segunda-feira, 7 de julho de 2014

Mário Lisboa entrevista... Bruno José

Olá. A próxima entrevista é com o produtor Bruno José. Desde muito cedo que se interessou pelo audiovisual, tendo começado a trabalhar na televisão com a série "Capitão Roby" (SIC, (2000), e desde aí tem desenvolvido um percurso que passa, essencialmente, pela televisão. Na televisão, trabalhou na NBP (atual Plural), e, atualmente, trabalha na SP Televisão, onde exerce a função de diretor-geral e trabalhou como produtor em produções como "Podia Acabar o Mundo" (SIC), "Perfeito Coração" (SIC), "Cidade Despida" (RTP), "Laços de Sangue" (SIC) e "Bem-Vindos a Beirais" (RTP), e gostava de internacionalizar a produtora e torná-la ainda maior. Esta entrevista foi feita no passado dia 30 de Junho.

M.L: Quando surgiu o interesse pelo audiovisual?
B.J: Desde criança que sempre tive um fascínio pela televisão, mas nunca imaginei que viesse a trabalhar na área. O meu percurso passou pela licenciatura em Relações Internacionais e só depois de ter trabalhado na Unidade de Espetáculos da Expo’98 e nas Festas de Lisboa de 1999, é que surgiu um convite para integrar a equipa de produção da série “Capitão Roby” (SIC). Como nunca tinha trabalhado em televisão e tinha muita curiosidade, aceitei de imediato.

M.L: Quais são as suas influências nesta área?
B.J: São muitas as pessoas que me influenciaram na área da produção, mas no que respeita à ficção nacional, não posso deixar de referir nomes como o do Raúl Soares, Rosana Rasera, Pedro Miranda e Bruno Oliveira, bem como dos realizadores Manuel Amaro da Costa, Patrícia Sequeira, Sérgio Graciano e Jorge Cardoso.

M.L: Trabalha, essencialmente, na televisão. Gostava de, um dia, trabalhar numa produção cinematográfica?
B.J: Fiz uma média-metragem com o Sérgio Graciano, o Tiago Marques e o Joaquim Horta, intitulada “Ivanov Shortcut” e o processo foi muito interessante. Para além de ser um grande consumidor de cinema, tenho uma avidez enorme de conhecimento, daí que isso também passe por uma experiência numa produção cinematográfica maior.

M.L: Na televisão, trabalhou na NBP (atual Plural), e, atualmente, trabalha na SP Televisão, onde exerce a função de diretor-geral. Que balanço faz do tempo em que está na produtora?
B.J: O balanço é muito positivo. A SP Televisão é uma produtora que respeita muito os seus colaboradores e motiva-nos todos os dias. Esta relação de confiança que existe há sete anos é um desafio contínuo que nos obriga a querer fazer melhor e a tornarmo-nos melhores profissionais. Atualmente, os projetos da SP Televisão são sinónimo de qualidade e inovação, porque somos uma produtora independente e temos de ser mais criativos e produzir melhor. Como costumamos dizer na SP Televisão, “o sucesso faz-se com as pessoas certas”.

M.L: A SP Televisão é presidida pelo António Parente que faz parte do grupo que criou a indústria da ficção nacional e com quem já tinha trabalhado na NBP. Na sua opinião, qual é o legado que o próprio deixa na ficção televisiva portuguesa (tendo em conta que ele é cofundador das duas produtoras)?
B.J: O grande legado que o António Parente deixa na ficção televisiva portuguesa é exatamente o da criação de uma indústria de ficção. Ele é um visionário e o responsável pelo desenvolvimento da produção de ficção nacional. Atualmente, os atores têm um mercado televisivo muito maior do que aquele que existia nos anos 80 e o número de profissionais que trabalham nesta área é muito considerável. Eu próprio sou um “filho” desta mudança de paradigma. Por outro lado, é inegável que o aumento da qualidade da ficção televisiva também se deve à perseverança do António Parente e ao seu saudável desassossego, que acredito que nos levará ainda mais longe.

M.L: A SP Televisão existe, desde 2007. Como vê o percurso que a produtora tem feito, desde a sua fundação até agora?
B.J: A SP Televisão tem feito um percurso admirável e em sete anos de atividade foram produzidas 16 séries e 8 novelas. Inclusive, alguns dos nossos projetos foram vendidos para o mercado internacional e conquistaram prémios, sendo de destacar o Emmy Internacional ganho pela novela “Laços de Sangue” (SIC). Neste momento, mantemos uma parceria de trabalho com a RTP e a SIC, começámos a produzir para os canais por cabo e em breve vamos estar a produzir entretenimento. Tudo isto é resultado de um grande investimento da SP Televisão e do know-how dos nossos profissionais. 

M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou, até agora, durante o seu percurso como produtor?
B.J: A novela “Perfeito Coração” (SIC) deixa muitas saudades e as séries “Cidade Despida” (RTP) e “Bem-Vindos a Beirais” (RTP) são projetos dos quais me orgulho muito.

M.L: Foi produtor da telenovela “Podia Acabar o Mundo” que foi exibida na SIC entre 2008 e 2009, da qual foi a primeira produção da SP Televisão para o canal. Que recordações guarda desse trabalho?
B.J: Nesta novela, a maior recordação é a do ambiente de trabalho que tínhamos. A equipa e o elenco eram maravilhosos e estávamos todos conscientes que tínhamos de fazer uma excelente novela para conquistar um novo horário de ficção nacional.

M.L: Como vê, atualmente, o audiovisual em Portugal?
B.J: Atualmente, o setor audiovisual está num patamar de qualidade muito maior e cada vez mais competitivo internacionalmente. Produz-se mais e melhor em Portugal, devido à inovação tecnológica e à profissionalização dos recursos humanos. Temos talento nacional.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
B.J: Nunca pensei nisso. Na minha vida, as coisas foram sempre acontecendo umas atrás das outras e nunca tive tempo para pensar numa carreira internacional. E acho que o meu processo de aprendizagem e de realização pessoal ainda não se esgotou em Portugal, muito pelo contrário.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na área do audiovisual?
B.J: O conselho que posso dar é que é necessário ter vocação, formação, exigência e brio profissional, abertura para levar a cabo uma aprendizagem contínua e procurar trabalhar com os melhores profissionais da área.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até agora, como produtor?
B.J: O facto de ter começado como assistente de produção e depois ter desempenhado as funções de produtor de elenco, produtor de locais, produtor de exteriores, planificação, chefe de produção e diretor de produção deu-me um conhecimento vasto sobre esta área. Toda esta base aliada à diplomacia da minha formação universitária e à dedicação no trabalho, moldou seguramente a minha forma de estar no meio empresarial. Até ao momento, acho que tenho tido muita sorte no meu percurso, graças às empresas onde trabalhei e aos profissionais com quem me cruzei e que apostaram em mim.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
B.J: Neste momento, começámos a gravar a nova novela da SIC, “Mar Salgado”, e estamos a preparar a segunda temporada da novela da RTP, “Os Nossos Dias”.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
B.J: Profissionalmente, gostava de ajudar a internacionalizar a SP Televisão, torná-la numa empresa ainda maior e encetar mais projetos diferenciadores e novos formatos. No meio disto tudo, gostava de fazer uma viagem pela Austrália.

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
B.J: Gostava que o tempo dilatasse para o dobro, para poder fazer ainda mais coisas.ML

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