quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Mário Lisboa entrevista... Ana Varela

Olá. A próxima entrevista é com a atriz Ana Varela. Estreou-se na representação em 2009 com a série "T2 para 3 Remodelado" (RTP) e desde aí tem desenvolvido uma promissora carreira como atriz que passa essencialmente pelo teatro e pela televisão (onde entrou em produções como "Morangos com Açúcar" (TVI), "A Família Mata" (SIC), "Pai à Força" (RTP) e o telefilme "Noite de Paz" (RTP) e em 2011 fundou a H!T Management que pretende ser uma agência inovadora da qual os seus agenciados são em grande parte atores com menor visibilidade e atualmente participa na peça "Bolas de Neve" de Susana Romana e com encenação de Bernardo Gomes de Almeida da qual protagoniza ao lado de Ricardo de Sá e está em cena no Teatro Rápido, durante o mês de Janeiro. Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 8 de Janeiro.

M.L: Como é que surgiu o interesse pela representação?
A.V: De entre muitas concorrentes, fui escolhida para o elenco de "T2 para 3 Remodelado" (RTP) - o meu primeiro projeto. Quando comecei a trabalhar o guião, quando fiz o teste de imagem para a personagem e, principalmente, quando comecei a gravar, fiquei completamente apaixonada por esta área. Costumo dizer que “O “T2…” descobriu-me e fez com que eu me descobrisse a mim mesma".

M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
A.V: A minha principal influência é a vida. Como diz um dos meus professores: "Acting is a reflexion of human behavior" (“A representação é uma reflexão do comportamento humano”).

M.L: Fez essencialmente teatro e televisão. Qual destes géneros que mais gosta de fazer?
A.V: Adoro fazer TV, amo fazer Teatro. Talvez tenha maior prazer em fazer Teatro, pois permite uma extrapolação maior do ator.

M.L: Qual foi o trabalho num destes géneros que a marcou até agora, enquanto atriz?
A.V: O meu primeiro trabalho em Teatro: "Doce da Casa". Marcou-me imenso. Foi um projeto muito longo e com o qual aprendi e cresci imenso. Neste projeto, partimos do nada: não tínhamos texto, personagens e nem uma ideia do que íamos fazer. Tudo nasceu de nós, dos nossos devaneios artísticos e das nossas improvisões. Foi um projeto que me enriqueceu imenso.

M.L: Entre 2011 e 2012 participou na série “Pai à Força” que foi exibida na RTP da qual interpretou a personagem Laura. Que recordações guarda desse trabalho?
A.V: O "Pai à Força" foi-me colocado como um grande desafio. A "Laura" era uma personagem muito forte e com grande incidência na história. Senti uma grande responsabilidade a princípio. Felizmente tudo correu lindamente! Orgulho-me bastante do resultado.

M.L: “Pai à Força” foi produzida pela SP Televisão que existe desde 2007. Como vê o percurso que a produtora tem feito até agora?
A.V: Gosto imenso do trabalho da SP. É uma produtora muito eficaz e que apresenta trabalhos de grande versatilidade (adoro as séries!). E apesar dos bons resultados até agora, é uma produtora que procura sempre crescer e melhorar. Apesar da crise no setor, acredito que a SP conseguirá resistir e até superar-se.

M.L: Qual foi o momento que mais a marcou até agora, enquanto atriz?
A.V: Não consigo destacar um momento. Existem tantos momentos que guardo com carinho: a primeira vez que vi o primeiro episódio de "T2 para 3 Remodelado", os espetáculos em "Morangos com Açúcar-Geração Fame" (TVI), a ansiedade antes do abrir do pano em "Doce da Casa", as palmas no fim do espetáculo, a euforia de ter sido escolhida para o "Pai à Força"… São momentos únicos, que ficarão, para sempre, guardados.

M.L: Como vê atualmente o teatro e a ficção nacional?
A.V: Tal como toda a economia nacional em geral, o setor da representação está a passar por uma grande crise… Os projetos escasseiam, os cachets estão mais baixos do que nunca, a maior parte do teatro é remunerado à bilheteira… É com muita pena que vejo a nossa ficção a estagnar. No entanto, acredito que este é um período de mudanças, de reflexão e que nos tornará mais fortes e com maior qualidade no futuro.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
A.V: Sinceramente, não tenho pretensões internacionais. Sou portuguesa, quero interpretar em português!

M.L: Em 2011 fundou a agência H!T Management que pretende ser uma agência inovadora da qual os seus agenciados são em grande parte atores com menor visibilidade. Como é que surgiu a ideia de fundar a agência?
A.V: A H!T nasceu do desejo de introduzir no mercado atores jovens em espírito, dinâmicos, apaixonados pela arte e que muitas vezes não têm as oportunidades devidas nesta área, por vezes, demasiado comercial. A H!T representa atores com menor visibilidade, é verdade, mas todos eles têm imensa qualidade. Lutamos, todos os dias, para levar ao topo as suas carreiras.

M.L: Como vê o percurso que a agência tem feito desde a sua fundação até agora?
A.V: A H!T resultou muito bem! Arrisco-me a dizer que, em tempos de crise, conseguimos um milagre. Entrámos muito bem no mercado e hoje, passado pouco mais de um ano, todos nos conhecem pelo nosso esforço e dedicação. Os nossos atores "circulam" com bastante frequência e, a cada dia que passa, a agência têm maior credibilidade. Orgulho-me bastante do trabalho que a nossa equipa desenvolve todos os dias.

M.L: Qual foi a situação mais embaraçante que a marcou até agora, enquanto atriz?
A.V: Uma vez, em palco, as minhas calças rasgaram-se por completo!!! Fiquei completamente exposta…

M.L: Recentemente, as telenovelas “Remédio Santo” da TVI e “Rosa Fogo” da SIC foram nomeadas para o Emmy Internacional na categoria de Telenovela. Como vê este reconhecimento internacional?
A.V: Somos ótimos em ficção! Poucos são os países que produzem ficção com a nossa qualidade. Estou certa de que, apostando em qualidade, muitos mais Emmys virão!

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na representação?
A.V: "Estudem, estudem, estudem! Armem-se de todas as ferramentas, enquanto atores e enquanto pessoas que são e preparem-se para uma longa jornada…"

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito até agora como atriz?
A.V: Tive uma boa ascensão como atriz. Comecei do nada e os positivos feedbacks fizeram-me alcançar variados projetos, em variadas produtoras. 2011 foi o meu "ano de ouro". Entretanto, no final desse mesmo ano fiquei grávida e desde aí até agora estive, inevitavelmente, afastada dos palcos e dos ecrãs. Assim que me foi possível voltei a procurar formação, recuperei a minha forma física e já comecei 2013 a trabalhar: estou, durante este mês de Janeiro, em cena com "Bolas de Neve" no Teatro Rápido. Um espetáculo encenado por Bernardo (Gomes) de Almeida que conta também com o ator Ricardo de Sá. Estou com um bom feeling e acredito que este novo ano me trará muito trabalho!!!

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
A.V: Por enquanto, estou concentrada em "Bolas de Neve". Quando terminar estes espetáculos, verei o que me espera…

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
A.V: Cinema.

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
A.V: Gostava que as salas de teatro estivessem cheias, que as sessões para cinema nacional esgotassem e que os projetos em Televisão abundassem para que, tanto eu, como os meus colegas atores, conseguíssemos ter uma vida mais estável e prazerosa e para que não faltasse nada aos nossos filhos.ML


Fotografia: Maria Vasconcelos
Styling: Ana Fontinha
Make-up e Hairstyling: Danila Hatzakis

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