M.L: Quando surgiu a ideia de criar o blogue “Marisa’s
Beautiful World”?
M.G.F: Em 2012, decidi
frequentar o mestrado em Desenvolvimento, Diversidades Locais e Desafios
Mundiais no ISCTE. As aulas eram tão interessantes que quando chegava a casa
tinha de partilhar o que aprendia. No meio dessa partilha, foi-me sugerido que
partilhasse o que pensava num blogue. E já que era para ser baseado no que eu
pensava, no meu Mundo, então decidi que fosse bonito. Daí surgiu o “Marisa’s Beautiful
World”.
M.L: “Marisa’s Beautiful World” fala sobre questões
relacionadas com o Mundo atual. Em tempos sombrios, como vê o futuro do Mundo
nos próximos anos?
M.G.F: Com um profundo
otimismo. Creio que estamos a acordar como sociedade e a perceber as redes em
que estamos entranhados. É da consciência coletiva das situações que surgem novas
ideias, novas conquistas. E seguindo o repto do Papa Francisco, está na hora de
nos revolucionarmos.
M.L: Como tem sido a reação do público ao seu blogue
até agora?
M.G.F: Tem sido positiva.
Acredito que muitas pessoas não concordam comigo em muitos assuntos, mas também
não têm qualquer problema em me dizerem os seus pensamentos. O que é bom,
porque é do debate que surge a democracia. Quando nos autocensuramos para
agradar alguém, perdemos mais um bocadinho da nossa liberdade.
M.L: Que balanço faz do percurso que o “Marisa’s
Beautiful World” tem feito, desde a sua criação até agora?
M.G.F: Faço um balanço
muito positivo. O blogue tem alcançado diferentes públicos e isso é o mais
importante. E creio que contribui também para a discussão do que é a democracia
e para a discussão de qual é a melhor mala que devemos comprar.
M.L: Além de ser blogger,
também é historiadora. Quando surgiu o interesse por essa área específica?
M.G.F: Desde muito cedo. Nunca
imaginei tirar qualquer curso universitário que não fosse História. Gosto de
pessoas, mas nós só percebemos, porque é que pensamos ou agimos desta maneira
se percebermos de onde vimos, e que acontecimentos ocorreram no passado para
que a nossa vida seja desta forma e não de outra. A História, enquanto
disciplina, é um relato quase fiel do que o Ser Humano é capaz, tanto na sua
hora de esplendor, como nas suas horas mais sombrias.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto
historiadora?
M.G.F: Sempre gostei muito
dos trabalhos do Prof. Manuel Mascarenhas sobre aldeias abandonadas e, neste
momento, é com este professor que colaboro. Recomendo a quem possa que adquira
também a enciclopédia “História de Portugal” coordenada pelo Prof. José
Mattoso. Dito isto, a melhor forma de se entender a História, é ler romances.
Para se perceber a Guerra Civil espanhola, basta ler (Ernest) Hemingway. Para
compreender melhor a nossa História, recomendo que se leia, por exemplo, Eça de
Queiroz e José Saramago. Porque um romance tira-nos o peso da responsabilidade
e deixamo-nos envolver pela história que nos é contada. Não há melhor do que a
sensação de se aprender sem fazermos qualquer esforço…
M.L: Sendo historiadora, na sua opinião, acha que as
gerações mais novas interessam-se, hoje em dia, pelos acontecimentos históricos
ocorridos no passado?
M.G.F: Sim, muito. E
espero que as novas gerações façam uma revolução na disciplina da História que
continua muito pesada e académica. As novas tecnologias têm contribuído muito para
“contar” a História de uma maneira mais lúdica e menos pesada. Não basta saber a
data do móvel e o seu estilo, porque o que deve chegar ao público é que aquele
móvel era usado numa época específica por aquelas pessoas. E que aquelas
pessoas pensavam de certa forma e viviam de certa maneira. É nas pessoas que
deve estar a tónica e não em pequenos apontamentos. Os nossos museus precisam
de se reestruturar, mas, lentamente, estão a fazê-lo. Veja-se o caso da exposição
de Joana Vasconcelos no Palácio da Ajuda. Este é o caminho que devemos seguir.
M.L: Recentemente, lançou o livro “Marisa’s Beautiful
World” que junta uma série de textos publicados no seu blogue com o mesmo nome.
Como é que surgiu a ideia de escrever este livro?
M.G.F: Porque me sugeriram
e eu aderi à proposta da Chiado Editora. E o livro é um melhor veículo que o
blogue. Está sempre acessível, podemos levá-lo para todo o lado. E o prazer de
ler um livro é insubstituível.
M.L: Esta experiência despertou-lhe o interesse de
prosseguir uma carreira como escritora?
M.G.F: Ainda não sei…
M.L: Que balanço faz do percurso profissional que tem
feito até agora?
M.G.F: Faço o balanço que
a minha geração também faz. Não nos deixam ser mais, temos de furar barreiras.
Às vezes estamos melhor, mas nunca estamos seguros.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
M.G.F: Mudar o Mundo.
M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da
sua vida?
M.G.F: Se mudar o Mundo, a
minha vida também muda. E continuo a não ter vontade nenhuma de mudar o sofá. O
que eu quero mesmo é mudar o Mundo.ML
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