quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Mário Lisboa entrevista... Filomena Crespo

Olá. A próxima entrevista é com a locutora Filomena Crespo. Com um percurso profissional dedicado à rádio, desde muito cedo que se interessou por esse meio tendo iniciado a sua carreira como locutora na Rádio Comercial ao vencer o concurso "Uma Voz para a Rádio" da qual trabalhou na estação, durante 12 anos, depois trabalhou na Rádio Renascença, durante um ano e atualmente trabalha na Antena 1. Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 15 de Janeiro.

M.L: Como é que surgiu o interesse pela Comunicação Social?
F.C: O meu interesse sempre foi pela rádio, desde pequena. Tive a sorte de conhecer alguns dos grandes profissionais da altura e o fascínio surgiu. Dura até hoje.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto locutora?
F.C: Não sei ao certo, sei que gosto de boas vozes, de bons comunicadores, de simpatia e espontaneidade ao microfone. E nos anos 80, quando eu comecei a trabalhar, era coisa que não faltava.

M.L: Dedicou a sua vida profissional à rádio. Gostava de ter trabalhado em outros meios de comunicação como a televisão?
F.C: Nunca se proporcionou. Cheguei a participar em alguns programas, mas apenas como convidada. A televisão não exerce um grande fascínio em mim, talvez por não ter uma boa relação com a câmara. Prefiro a rádio, é mais intimista, mais imediata, mais… “verdadeira”. Na televisão, só se fosse uma coisa muito especial, mais próximo daquilo que eu faço na rádio. Vou pensar nisso…

M.L: Trabalhou na Rádio Comercial, na Rádio Renascença e atualmente trabalha na RDP. Que balanço faz do tempo em que está na estação?
F.C: 12 anos de Rádio Comercial, 1 ano de Renascença e 15 de Antena 1. Como o tempo passa… o balanço é muito positivo. Faço o que gosto e sou recompensada por isso, todos os dias.

M.L: Como vê atualmente a RDP?
F.C: A RDP já não existe, faz parte da RTP (Rádio e Televisão de Portugal). A Antena 1 é um dos canais rádio do grupo RTP. Está a viver as incertezas próprias do momento em que o país atravessa, mas vai saber ultrapassá-las. Juntos, chegamos lá…

M.L: Qual foi o trabalho que a marcou, durante o seu percurso como locutora?
F.C: Ao longo destes anos já fiz de tudo um pouco (emissões de estúdio, entrevistas, reportagens…), mas o que eu gosto mais de fazer é conversar. Daí que as entrevistas que fiz ao longo dos anos tenham sido o meu momento de glória. Desde a grande Amália (Rodrigues), até jogadores de futebol. Cantores, músicos, atores, gente com projetos solidários muito interessantes, gente anónima que tem muito para contar. Se me derem um microfone e um convidado que goste de falar há conversa garantida para umas boas horas.

M.L: Como vê atualmente a Comunicação Social em Portugal?
F.C: Não gosto de fazer generalizações. Como em todas as áreas há bons e maus profissionais. Preocupa-me, sim, a quantidade de gente que sai das Universidades todos os anos com “sangue na guelra”, com vontade de fazer coisas novas e muito interessantes, mas sem local para trabalhar.

M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
F.C: Não, nunca pensei nisso, mas não tenho espírito de “emigrante”. Não me imagino a viver fora de Portugal.

M.L: Qual foi o momento que mais a marcou, durante o seu percurso como locutora?
F.C: Ai… não sei. Talvez o início de tudo, quando venci o concurso “Uma Voz para a Rádio” da Rádio Comercial. Sem saber estava a começar esta grande aventura. A minha vida profissional decidiu-se nesse momento.

M.L: Como vê atualmente Portugal e o Mundo?
F.C: Com alguma apreensão. Não sei se os meus filhos vão ter a “sorte” que eu tive de conseguir tirar um curso, arranjar emprego, de fazerem o que gostam e serem remunerados por isso. Não me agrada a ideia de vê-los partir para concretizarem os seus sonhos. Gostava que o meu país fosse um país de oportunidades e que conseguisse sobreviver a esta agitação económica e social que nos tem atormentado. O mundo continua longe de ser um local seguro.

M.L: Qual foi a situação mais embaraçante que a marcou até agora, durante o seu percurso como locutora?
F.C: Ui… várias. Desde esquecer-me de desligar o microfone até às famosas “brancas”, aconteceu de tudo.

M.L: Gostava de experimentar outras áreas como por exemplo a escrita?
F.C: Não acho que tenha jeito para isso. A escrita para mim resume-se ao que vou escrevendo no diário e à lista do supermercado…

M.L: Como vê o futuro da Comunicação Social em geral nos próximos anos?
F.C: Com apreensão. Vamos ter que nos adaptar às novas tendências globais. O digital vai ganhar cada vez mais terreno, mas tenho esperança de que a rádio se saiba adaptar e continue a ser um meio privilegiado de comunicação.

M.L: Qual foi a pessoa que a marcou, durante o seu percurso como locutora?
F.C: Não consigo escolher uma, foram muitas. Todas as pessoas que me ensinaram o (pouco) que sei.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na Comunicação Social?
F.C: Força! É um mundo maravilhoso, mas é preciso estar preparado, nem tudo são rosas.

M.L: Que balanço faz da sua carreira?
F.C: É um balanço muito positivo. Poderia ter sido de outra forma, mas a vida trouxe-me até aqui e não me posso queixar. Nunca fiz grandes planos, as coisas sempre foram acontecendo e eu sempre fui aproveitando as oportunidades que foram surgindo.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
F.C: É coisa que eu não faço. Planos, projetos… A vida já me ensinou que devo viver um dia de cada vez e é isso que eu faço. No trabalho e na vida pessoal.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
F.C: Não sei, nunca pensei nisso, não sou muito ambiciosa. Talvez uma grande viagem à volta do mundo…

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
F.C: Nada. Estou bem assim, mas se me aumentassem o ordenado dava-me um jeitão…ML

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