M.L: Como é que surgiu o interesse pela representação?
R.M: Desde que me
lembro de mim, por volta dos 4/5 anos, que adorava ouvir e reproduzir
histórias, quando aprendi a ler e escrever, ganhei um gosto particular por
contar histórias e improvisar… Daqui e até aos 16 anos (altura em que fui
estudar Teatro) foi um ápice… o interesse surgiu realmente através da leitura,
ouvir e reproduzir histórias em criança.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
R.M: A verdade é que
não tenho influências… sou influência de mim própria.
M.L: Durante o seu percurso como atriz fez teatro e
televisão, mas pouco cinema. Gostava de trabalhar mais neste género?
R.M: Nos últimos 20 anos, e desde
que me estreei a minha vertente profissional por opção, tem vindo a ser
maioritariamente o Teatro e toda a sua envolvente. Gosto muito de fazer
televisão sempre que posso e me identifique com o projeto, em relação ao
cinema, nunca foi uma opção conquistar o mercado por falta de oportunidades
apenas. Depois da minha participação no filme/série “Florbela” (2012) de
Vicente Alves do Ó, tenho já agendado um novo projeto de cinema para este ano,
que poderei falar nele a partir de Abril.
M.L: Qual foi o trabalho num destes géneros que a
marcou, durante o seu percurso como atriz?
R.M: Todos os
trabalhos me marcam, e isto não é cliché, de uma forma geral uns mais do que
outros, mas todos os trabalhos me marcaram, até os que não quero voltar a
repetir, ou os que deixam saudades, pelo texto, pela equipa, pelo público, etc.etc.
De todos eles, sem exceção levo sempre alguma coisa, pois dei sempre muito de
mim.
M.L: Já fez telenovelas. Este é um género televisivo
que mais gosta de fazer?
R.M: Como referi acima, gosto de
fazer televisão, sim. Seja Ficção, Apresentação, Locução, etc. Gosto
particularmente de estar motivada no trabalho e identificar-me com o projeto. É
uma área, onde me sinto à vontade e ainda tenho muito para explorar,
particularmente o registo cómico, o qual já explorei bastante em Teatro. Mais
surpresas virão por aí.
M.L: Como lida com a carga horária, quando grava uma
telenovela?
Lido bastante bem, é a antítese da carga horária do
Teatro e o biorritmo modifica, faz-me bem modificar horários de vez em quando,
e gosto particularmente de acordar cedo, durante alguns períodos.
M.L: Entre 2005 e 2006 participou na telenovela
“Dei-te Quase Tudo” (TVI), onde interpretou a personagem Paula Valentim. Que
recordações guarda desse trabalho?
R.M: Guardo tudo de bom. Foi 80% da
minha mudança do Porto para Lisboa. Foi a minha primeira novela de longa
duração, foram 8 meses, onde a minha personagem foi crescendo sempre até ao
final. Fiquei muito feliz, porque a evolução da “Paula” deveu-se à minha
prestação e empenho, ter autores a escreverem cada vez mais, para a nossa
personagem, é um luxo. Relembro a equipa com saudades, embora me vá cruzando
com alguns deles de vez em quando noutros trabalhos, alguns ficaram amigos
desde então. Relembro os planos, as luzes, os desenhos de cenas, cenários, etc.
etc. Guardo todas e as melhores recordações.
M.L: Qual foi o momento que mais a marcou, durante o
seu percurso como atriz?
R.M: Sempre que
inicio e termino um projeto… é o momento que mais me marca, como se fosse
único… o contraste entre o entusiasmo do início e a nostalgia do final são os
momentos que me marcaram sempre no meu percurso.
M.L: Como vê atualmente o teatro e a ficção nacional?
R.M: Neste momento e neste dia (início
de Janeiro), não vejo nada… O Teatro está em standby até saírem os resultados do concurso, serão apenas 30
companhias a terem apoio, até lá está tudo parado… ou à espera da morte certa
ou à espera da certeza… Existirá uma grande e infeliz reviravolta no Teatro em
Portugal, quando saírem os resultados dos apoios… Estou envolvida num pontual e
também eu, aguardo até ao final do mês, o resultado… até lá não vejo nada… mesmo.
A ficção terá de continuar a ser produzida entre as duas maiores produtoras
nacionais, a SP (Televisão) e Plural, talvez com mais cortes, mas terá de
continuar, porque produz receitas, é um mercado que vai continuar a ser
explorado, embora esteja também um pouco parado, mas por pouco tempo,
considero.
M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
R.M: Quando tinha 19 anos e a meio dos meus estudos Teatrais, fiz um estágio em
Inglaterra que me permitiu perceber, se gostaria de evoluir a nível
Internacional, não tomei essa opção e considero que hoje aos 37 anos, tenho
outras prioridades. Talvez no próximo ano esteja no Brasil com uma peça que
ando a adiar… vamos ver.
M.L: Vive em Lisboa, mas nasceu no Porto. Já alguma
vez se arrependeu de ter decidido ir viver para Lisboa?
R.M: Eu não vivo em Lisboa… Tenho
casa no Porto e em Lisboa, como tenho no Algarve ou em Évora, onde tenho
familiares… A minha residência depende um pouco do local de trabalho, estou
mais instalada no Porto nos últimos dois anos, porque os projetos têm passado
por lá, mas os próximos já descerão até Lisboa, voltando sempre ao Porto que é
onde tenho a minha vida pessoal construída.
M.L: Recentemente participou na peça “Casas Pardas” de
Maria Velho da Costa, com adaptação e dramaturgia de Luísa Costa Gomes e
encenação de Nuno Carinhas da qual esteve em cena no Teatro Nacional S. João no
Porto. Como correu este trabalho?
R.M: É um trabalho que está a correr
lindamente, ainda não terminou, porque vamos dentro de uma semana para o Teatro
(Municipal) S. Luiz em Lisboa. Foi um processo longo e muito interessante,
aprendi muito e aprender para mim, é o meu maior luxo…
M.L: Como é que surgiu o convite para participar nesta
peça?
R.M: Fiz audição
para o penúltimo espetáculo do Teatro Nacional (S. João) “Alma”, correu muito
bem, não fiquei, porque realmente não tinha perfil para o papel, mas
convidaram-me poucos meses depois para o espetáculo “Casas Pardas”, o que
reflete que a sensação que tive na audição estava certa, tinha corrido bem, e
senti que talvez me chamassem para uma outra oportunidade, assim foi.
M.L: Como foi trabalhar com Nuno Carinhas?
R.M: Quando se trabalha com um
encenador, pela primeira vez, os primeiros dias são de reserva e observação. Com
o tempo fui entendendo o encenador e juntamente com ele e com a equipa chegámos
ao resultado final, que é excelente. Foi um processo muito interessante e de
descoberta, o Nuno Carinhas é um encenador muito generoso, inteligente e
sensível aos atores. É um ser humano muito interessante e honesto, gosta de
atores, e eu gosto de encenadores que gostam de atores.
M.L: Como foi a reação do público a esta peça, durante
a sua exibição?
R.M: Foi muito boa.
O Público aceitou muito bem o texto, compreendeu-o e aplaudiu a generosidade
que cada Ator emprestou às personagens. O Feedback
foi muito positivo, o que me deixa feliz.
M.L: Recentemente, a telenovela da SIC “Rosa Fogo” da
qual participou foi nomeada para o Emmy Internacional na categoria de
Telenovela. Como vê este reconhecimento internacional?
R.M: Não o vejo por
mim, vejo pela equipa e pela evolução da ficção em Portugal, estamos todos de
parabéns, embora a minha participação tenha sido curta, fico feliz pela
evolução e sou a favor de mais e mais.
M.L: Qual foi a pessoa que a marcou, durante o seu
percurso como atriz?
R.M: Não tenho ninguém em
particular, talvez algumas pessoas especiais que rodeiam a minha vida e que me
deram força para resistir em alturas menos boas, que me ajudaram a caminhar em
frente e não para trás. Os
amigos que me acompanham há 20 anos sabem que isto é verdade. Apenas isso.
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na representação?
R.M: Aquilo que digo
sempre: estudem. Muito! Sejam persistentes perante as adversidades, quando se
quer muito, se trabalha muito e se tem talento é meio caminho para o sucesso.
M.L: Que balanço faz da sua carreira?
R.M: Positivo. Os melhores
anos ainda estão a chegar.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
R.M: São alguns e diversificados:
Catálogo Primavera/Verão da Primadona, já é a segunda campanha que faço, e fico
muito feliz por ser escolhida, vamos fotografar este mês no Porto e após vou
estar no Teatro (Municipal) S. Luiz com “Casas Pardas”, no final de Março um
novo projeto de cinema e para já é só… gosto de pensar a médio prazo.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
R.M: Aumentar a
família, estrear um espetáculo em S. Paulo e ir de férias até à Polinésia e
Austrália.ML
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