quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Mário Lisboa entrevista... Pedro Cavaleiro

Olá. A próxima entrevista é com o ator e escritor Pedro Cavaleiro. Filho da atriz Isabel Medina, desde muito cedo que se interessou pela representação e pela escrita, tendo desenvolvido um percurso como ator e como escritor que passa, essencialmente, pelas áreas do teatro, do cinema e da televisão, e, recentemente, foi coautor da telenovela "Mundo ao Contrário" que está em exibição na TVI e contou com a participação da sua mãe, e está previsto estrear em Novembro na Escola de Mulheres, em Lisboa, o espetáculo infantil "O Mundo das Cores", da sua autoria, da qual conta com encenação da sua mãe. Esta entrevista foi feita, por via email, no passado dia 28 de Abril, na altura em que o entrevistado estava a escrever a telenovela "Mundo ao Contrário".

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação e pela escrita?
P.C: Creio que sempre tive o "bichinho" da escrita, dentro de mim. Sempre li muito e em miúdo, gostava de escrever as minhas histórias, embora as guardasse para mim. A representação já foi diferente, a minha mãe (Isabel Medina) levava-me aos fins-de-semana para o Teatro da Comuna, onde trabalhava, e eu habituei-me a esse meio. Gostava da cumplicidade que sentia entre as pessoas, adorava ver os ensaios, e tornou-se difícil não ambicionar fazer o mesmo. Fora isso, era, e sou, um fanático por cinema.

M.L: Quais são as suas influências nestas duas áreas?
P.C: A minha mãe, como é óbvio. De resto, acredito que tudo o que vejo ou leio acaba por me influenciar, tanto o bom, como o mau. Mesmo o que está mal feito pode guiar-nos de forma a não cometer o mesmo tipo de erros.

M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou, tanto como ator e como escritor?
P.C: O último trabalho é sempre aquele que mais me marca. Neste momento, é o “Mundo ao Contrário” (TVI).

M.L: Como ator, faz teatro, cinema e televisão. Qual destes géneros que mais gosta de fazer?
P.C: Tive poucas incursões no teatro e no cinema, mas creio que o cinema é aquele que me agrada mais. Há um tempo que não há em televisão, as cenas podem e devem ser repetidas até que estejam como as imaginamos, sem tantas pressões. Agrada-me a ideia de procurar a perfeição.

M.L: Como vê, atualmente, o teatro e a ficção nacional?
P.C: Olho, e vejo política e crise em tudo. Companhias de Teatro que estão a ser obrigadas a fechar as portas, falta de dinheiro para fazer os projetos… Mesmo em televisão, sente-se o mesmo. É terrível.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
P.C: Se dissesse que não estaria a mentir. Acho que não há quem não deseje ver o seu trabalho reconhecido noutros países.

M.L: É filho da atriz Isabel Medina. Como vê o percurso que a sua mãe tem feito até agora?
P.C: Não podia ser melhor, devia ser um exemplo para muita gente. Conseguiu tudo através do seu trabalho, sem deixar que a sua privacidade fosse invadida. Poucos o conseguem, vemos as vidas dos atores a serem debatidas e devassadas em revistas e em programas de televisão, as pessoas conseguem o sucesso dessa forma, e isso entristece-me. Sou um filho orgulhoso.

M.L: Atualmente, escreve, juntamente com João Matos, Marta Coelho e Raquel Palermo, a telenovela “Mundo ao Contrário”, que está em exibição na TVI. Como está a correr este trabalho?
P.C: A Marta, infelizmente, deixou a nossa equipa e está a dedicar-se a um outro projeto. Felizmente, temos agora a Sandra Santos connosco e não podíamos estar melhor. Quanto ao trabalho, acho que está a correr muito bem, é muito raro conseguirmos olhar para uma cena que escrevemos e pensar: “É mesmo isto!”. E neste projeto já me aconteceu várias vezes.

M.L: Como é que surgiu o convite para escrever esta telenovela?
P.C: Já tinha trabalhado tanto com o João Matos, como com a Raquel Palermo, além de termos criado uma boa amizade, sempre achámos que a nossa escrita se completava. Já há muito tempo que esperávamos uma oportunidade de voltarmos a fazer algo juntos. Assim que o João viu o seu projeto aprovado, ligou-me e disse que ia tentar que fizesse parte da equipa. E assim foi. 

M.L: Como é que se sente ao escrever uma telenovela que conta com a participação da sua mãe?
P.C: Quando escrevo para a minha mãe, não penso nela, mas sim na Adelaide, a personagem que interpreta. Acaba por ser igual a escrever para qualquer outra pessoa. Não escrevo a pensar no ator. Espero, sim, que este tenha a capacidade de entrar na personagem.

M.L: Como é que é a sua rotina, quando escreve?
P.C: É evitar rotinas e, dentro do dia de trabalho, tirar o máximo gozo que me for possível.

M.L: Recentemente, as telenovelas “Remédio Santo” da TVI e “Rosa Fogo” da SIC foram nomeadas para o Emmy Internacional na categoria de Telenovela. Como vê este reconhecimento internacional?
P.C: Se lá fora soubessem como são feitas as novelas em Portugal, o tempo que se têm para escrever, produzir, realizar, editar… Não havia novela portuguesa que não merecesse um Emmy.

M.L: Qual foi a pessoa que o marcou, tanto como ator e como escritor?
P.C: A minha mãe, claro. De resto, é um conjunto de influências, toda a gente com quem trabalhei me ensinou algo.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira seja na representação ou na escrita?
P.C: Não aconselho a ninguém. Muito stress, muitas frustrações, muito tempo sem trabalho e sem saber como será o dia de amanhã. Mas se a pessoa estiver mesmo determinada, o meu conselho é um cliché: Não desistam e continuem a tentar, por muitos “nãos” que ouçam.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito até agora como ator e como escritor?
P.C: Que está tudo ainda no início e que há muito para fazer.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
P.C: Vou escrever uma peça de teatro infantil para a Escola de Mulheres e continuar a trabalhar em projetos pessoais.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
P.C: Era uma lista demasiado comprida, há muita coisa que ainda sonho fazer.ML

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