M.L: Quando surgiu o interesse pela representação e
pela escrita?
P.C: Creio que sempre tive
o "bichinho" da escrita, dentro de mim. Sempre li muito e em miúdo, gostava
de escrever as minhas histórias, embora as guardasse para mim. A representação
já foi diferente, a minha mãe (Isabel Medina) levava-me aos fins-de-semana para
o Teatro da Comuna, onde trabalhava, e eu habituei-me a esse meio. Gostava da
cumplicidade que sentia entre as pessoas, adorava ver os ensaios, e tornou-se
difícil não ambicionar fazer o mesmo. Fora isso, era, e sou, um fanático por
cinema.
M.L: Quais são as suas influências nestas duas áreas?
P.C: A minha mãe, como é
óbvio. De resto, acredito que tudo o que vejo ou leio acaba por me influenciar,
tanto o bom, como o mau. Mesmo o que está mal feito pode guiar-nos de forma a
não cometer o mesmo tipo de erros.
M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou, tanto como
ator e como escritor?
P.C: O último trabalho é
sempre aquele que mais me marca. Neste momento, é o “Mundo ao Contrário” (TVI).
M.L: Como ator, faz teatro, cinema e televisão. Qual
destes géneros que mais gosta de fazer?
P.C: Tive poucas incursões
no teatro e no cinema, mas creio que o cinema é aquele que me agrada mais. Há
um tempo que não há em televisão, as cenas podem e devem ser repetidas até que
estejam como as imaginamos, sem tantas pressões. Agrada-me a ideia de procurar
a perfeição.
M.L: Como vê, atualmente, o teatro e a ficção
nacional?
P.C: Olho, e vejo política
e crise em tudo. Companhias de Teatro que estão a ser obrigadas a fechar as
portas, falta de dinheiro para fazer os projetos… Mesmo em televisão, sente-se
o mesmo. É terrível.
M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
P.C: Se dissesse que não
estaria a mentir. Acho que não há quem não deseje ver o seu trabalho
reconhecido noutros países.
M.L: É filho da atriz Isabel Medina. Como vê o
percurso que a sua mãe tem feito até agora?
P.C: Não podia ser melhor,
devia ser um exemplo para muita gente. Conseguiu tudo através do seu trabalho,
sem deixar que a sua privacidade fosse invadida. Poucos o conseguem, vemos as
vidas dos atores a serem debatidas e devassadas em revistas e em programas de televisão,
as pessoas conseguem o sucesso dessa forma, e isso entristece-me. Sou um filho
orgulhoso.
M.L: Atualmente, escreve, juntamente com João Matos,
Marta Coelho e Raquel Palermo, a telenovela “Mundo ao Contrário”, que está em
exibição na TVI. Como está a correr este trabalho?
P.C: A Marta,
infelizmente, deixou a nossa equipa e está a dedicar-se a um outro projeto. Felizmente,
temos agora a Sandra Santos connosco e não podíamos estar melhor. Quanto ao
trabalho, acho que está a correr muito bem, é muito raro conseguirmos olhar
para uma cena que escrevemos e pensar: “É mesmo isto!”. E neste projeto já me
aconteceu várias vezes.
M.L: Como é que surgiu o convite para escrever esta
telenovela?
P.C: Já tinha trabalhado
tanto com o João Matos, como com a Raquel Palermo, além de termos criado uma
boa amizade, sempre achámos que a nossa escrita se completava. Já há muito tempo
que esperávamos uma oportunidade de voltarmos a fazer algo juntos. Assim que o
João viu o seu projeto aprovado, ligou-me e disse que ia tentar que fizesse
parte da equipa. E assim foi.
M.L: Como é que se sente ao escrever uma telenovela
que conta com a participação da sua mãe?
P.C: Quando escrevo para a
minha mãe, não penso nela, mas sim na Adelaide, a personagem que interpreta.
Acaba por ser igual a escrever para qualquer outra pessoa. Não escrevo a pensar
no ator. Espero, sim, que este tenha a capacidade de entrar na personagem.
M.L: Como é que é a sua rotina, quando escreve?
P.C: É evitar rotinas e,
dentro do dia de trabalho, tirar o máximo gozo que me for possível.
M.L: Recentemente, as telenovelas “Remédio Santo” da
TVI e “Rosa Fogo” da SIC foram nomeadas para o Emmy Internacional na categoria
de Telenovela. Como vê este reconhecimento internacional?
P.C: Se lá fora soubessem
como são feitas as novelas em Portugal, o tempo que se têm para escrever,
produzir, realizar, editar… Não havia novela portuguesa que não merecesse um
Emmy.
M.L: Qual foi a pessoa que o marcou, tanto como ator e
como escritor?
P.C: A minha mãe, claro.
De resto, é um conjunto de influências, toda a gente com quem trabalhei me
ensinou algo.
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira seja na representação ou na escrita?
P.C: Não aconselho a
ninguém. Muito stress, muitas
frustrações, muito tempo sem trabalho e sem saber como será o dia de amanhã.
Mas se a pessoa estiver mesmo determinada, o meu conselho é um cliché: Não desistam e continuem a
tentar, por muitos “nãos” que ouçam.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito até
agora como ator e como escritor?
P.C: Que está tudo ainda
no início e que há muito para fazer.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
P.C: Vou escrever uma peça
de teatro infantil para a Escola de Mulheres e continuar a trabalhar em projetos
pessoais.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
P.C: Era uma lista demasiado comprida, há muita
coisa que ainda sonho fazer.ML
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