M.L: Quando surgiu o interesse pela Música?
B.B: O interesse pela
música surgiu há muitos anos. Começou pela escrita, comecei por escrever
diários sobre tudo o que me acontecia, mesmo as coisas mais pequeninas do dia
(ainda hoje, faço isso). E por volta dos 14, 15 anos, comecei a pegar em textos
dos meus diários e a escrever letras. Para músicas ou não, não sabia, mas, às
vezes, surgia-me uma melodia, às vezes, só uma letra, e comecei a escrever
assim. E não sabia bem, qual seria o seguimento que queria dar a isso, mas
sempre achei que queria fazer alguma coisa em relação a isso. E aos 18 anos,
foi, quando um amigo meu compositor criou uma melodia para uma letra que eu
tinha e decidimos grava-la a seguir… Ele fez-me isso como uma espécie de presente
e decidimos gravar essa música e quando gravamos, o resultado foi bom, toda a
gente gostou (pelo menos, as pessoas que me rodeavam), e, essencialmente, eu gostei.
E decidi: “Vou pegar nestes textos que eu tenho aí e vou partilha-los com o
público”. Foi aí que surgiu mais, mas já vinha há muito tempo.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto cantora?
B.B: Enquanto cantora, eu
acho que são todas e não é nenhuma. Porque, e mesmo neste álbum vê-se muito,
não há um estilo. As músicas nascem normalmente, de guitarra e voz ou piano e
voz. Quando vamos para o estúdio, começa-se a preencher com outros instrumentos,
e a música vai pedindo ou vai surgindo naturalmente, e o resultado final vai
surgindo muito naturalmente. Neste álbum, temos músicas de reggae, de soul, de blues, de country. Temos um bocado de tudo, porque as minhas influências são
muito vastas. Eu gosto de tanta coisa, gosto, essencialmente, de letras, ligo
muito às letras de todas as músicas que ouço, e gosto de música no geral. Não
tenho um estilo.
M.L: Recentemente, lançou o seu primeiro álbum
intitulado “A Vida Não Vê”. Como é que surgiu a ideia de criar este álbum?
B.B: Há já algum tempo que
eu andava a pensar em lançar um álbum. Um dia, lançaram-me o desafio de tentar
escrever em português (uma coisa que nunca tinha feito) e, realmente, foi uma
coisa que nunca me tinha passado pela cabeça. Comecei a escrever, e escrevi uma
música, e foi tão bom, e tão mais fácil do que aquilo que eu achava que fosse,
porque ao começar a escrever em português, eu apercebi-me que tinha milhões de
coisas para dizer, porque já tinha dito muita coisa em inglês, já tinha escrito
muitas músicas, e tinha, às vezes, a sensação de começar a repetir-me um
bocadinho até nos temas ou naquilo que me saía. Em português, não acontece isso,
porque nunca tinha escrito nada. Foi, exatamente, assim que surgiu.
M.L: Vive entre Portugal e França. Como vê, hoje em
dia, os dois países, em termos artísticos?
B.B: Em termos artísticos,
eu acho que já não há fronteiras. Agora, eu vivo mais em Portugal do que em
França, mas, apesar disso, eu conheço, perfeitamente, o que se faz lá, contínuo
a estar muito ligada ao que se faz lá, porque ouço muito… Eu acho que, hoje em
dia, não há fronteiras, porque está tudo na Internet, para toda a gente. Se,
antigamente, um artista, na Europa, era muito mais complicado conseguir buscar,
por exemplo, aos EUA ou à América Latina, hoje em dia, não há essas barreiras,
porque com a Internet está tudo interligado…
M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
B.B: Eu acho que sim. Não
era bem uma carreira internacional, o que eu gostava é de conseguir chegar ao
maior número de pessoas possível, porque é isso que me motiva…
M.L: É irmã do piloto Tiago Monteiro. Como vê o
percurso que o seu irmão tem feito até agora?
B.B: Com muito orgulho. Nunca
esperei menos dele, no sentido em que sempre acreditei muito nele e no que ele
faz e no talento dele (não é preciso só talento, também é preciso muita sorte).
Sempre muito atenta e com muito orgulho nele.
M.L: Quais são os cantores, em Portugal, com quem
gostava de trabalhar no futuro?
B.B: No que diz respeito
ao Fado, tenho estado a ouvir imenso a Cuca Roseta. Acho-lhe muita piada, um
bocado diferente, uma louvada de ar fresco no Fado. Gosto muito da Márcia, acho
muito interessante o estilo de voz que ela tem, aquela envolvente toda. Também
gosto da Luísa Sobral, do Tiago Bettencourt, do Rodrigo Leão… Eu acho que,
agora, há muitos projetos muito bons em Portugal…
M.L: Gostava de experimentar outras áreas como, por
exemplo, a representação?
B.B: Já experimentei a
representação. Tirei um curso de representação em Paris e é uma coisa que eu
gosto imenso. Mas eu sinto-me muito mais à vontade na área da Música, é onde eu
me sinto em casa. Gostei muito de seguir o caminho da representação, durante
uns tempos, como complemento à Música, para aprender a estar em palco, a estar
em frente a um público, a lidar melhor com os nervos… Mas a representação não
está nos meus planos, é uma coisa que eu gosto muito, acho muito interessante, aprendi
muito sobre mim, mas quero ficar pela Música.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
B.B: Agora temos várias
datas agendadas, portanto é pôr a banda no sítio, a suar como eu quero, para
começarmos, agora, esta digressão. E é tentar fazer chegar o meu trabalho ao
maior número de pessoas e apresentá-lo, onde puder, e continuar sempre. Estou
sempre a compor, sempre a fazer músicas novas, e é pôr tudo a andar, sempre a
trabalhar, quanto mais.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
B.B: Já fiz muita coisa, mas acho que há sempre coisas
que ficam por fazer. Por exemplo, vou casar em Novembro, eu nunca casei… Mas,
de resto, há muita coisa para fazer. Quero compor músicas novas, gostava de
tocar em sítios novos, salas míticas que eu tenha em mente… Ainda está muito no
início…ML
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