domingo, 6 de outubro de 2013

Mário Lisboa entrevista... Fátima Araújo

Olá. A próxima entrevista é com a jornalista da RTP Fátima Araújo. Natural do concelho de Santa Maria da Feira, interessou-se pelo jornalismo aos 13 anos, quando começou a trabalhar nas rádios piratas e locais, e desde aí tem desenvolvido um interessante e decente percurso como jornalista que passa, essencialmente, pela rádio e pela televisão (tendo trabalhado na extinta NTV e trabalha, atualmente, na RTP), sendo um dos grandes valores da nova vaga de jornalistas que têm surgido, em Portugal, nos últimos anos, e além do jornalismo, também é professora. Esta entrevista foi feita, por via email, no passado dia 18 de Junho.

M.L: Quando surgiu o interesse pelo jornalismo?
F.A: Surgiu por volta dos 13 anos, quando comecei a trabalhar nas rádios piratas e nas rádios locais. Comecei por fazer animação e discos pedidos, depois fui acumulando com notícias e entrevistas, pelo que o interesse pela prática jornalística foi crescendo e amadurecendo.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto jornalista?
F.A: Procuro não ser muito influenciada por nada e por ninguém. Até porque entendo que um jornalista tem de ter uma identidade própria, um cunho próprio e um referencial diferenciador próprio. Mas, obviamente, tenho referências profissionais, de outros jornalistas que admiro, que me inspiram e que me fazem desejar, um dia, ter uma carreira tão sólida, tão preenchida e tão prestigiante quanto a deles.

M.L: Trabalhou na rádio, depois passa para a televisão, tendo trabalhado na extinta NTV e, atualmente, trabalha na RTP. Que balanço faz do tempo em que está no canal?
F.A: Todos esses períodos foram períodos de aprendizagem e de amadurecimento pessoal e profissional. Com mais ou menos inquietações, com mais ou menos oportunidades de trabalho, com mais ou menos realizações, tudo faz parte do processo de crescimento e de evolução. A chegada à RTP foi a possibilidade de fazer, de forma mais profissional, aquilo que comecei por fazer, de forma mais amadora, na NTV. Mas a NTV foi uma boa escola: de partilha, de trabalho em equipa, de vestir a camisola por um projeto, de sonhos e de vontades de crescer!

M.L: Além do jornalismo, também é professora. Em qual destas funções em que se sente melhor?
F.A: Sinto-me muito bem em ambas as funções! Gosto de fazer as duas coisas: Jornalismo e dar aulas! E acredito que desempenho bem as duas funções (pelo menos, é esse o feedback que tenho dos meus colegas de profissão, do público e dos meus alunos)!

M.L: Como vê, atualmente, a Comunicação Social em Portugal?
F.A: Os órgãos de comunicação social não são exceção ao que se passa com o país: falta de mercado de trabalho, precariedade laboral, baixos salários e apreensão quanto ao futuro. Do ponto de vista dos conteúdos editoriais, também se nota que as restrições orçamentais hipotecam a qualidade e a diversidade de conteúdos dos órgãos de comunicação. Por outro lado, os Media em Portugal caracterizam-se muito por um mimetismo e por um “andar a reboque” da concorrência que retira criatividade e alternativa aos conteúdos oferecidos aos públicos.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
F.A: Gostar, em teoria, gostava! Mas não penso nisso, não ambiciono isso, nem trabalho a pensar nisso. Se acontecesse, por algum feliz acaso, gostaria. Mas não é essa a minha meta, nem o meu objetivo!

M.L: É natural de Santa Maria da Feira. Como vê a evolução que o concelho tem tido ao longo dos anos?
F.A: É um concelho que se afirmou económica, social e culturalmente ao longo dos anos como muitos poucos o têm conseguido fazer. É um concelho que tem a marca de “concelho solidário” pela inúmera quantidade de projetos de apoio a crianças, jovens e idosos. É um concelho com uma oferta cultural ímpar que atrai milhares de pessoas, todos os anos, a Santa Maria da Feira. São disso exemplo, a Viagem Medieval, o Imaginarius, o Festival da Juventude, o Festival de Cinema Luso-Brasileiro, o Moda Feira, as inúmeras conferências, colóquios e debates que ocorrem frequentemente.

M.L: Gostava de passar a viver e trabalhar em Lisboa?
F.A: Já vivi e já trabalhei em Lisboa, quando acabei a Licenciatura e fui estagiar para a RTP, em Lisboa. Acabei por ficar na capital 3 anos, na RTP e na Rádio Renascença. Sei hoje, como o sabia na altura, que nunca deveria ter regressado ao Norte (porque as oportunidades de trabalho nesta área são muito maiores em Lisboa). Mas teve de ser!

M.L: A Comunicação Social tem estado em grande mudança nos últimos anos. Quais são os desafios que a Comunicação Social tem de enfrentar nos próximos anos?
F.A: O grande desafio dos Media passa pela diferenciação de conteúdos, de abordagens, de paradigmas e de procedimentos e pela eliminação de alguns vícios sistémicos de funcionamento e de hierarquias. E também passar pela adaptação dessa diferenciação ao público específico que se pretende que seja o nosso público. A lógica de querer agradar a gregos e a troianos, de fazer enlatados de notícias só porque os outros também falam disto ou daquilo não permite a nenhum órgão de informação afirmar-se como alternativa e como marca com identidade.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira no jornalismo?
F.A: Desista do Jornalismo e tire outro curso com maior índice de empregabilidade. O Jornalismo não é a profissão romanceada que muita gente julga que é.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito até agora como jornalista?
F.A: Ainda tenho muito para fazer e para aprender… Apesar de já ter dado muitas provas do meu valor e do meu talento, apesar de já ter havido quem quisesse potenciar esse meu valor e talento e apesar de já ter havido também quem tivesse emprateleirado esse meu valor e talento, o caminho faz-se caminhando, como em tudo na vida.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
F.A: Acabar de escrever os dois livros que nunca mais acabo de escrever, publicá-los e abrir um negócio próprio ligado ao turismo.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
F.A: As viagens à Índia, à Argentina e Patagónia, ao México, ao Camboja e ao Vietname, que tenho vindo a adiar de há 4 anos a esta parte!

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
F.A: (Quase) tudo!!!ML

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