quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Mário Lisboa entrevista... Paula Bollinger

Olá. A próxima entrevista é com a fotógrafa brasileira Paula Bollinger. Desde muito cedo que se interessou pela fotografia, tendo começado a trabalhar nessa área em 2009, e especializou-se em fotografia masculina. Vive, atualmente, em Portugal, e além da fotografia, também têm experiência na Comunicação Social, e tem como um dos seus objetivos estabelecer-se como diretora de fotografia na área do Cinema. Esta entrevista foi feita, por via email, no passado dia 28 de Abril.

M.L: Quando surgiu o interesse pela Fotografia?
P.B: Há quatro anos atrás, decidi fazer uma mudança na minha vida. Apesar de mal saber usar uma máquina fotográfica, tinha uma vasta experiência em vídeo, o que me ajudou muito a dar o início na minha nova profissão. Sempre fui uma apaixonada pela fotografia, acho que desde os meus oito anos de idade. Lembro-me de, seis meses antes de entrar para a Universidade de Jornalismo, dizer ao meu pai que não queria mais fazer o curso, porque gostaria de me dedicar à fotografia, mas ele nem me deu a opção de argumentar sobre aquilo. "Primeiro o diploma de jornalista e depois você faz todos os cursos que quiser", disse-me ele. Estarei sempre agradecida pela sua atitude.

M.L: Quais são as suas influências nesta área?
P.B: A minha mãe foi uma top model bastante conhecida no Brasil e na América nos anos 70. Desde pequena que estive em contato com a Moda e com tudo o que a rodeia. Frequentava muito o atelier do Marco Ricca, que é o meu padrinho, um conceituado estilista da alta-costura brasileira. Esta aproximação fascinava-me, já que naquela época (por volta dos meus 5 anos) eu gostava do produto final, dos catálogos, das fotos nas paredes do showroom. Conseguia ficar sentada olhando para uma foto daquelas e sonhar bem longe. A minha criação foi, sem dúvida, uma base para chegar, anos depois, à fotografia.

M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou até agora como fotógrafa?
P.B: Todos os trabalhos deixam uma marca em mim. Entrego-me com total dedicação e intensidade a todos.

M.L: Além da Fotografia, também têm experiência na Comunicação Social. Que recordações guarda do tempo em que trabalhou nesta área?
P.B: Sou graduada em Jornalismo, pós-graduada em Telejornalismo com especializações em Marketing Televisivo, Documentário e Ciências Políticas. Estive, durante dez anos, trabalhando em todas essas áreas, mas a minha paixão foi sempre trabalhar em televisão, onde a experiência foi única. Comecei como estagiária e passei por várias áreas: repórter policial, coordenação do Departamento de pautas, realizadora de vários programas no Brasil, apresentadora e finalizei a minha etapa na Coordenação de Produção de uma emissora brasileira com sucursal em Portugal. As melhores lembranças que tenho são a adrenalina do deadline, ver programas que surgiram de uma simples ideia tomarem forma e conquistarem boas audiências e passar o meu conhecimento para pessoas que hoje são excelentes no que fazem em televisão.

M.L: Qual foi o momento que mais a marcou até agora como fotógrafa?
P.B: A minha decisão de me especializar em fotografia masculina mudou, radicalmente, o rumo que eu estava seguindo. Oito meses depois de começar a fotografar, cheguei à conclusão que o que verdadeiramente dava-me prazer era fotografar homens, e isso marcou muito o meu estilo de fotografar.

M.L: Vive em Portugal, mas nasceu no Brasil (tendo também vivido no Peru e em Espanha). O que a levou a ficar a viver em Portugal?
P.B: Morei em Portugal dos 12 aos 16 anos, devido ao trabalho do meu pai. Há oito anos atrás, surgiu um convite de transferência na emissora brasileira, onde eu trabalhava no Rio de Janeiro, para vir morar em Portugal e coordenar uma área da emissora para toda a Europa, e trabalhar, em paralelo, para uma revista portuguesa. Aceitei, sem pensar duas vezes, já que os melhores anos da minha adolescência tinham sido vividos em Lisboa.

M.L: Como vê, atualmente, Portugal?
P.B: Com otimismo. Morei dos 18 aos 27 anos no Brasil e vi o país passar por uma série de crises até pelo racionamento de energia. Se um país como aquele ultrapassou desníveis económicos e sociais e pode tornar-se, num breve futuro, na quinta economia mundial, por que Portugal não poderia também ultrapassar a atual crise? Como estrangeira, vejo a situação administrada com medo e esperança ao mesmo tempo. Medo de colocarem em prática, soluções diferentes que mudem a mentalidade da população e, posteriormente, o rumo das instituições do poder. E esperança de ver inverter esta situação ainda no segundo semestre deste ano. Obviamente que renegociar o memorando de entendimento com a Troika, facilitaria contornar as dificuldades do País, na minha opinião.

M.L: Qual foi a situação mais embaraçante que a marcou até agora como fotógrafa?
P.B: Acho que ainda está por acontecer. Tenho bom jogo de cintura na hora de reverter uma situação. Há sempre um plano B.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na área da Fotografia?
P.B: Estude, pesquise o trabalho dos melhores fotógrafos da área, a qual se quer dedicar e crie o seu próprio estilo.

M.L: Qual foi a pessoa que a marcou até agora como fotógrafa?
P.B: O segundo homem que fotografei foi o Madjer, o capitão da Seleção Portuguesa de Futebol de Praia. Após o shooting, tive a certeza que queria especializar-me em fotografia masculina.

M.L: Desde 2009 que trabalha como fotógrafa. Que balanço faz do percurso que tem feito nesta área até agora?
P.B: Conquistei quase todos os alvos que estabeleci até esta data, mas só realizei 40% dos meus sonhos como fotógrafa.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
P.B: Quero estabelecer-me como diretora de fotografia de Cinema, já que o vídeo é a minha base profissional, e continua sendo uma grande paixão. Tenho planos para uma exposição e e-book intitulado "Ropes", fotografias com pessoas de diferentes profissões e personalidades públicas, sempre com as cordas no meio, o que representa ligação, neste caso, à solidariedade. O lucro de "Ropes" será todo revertido para um lar de crianças abandonadas em Lisboa.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
P.B: Ser mãe.

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
P.B: A distância geográfica entre a minha família e eu. A saudade é muito grande.ML

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