha na SP Televisão, onde também
desempenha a função de Diretor de Conteúdos. Que balanço faz do tempo em que
está na produtora?
P.L: Muito positivo. É uma empresa que dá espaço à criação e
que me tem permitido formar profissionais.
M.L: A SP Televisão existe desde 2007. Como vê o
percurso que a produtora tem feito até agora?
P.L: A SP Televisão está a fazer cinco anos. Mas, neste
curto espaço de tempo, conseguiu ter a sua ficção presente nos principais
festivais internacionais e conquistou alguns prémios importantes e isso só se
consegue, porque começámos a pensar a uma escala mundial. Os nossos
concorrentes não são apenas portugueses, mas toda a ficção que se faz no mundo.
Essa maneira de pensar tem ditado o percurso da empresa.
M.L: Um dos seus trabalhos mais marcantes, enquanto
guionista foi a telenovela “Laços de Sangue” que foi exibida na SIC entre 2010
e 2011 da qual foi fruto de uma parceria entre a SIC e a TV Globo e em 2011
ganhou o Emmy Internacional na categoria de Telenovela. Que recordações guarda
desse trabalho?
P.L: Eu não sou saudosista, mas foi um trabalho importante
para todos os que por lá passaram. Os “Laços de Sangue” foi um projeto muito
divertido de escrever. E cansativo também.
M.L: Qual foi o momento que mais o marcou, durante o
seu percurso como guionista?
P.L: Ouvir o nome “Laços de Sangue” como vencedor do Emmy
para Melhor Telenovela Internacional.
M.L: Como vê atualmente o teatro e o audiovisual
(Cinema e Televisão) em Portugal?
P.L: É complicado fazer essa avaliação para quem está a
maior parte do tempo como observador. Mas quando vou ao teatro vejo as salas
com bastante gente. O cinema é mais complicado. Este sistema de subsídios leva
a que toda a gente se ponha em bicos dos pés a dizer que o seu trabalho é
relevante e muitas vezes esquecem-se que devia ser o público a fazer essa
leitura e não os próprios criadores.
M.L: Atualmente está a escrever a telenovela “Dancin’ Days”
que está em exibição na SIC da qual é um remake
de uma telenovela com o mesmo título que foi exibida na TV Globo entre 1978 e
1979 e que também é fruto de uma parceria entre a SIC e a TV Globo. Como é que
está a correr este trabalho?
P.L: O “Dancin’ Days” é um projeto que se aproxima do fim e
que tem corrido muito bem.
M.L: Como é que surgiu a oportunidade de ser o
responsável pela adaptação portuguesa de “Dancin’ Days”?
P.L: Foi um desafio que a SIC e a (TV) Globo me colocaram e
que aceitei de imediato.
M.L: “Dancin’ Days” está em exibição desde o passado
dia 4 de Junho. Como vê o enorme sucesso que a telenovela tem tido até agora?
P.L: O sucesso é o resultado de muito esforço, muitas horas
dedicadas a pensar e a escrever a novela. E não sou só eu, tenho uma equipa
incrível a trabalhar comigo!
M.L: Como é que é a sua rotina, quando escreve uma
telenovela?
P.L: A rotina é novela de manhã à noite, com algumas pausas
para convívio familiar e para devorar alguns filmes e livros. Mas escrever uma
novela é física e psicologicamente muito exigente.
M.L: Ajuda na escolha do elenco de um projeto seu?
P.L: A escolha dos atores é feita pela estação a partir de
uma proposta da produtora. Eu colaboro nessa seleção de nomes tendo em conta as
personagens, mas é apenas uma colaboração como disse...
M.L: Qual foi a pessoa que o marcou, durante o seu
percurso como guionista?
P.L: Quem mais é que me marcou? Todas as pessoas com quem
trabalhei, pelos bons e maus exemplos.
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira no guionismo?
P.L: Que não tente fazer igual ao que já foi feito. Mas para
saber realmente se estamos a inovar também é preciso conhecer muita coisa.
M.L: Que balanço faz da sua carreira?
P.L: Tenho 36 anos, não estou em momento de balanço.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
P.L: Não posso falar de projetos para o futuro, porque são
confidenciais.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
P.L: As coisas que quero fazer tenho-as conseguido fazer. Nesse
sentido posso considerar-me uma pessoa de sorte, e também muito persistente.
M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da
sua vida?
P.L: Não mudava nada de relevante, acho eu. Todos os dias temos de fazer
escolhas, não é? Por isso, não perco tempo a pensar o que mudava, porque a
nossa vida constrói-se a cada minuto que passa.ML
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