domingo, 22 de setembro de 2013

Mário Lisboa entrevista... Pedro Horta

Olá. A próxima entrevista é com o realizador Pedro Horta. Desde muito cedo que se interessou pelo cinema, tendo estado a desenvolver uma promissora carreira como realizador. Cinéfilo convicto, admira, especialmente, Stanley Kubrick, Steven Spielberg, James Cameron, Alfred Hitchcock e Ridley Scott, e, atualmente, é realizador e guionista da longa-metragem de terror "O Que os Olhos Não Vêem", da qual é protagonizada por Sofia Reis, Sara Quintela, Lourenço Seruya, Marta Taborda e João Roncha, e tem estreia prevista para 2014. Esta entrevista foi feita, por via email, no passado dia 12 de Setembro.

M.L: Quando surgiu o interesse pelo Cinema?
P.H: Quando vi o “E.T.-O Extra-Terrestre” (1982) no Cinema Mundial em Lisboa com 4 ou 5 anos, fiquei tão impressionado com o filme e com a magia do Cinema que, em criança, pegava na câmara Super 8 do meu pai e simulava que fazia filmes e telejornais. Todo o meu percurso na infância foi feito de idas aos videoclubes para alugar filmes, em casa via-os de trás para a frente para entender como se faziam os planos e as cenas.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto realizador?
P.H: As minhas influências são variadas, mas admiro, especialmente, o (Stanley) Kubrick, o (Steven) Spielberg, o James Cameron, o (Alfred) Hitchcock e o Ridley Scott.

M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou até agora, durante o seu percurso como realizador?
P.H: A minha 2ª curta-metragem feita no 1º ano de Faculdade, chamada "Para Lá da Linha", porque me permitiu explorar diversas técnicas de camerawork, blocking e mise en scéne. Também foi o meu primeiro trabalho como realizador, que me permitiu visionar com prazer como sendo espectador.

M.L: Atualmente, é realizador e guionista da longa-metragem “O Que os Olhos Não Vêem”, da qual é protagonizada por Sofia Reis, Sara Quintela, Lourenço Seruya, Marta Taborda e João Roncha. Como está a correr este trabalho?
P.H: Estão a correr muito bem, melhor do que eu esperava. Obviamente que, sendo um filme independente, tem as dificuldades normais de produção, para que cada dia de rodagem seja alavancada com o propósito que tudo corra bem no set. Também estou contente pelo facto de tudo o que meti em papel, seja o argumento e storyboard, esteja a sair igual na câmara.

M.L: Como é que surgiu a ideia de fazer esta longa-metragem?
P.H: Surgiu a partir de uma ideia que tive para uma curta-metragem extracurricular, sobre uma rapariga que está a ser perseguida por algo ou alguém, dentro da própria casa e sem escapatória possível.

M.L: “O Que os Olhos Não Vêem” é uma longa-metragem de terror. Quais foram as longas-metragens de terror que viu e que o marcaram, até agora, ao longo da sua vida?
P.H: Inúmeras. Principalmente, quando era criança, nos anos 80. O meu pai alugava filmes de terror como a saga "Sexta-Feira 13", "Halloween" (1978) e diversos slashers americanos. Ele esquecia-se de os esconder e eu via-os sozinho em casa. No fundo, sem querer, o meu pai deu-me imensa cultura fílmica para eu absorver.

M.L: Como é trabalhar com o elenco?
P.H: Muito bom. Damo-nos todos muito bem e fazemos a rodagem de uma maneira muito profissional, nunca abdicando de uma boa disposição entre os takes, de forma a suavizar o stress da rodagem.

M.L: Como vê, atualmente, o Cinema, em termos gerais?
P.H: Vivemos numa época de falta de ideias novas, de remakes e de sequelas. Esta década corre o risco de ser apelidada, no futuro, de década dos remakes ou década híbrida, em contraponto com as gerações anteriores, que sempre foram marcadas por um estilo ou género. O uso abusivo do CGI no Cinema, também não é positivo, porque os filmes deixam de ser criados pelo realizador, para passarem a ser filmes executados pelos técnicos de efeitos especiais, portanto deixam de ter a marca do realizador. Acho que, no entanto, o Cinema vai acabar por voltar às bases, com a história e a execução técnica e artística por parte do realizador, como sendo o alicerce principal da construção de um filme. Não se aguenta, por muito mais tempo, orçamentos de 150 milhões de dólares num filme.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
P.H: É um dos meus grandes sonhos. Mas, primeiro, gostava de deixar a minha marca como artista no meu próprio país, de conquistá-lo através dos meus filmes e depois, se for possível, aí sim vou para o estrangeiro e levo a bandeira de Portugal.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na área do Cinema?
P.H: Um dos conselhos que posso dar é que estudem, que se formem em Cinema ou que, pelo menos, tentem, porque embora o Cinema seja uma Arte democrática, não é muito diferente de ser médico ou engenheiro. Exige um know-how gigantesco que não se aprende por si só de câmara nas mãos. Aos que não têm possibilidades financeiras de tirar o curso, leiam livros técnicos de Cinema e vejam muitos filmes de trás para a frente. Estudem os grandes mestres como Kubrick, Orson Welles, Billy Wilder ou Hitchcock, é neles que se pode encontrar uma grande base de inspiração. O Cinema não é pegar numa câmara e faz-se uma obra-prima, há toda uma filosofia, uma técnica e uma estética para serem aprendidas. Nunca desistam, se é mesmo esse o sonho, há que ser obcecado e tentar de novo após o erro.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito até agora como realizador?
P.H: Sustentado, com um passo de cada vez. Julgo ter, até agora, um percurso coeso, tentar sempre evoluir para o próximo patamar.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
P.H: Eu e a atriz Sofia Reis (que tem um dos papéis principais neste filme) estamos a pensar em fazer um drama musical com música Pop ao estilo de "Flashdance" (1983), "Footloose-A Música Está do Teu Lado" (1984) ou "All That Jazz-O Espetáculo Vai Começar" (1979). Mas também penso noutras coisas como alta fantasia e ficção científica de terror.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
P.H: Tanta coisa, tenho muitos sonhos para serem concretizados.

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
P.H: A nível de trabalho, gostaria que surgissem mais apoios financeiros de privados, porque fazer um filme dá muito trabalho, e os apoios seriam excelentes.ML

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