M.L: Como é que surgiu o interesse pela representação?
L.V: Nem eu sei bem, aconteceu. Eu andava na escola primária, foi o meu
professor da escola primária que me pôs a fazer isto e depois foi acontecendo.
Nunca elaborei grandemente acerca disso e nem nunca houve assim nenhum ímpeto
particular de uma grande paixão, aquelas coisas que às vezes alguns colegas têm
e que são muito curiosas, muito interessantes, de estarmos a ver um palco e
dizer: “Eu gostava de estar ali.”... Não, comigo nunca se passou, lembro-me de
mim a fazer teatro desde os 13 anos e nunca deixei de fazer.
M.L: Quais são as suas grandes
influências, enquanto ator?
L.V: Um colega com quem eu contracenei, durante vários anos e que foi
absolutamente decisivo na maneira como eu faço o meu trabalho, que é um colega que
já faleceu chamado (Henrique) Canto e Castro.
M.L: Fez teatro, cinema e
televisão. Qual destes géneros que lhe dá mais gosto em fazer?
L.V: É claramente o teatro.
M.L: Qual foi o trabalho num
destes géneros que o marcou, durante o seu percurso como ator?
L.V: É difícil responder a essa questão, porque são vários trabalhos,
mas eu tenho o privilégio de já ter feito textos de dramaturgos importantes,
talvez dos mais importantes dramaturgos da História da Humanidade, eu já fiz
textos de Sófocles, eu já fiz textos de (William) Shakespeare, já fiz textos de
Gil Vicente, já fiz textos de Thomas Bernhard...
M.L: Já fez telenovelas. Este
é um género televisivo que gosta muito de fazer?
L.V: Não é uma coisa que me apaixone, mas gosto o suficiente para o
fazer.
M.L: Um dos seus trabalhos
mais marcantes em televisão foi a telenovela "A Grande Aposta" (RTP),
onde interpretou o vilão Maurício. Que recordações guarda desse trabalho?
L.V: Guardo boas recordações de ter passado alguns momentos agradáveis
em Macau com amigos meus, com o Luís Esparteiro, com a Sandra Cóias, com o
Nicolau Breyner (o produtor de “A Grande
Aposta”). Passei bons momentos lá nessa altura.
M.L: Como vê atualmente o teatro e a ficção nacional?
M.L: Como vê atualmente o teatro e a ficção nacional?
L.V: Está tudo a passar por uma grande crise, conforme está pela Europa
toda, não é só cá, é na Europa toda.
M.L: Gostava de ter feito uma
carreira internacional?
L.V: Sim, gostava. Tenho algumas experiências de âmbito internacional,
mas não posso dizer que tenho uma carreira internacional. A verdade é que nunca
me preocupei com isso, isso nunca esteve nos meus horizontes, nunca constituiu
assim para mim um grande objetivo. Hoje, nos tempos em que vivemos, neste
momento que estamos a viver, eu penso que antes deveria ter preocupado com isso
e não preocupei.
M.L: Como lida com o público
que acompanha a sua carreira há vários anos?
L.V: Lido bem. São pessoas como eu e eu sou uma pessoa como elas.
M.L: É pai da atriz Sara
Vicente com quem trabalhou recentemente na série "Lua Vermelha" que
foi exibida na SIC entre 2010 e 2012. Como vê o percurso que a sua filha tem
feito até agora?
L.V: A minha filha está no início daquilo que pode ser uma boa carreira.
Está apenas no início, ela vai agora estudar para o estrangeiro, pode ter uma
grande carreira à frente dela, sim...
M.L: Atualmente é diretor
artístico e de produção da ACTA-A Companhia de Teatro do Algarve da qual é um
dos fundadores. Que balanço faz do tempo em que está nos dois cargos?
L.V: Só posso fazer um balanço muito positivo...
M.L: Como é que surgiu o convite
para ser um dos fundadores da companhia?
L.V: Foi através de um amigo meu que era, na altura, professor na
Universidade do Algarve e que me chamou lá para ver se havia condições para
criar uma estratura profissional, porque as pessoas com quem ele andava a
trabalhar lá num grupo de teatro da Universidade andavam a falar nisso e eu cheguei
lá para ver se seria possível e eu concluí que sim, que era possível e avançámos.
Foi assim.
M.L: Recentemente, a
telenovela da SIC "Rosa Fogo" da qual participou foi nomeada para o
Emmy Internacional na categoria de Telenovela. Como vê este reconhecimento
internacional?
L.V: Eu vejo de uma maneira que, seguramente, os responsáveis em
Portugal não vêem. Não conseguem ver o que está a acontecer em Portugal, estão
haver coisas de grande qualidade, está haver um trabalho artístico de grande
qualidade em Portugal e não há um olhar sério sobre isso... Por parte dos
responsáveis, não há um olhar sério sobre isso, nós temos umas elites muito
deficientes, nem sei se nós temos elites, somos um país muito fraco em
elites...
M.L: Qual foi a pessoa que o
marcou, durante o seu percurso como ator?
L.V: Já lhe referi: o (Henrique) Canto e Castro que foi um grande ator,
que nunca foi devidamente apreciado neste país, em qualquer parte do mundo
seria um grande ator...
M.L: Qual o conselho que daria
a alguém que queira ingressar numa carreira na representação?
L.V: Não dou conselhos a ninguém...
M.L: Quais são os seus
próximos projetos?
L.V: Nem eu sei, vamos ver... Se o Estado achar que sim faço umas
coisas, se o Estado achar que não vou fazer outras, inclusive não está fora de
causa ir embora daqui para fora.
M.L: Qual é a coisa que
gostava de fazer e não tenha feito ainda?
L.V: Gostava de ser jardineiro.ML
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