M.L: Quando surgiu o interesse pelo jornalismo?
S.A: Desde muito nova que percebi
que “aquilo que eu queria fazer, quando fosse grande” passava pela comunicação.
Percebi, também, que a componente cultural era uma das prioridades e,
definitivamente, o Cinema era o objetivo, apesar de não saber como nem quando
isso ia acontecer.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto
jornalista?
S.A: Penso que, acima de
tudo, ser jornalista é ser um canal de transmissão de histórias e de
experiências, por isso, as minhas principais influências são, maioritariamente,
as pessoas que vou conhecendo pelo caminho e todas aquelas com quem tenho a
sorte de me cruzar, seja na vertente profissional ou pessoal.
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, durante o
seu percurso como jornalista?
S.A: O meu percurso tem
apenas treze anos, mas todos eles plenos de histórias e trabalhos que tive a
sorte e o privilégio de fazer. O momento que mais me marcou foi, talvez, a
primeira vez que entrevistei o ator Jeremy Irons. Era, certamente, o culminar de
um sonho e a certeza de que na vida não existem impossíveis. Foi igualmente
marcante pela pessoa que ele é e pela sua postura na vida. Foi um momento
único.
M.L: Desde 2011 que é diretora da edição portuguesa da
revista “Empire” que foi lançada nesse ano. Que balanço faz do tempo em que
está no cargo?
S.A: O balanço é mais do
que positivo. Sempre sonhei em fazer algo na área do Cinema e a “Empire” é o
resultado de duas variáveis muito importantes para mim: a comunicação e o Cinema.
É um projeto de grande qualidade e é um privilégio para mim e para a equipa
representar uma revista que tem uma história de mais de 20 anos no mercado
internacional e que sempre se pautou pelo respeito pela Sétima Arte, sem deixar
de informar e de entreter. No entanto, em Portugal, o Cinema é um mercado
difícil de trabalhar e portanto tem envolvido algum sacrifício de todas as
partes. Mas quando temos a sorte de fazermos o que gostamos, todo o sofrimento
compensa.
M.L: Como é que surgiu o convite para exercer o cargo?
S.A: Eu já estava na
editora Goody (que edita a revista “Empire” e tantas outras no mercado da
imprensa especializada) há cerca de cinco anos, mas tinha estado mais ligada às
tecnologias. Quando a empresa decidiu lançar a revista “Empire” em Portugal,
foi-me oferecido o desafio e a resposta afirmativa foi imediata.
M.L: Como vê o percurso que a “Empire” tem feito,
desde a sua fundação até agora?
S.A: Penso que tem
existido um esforço de a “Empire” fazer a ponte mais competente entre a versão
original e a adaptação para o mercado nacional. Fazemos o melhor com as
ferramentas que temos e temos muito orgulho no produto que publicamos todos os
meses. A “Empire” original é um produto de excelente qualidade, por isso o
nosso objetivo sempre foi trazer para a edição portuguesa, o melhor que a
versão “mãe” tem para oferecer, tentando sempre fazer o melhor possível para
acompanharmos o panorama cinematográfico nacional. Por vezes, não é um trabalho
fácil, mas tentamos sempre disponibilizar os melhores conteúdos aos nossos
leitores.
M.L: Como vê, atualmente, a Comunicação Social em
Portugal?
S.A: Vejo uma Comunicação
Social que continua a tentar fazer o melhor sob as regras que regem o mercado,
mas lamento que se continue a optar maioritariamente pelas notícias menos
positivas e por aquelas que servem outros interesses que não, meramente, a
informação e o conhecimento. É uma pena que não se aproveite a comunicação de
massas para transmitir esperança e progresso em vez de um meio para alastrar a
desgraça, como acontece na maior parte das vezes.
M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
S.A: Não sei o que o
futuro me reserva. Mas, por enquanto, quero aproveitar a oportunidade de estar
a fazer o que estou a fazer no meu país.
M.L: Recentemente, Steven Spielberg e George Lucas
alertaram para uma possível implosão da indústria cinematográfica
norte-americana, tendo em conta o facto de Hollywood estar, atualmente, a
apostar demasiado num certo cinema repetitivo e menos em projetos mais
criativos e originais. Na sua opinião, acha que essa implosão irá acontecer na
indústria?
S.A: Penso que vai ser
necessário o aparecimento de formas alternativas, para que os filmes ditos
independentes ou aqueles que não alimentam os alicerces do que os estúdios
pretendem, tenham forma de sobreviver na indústria. Os estúdios vão continuar a
apostar em grandes blockbusters que,
na realidade, são aqueles que geram receitas atualmente. Mas, um dia, esse
modelo poderá não funcionar e uma arte não sobrevive sem o direito à
alternativa.
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira no jornalismo?
S.A: Ingressar hoje no
jornalismo ou noutra área qualquer é um verdadeiro desafio. No entanto, penso
que as pessoas devem seguir aquilo que as inspira e as faz mover, independentemente se é uma área com melhores ou piores saídas profissionais,
pois quando se está na sua essência e se faz o que se gosta, as probabilidades de
fazer a diferença nessa área são muito maiores.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito até
agora como jornalista?
S.A: Tal como já referi,
tenho sido uma privilegiada e tive a sorte de estar a viver o meu sonho. Como
qualquer coisa na vida, tem momentos mais desafiantes, mas tem muitas
compensações, e ter a oportunidade de dirigir uma revista de Cinema foi um
sonho tornado realidade. As entrevistas que já fiz, as pessoas que já conheci e
com quem tive a oportunidade de aprender e crescer já valeram todos os
esforços.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
S.A: O meu próximo projeto
é o meu agora e o meu agora passa por dar o meu melhor como diretora da “Empire”.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
S.A: Gostava muito de, um
dia, poder entrevistar a atriz e realizadora Angelina Jolie.
M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da
sua vida?
S.A: Gostava que a “Empire” tivesse a oportunidade de
crescer de uma forma saudável e que o Cinema tivesse saúde para nos continuar a
ajudar a sonhar.ML
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