M.L: Quando surgiu o interesse pelo jornalismo?
F.A:
Surgiu por volta dos 13 anos, quando comecei a trabalhar nas rádios
piratas e nas rádios locais. Comecei por fazer animação e discos pedidos,
depois fui acumulando com notícias e entrevistas, pelo que o interesse pela
prática jornalística foi crescendo e amadurecendo.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto
jornalista?
F.A:
Procuro não ser muito influenciada por nada e por ninguém. Até porque
entendo que um jornalista tem de ter uma identidade própria, um cunho próprio e
um referencial diferenciador próprio. Mas, obviamente, tenho referências
profissionais, de outros jornalistas que admiro, que me inspiram e que me fazem
desejar, um dia, ter uma carreira tão sólida, tão preenchida e tão prestigiante
quanto a deles.
M.L: Trabalhou na rádio, depois passa para a
televisão, tendo trabalhado na extinta NTV e, atualmente, trabalha na RTP. Que
balanço faz do tempo em que está no canal?
F.A:
Todos esses períodos foram períodos de aprendizagem e de amadurecimento
pessoal e profissional. Com mais ou menos inquietações, com mais ou menos
oportunidades de trabalho, com mais ou menos realizações, tudo faz parte do
processo de crescimento e de evolução. A chegada à RTP foi a possibilidade de
fazer, de forma mais profissional, aquilo que comecei por fazer, de forma mais
amadora, na NTV. Mas a NTV foi uma boa escola: de partilha, de trabalho em
equipa, de vestir a camisola por um projeto, de sonhos e de vontades de
crescer!
M.L: Além do jornalismo, também é professora. Em qual
destas funções em que se sente melhor?
F.A:
Sinto-me muito bem em ambas as funções! Gosto de fazer as duas coisas:
Jornalismo e dar aulas! E acredito que desempenho bem as duas funções (pelo
menos, é esse o feedback que tenho
dos meus colegas de profissão, do público e dos meus alunos)!
M.L: Como vê, atualmente, a Comunicação Social em
Portugal?
F.A:
Os órgãos de comunicação social não são exceção ao que se passa com o
país: falta de mercado de trabalho, precariedade laboral, baixos salários e
apreensão quanto ao futuro. Do ponto de vista dos conteúdos editoriais, também
se nota que as restrições orçamentais hipotecam a qualidade e a diversidade de
conteúdos dos órgãos de comunicação. Por outro lado, os Media em Portugal caracterizam-se muito por um mimetismo e por um
“andar a reboque” da concorrência que retira criatividade e alternativa aos
conteúdos oferecidos aos públicos.
M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
F.A:
Gostar, em teoria, gostava! Mas não penso nisso, não ambiciono isso, nem
trabalho a pensar nisso. Se acontecesse, por algum feliz acaso, gostaria. Mas
não é essa a minha meta, nem o meu objetivo!
M.L: É natural de Santa Maria da Feira. Como vê a
evolução que o concelho tem tido ao longo dos anos?
F.A:
É um concelho que se afirmou económica, social e culturalmente ao longo
dos anos como muitos poucos o têm conseguido fazer. É um concelho que tem a
marca de “concelho solidário” pela inúmera quantidade de projetos de apoio a
crianças, jovens e idosos. É um concelho com uma oferta cultural ímpar que
atrai milhares de pessoas, todos os anos, a Santa Maria da Feira. São disso
exemplo, a Viagem Medieval, o Imaginarius, o Festival da Juventude, o Festival
de Cinema Luso-Brasileiro, o Moda Feira, as inúmeras conferências, colóquios e
debates que ocorrem frequentemente.
M.L: Gostava de passar a viver e trabalhar em Lisboa?
F.A:
Já vivi e já trabalhei em Lisboa, quando acabei a Licenciatura e fui
estagiar para a RTP, em Lisboa. Acabei por ficar na capital 3 anos, na RTP
e na Rádio Renascença. Sei hoje, como o sabia na altura, que nunca deveria ter
regressado ao Norte (porque as oportunidades de trabalho nesta área são muito
maiores em Lisboa). Mas teve de ser!
M.L: A Comunicação Social tem estado em grande mudança
nos últimos anos. Quais são os desafios que a Comunicação Social tem de
enfrentar nos próximos anos?
F.A:
O grande desafio dos Media
passa pela diferenciação de conteúdos, de abordagens, de paradigmas e de
procedimentos e pela eliminação de alguns vícios sistémicos de funcionamento e
de hierarquias. E também passar pela adaptação dessa diferenciação ao público
específico que se pretende que seja o nosso público. A lógica de querer agradar
a gregos e a troianos, de fazer enlatados de notícias só porque os outros
também falam disto ou daquilo não permite a nenhum órgão de informação
afirmar-se como alternativa e como marca com identidade.
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira no jornalismo?
F.A:
Desista do Jornalismo e tire outro curso com maior índice de
empregabilidade. O Jornalismo não é a profissão romanceada que muita gente
julga que é.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito até
agora como jornalista?
F.A:
Ainda tenho muito para fazer e para aprender… Apesar de já ter dado
muitas provas do meu valor e do meu talento, apesar de já ter havido quem
quisesse potenciar esse meu valor e talento e apesar de já ter havido também
quem tivesse emprateleirado esse meu valor e talento, o caminho faz-se
caminhando, como em tudo na vida.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
F.A:
Acabar de escrever os dois livros que nunca mais acabo de escrever,
publicá-los e abrir um negócio próprio ligado ao turismo.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
F.A:
As viagens à Índia, à Argentina e Patagónia, ao México, ao Camboja e ao Vietname,
que tenho vindo a adiar de há 4 anos a esta parte!
M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da
sua vida?
F.A: (Quase) tudo!!!ML
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