M.L: Quando surgiu o interesse pelo Cinema?
P.H: Quando vi o
“E.T.-O Extra-Terrestre” (1982) no Cinema Mundial em Lisboa com 4 ou 5 anos,
fiquei tão impressionado com o filme e com a magia do Cinema que, em criança,
pegava na câmara Super 8 do meu pai e simulava que fazia filmes e telejornais.
Todo o meu percurso na infância foi feito de idas aos videoclubes para alugar
filmes, em casa via-os de trás para a frente para entender como se faziam os
planos e as cenas.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto
realizador?
P.H: As minhas
influências são variadas, mas admiro, especialmente, o (Stanley) Kubrick, o
(Steven) Spielberg, o James Cameron, o (Alfred) Hitchcock e o Ridley
Scott.
M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou até agora,
durante o seu percurso como realizador?
P.H: A minha 2ª
curta-metragem feita no 1º ano de Faculdade, chamada "Para Lá da Linha",
porque me permitiu explorar diversas técnicas de camerawork, blocking e mise en scéne. Também foi o meu primeiro
trabalho como realizador, que me permitiu visionar com prazer como sendo
espectador.
M.L: Atualmente, é realizador e guionista da
longa-metragem “O Que os Olhos Não Vêem”, da qual é protagonizada por Sofia
Reis, Sara Quintela, Lourenço Seruya, Marta Taborda e João Roncha. Como está a
correr este trabalho?
P.H: Estão a
correr muito bem, melhor do que eu esperava. Obviamente que, sendo um filme
independente, tem as dificuldades normais de produção, para que cada dia de rodagem
seja alavancada com o propósito que tudo corra bem no set. Também estou contente pelo facto de tudo o que meti em papel,
seja o argumento e storyboard, esteja
a sair igual na câmara.
M.L: Como é que surgiu a ideia de fazer esta
longa-metragem?
P.H: Surgiu a
partir de uma ideia que tive para uma curta-metragem extracurricular, sobre uma
rapariga que está a ser perseguida por algo ou alguém, dentro da própria casa e
sem escapatória possível.
M.L: “O Que os Olhos Não Vêem” é uma longa-metragem de
terror. Quais foram as longas-metragens de terror que viu e que o marcaram, até
agora, ao longo da sua vida?
P.H: Inúmeras.
Principalmente, quando era criança, nos anos 80. O meu pai alugava filmes de
terror como a saga "Sexta-Feira 13", "Halloween" (1978) e
diversos slashers americanos. Ele
esquecia-se de os esconder e eu via-os sozinho em casa. No fundo, sem querer, o
meu pai deu-me imensa cultura fílmica para eu absorver.
M.L: Como é trabalhar com o elenco?
P.H: Muito bom. Damo-nos
todos muito bem e fazemos a rodagem de uma maneira muito profissional, nunca
abdicando de uma boa disposição entre os takes,
de forma a suavizar o stress da rodagem.
M.L: Como vê, atualmente, o Cinema, em termos gerais?
P.H: Vivemos numa
época de falta de ideias novas, de remakes
e de sequelas. Esta década corre o risco de ser apelidada, no futuro, de
década dos remakes ou década híbrida,
em contraponto com as gerações anteriores, que sempre foram marcadas por um
estilo ou género. O uso abusivo do CGI no Cinema, também não é positivo, porque
os filmes deixam de ser criados pelo realizador, para passarem a ser filmes
executados pelos técnicos de efeitos especiais, portanto deixam de ter a marca
do realizador. Acho que, no entanto, o Cinema vai acabar por voltar às bases,
com a história e a execução técnica e artística por parte do realizador, como
sendo o alicerce principal da construção de um filme. Não se aguenta, por muito
mais tempo, orçamentos de 150 milhões de dólares num
filme.
M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
P.H: É um dos
meus grandes sonhos. Mas, primeiro, gostava de deixar a minha marca como
artista no meu próprio país, de conquistá-lo através dos meus filmes e
depois, se for possível, aí sim vou para o estrangeiro e levo a bandeira de
Portugal.
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na área do Cinema?
P.H: Um dos
conselhos que posso dar é que estudem, que se formem em Cinema ou que, pelo
menos, tentem, porque embora o Cinema seja uma Arte democrática, não é muito
diferente de ser médico ou engenheiro. Exige um know-how gigantesco que não se aprende por si só de câmara nas mãos.
Aos que não têm possibilidades financeiras de tirar o curso, leiam livros
técnicos de Cinema e vejam muitos filmes de trás para a frente. Estudem os
grandes mestres como Kubrick, Orson Welles, Billy Wilder ou Hitchcock, é neles
que se pode encontrar uma grande base de inspiração. O Cinema não é pegar numa
câmara e faz-se uma obra-prima, há toda uma filosofia, uma técnica e uma
estética para serem aprendidas. Nunca desistam, se é mesmo esse o sonho, há que
ser obcecado e tentar de novo após o erro.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito até
agora como realizador?
P.H: Sustentado,
com um passo de cada vez. Julgo ter, até agora, um percurso coeso, tentar
sempre evoluir para o próximo patamar.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
P.H: Eu e a atriz
Sofia Reis (que tem um dos papéis principais neste filme) estamos a pensar em
fazer um drama musical com música Pop
ao estilo de "Flashdance" (1983), "Footloose-A Música Está do
Teu Lado" (1984) ou "All That Jazz-O Espetáculo Vai Começar"
(1979). Mas também penso noutras coisas como alta fantasia e ficção científica
de terror.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
P.H: Tanta coisa,
tenho muitos sonhos para serem concretizados.
M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da
sua vida?
P.H: A nível
de trabalho, gostaria que surgissem mais apoios financeiros de privados, porque
fazer um filme dá muito trabalho, e os apoios seriam excelentes.ML
Sem comentários:
Enviar um comentário