domingo, 8 de setembro de 2013

Mário Lisboa entrevista... José Mussuaili

Olá. A próxima entrevista é com o jornalista José Mussuaili. Interessou-se, tardiamente, pelo jornalismo, tendo desenvolvido um curioso e interessante percurso como jornalista, da qual passa, essencialmente, pela rádio e pela televisão (é cofundador da TVI, onde trabalhou entre 1993 e 1998), e além do jornalismo, também é produtor, estando, atualmente, a dirigir a produtora Oásis Padrão, da qual é o fundador. Esta entrevista foi feita, por via email, no passado dia 6 de Agosto.

M.L: Quando surgiu o interesse pelo jornalismo?
J.M: O meu interesse pelo jornalismo não foi imediato. Quando apareceram as rádios privadas, eu fui convidado por um irmão mais velho que fazia um programa na Rádio Opção, uma emissora com sede em Alhos Vedros. Era um programa de música moderna portuguesa, sendo ele militar na Força Aérea, foi deslocado para a Base das Lajes e a direção da rádio pediu-me para eu continuar o programa, enquanto o meu irmão estivesse de serviço e a coisa correu tão bem que me ofereceram um outro espaço: realizar um programa de música soul, pois era especialista. Passadas umas semanas, comecei a fazer notícias, estudava à noite, foi o meu primeiro emprego. Com o fecho das rádios para legalização, frequentei um curso no Cenjor. Passei por várias rádios como a Rádio Margem Sul ou a Rádio Corridinho, e antes de ir para a TVI, ingressei na Rádio A Voz de Almada.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto jornalista?
J.M: Tive várias influências. Pessoas que, pelo seu percurso, se tornaram minhas amigas. Falo de Francisco Sena Santos, José Rodrigues dos Santos, Rodrigo Guedes de Carvalho… Na locução, a minha referência é Adelino Gonçalves!

M.L: Durante o seu percurso como jornalista, trabalhou, essencialmente, na rádio e na televisão. Qual destes meios de comunicação que mais gosta de trabalhar?
J.M: São dois amores, mas o meu primeiro amor, em termos profissionais, foi a rádio, por isso regressei à Rádio. Se fizer as duas coisas, melhor!

M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou, durante o seu percurso como jornalista?
J.M: Tenho vários, mas sempre tive uma grande paixão pela causa Timorense e acompanhei as primeiras conversações em Londres e as reuniões da resistência em Portugal. Fui o segundo Jornalista a entrevistar o D. Basílio do Nascimento, quando este venceu o Prémio Nobel da Paz, em 2009 fui a Timor pela TV Record Internacional e fiz a cobertura do 10º aniversário do referendo que deu a liberdade a Timor-Leste.

M.L: É cofundador da TVI, onde trabalhou entre 1993 e 1998. Que recordações guarda do tempo em que trabalhou no canal?
J.M: Maravilhosas, tenho grandes recordações. Foi uma grande escola, pois deu-me a oportunidade para evoluir, profissionalmente, e descobrir a minha verdadeira vocação: jornalista de TV. Aparecer como pivô foi um incidente, pois fui convidado por causa do Miguel Ganhão Pereira, que estava doente, e então como fazia parte da equipa de fim-de semana, avancei e correu bem!

M.L: A TVI celebra, este ano, 20 anos de existência. Como vê o percurso que o canal tem feito, desde a sua fundação até agora?
J.M: É com alegria que vejo que a TVI, nesta altura, é líder de audiências. Mas acho que não foi feita justiça a quem fundou o canal. Deu sangue, suor e lágrimas, alguns de nós fomos injustiçados, mas a vida é assim. Parabéns TVI!!!

M.L: Como vê, atualmente, a Comunicação Social em Portugal?
J.M: Estou de regresso à Rádio, mas vejo com muita preocupação. Vê-se muita manipulação, os jornalistas têm dificuldade em dizer a verdade, as empresas de comunicação estão integradas em grupos económicos e estando o País como está, onde se precisa de publicidade, como do pão para a boca, não se pode denunciar, pois está-se a colocar em perigo a sobrevivência do órgão de Comunicação Social.

M.L: Além do jornalismo, também é produtor, estando, atualmente, a dirigir a produtora Oásis Padrão, da qual é o fundador. Em qual destas funções em que se sente melhor?
J.M: Olha, se soubesse o que sei hoje, não me tinha metido nisto. É que gerir não é fácil e, em tempos de crise, pior, mas vamos aguentar o barco. Um dia isto muda.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira no jornalismo?
J.M: Não se metam nisto, o mercado está saturadíssimo. Existe agora o ciberjornalismo, é uma alternativa, mas, se puderem, evitem vir para a nossa área.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito até agora como jornalista?
J.M: Apesar dos pesares, de ter saído da TVI prematuramente, consegui fazer a minha carreira. Com erros, mas consegui fazer o que queria. Olho para trás e vejo uma carreira de que me posso orgulhar. Podia ter feito melhor, mas faço um balanço positivo.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
J.M: Tenho bastantes, mas, para já, quero resolver algumas questões pendentes, esperar que o País melhore para retomar a produção de programas de TV. Para já, vou apresentar um programa diário em Angola. A seu tempo terão conhecimento.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
J.M: Gostava de apresentar um programa de entretenimento. Vou conseguir satisfazer esse desejo.

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
J.M: Não tenho muito para mudar. Coisas pessoais que a idade já não o permite. Talvez o feitio, teimoso. Profissionalmente, não teria tomado algumas decisões que se mostraram erradas. Vamos em frente.ML

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