domingo, 29 de setembro de 2013

Mário Lisboa entrevista... Sara Afonso

Olá. A próxima entrevista é com a jornalista Sara Afonso. Desde muito cedo que se interessou pelo jornalismo e, consequentemente, pelo Cinema, tendo estado a desenvolver um respeitado e decente percurso como jornalista, e desde 2011 que é diretora da edição portuguesa da revista de Cinema "Empire" que foi lançada nesse ano. Esta entrevista foi feita, por via email, no passado dia 23 de Setembro.

M.L: Quando surgiu o interesse pelo jornalismo?
S.A: Desde muito nova que percebi que “aquilo que eu queria fazer, quando fosse grande” passava pela comunicação. Percebi, também, que a componente cultural era uma das prioridades e, definitivamente, o Cinema era o objetivo, apesar de não saber como nem quando isso ia acontecer.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto jornalista?
S.A: Penso que, acima de tudo, ser jornalista é ser um canal de transmissão de histórias e de experiências, por isso, as minhas principais influências são, maioritariamente, as pessoas que vou conhecendo pelo caminho e todas aquelas com quem tenho a sorte de me cruzar, seja na vertente profissional ou pessoal.

M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, durante o seu percurso como jornalista?
S.A: O meu percurso tem apenas treze anos, mas todos eles plenos de histórias e trabalhos que tive a sorte e o privilégio de fazer. O momento que mais me marcou foi, talvez, a primeira vez que entrevistei o ator Jeremy Irons. Era, certamente, o culminar de um sonho e a certeza de que na vida não existem impossíveis. Foi igualmente marcante pela pessoa que ele é e pela sua postura na vida. Foi um momento único.

M.L: Desde 2011 que é diretora da edição portuguesa da revista “Empire” que foi lançada nesse ano. Que balanço faz do tempo em que está no cargo?
S.A: O balanço é mais do que positivo. Sempre sonhei em fazer algo na área do Cinema e a “Empire” é o resultado de duas variáveis muito importantes para mim: a comunicação e o Cinema. É um projeto de grande qualidade e é um privilégio para mim e para a equipa representar uma revista que tem uma história de mais de 20 anos no mercado internacional e que sempre se pautou pelo respeito pela Sétima Arte, sem deixar de informar e de entreter. No entanto, em Portugal, o Cinema é um mercado difícil de trabalhar e portanto tem envolvido algum sacrifício de todas as partes. Mas quando temos a sorte de fazermos o que gostamos, todo o sofrimento compensa.

M.L: Como é que surgiu o convite para exercer o cargo?
S.A: Eu já estava na editora Goody (que edita a revista “Empire” e tantas outras no mercado da imprensa especializada) há cerca de cinco anos, mas tinha estado mais ligada às tecnologias. Quando a empresa decidiu lançar a revista “Empire” em Portugal, foi-me oferecido o desafio e a resposta afirmativa foi imediata.

M.L: Como vê o percurso que a “Empire” tem feito, desde a sua fundação até agora?
S.A: Penso que tem existido um esforço de a “Empire” fazer a ponte mais competente entre a versão original e a adaptação para o mercado nacional. Fazemos o melhor com as ferramentas que temos e temos muito orgulho no produto que publicamos todos os meses. A “Empire” original é um produto de excelente qualidade, por isso o nosso objetivo sempre foi trazer para a edição portuguesa, o melhor que a versão “mãe” tem para oferecer, tentando sempre fazer o melhor possível para acompanharmos o panorama cinematográfico nacional. Por vezes, não é um trabalho fácil, mas tentamos sempre disponibilizar os melhores conteúdos aos nossos leitores.

M.L: Como vê, atualmente, a Comunicação Social em Portugal?
S.A: Vejo uma Comunicação Social que continua a tentar fazer o melhor sob as regras que regem o mercado, mas lamento que se continue a optar maioritariamente pelas notícias menos positivas e por aquelas que servem outros interesses que não, meramente, a informação e o conhecimento. É uma pena que não se aproveite a comunicação de massas para transmitir esperança e progresso em vez de um meio para alastrar a desgraça, como acontece na maior parte das vezes.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
S.A: Não sei o que o futuro me reserva. Mas, por enquanto, quero aproveitar a oportunidade de estar a fazer o que estou a fazer no meu país.

M.L: Recentemente, Steven Spielberg e George Lucas alertaram para uma possível implosão da indústria cinematográfica norte-americana, tendo em conta o facto de Hollywood estar, atualmente, a apostar demasiado num certo cinema repetitivo e menos em projetos mais criativos e originais. Na sua opinião, acha que essa implosão irá acontecer na indústria?
S.A: Penso que vai ser necessário o aparecimento de formas alternativas, para que os filmes ditos independentes ou aqueles que não alimentam os alicerces do que os estúdios pretendem, tenham forma de sobreviver na indústria. Os estúdios vão continuar a apostar em grandes blockbusters que, na realidade, são aqueles que geram receitas atualmente. Mas, um dia, esse modelo poderá não funcionar e uma arte não sobrevive sem o direito à alternativa. 

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira no jornalismo?
S.A: Ingressar hoje no jornalismo ou noutra área qualquer é um verdadeiro desafio. No entanto, penso que as pessoas devem seguir aquilo que as inspira e as faz mover, independentemente se é uma área com melhores ou piores saídas profissionais, pois quando se está na sua essência e se faz o que se gosta, as probabilidades de fazer a diferença nessa área são muito maiores.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito até agora como jornalista?
S.A: Tal como já referi, tenho sido uma privilegiada e tive a sorte de estar a viver o meu sonho. Como qualquer coisa na vida, tem momentos mais desafiantes, mas tem muitas compensações, e ter a oportunidade de dirigir uma revista de Cinema foi um sonho tornado realidade. As entrevistas que já fiz, as pessoas que já conheci e com quem tive a oportunidade de aprender e crescer já valeram todos os esforços. 

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
S.A: O meu próximo projeto é o meu agora e o meu agora passa por dar o meu melhor como diretora da “Empire”.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
S.A: Gostava muito de, um dia, poder entrevistar a atriz e realizadora Angelina Jolie.

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
S.A: Gostava que a “Empire” tivesse a oportunidade de crescer de uma forma saudável e que o Cinema tivesse saúde para nos continuar a ajudar a sonhar.ML

Sem comentários:

Enviar um comentário