M.L: Como é que surgiu o interesse pela representação?
H.I: Surgiu aos 17 anos,
quando matriculei-me na Escola de Teatro e Dança da Universidade (Federal) da
Bahia.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
H.I: As minhas influências
vêm do método de Stanislavski e Bertolt Brecht.
M.L: Durante o seu percurso como atriz fez teatro e
cinema, mas pouca televisão. Gostava de ter trabalhado mais neste género?
H.I: Teatro e cinema
absorveram a minha vida e a televisão ficou por fora. Não tive grande interesse
por este género. Atualmente, fui convidada para dirigir uma mini-série
adaptada do filme “Luz nas Trevas-A Volta do Bandido da Luz Vermelha” (2010).
M.L: Qual foi o trabalho num destes géneros que a
marcou, durante o seu percurso como atriz?
H.I: “O Bandido da Luz
Vermelha” (1968), “A Mulher de Todos” (1969) -ambos de Rogério Sganzerla- foram um marco na
minha vida e no cinema nacional. Recentemente fiz no teatro
“Os Sete Afluentes do Rio Ota” de Robert Lepage, que ficou 3 anos
em cartaz e co-dirigi Djin Sganzerla em “O Belo Indiferente” de Jean
Cocteau, também fiz “Vestido de Noiva” de Nelson Rodrigues
interpretando o papel de Madame Clessi.
M.L: Além da representação também tem experiência como
realizadora. Qual destas funções em que se sente melhor?
H.I: Sinto-me bem situada
em ambas realizações artísticas.
M.L: Qual foi o momento que mais a marcou, durante o
seu percurso como atriz?
H.I: O meu trabalho com
Rogério Sganzerla e também a Belair, produtora fundada por Rogério
Sganzerla, Júlio Bressane e por mim mesma que produziu 7 filmes seminais
para o cinema brasileiro.
M.L: Como vê atualmente o teatro e o audiovisual
(Cinema e Televisão) no Brasil?
H.I: Estamos num momento
de renovação e pesquisa e de uma maneira interessante e criativa
que remete ao final dos anos 60, momento mágico do cinema
brasileiro e das artes em geral, engajados na luta pela liberdade de
expressão contra a ditadura militar.
M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
H.I: De momento, a
repercussão da minha carreira é internacional. Mostras e homenagens nos
festivais internacionais como: em 2006 no 20º Festival (International) de
Films de Fribourg, Suíça com a Mostra “La Femme du Bandit”, no 22° Torino Film
Festival-Itália, 8º Festival I Mille Occhi, Trieste-Itália, no
28º Filmfest München, na Alemanha em 2010, no 12º BAFICI em Buenos
Aires. A estreia da minha longa-metragem “Luz nas Trevas-A Volta do Bandido da
Luz Vermelha” foi no 63º Locarno Film Festival em 2010 junto com a exibição de “O
Bandido da Luz Vermelha” e recentemente, em Dezembro de 2012, uma homenagem na
Índia no 17th International Film Festival of Kerala.
M.L: Foi casada com o realizador Rogério Sganzerla até
ao seu falecimento em 2004 e é mãe da atriz Djin Sganzerla. Como vê o percurso
que o seu marido fez até falecer e o percurso que a sua filha tem feito até
agora?
H.I: O percurso
cinematográfico de Rogério Sganzerla é brilhante e a sua luz original começa a ser
vista no mundo inteiro. Djin Sganzerla (a minha filha) é uma atriz premiada no
Brasil e em Portugal e a sua carreira tem sido esculpida por momentos
significantes no teatro e no cinema.
M.L: Qual foi a pessoa que a marcou, durante o seu
percurso como atriz?
H.I: Os realizadores com quem
trabalhei como Rogério Sganzerla, Júlio Bressane e Joaquim Pedro de Andrade e o
encenador José Celso Martinez (Corrêa).
M.L: Como vê o futuro do Cinema em geral nos próximos
anos?
H.I: Com duas vertentes, o
cinema livre e poético e um percurso comercial a que tende o cinema brasileiro.
Acredito no cinema autoral que mantenha o contato com o público.
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na representação?
H.I: Prepare-se. De todas
as maneiras, com informações técnicas e informação poética, que desde (Georges)
Méliès existe nesta arte.
M.L: Que balanço faz da sua carreira?
H.I: Original, prazerosa e
que me dê grande energia para me manter nela.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
H.I: “Ralé”, uma adaptação
livre de “Ralé” de (Máximo) Gorki, com o pensamento do antropólogo brasileiro
Eduardo Viveiros de Castro.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
H.I: Ao mesmo tempo TUDO e
NADA.ML
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