M.L: Quando surgiu o interesse pelo jornalismo?
J.M: O
meu interesse pelo jornalismo não foi imediato. Quando apareceram as rádios
privadas, eu fui convidado por um irmão mais velho que fazia um programa na
Rádio Opção, uma emissora com sede em Alhos Vedros. Era um programa de música
moderna portuguesa, sendo ele militar na Força Aérea, foi deslocado para a Base
das Lajes e a direção da rádio pediu-me para eu continuar o programa, enquanto o
meu irmão estivesse de serviço e a coisa correu tão bem que me ofereceram um
outro espaço: realizar um programa de música soul, pois era especialista. Passadas umas semanas, comecei a fazer
notícias, estudava à noite, foi o meu primeiro emprego. Com o fecho das rádios
para legalização, frequentei um curso no Cenjor. Passei por várias rádios como a
Rádio Margem Sul ou a Rádio Corridinho, e antes de ir para a TVI, ingressei na
Rádio A Voz de Almada.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto
jornalista?
J.M: Tive várias
influências. Pessoas que, pelo seu percurso, se tornaram minhas amigas. Falo de
Francisco Sena Santos, José Rodrigues dos Santos, Rodrigo Guedes de Carvalho…
Na locução, a minha referência é Adelino Gonçalves!
M.L: Durante o seu percurso como jornalista,
trabalhou, essencialmente, na rádio e na televisão. Qual destes meios de
comunicação que mais gosta de trabalhar?
J.M: São
dois amores, mas o meu primeiro amor, em termos profissionais, foi a rádio, por
isso regressei à Rádio. Se fizer as duas coisas, melhor!
M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou, durante o
seu percurso como jornalista?
J.M: Tenho
vários, mas sempre tive uma grande paixão pela causa Timorense e acompanhei as
primeiras conversações em Londres e as reuniões da resistência em Portugal. Fui
o segundo Jornalista a entrevistar o D. Basílio do Nascimento, quando este
venceu o Prémio Nobel da Paz, em 2009 fui a Timor pela TV Record Internacional
e fiz a cobertura do 10º aniversário do referendo que deu a liberdade a
Timor-Leste.
M.L: É cofundador da TVI, onde trabalhou entre 1993 e
1998. Que recordações guarda do tempo em que trabalhou no canal?
J.M: Maravilhosas,
tenho grandes recordações. Foi uma grande escola, pois deu-me a oportunidade
para evoluir, profissionalmente, e descobrir a minha verdadeira vocação: jornalista
de TV. Aparecer como pivô foi um incidente, pois fui convidado por causa do
Miguel Ganhão Pereira, que estava doente, e então como fazia parte da equipa de
fim-de semana, avancei e correu bem!
M.L: A TVI celebra, este ano, 20 anos de existência.
Como vê o percurso que o canal tem feito, desde a sua fundação até agora?
J.M: É
com alegria que vejo que a TVI, nesta altura, é líder de audiências. Mas acho
que não foi feita justiça a quem fundou o canal. Deu sangue, suor e lágrimas, alguns
de nós fomos injustiçados, mas a vida é assim. Parabéns TVI!!!
M.L: Como vê, atualmente, a Comunicação Social em
Portugal?
J.M: Estou
de regresso à Rádio, mas vejo com muita preocupação. Vê-se muita manipulação, os
jornalistas têm dificuldade em dizer a verdade, as empresas de comunicação
estão integradas em grupos económicos e estando o País como está, onde se
precisa de publicidade, como do pão para a boca, não se pode denunciar, pois
está-se a colocar em perigo a sobrevivência do órgão de Comunicação Social.
M.L: Além do jornalismo, também é produtor, estando,
atualmente, a dirigir a produtora Oásis Padrão, da qual é o fundador. Em qual
destas funções em que se sente melhor?
J.M: Olha,
se soubesse o que sei hoje, não me tinha metido nisto. É que gerir não é fácil
e, em tempos de crise, pior, mas vamos aguentar o barco. Um dia isto muda.
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira no jornalismo?
J.M: Não
se metam nisto, o mercado está saturadíssimo. Existe agora o ciberjornalismo, é
uma alternativa, mas, se puderem, evitem vir para a nossa área.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito até
agora como jornalista?
J.M: Apesar
dos pesares, de ter saído da TVI prematuramente, consegui fazer a minha
carreira. Com erros, mas consegui fazer o que queria. Olho para trás e vejo uma
carreira de que me posso orgulhar. Podia ter feito melhor, mas faço um balanço
positivo.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
J.M: Tenho
bastantes, mas, para já, quero resolver algumas questões pendentes, esperar que
o País melhore para retomar a produção de programas de TV. Para já, vou
apresentar um programa diário em Angola. A seu tempo terão conhecimento.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
J.M: Gostava
de apresentar um programa de entretenimento. Vou conseguir satisfazer esse
desejo.
M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da
sua vida?
J.M: Não tenho muito para
mudar. Coisas pessoais que a idade já não o permite. Talvez o feitio, teimoso. Profissionalmente,
não teria tomado algumas decisões que se mostraram erradas. Vamos em frente.ML
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