M.L: Como é que surgiu o interesse pela representação?
A.V: De
entre muitas concorrentes, fui escolhida para o elenco de "T2 para 3
Remodelado" (RTP) - o meu primeiro projeto. Quando comecei a trabalhar o
guião, quando fiz o teste de imagem para a personagem e, principalmente, quando
comecei a gravar, fiquei completamente apaixonada por esta área. Costumo dizer
que “O “T2…” descobriu-me e fez com que eu me descobrisse a mim mesma".
M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
A.V: A
minha principal influência é a vida. Como diz um dos meus professores: "Acting
is a reflexion of human behavior" (“A
representação é uma reflexão do comportamento humano”).
M.L: Fez essencialmente teatro e televisão. Qual
destes géneros que mais gosta de fazer?
A.V: Adoro
fazer TV, amo fazer Teatro. Talvez tenha maior prazer em fazer Teatro, pois
permite uma extrapolação maior do ator.
M.L: Qual foi o trabalho num destes géneros que a
marcou até agora, enquanto atriz?
A.V: O
meu primeiro trabalho em Teatro: "Doce da Casa". Marcou-me imenso.
Foi um projeto muito longo e com o qual aprendi e cresci imenso. Neste projeto,
partimos do nada: não tínhamos texto, personagens e nem uma ideia do que íamos
fazer. Tudo nasceu de nós, dos nossos devaneios artísticos e das nossas
improvisões. Foi um projeto que me enriqueceu imenso.
M.L: Entre 2011 e 2012 participou na série “Pai à
Força” que foi exibida na RTP da qual interpretou a personagem Laura. Que
recordações guarda desse trabalho?
A.V: O
"Pai à Força" foi-me colocado como um grande desafio. A
"Laura" era uma personagem muito forte e com grande incidência na
história. Senti uma grande responsabilidade a princípio. Felizmente tudo correu
lindamente! Orgulho-me bastante do resultado.
M.L: “Pai à Força” foi produzida pela SP Televisão que
existe desde 2007. Como vê o percurso que a produtora tem feito até agora?
A.V: Gosto imenso do trabalho
da SP. É uma produtora muito eficaz e que apresenta trabalhos de grande
versatilidade (adoro as séries!). E apesar dos bons resultados até agora, é uma
produtora
que procura
sempre crescer e melhorar. Apesar
da crise no setor, acredito que a SP conseguirá resistir e até superar-se.
M.L: Qual foi o momento que mais a marcou até agora,
enquanto atriz?
A.V: Não
consigo destacar um momento. Existem tantos momentos que guardo com carinho: a
primeira vez que vi o primeiro episódio de "T2 para 3 Remodelado", os
espetáculos em "Morangos com Açúcar-Geração Fame" (TVI), a ansiedade
antes do abrir do pano em "Doce da Casa", as palmas no fim do espetáculo,
a euforia de ter sido escolhida para o "Pai à Força"… São momentos
únicos, que ficarão, para sempre, guardados.
M.L: Como vê atualmente o teatro e a ficção nacional?
A.V: Tal
como toda a economia nacional em geral, o setor da representação está a passar
por uma grande crise… Os projetos escasseiam, os cachets estão mais baixos do que nunca, a maior parte do teatro é
remunerado à bilheteira… É com muita pena que vejo a nossa ficção a estagnar.
No entanto, acredito que este é um período de mudanças, de reflexão e que nos
tornará mais fortes e com maior qualidade no futuro.
M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
A.V: Sinceramente,
não tenho pretensões internacionais. Sou portuguesa, quero interpretar em
português!
M.L: Em 2011 fundou a agência H!T Management que
pretende ser
uma agência inovadora da qual os seus agenciados são em grande parte atores com
menor visibilidade. Como é que surgiu a ideia de fundar a agência?
A.V: A H!T nasceu do desejo de introduzir no mercado atores jovens em
espírito, dinâmicos, apaixonados pela arte e que muitas vezes não têm as
oportunidades devidas nesta área, por vezes, demasiado comercial. A H!T
representa atores com menor visibilidade, é verdade, mas todos eles têm imensa
qualidade. Lutamos, todos os dias, para levar ao topo as suas carreiras.
M.L:
Como vê o percurso que a agência tem feito desde a sua fundação até agora?
A.V: A H!T resultou muito bem! Arrisco-me a dizer que, em tempos de crise,
conseguimos um milagre. Entrámos muito bem no mercado e hoje, passado pouco
mais de um ano, todos nos conhecem pelo nosso esforço e dedicação. Os nossos atores
"circulam" com bastante frequência e, a cada dia que passa, a agência
têm maior credibilidade. Orgulho-me bastante do trabalho que a nossa equipa
desenvolve todos os dias.
M.L:
Qual foi a situação mais embaraçante que a marcou até agora, enquanto atriz?
A.V: Uma vez, em palco, as
minhas calças rasgaram-se por completo!!! Fiquei completamente exposta…
M.L:
Recentemente, as telenovelas “Remédio Santo” da TVI e “Rosa Fogo” da SIC foram
nomeadas para o Emmy Internacional na categoria de Telenovela. Como vê este
reconhecimento internacional?
A.V: Somos ótimos em ficção!
Poucos são os países que produzem ficção com a nossa qualidade. Estou certa de
que, apostando em qualidade, muitos mais Emmys virão!
M.L:
Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na
representação?
A.V: "Estudem,
estudem, estudem! Armem-se de todas as ferramentas, enquanto atores e enquanto
pessoas que são e preparem-se para uma longa jornada…"
M.L:
Que balanço faz do percurso que tem feito até agora como atriz?
A.V: Tive uma boa ascensão como
atriz. Comecei do nada e os positivos feedbacks
fizeram-me alcançar variados projetos, em variadas produtoras. 2011 foi o meu
"ano de ouro". Entretanto, no final desse mesmo ano fiquei grávida e
desde aí até agora estive, inevitavelmente, afastada dos palcos e dos ecrãs.
Assim que me foi possível voltei a procurar formação, recuperei a minha forma
física e já comecei 2013 a trabalhar: estou, durante este mês de Janeiro, em
cena com "Bolas de Neve" no Teatro Rápido. Um espetáculo encenado por
Bernardo (Gomes) de Almeida que conta também com o ator Ricardo de Sá. Estou
com um bom feeling e acredito que
este novo ano me trará muito trabalho!!!
M.L:
Quais são os seus próximos projetos?
A.V: Por enquanto, estou
concentrada em "Bolas de Neve". Quando terminar estes espetáculos,
verei o que me espera…
M.L:
Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
A.V: Cinema.
M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
A.V: Gostava que as salas de teatro estivessem cheias, que
as sessões para cinema nacional esgotassem e que os projetos em Televisão
abundassem para que, tanto eu, como os meus colegas atores, conseguíssemos ter
uma vida mais estável e prazerosa e para que não faltasse nada aos nossos
filhos.MLM.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
Fotografia: Maria Vasconcelos
Styling: Ana Fontinha
Make-up e Hairstyling: Danila Hatzakis
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