domingo, 13 de janeiro de 2013

Mário Lisboa entrevista... Luís Vicente

Olá. A próxima entrevista é com o ator Luís Vicente. Interessou-se pela representação, quando andava na escola primária tendo iniciado a sua carreira como ator aos 13 anos e desde aí tem desenvolvido um interessantíssimo percurso que passa pelo teatro, pelo cinema e pela televisão (onde entrou em produções como "Duarte e Companhia" (RTP), "Vidas de Sal" (RTP), "Filhos do Vento" (RTP), "A Grande Aposta" (RTP), "Terra Mãe" (RTP), "O Olhar da Serpente" (SIC), "Morangos com Açúcar" (TVI), "Vingança" (SIC), "Resistirei" (SIC), "Casos da Vida" (TVI), "Lua Vermelha" (SIC), "Pai à Força" (RTP) e "Rosa Fogo" (SIC) e também é diretor artístico e de produção da ACTA-A Companhia de Teatro do Algarve da qual é um dos fundadores e recentemente participou na telenovela "Doce Tentação" que atualmente está em exibição na TVI e atualmente participa na peça "Timão de Atenas" de William Shakespeare que está em cena no Teatro Municipal de Almada até ao próximo dia 3 de Fevereiro e que foi a última encenação de Joaquim Benite que faleceu no passado dia 5 de Dezembro tendo sido substituído por Rodrigo Francisco. Esta entrevista foi feita no passado dia 23 de Novembro nos Paços da Cultura em S. João da Madeira na altura em que o entrevistado passou pela cidade a propósito da peça "Cavalo Manco Não Trota". 

M.L: Como é que surgiu o interesse pela representação?
L.V: Nem eu sei bem, aconteceu. Eu andava na escola primária, foi o meu professor da escola primária que me pôs a fazer isto e depois foi acontecendo. Nunca elaborei grandemente acerca disso e nem nunca houve assim nenhum ímpeto particular de uma grande paixão, aquelas coisas que às vezes alguns colegas têm e que são muito curiosas, muito interessantes, de estarmos a ver um palco e dizer: “Eu gostava de estar ali.”... Não, comigo nunca se passou, lembro-me de mim a fazer teatro desde os 13 anos e nunca deixei de fazer.

M.L: Quais são as suas grandes influências, enquanto ator?
L.V: Um colega com quem eu contracenei, durante vários anos e que foi absolutamente decisivo na maneira como eu faço o meu trabalho, que é um colega que já faleceu chamado (Henrique) Canto e Castro.

M.L: Fez teatro, cinema e televisão. Qual destes géneros que lhe dá mais gosto em fazer?
L.V: É claramente o teatro.

M.L: Qual foi o trabalho num destes géneros que o marcou, durante o seu percurso como ator?
L.V: É difícil responder a essa questão, porque são vários trabalhos, mas eu tenho o privilégio de já ter feito textos de dramaturgos importantes, talvez dos mais importantes dramaturgos da História da Humanidade, eu já fiz textos de Sófocles, eu já fiz textos de (William) Shakespeare, já fiz textos de Gil Vicente, já fiz textos de Thomas Bernhard...

M.L: Já fez telenovelas. Este é um género televisivo que gosta muito de fazer?
L.V: Não é uma coisa que me apaixone, mas gosto o suficiente para o fazer.

M.L: Um dos seus trabalhos mais marcantes em televisão foi a telenovela "A Grande Aposta" (RTP), onde interpretou o vilão Maurício. Que recordações guarda desse trabalho?
L.V: Guardo boas recordações de ter passado alguns momentos agradáveis em Macau com amigos meus, com o Luís Esparteiro, com a Sandra Cóias, com o Nicolau Breyner (o produtor de “A Grande Aposta”). Passei bons momentos lá nessa altura.

M.L: Como vê atualmente o teatro e a ficção nacional?
L.V: Está tudo a passar por uma grande crise, conforme está pela Europa toda, não é só cá, é na Europa toda.

M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
L.V: Sim, gostava. Tenho algumas experiências de âmbito internacional, mas não posso dizer que tenho uma carreira internacional. A verdade é que nunca me preocupei com isso, isso nunca esteve nos meus horizontes, nunca constituiu assim para mim um grande objetivo. Hoje, nos tempos em que vivemos, neste momento que estamos a viver, eu penso que antes deveria ter preocupado com isso e não preocupei.

M.L: Como lida com o público que acompanha a sua carreira há vários anos?
L.V: Lido bem. São pessoas como eu e eu sou uma pessoa como elas.

M.L: É pai da atriz Sara Vicente com quem trabalhou recentemente na série "Lua Vermelha" que foi exibida na SIC entre 2010 e 2012. Como vê o percurso que a sua filha tem feito até agora?
L.V: A minha filha está no início daquilo que pode ser uma boa carreira. Está apenas no início, ela vai agora estudar para o estrangeiro, pode ter uma grande carreira à frente dela, sim...

M.L: Atualmente é diretor artístico e de produção da ACTA-A Companhia de Teatro do Algarve da qual é um dos fundadores. Que balanço faz do tempo em que está nos dois cargos?
L.V: Só posso fazer um balanço muito positivo...

M.L: Como é que surgiu o convite para ser um dos fundadores da companhia?
L.V: Foi através de um amigo meu que era, na altura, professor na Universidade do Algarve e que me chamou lá para ver se havia condições para criar uma estratura profissional, porque as pessoas com quem ele andava a trabalhar lá num grupo de teatro da Universidade andavam a falar nisso e eu cheguei lá para ver se seria possível e eu concluí que sim, que era possível e avançámos. Foi assim.

M.L: Recentemente, a telenovela da SIC "Rosa Fogo" da qual participou foi nomeada para o Emmy Internacional na categoria de Telenovela. Como vê este reconhecimento internacional?
L.V: Eu vejo de uma maneira que, seguramente, os responsáveis em Portugal não vêem. Não conseguem ver o que está a acontecer em Portugal, estão haver coisas de grande qualidade, está haver um trabalho artístico de grande qualidade em Portugal e não há um olhar sério sobre isso... Por parte dos responsáveis, não há um olhar sério sobre isso, nós temos umas elites muito deficientes, nem sei se nós temos elites, somos um país muito fraco em elites...

M.L: Qual foi a pessoa que o marcou, durante o seu percurso como ator?
L.V: Já lhe referi: o (Henrique) Canto e Castro que foi um grande ator, que nunca foi devidamente apreciado neste país, em qualquer parte do mundo seria um grande ator...

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na representação?
L.V: Não dou conselhos a ninguém...

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
L.V: Nem eu sei, vamos ver... Se o Estado achar que sim faço umas coisas, se o Estado achar que não vou fazer outras, inclusive não está fora de causa ir embora daqui para fora.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
L.V: Gostava de ser jardineiro.ML

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