segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Mário Lisboa entrevista... Hernâni Duarte Maria

Olá. A próxima entrevista é com o realizador Hernâni Duarte Maria. Interessou-se pelo cinema ao ver Charlie Chaplin constantemente na televisão, e depois descobriu outros realizadores como Buster Keaton e Robert J. Flaherty, e desde aí tornou-se num dos talentos impulsionadores do cinema independente em Portugal, sendo cofundador da produtora Paradoxon Produções que foi fundada em 1997 e é sediada em Lagos no Algarve, e, recentemente, realizou o documentário "Tesouras e Navalhas" sobre o dia-a-dia numa barbearia em Faro no Algarve. Esta entrevista foi feita, por via email, no passado dia 10 de Fevereiro.

M.L: Quando surgiu o interesse pelo Cinema?
H.D.M: Surgiu desde muito novo, devido aos filmes de (Charlie) Chaplin e por vê-los constantemente na televisão, e a partir daí procurei outros cineastas como Buster Keaton, (Dziga) Vertov, Robert (J.) Flaherty, etc... Mas foi o Chaplin que me deu a tal injeção do cinema.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto realizador?
H.D.M: Chaplin, David Lynch, Béla Tarr...

M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou, durante o seu percurso como realizador?
H.D.M: Foram 2 filmes. A curta-metragem “Manhã Triste” em que tive o privilégio de conhecer e trabalhar com o escritor Urbano Tavares Rodrigues, pois adaptei o seu conto ao cinema e claro que fiquei bastante satisfeito, quando o próprio Urbano me elogiou. E a curta-metragem “Faminto” que foi o filme mais complexo que realizei, pelo número de atores e toda a logística… Aprendi muito, durante a rodagem destes 2 filmes.

M.L: A produtora Paradoxon Produções, da qual cofundou em 1997, está sediada em Lagos no Algarve. Na sua opinião, acha que o Algarve tem evoluído, em termos cinematográficos, desde 1997 até agora?
H.D.M: Lagos no Algarve, como qualquer outra pequena cidade, pouco se passa em termos culturais... Gostando tanto de cinema propus ao meu amigo fotógrafo Pedro Noel da Luz fazermos este projeto e assim foi e o projeto está para durar... Também já lá vão 14 anos de cinema independente.

M.L: Em 2011, corealizou a curta-metragem “Faminto” que contou com a participação de atores como Sofia Reis, Philippe Leroux e Hugo Costa Ramos. Que recordações guarda desse trabalho?
H.D.M: Foi uma curta difícil de realizar, mas enriquecedora para mim, enquanto realizador. Gostei imenso, gostava de voltar a fazer um filme assim...

M.L: Como vê, atualmente, o Cinema, em termos gerais?
H.D.M: Mau, num buraco e sem saída possível... As portas estão fechadas para todos, mas sobretudo para nós cineastas independentes que ninguém nos conhece... As elites predominam.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
H.D.M: Não, gosto de estar por cá... Embora seja muito crítico com a Cultura e sobretudo com o cinema.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na área do Cinema?
H.D.M: Sejam irreverentes e não se calem... E façam muitas curtas-metragens, é a escola para as longas-metragens...

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até agora, como realizador?
H.D.M: O balanço é positivo... Quando comecei nem sonharia que poderia chegar a este patamar, com prémios, algum reconhecimento e sobretudo ter tido um filme meu na Cinemateca... Estou muito satisfeito...

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
H.D.M: 2 curtas-metragens e a longa-metragem... Levo mais tempo agora nas produções... O que me interessa é filmar... Mas com calma e com tempo...

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
H.D.M: Um filme com todos os meios técnicos disponíveis, um filme à imagem dos filmes do cineasta húngaro Béla Tarr ou até mesmo algo parecido com o cinema de David Lynch…

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
H.D.M: Talvez que o cinema independente tivesse mais reconhecimento e sobretudo que os jovens cineastas fossem mais conhecidos, um espaço alternativo dentro do cinema português ou então tanto a Academia de Cinema como outras entidades promovessem mais este tipo de cinema e o seu reconhecimento.ML

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