M.L: Como é que surgiu o interesse pela Comunicação Social?
F.C: O meu
interesse sempre foi pela rádio, desde pequena. Tive a sorte de conhecer alguns
dos grandes profissionais da altura e o fascínio surgiu. Dura até hoje.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto locutora?
F.C: Não sei ao
certo, sei que gosto de boas vozes, de bons comunicadores, de simpatia e
espontaneidade ao microfone. E nos anos 80, quando eu comecei a trabalhar, era
coisa que não faltava.
M.L: Dedicou a sua vida profissional à rádio. Gostava
de ter trabalhado em outros meios de comunicação como a televisão?
F.C: Nunca se
proporcionou. Cheguei a participar em alguns programas, mas apenas como
convidada. A televisão não exerce um grande fascínio em mim, talvez por não ter
uma boa relação com a câmara. Prefiro a rádio, é mais intimista, mais imediata,
mais… “verdadeira”. Na televisão, só se fosse uma coisa muito especial, mais
próximo daquilo que eu faço na rádio. Vou pensar nisso…
M.L: Trabalhou na Rádio Comercial, na Rádio Renascença
e atualmente trabalha na RDP. Que balanço faz do tempo em que está na estação?
F.C: 12 anos de
Rádio Comercial, 1 ano de Renascença e 15 de Antena 1. Como o tempo passa… o
balanço é muito positivo. Faço o que gosto e sou recompensada por isso, todos
os dias.
M.L: Como vê atualmente a RDP?
F.C: A RDP já não
existe, faz parte da RTP (Rádio e Televisão de Portugal). A Antena 1 é um dos
canais rádio do grupo RTP. Está a viver as incertezas próprias do momento em que
o país atravessa, mas vai saber ultrapassá-las. Juntos, chegamos lá…
M.L: Qual foi o trabalho que a marcou, durante o seu
percurso como locutora?
F.C: Ao longo
destes anos já fiz de tudo um pouco (emissões de estúdio, entrevistas,
reportagens…), mas o que eu gosto mais de fazer é conversar. Daí que as
entrevistas que fiz ao longo dos anos tenham sido o meu momento de glória. Desde
a grande Amália (Rodrigues), até jogadores de futebol. Cantores, músicos,
atores, gente com projetos solidários muito interessantes, gente anónima que
tem muito para contar. Se me derem um microfone e um convidado que goste de
falar há conversa garantida para umas boas horas.
M.L: Como vê atualmente a Comunicação Social em
Portugal?
F.C: Não gosto de
fazer generalizações. Como em todas as áreas há bons e maus profissionais.
Preocupa-me, sim, a quantidade de gente que sai das Universidades todos os anos
com “sangue na guelra”, com vontade de fazer coisas novas e muito interessantes,
mas sem local para trabalhar.
M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
F.C: Não, nunca
pensei nisso, mas não tenho espírito de “emigrante”. Não me imagino a viver
fora de Portugal.
M.L: Qual foi o momento que mais a marcou, durante o
seu percurso como locutora?
F.C: Ai… não sei.
Talvez o início de tudo, quando venci o concurso “Uma Voz para a Rádio” da
Rádio Comercial. Sem saber estava a começar esta grande aventura. A minha vida
profissional decidiu-se nesse momento.
M.L: Como vê atualmente Portugal e o Mundo?
F.C: Com alguma
apreensão. Não sei se os meus filhos vão ter a “sorte” que eu tive de conseguir
tirar um curso, arranjar emprego, de fazerem o que gostam e serem remunerados por
isso. Não me agrada a ideia de vê-los partir para concretizarem os seus sonhos.
Gostava que o meu país fosse um país de oportunidades e que conseguisse
sobreviver a esta agitação económica e social que nos tem atormentado. O mundo
continua longe de ser um local seguro.
M.L: Qual foi a situação mais embaraçante que a marcou
até agora, durante o seu percurso como locutora?
F.C: Ui… várias.
Desde esquecer-me de desligar o microfone até às famosas “brancas”, aconteceu
de tudo.
M.L: Gostava de experimentar outras áreas como por
exemplo a escrita?
F.C: Não acho que
tenha jeito para isso. A escrita para mim resume-se ao que vou escrevendo no
diário e à lista do supermercado…
M.L: Como vê o futuro da Comunicação Social em geral
nos próximos anos?
F.C: Com
apreensão. Vamos ter que nos adaptar às novas tendências globais. O digital vai
ganhar cada vez mais terreno, mas tenho esperança de que a rádio se saiba
adaptar e continue a ser um meio privilegiado de comunicação.
M.L: Qual foi a pessoa que a marcou, durante o seu
percurso como locutora?
F.C: Não consigo
escolher uma, foram muitas. Todas as pessoas que me ensinaram o (pouco) que
sei.
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na Comunicação Social?
F.C: Força! É um
mundo maravilhoso, mas é preciso estar preparado, nem tudo são rosas.
M.L: Que balanço faz da sua carreira?
F.C: É um balanço
muito positivo. Poderia ter sido de outra forma, mas a vida trouxe-me até aqui
e não me posso queixar. Nunca fiz grandes planos, as coisas sempre foram
acontecendo e eu sempre fui aproveitando as oportunidades que foram surgindo.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
F.C: É coisa que
eu não faço. Planos, projetos… A vida já me ensinou que devo viver um dia de cada
vez e é isso que eu faço. No trabalho e na vida pessoal.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
F.C: Não sei,
nunca pensei nisso, não sou muito ambiciosa. Talvez uma grande viagem à volta
do mundo…
M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da
sua vida?
F.C: Nada. Estou bem assim, mas se me aumentassem o
ordenado dava-me um jeitão…ML
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