M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
R.V: Comecei a representar
muito cedo. Já na escola, fazia sempre parte dos elencos, para as peças de
teatro. Já adolescente, comecei a fazer teatro amador em Sacavém (terra, onde
nasci) na Cooperativa “A Sacavenense”. Quando estava na faculdade, ao ler o
Jornal 7 (que era um jornal dedicado, única e exclusivamente, às artes), vi um
anúncio, onde o Teatro Aberto ia fazer um casting
a raparigas para ingressarem numa nova peça de teatro. Fui e fiquei selecionada.
Estreei-me em 1984 no Teatro Aberto com a peça "UBU Português-2002
Odisseia no Terreiro do Paço" de Alfred Jarry.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
R.V: As minhas
influências começam na minha família, porque a minha mãe também chegou a fazer
teatro amador. Mais tarde, como via muito teatro e cinema, comecei a ter outras
referências de atores profissionais, tanto portugueses, como internacionais, que
se mantêm até hoje e que fazem parte da minha vida, enquanto profissional. São
esses profissionais que me alimentam até hoje.
M.L: Durante o seu percurso como atriz, fez teatro e
televisão, mas pouco cinema. Gostava de ter trabalhado mais neste género?
R.V: Eu não tenho
um género preferido, gosto de representar. As oportunidades têm surgido, mais
fluentemente, no teatro e na televisão.
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, durante o
seu percurso como atriz?
R.V: Não tenho
trabalhos que me tivessem marcado mais do que outros. Todas as personagens que
fiz até hoje, sejam elas mais ou menos relevantes, têm de mim a mesma dedicação
e profissionalismo. O trabalho de construção de uma personagem é, para mim, um
processo maravilhoso e que me fascina.
M.L: Em 1996, participou na telenovela “Primeiro Amor”
que foi exibida na RTP, da qual interpretou a personagem Lila. Que recordações
guarda desse trabalho?
R.V: “Primeiro Amor” foi a
minha 4ª novela. A Lila era uma personagem engraçada, arrojada e com algum grau
de dificuldade e recordo-me dela com carinho, como de todas as que fiz até
hoje. E dou de mim às personagens e elas também me fazem crescer, enquanto
profissional.
M.L: Como vê, atualmente, o teatro e a ficção
nacional?
R.V: Desde que iniciei a
minha profissão, e já lá vão alguns anos, que oiço dizer que estamos em crise.
Eu acho que passamos, ciclicamente, por momentos menos bons, e passando, neste
momento, o país por uma crise tão acentuada, é natural que isso se reflete em
tudo e que se verifique também algumas dificuldades na nossa profissão. De
qualquer forma, desde que terminei os “Morangos com Açúcar IX” (TVI) em Março
de 2012, não parei de trabalhar até hoje. Já vou na 5ª produção teatral, todas
elas com muita corrente de público. A televisão vai tendo as suas produções e
sempre que acham que alguma personagem pode ser desempenhada por mim, os convites
surgem... Quando surgirem, estou a representá-las com o maior profissionalismo.
M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
R.V: Tive hipótese de fazer
uma carreira internacional. Com 23 anos, tive um convite para ir trabalhar para
o Canadá, só que era muito nova e não arrisquei. Acho que o convite me deixou
sem folgo e tive medo de arriscar, era muito apegada à família e nenhum dos
meus progenitores tinha hipótese de me acompanhar até eu me sentir mais
confortável num país que não era o meu e onde não tinha amigos, nem familiares.
Hoje, se tiver um convite, aceito-o, mas para fazer, pontualmente, um trabalho.
Gosto do meu país e gosto de trabalhar aqui, é graças ao carinho deste povo e
ao seu apoio incondicional ao meu trabalho que tenho as salas de teatro com
plateias cheias.
M.L: É agenciada pela Encena-Agência de Atores que foi
fundada por Alexandre Gonçalves em 1996. Como vê o percurso que a agência tem
feito, desde a sua fundação até agora?
R.V: A Encena é uma agência
com um nome importante no nosso panorama nacional, apoia os seus artistas e
tem, neste momento, 4 salas de teatro a ela associada. O Alexandre Gonçalves é
um amigo com mais de 20 anos.
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na representação?
R.V: Que encarem a
profissão de ator/atriz com o respeito que ela merece. Se querem fazer desta
profissão a sua vida, estudem, existem escolas, tanto em Portugal, como no
estrangeiro, onde podem aprender a arte de representar. Que não vejam esta
profissão, única e exclusivamente, como um trampolim para a fama.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
R.V: Neste momento, estou
a fazer a peça "Roleta", com encenação minha e texto do Eric L. da
Silva (novos autores). Fazem parte do elenco, a Sofia Nicholson, Sofia Arruda,
Rosa Villa (eu), Gonçalo Oliveira, Hugo Costa Ramos e Eric L. da Silva (autor).
Estivemos no Teatro Turim e, neste momento, estamos a preparar a tourneé de Norte a Sul do país.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
R.V: Falta-me fazer imensa coisa, tanto a nível
pessoal, como profissional. Com o tempo, vou riscando da lista, o que vou
concretizando.ML
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