sábado, 8 de fevereiro de 2014

Mário Lisboa entrevista... Rui Dias

Olá. A próxima entrevista é com o editor Rui Dias. Interessou-se pelo audiovisual, quando tinha 11 anos, tendo-se tornado num dos mais reputados e talentosos profissionais do meio. Apaixonado pelo que faz, tem desenvolvido um percurso como editor que passa por Portugal e pelo estrangeiro, trabalhando, essencialmente, no Cinema e na Televisão. Atualmente, trabalha para uma agência de criativos com escritórios em Londres, Los Angeles e Nova Iorque, que o contrata para fazer diversos trabalhos de edição fora de Portugal. Em Portugal, atualmente trabalha no programa "5 para a Meia-Noite" (RTP). Esta entrevista foi feita, por via email, no passado dia 17 de Janeiro.

M.L: Quando surgiu o interesse pelo audiovisual?
R.D: Surgiu quando tinha 11 anos. Vivia em França e estava com a minha mãe a ver um filme do Tarzan na televisão, quando perguntei à minha mãe, porque é que o Tarzan andava descalço e não tinha os pés sujos. Ela não me soube responder e aí devo ter decidido que era esse o caminho que eu queria seguir para a minha vida, porque comecei a estar mais atento a tudo que via na televisão. Depois anos mais tarde, para pagar os Estudos, eu fazia pequenos trabalhos, e um dia acompanhei um colega que costumava assistir a um programa de televisão. No intervalo da gravação desse programa, uma pessoa da Produção veio falar comigo dizendo que um dos assistentes de câmara tinha-se sentido mal e se eu poderia substitui-lo. Explicaram-me o que devia fazer e aquilo correu bem, porque no final do programa vieram convidar-me para continuar e assim tive a minha 1ª experiência no mundo da Televisão.

M.L: Quais são as suas influências nesta área?
R.D: O norte-americano Stephen Mirrione e o francês Jacques Witta. São 2 Editores premiados com os prémios mais importantes do Cinema e já trabalhei com ambos.

M.L: Trabalha, essencialmente, no Cinema e na Televisão. Qual destes géneros que mais gosta de trabalhar?
R.D: Gosto de ambas essas áreas, sou um apaixonado pelo que faço. Também faço muita Publicidade, Documentários e, por vezes, videoclips musicais. Cada uma destas áreas requer diferentes tipos de linguagem de Edição como é evidente.

M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou, durante o seu percurso como editor?
R.D: Foram vários, não consigo destacar nenhum, pois o trabalho que estou a fazer no momento é sempre o mais importante. Mas talvez então destaque um Filme que vai estrear em Fevereiro e que foi gravado entre Berlim e Londres.

M.L: Como vê, atualmente, o audiovisual (Cinema e Televisão) em Portugal?
R.D: O país está em crise e esta área não é exceção. Continuo a ver jovens saídos das Escolas técnicas mal preparados para a vida profissional, com os caminhos muito fechados, pois o Mercado Audiovisual é pequeno e não tem capacidade para acolher tanta gente.

M.L: Recentemente, concedeu uma entrevista à revista “Notícias TV” que sai às sextas-feiras com o Jornal de Notícias e com o Diário de Notícias. Sendo uma pessoa que trabalha nos bastidores, como é que se sentiu ao ser entrevistado por aquela que é, possivelmente, a mais importante revista dedicada à indústria televisiva em Portugal?
R.D: Senti-me honrado com o convite, pois de facto a "Notícias TV" é uma Revista à parte. Uma semana antes, outra Publicação procurou-me interessada em ter um Depoimento meu, mas quando surgiu esse convite da parte do Nuno Azinheira (Diretor da Revista “Notícias TV”) não pensei 2 vezes.

M.L: Como é que é a sua rotina, quando trabalha na edição de um projeto audiovisual (seja no Cinema ou na Televisão)?
R.D: A 1ª coisa a fazer é chegar cedo e ser pontual. Pois muitas vezes temos de trabalhar com realizadores, jornalistas, e guionistas e não devemos fazer esperar ninguém. Nós podemos trabalhar sem eles, pois somos nós que operamos a máquina, mas sem nós eles não podem começar a trabalhar.
A 2ª coisa é ler o Guião do filme ou o Alinhamento do programa, antes de começar a trabalhar, e depois então sim mãos à obra.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na área do audiovisual?
R.D: O meu conselho é que procurem outro país para trabalhar, não interessa qual. Este país está a viver uma crise enorme e nas minhas Estadias em Trabalho lá fora não vejo crise nenhuma no Mercado Audiovisual.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até agora, como editor?
R.D: É um percurso bonito com algumas coisas giras que já fiz. Mas também me dá um prazer enorme ver pessoas sugeridas por mim a trabalhar nalgumas Produtoras e que estão a dar Cartas. Tenho aí alguns afilhados espalhados por aí entre Portugal e França.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
R.D: Um novo filme que vai ser gravado nos Estúdios Babelsberg em Potsdam, Berlim. 

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
R.D: É precisamente aquilo que irei fazer em Junho, mas ainda não posso revelar. É Top Secret ainda, a seu tempo revelarei.

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
R.D: Gostava que aquilo que eu ando a fazer lá fora tivesse mais visibilidade neste país.ML

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