domingo, 16 de fevereiro de 2014

Mário Lisboa entrevista... Ricardo Jorge Pinto

Olá. A próxima entrevista é com o jornalista Ricardo Jorge Pinto. Sonhava ser historiador, quando era criança, e o interesse pelo jornalismo surgiu tardiamente, tendo-se tornado num dos mais respeitados profissionais da Comunicação Social em Portugal, com um percurso como jornalista que passa pela imprensa, pela rádio e pela televisão, sendo, atualmente, Diretor-Adjunto de Informação da Agência Lusa e desde 2004 que é comentador residente da RTP na área da Política Nacional, e gostava de escrever discursos para o Presidente dos EUA. Esta entrevista foi feita, por via email, no passado dia 30 de Janeiro.

M.L: Quando surgiu o interesse pelo jornalismo?
R.J.P: Já tarde. Quando era criança sonhava ser historiador.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto jornalista?
R.J.P: As minhas primeiras influências estiveram no Expresso, para onde fui trabalhar ainda muito jovem. O meu primeiro editor foi o Carlos Magno (agora presidente da ERC), a seguir o Jorge Fiel (agora subdiretor do Jornal de Notícias) e ambos ajudaram a formatar a minha escrita jornalística. Mas fui buscar também influências à minha passagem pelo The New York Times, numa fase em que era muito influenciável. Mas, ainda hoje o sou, e ainda hoje recolho influências de muitos lados.

M.L: Durante o seu percurso como jornalista, trabalhou na imprensa, na rádio e na televisão, sendo, atualmente, Diretor-Adjunto de Informação da Agência Lusa. Qual destes meios de comunicação mais gosta de trabalhar?
R.J.P: Cada um desses meios tem um encanto particular. Gosto da Imprensa, pela escrita analítica, pela necessidade de explicar o que vemos. Gosto da Rádio, pelo intimismo que provoca, pela oralidade que nos prende à pele. Gosto da TV, pela complementaridade da imagem e do som, pela visibilidade que ela atribui ao que se faz. Gosto da agência, pela velocidade da circulação da informação, pelo efeito dispersor da linha da Lusa, pela importância que aí tem a sua muito dispersa rede de correspondentes.

M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou, durante o seu percurso como jornalista?
R.J.P: Não consigo destacar um, em particular. Mas confesso que me marcou a investigação que conduzi no Expresso sobre a Fundação Prevenção e Segurança, pela capacidade que teve em desmantelar alguma coisa que não era democraticamente saudável, sendo até politicamente consequente (levou à demissão de um ministro).

M.L: Além do jornalismo, também é professor. Em qual destas funções em que se sente melhor?
R.J.P: Gosto de ter as duas funções ao mesmo tempo e do efeito pendular que isso provoca: tento levar para a sala de aula a experiência de jornalista e tento levar para as Redações o resultado do esforço de reflexão crítica das salas de aula.

M.L: Como vê, atualmente, a Comunicação Social em Portugal?
R.J.P: Os media estão a atravessar um período crítico: o seu modelo de negócio (a Publicidade) faliu, ao mesmo tempo que sentem o impacto implacavelmente modificador das plataformas digitais. Mas este momento crítico pode ser um momento de oportunidade, se houver bom senso e competência. Infelizmente, em alguns casos não existe nenhum desses elementos. Felizmente, enquanto consumidores de informação, temos hoje muitas mais opções de escolha.

M.L: Já trabalhou no estrangeiro. Gostava de ter ficado lá?
R.J.P: Cada decisão implica deixar para trás muitas outras. No momento em que me foi oferecido um lugar na Universidade do Texas hesitei: era uma tentação muito forte. Mas do outro lado do Atlântico tive outras ofertas que na altura me seduziram ainda mais. Nunca saberei o que teria sido melhor para mim.

M.L: Desde 2004 que é comentador residente da RTP na área da Política Nacional. 57 anos depois da sua fundação, como vê, hoje em dia, o canal?
R.J.P: A RTP é uma Televisão de bandeira, num continente em que os meios de comunicação estatais são relevantes. No momento em que se pensa o futuro de uma estação de televisão estatal, há muitas opções para a RTP: todas têm vantagens e desvantagens. A única coisa que não traz benefícios é não haver decisões, porque a ausência de um rumo é sempre negativo. Quando não se sabe para onde se vai, não se vai a lado nenhum.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira no jornalismo?
R.J.P: Que seja persistente. Vale a pena. Apesar de todas as dificuldades. O jornalismo é uma profissão fascinante. Porque não há nada mais fascinante do que entender o que se passa à nossa volta. E explicar isso de forma clara, precisa e concisa a quem nos quer ouvir.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até agora, como jornalista?
R.J.P: Tenho a felicidade de ter tido as melhores oportunidades que um jornalista pode ter. O JN, o Expresso, a RTP, a Lusa são lugares fantásticos para se fazer jornalismo. E tive o privilégio de os poder experimentar e de crescer em cada um deles.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
R.J.P: Confesso que mal tenho tempo para gerir estes projetos em que estou envolvido.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
R.J.P: Escrever discursos para o Presidente dos Estados Unidos da América.

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
R.J.P: Profissionalmente, gosto mesmo muito do que estou a fazer. E estou rodeado das pessoas certas.ML

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