M.L: Quando surgiu o interesse pela Música?
M.Z: Eu comecei a
tocar piano aos dez anos de idade e a minha primeira atração foi por bandas
sonoras de filmes como “The Sting” (“A Golpada”, (1973) e “The Godfather” (“O
Padrinho”, (1972).
M.L: Quais são as suas influências nesta área?
M.Z: As minhas
influências vêm tanto de compositores para cinema como Nino Rota, Ennio
Morricone, Bernard Herrmann, Georges Delerue e clássicos como Bach, Steve
Reich, (Sergei) Prokofiev e Morton Feldman. E na música popular, eu diria António
Carlos Jobim e Thelonious Monk.
M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou, tanto como
pianista e como compositor?
M.Z: “The Door in the Floor” (“A Porta no Chão”, (2004). Foi a minha primeira banda sonora para orquestra e
ainda uma das minhas favoritas mesmo depois de tantos anos. Ainda recebo muitos
elogios por essa banda sonora, inclusive de pessoas que nem viram o filme, mas
escutam muito o CD com a banda sonora. Outra coisa que me marcou muito foi o meu
quarteto de cordas Nepomuk's Dances. Eu recebo emails de grupos de toda a parte que querem tocar essa peça,
inclusive de muitos grupos jovens, o que me deixa muito feliz.
M.L: Foi coautor da banda sonora da longa-metragem “O
Bom Pastor” (2006) de Robert DeNiro. Que recordações guarda desse trabalho?
M.Z: Foi um
trabalho muito intenso, com pouco mais de um mês para compor quase duas horas
de música. Eu nunca tinha trabalhado num filme tão épico e, ao mesmo tempo, com
uma sensibilidade tão distinta.
M.L: “O Bom Pastor” marcou a segunda incursão de
Robert DeNiro pela realização (estreou-se
na realização em 1993 com a longa-metragem “Um Bairro em Nova Iorque” (“A Bronx Tale”).
Como foi trabalhar com ele?
M.Z: Foi um sonho.
O DeNiro é um dos grandes cineastas de todos os tempos e muitos dos meus filmes
e bandas sonoras favoritas foram projetos que ele participou como “Taxi Driver”
(1976), “The Mission” (“A Missão”, (1986) e “The Godfather-Part II” (“O
Padrinho-Parte II”, (1974). Ele é muito sensível e tinha uma ideia bem clara de
como a música deveria funcionar no filme. Ele ficou muito feliz e eu tenho
muito orgulho desse filme.
M.L: Como vê, atualmente, a indústria da Música?
M.Z: Eu acho que
a música está na linha da frente da revolução tecnológica que estamos passando.
Embora, obviamente, certos elementos como discos estejam praticamente acabados,
a necessidade de música do Ser Humano nunca foi maior. Eu fui um pouco poupado
da crise da indústria fonográfica por estar trabalhando mais com Cinema, mas
acho que ainda tem muita coisa boa acontecendo e a única dificuldade é como os artistas
vão sobreviver. Uma das poucas áreas ainda relativamente intactas é a Música
ao vivo e acho que por ali deve surgir um novo caminho para o público e os
artistas interagirem.
M.L: Vive nos EUA, mas nasceu no Brasil. Como vê, hoje
em dia, o Brasil, em termos artísticos?
M.Z: O Brasil
passa por um momento muito interessante, com uma classe média que cresce muito
rápido e que quer ver cada vez mais os seus valores refletidos nas artes. O Cinema
cresce cada vez mais e a TV está passando por uma grande explosão de conteúdo. A
dificuldade vai ser como gerar material que seja, realmente, Brasileiro e não
somente uma cópia dos trabalhos dos americanos. A música continua a ser a
grande paixão nacional e, realmente, a riqueza da música Brasileira é algo
fenomenal.
M.L: É casado com a atriz americana Janel Moloney.
Como vê o percurso que a sua mulher tem feito até agora?
M.Z: Ela tem uma
carreira incrível e acho que muitas pessoas consideram “The West Wing” (“Os
Homens do Presidente”, (1999-2006) como um dos grandes marcos da TV mundial. Ela
continua muito ativa fazendo Cinema, Teatro e Televisão.
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na área da Música?
M.Z: Eu diria
isso. Se consegue viver sem Música, faça isso. O que eu quero dizer é que a
vida na Música não é fácil. Eu tenho muita sorte, pois consegui um espaço de
compositor muito confortável, mas a verdade é que eu faço isso, porque amo o
meu trabalho e mesmo que tivesse que fazer de graça, eu continuaria sendo Músico.
E acho que essa vontade é 100% essencial para qualquer pessoa que queira
embarcar numa carreira musical.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito até
agora como pianista e como compositor?
M.Z: Eu ainda
tenho muita coisa para fazer. Gostaria de voltar a trabalhar mais com música
clássica e jazz. Tenho uma carreira
bem estabelecida, mas também sei que os desafios têm sempre que continuar. Não
acho uma coisa boa para qualquer artista ficar muito confortável, pois isso nos
impulsiona a sempre crescer e mudar.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
M.Z: Tenho dois
filmes saindo nos EUA: “Enough Said” e “The Face of Love”. Também tenho uma
série de TV chamada “Ray Donovan” que está fazendo muito sucesso por aqui e
devo voltar para trabalhar na segunda temporada no início de 2014.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
M.Z: Eu gostaria
de escrever um musical ou uma ópera.
M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da
sua vida?
M.Z: Mais tempo
para passar com a minha esposa e com os meus filhos...ML
Sem comentários:
Enviar um comentário