sábado, 19 de julho de 2014

Mário Lisboa entrevista... Lais Corrêa

Olá. A próxima entrevista é com a atriz brasileira Lais Corrêa. Desde muito cedo que se interessou pela representação, e tem desenvolvido um versátil e reputado percurso como atriz que passa pelo teatro, pelo cinema e pela televisão. Além da representação, também tem experiência como encenadora, diretora de atores, coach e bailarina, e trabalhou como coach e como diretora de atores nas telenovelas "Laços de Sangue" (SIC) e o remake de "Dancin' Days" (SIC), e, atualmente, protagoniza o monólogo "Viúvas de Maridos Vivos" que esteve em cena no Teatro MuBE Nova Cultural em São Paulo entre os dias 2 de Maio e 1 de Junho e está agora a tentar iniciar uma digressão. Esta entrevista foi feita no passado dia 13 de Junho.

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
L.C: O meu interesse pela representação surgiu desde sempre. Lembro-me desde pequena de vestir-me com "figurinos" e ficar em frente ao espelho criando várias situações imaginárias...

M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
L.C: As minhas influências são da vida e das trocas com as pessoas maravilhosas em que tive o presente da vida de cruzarem no meu caminho.

M.L: Faz teatro, cinema e televisão. Qual destes géneros que mais gosta de fazer?
L.C: Eu gosto muito dos 3 veículos, mas sinto que o teatro está mais na "nossa mão". Temos que lidar com qualquer tipo de situação, sem direito a "cortes" e a "refazermos outro take". Acho que o teatro é muito a arte do ator.

O cinema fica mais na mão do diretor, porque não importa o que façamos, é sempre ele que decide como vai ficar o resultado final.

A TV cada vez mais está na mão dos patrocinadores, nas obras abertas fica para o público, enfim, o ator obedece mais o cronograma no tempo que for determinado pelos autores e diretores. Tudo isto não exclui o trabalho do ator, que quanto mais estiver preparado, mais conseguirá dominar o que quer que lhe seja exigido.

M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora, durante o seu percurso como atriz?
L.C: Todos os trabalhos que fiz marcaram-me, de verdade. Claro que uns mais que outros, mas cada um quando termina, deixa sempre a sensação de vazio. Uns deixam muito mais saudades, mas todos marcam na aprendizagem.

M.L: Além da representação, também tem experiência como encenadora, diretora de atores, coach e bailarina. Em qual destas funções em que se sente melhor?
L.C: Realmente, eu sinto-me privilegiada, porque só faço o que gosto. O que não for "dar prazer" ou "troca" e "aprendizagem" eu não aceito. Eu entrego-me muito em tudo o que faço e se não for para ser feliz, não vale a pena.

M.L: Trabalhou como coach e como diretora de atores nas telenovelas portuguesas “Laços de Sangue” (2010/2011) e o remake de “Dancin’ Days” (2012/2013) que foram coproduções da SIC e da TV Globo executadas pela SP Televisão. Que recordações guarda destes dois trabalhos?
L.C: "Laços de Sangue" foi, para mim, um grande presente. Foi a minha primeira vez em Portugal, com pessoas encantadoras e competentes e fui muito bem recebida por todos. Tenho recordações muito emocionantes dessa temporada. Não é a toa que ganhamos um Emmy, porque a harmonia era uma constante entre todos, atores, equipa, direção e técnica.

"Dancin' Days" já não teve o mesmo astral, mas eu sempre procuro tirar de tudo o que faço uma lição para a vida.

M.L: Depois de ter trabalhado nestas duas telenovelas, qual foi a impressão que teve do trabalho desenvolvido na ficção televisiva portuguesa?
L.C: Acho que vocês têm atores maravilhosos, com equipas competentes e guerreiras. A minha impressão foi muito boa, e senti que a maioria queria e quis esta troca de informações. Tivemos trocas de verdade, e foi muito bom.

M.L: Como vê, atualmente, o teatro e o audiovisual (Cinema e Televisão) no Brasil?
L.C: Não só no Brasil, eu acho que a TV em geral, infelizmente está numa fase cultural paupérrima, cheia de futilidades e massificada. Acho que ela representa o Mundo em que estamos vivendo, onde todos procuram os mesmos hábitos, as mesmas opiniões, as mesmas vontades. Quem pensa e quer algo diferente é praticamente "linchado" verbalmente pelas tão usadas "Redes Sociais". Cada povo tem o que busca, quer e merece, acho a nossa TV aberta uma pobreza culturalmente falando.

Espero que voltemos a querer e procurar a diversidade. Criticarmos as diferenças através da nossa arte, também é a nossa função e missão. Como disse anteriormente, hoje em dia esta "liberdade de expressão" faz com que as pessoas que discordam de alguma coisa, agridam fortemente aos seus contrários, mas a maioria agride "sem assinar em baixo".

Nós somos de uma profissão onde receber críticas assinadas em baixo faz parte, e serve para nossa reflexão, então não entendo muito esta "coragem" escondida por trás de computadores e nomes falsos tão "normais atualmente".

No Cinema, estamos numa caminhada boa e produtiva, com muitas coisas acontecendo.

Na TV, agora temos uma Lei que obriga a Produção Nacional em TVs pagas, o que melhorou o mercado também, com produções de novas séries, incentivando o mercado para todos.

No Teatro, como sempre, tudo muito difícil. Mas sempre existirão "os apaixonados por esta Arte", que nunca desistem de tentar para que o espetáculo continue. A luta com as TVs pagas, Internet, falta de apoio, fica cada vez mais dura, mas eu tenho a grande esperança que o Teatro nunca morrerá. Tomara!!!

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até agora, como atriz?
L.C: Como atriz talvez pudesse ter realizado mais coisas, mas por outro lado a diversidade da minha carreira fez com que eu estivesse em várias áreas diferentes dentro da arte, a minha Atriz ganhou MUITO com tudo isto.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
L.C: Acabei de terminar uma temporada no Teatro MuBE Nova Cultural aqui em São Paulo, com o monólogo "Viúvas de Maridos Vivos" da autoria do Semi Faiad, onde faço 3 mulheres. Agora vamos tentar viajar com este espetáculo. Tomara que dê certo. Eu sinto muito prazer em representar estas mulheres que são tão verdadeiras na nossa sociedade de hoje pelo Mundo.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
L.C: Eu tenho como norma deixar a vida seguir o seu rumo, até porque quando queremos "remar contra a maré" fica muito difícil a caminhada. Acho que a maturidade trás isto. Não quero dizer que não tenho sonhos e que não luto por eles, mas procuro também sentir os ventos da vida para saber onde é melhor navegar em cada momento. Sempre penso que gostaria de estar numa produção cinematográfica europeia ou americana com um guião e atores ótimos.

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
L.C: Sempre penso que gostaria de passar um tempo fora do Brasil. Já morei em Nova Iorque por 6 anos e também já viajei bastante por este mundão de Deus, mas por ter a alma meio cigana, gosto muito de viajar e viver, sentir, trocar, aprender com outros povos e suas culturas. Como disse anteriormente e como diz uma letra de música brasileira, "deixa a vida me levar, vida leva eu".ML

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