M.L: Quando surgiu o interesse pela Fotografia?
P.B: Há quatro anos atrás, decidi
fazer uma mudança na minha vida. Apesar de mal saber usar uma máquina fotográfica,
tinha uma vasta experiência em vídeo, o que me ajudou muito a dar o início na
minha nova profissão. Sempre fui uma apaixonada pela fotografia, acho que desde
os meus oito anos de idade. Lembro-me de, seis meses antes de entrar para a
Universidade de Jornalismo, dizer ao meu pai que não queria mais fazer o curso,
porque gostaria de me dedicar à fotografia, mas ele nem me deu a opção de
argumentar sobre aquilo. "Primeiro o diploma de jornalista e depois você
faz todos os cursos que quiser", disse-me ele. Estarei sempre agradecida
pela sua atitude.
M.L: Quais são as suas influências nesta área?
P.B: A
minha mãe foi uma top model bastante
conhecida no Brasil e na América nos anos 70. Desde pequena que estive em contato
com a Moda e com tudo o que a rodeia. Frequentava muito o atelier do Marco Ricca, que é o meu padrinho, um conceituado
estilista da alta-costura brasileira. Esta aproximação fascinava-me, já que
naquela época (por volta dos meus 5 anos) eu gostava do produto final, dos
catálogos, das fotos nas paredes do showroom.
Conseguia ficar sentada olhando para uma foto daquelas e sonhar bem longe. A
minha criação foi, sem dúvida, uma base para chegar, anos depois, à fotografia.
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou até agora
como fotógrafa?
P.B: Todos os trabalhos deixam uma
marca em mim. Entrego-me com total dedicação e intensidade a todos.
M.L: Além da Fotografia, também têm experiência na
Comunicação Social. Que recordações guarda do tempo em que trabalhou nesta
área?
P.B: Sou graduada em Jornalismo,
pós-graduada em Telejornalismo com especializações em Marketing Televisivo, Documentário e Ciências Políticas. Estive,
durante dez anos, trabalhando em todas essas áreas, mas a minha paixão foi
sempre trabalhar em televisão, onde a experiência foi única. Comecei como
estagiária e passei por várias áreas: repórter policial, coordenação do Departamento
de pautas, realizadora de vários programas no Brasil, apresentadora e finalizei
a minha etapa na Coordenação de Produção de uma emissora brasileira com
sucursal em Portugal. As melhores lembranças que tenho são a adrenalina do deadline, ver programas que surgiram de
uma simples ideia tomarem forma e conquistarem boas audiências e passar o meu
conhecimento para pessoas que hoje são excelentes no que fazem em televisão.
M.L: Qual foi o momento que mais a marcou até agora
como fotógrafa?
P.B: A
minha decisão de me especializar em fotografia masculina mudou, radicalmente, o
rumo que eu estava seguindo. Oito meses depois de começar a fotografar, cheguei
à conclusão que o que verdadeiramente dava-me prazer era fotografar homens, e isso
marcou muito o meu estilo de fotografar.
M.L: Vive em Portugal, mas nasceu no Brasil (tendo
também vivido no Peru e em Espanha). O que a levou a ficar a viver em Portugal?
P.B: Morei em Portugal dos 12 aos 16 anos, devido ao
trabalho do meu pai. Há oito anos atrás, surgiu um convite de transferência na
emissora brasileira, onde eu trabalhava no Rio de Janeiro, para vir morar em
Portugal e coordenar uma área da emissora para toda a Europa, e trabalhar, em
paralelo, para uma revista portuguesa. Aceitei, sem pensar duas vezes, já que
os melhores anos da minha adolescência tinham sido vividos em Lisboa.
M.L: Como vê, atualmente, Portugal?
P.B: Com otimismo. Morei dos 18 aos 27 anos no Brasil e
vi o país passar por uma série de crises até pelo racionamento de energia. Se
um país como aquele ultrapassou desníveis económicos e sociais e pode
tornar-se, num breve futuro, na quinta economia mundial, por que Portugal não
poderia também ultrapassar a atual crise? Como estrangeira, vejo a situação
administrada com medo e esperança ao mesmo tempo. Medo de colocarem em prática,
soluções diferentes que mudem a mentalidade da população e, posteriormente, o rumo
das instituições do poder. E esperança de ver inverter esta situação ainda no
segundo semestre deste ano. Obviamente que renegociar o memorando de
entendimento com a Troika, facilitaria contornar as dificuldades do País, na
minha opinião.
M.L: Qual foi a situação mais embaraçante que a marcou
até agora como fotógrafa?
P.B: Acho
que ainda está por acontecer. Tenho bom jogo de cintura na hora de reverter uma
situação. Há sempre um plano B.
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na área da Fotografia?
P.B: Estude,
pesquise o trabalho dos melhores fotógrafos da área, a qual se quer dedicar e
crie o seu próprio estilo.
M.L: Qual foi a pessoa que a marcou até agora como
fotógrafa?
P.B: O
segundo homem que fotografei foi o Madjer, o capitão da Seleção Portuguesa de
Futebol de Praia. Após o shooting,
tive a certeza que queria especializar-me em fotografia masculina.
M.L: Desde 2009 que trabalha como fotógrafa. Que
balanço faz do percurso que tem feito nesta área até agora?
P.B: Conquistei
quase todos os alvos que estabeleci até esta data, mas só realizei 40% dos meus
sonhos como fotógrafa.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
P.B: Quero
estabelecer-me como diretora de fotografia de Cinema, já que o vídeo é a minha
base profissional, e continua sendo uma grande paixão. Tenho planos para uma
exposição e e-book intitulado
"Ropes", fotografias com pessoas de diferentes profissões e
personalidades públicas, sempre com as cordas no meio, o que representa
ligação, neste caso, à solidariedade. O lucro de "Ropes" será todo
revertido para um lar de crianças abandonadas em Lisboa.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
P.B: Ser
mãe.
M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da
sua vida?
P.B: A distância geográfica entre a minha família e
eu. A saudade é muito grande.ML
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