M.L: Quando surgiu o interesse pelo jornalismo?
J.V.M: Desde criança que sempre quis
ser jornalista, mesmo contra a vontade dos meus pais e as oportunidades e
trabalhos diversos que me foram surgindo na vida. Na verdade, aprendi a ler
pelos jornais (e pelos livros aos quadradinhos), que o meu avô vendia na banca
dos jornais. O meu avô materno é aquilo que se chamava um ardina/jornaleiro. E
sempre sonhei 'aparecer' na televisão, pois adorava ver televisão, quando era
pequeno.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto
jornalista?
J.V.M: São a História, a Literatura,
o Cinema e, claro, a Língua Portuguesa.
M.L: Trabalha, essencialmente, na imprensa e na
televisão. Qual destes meios de comunicação que mais gosta de trabalhar?
J.V.M: Gosto muito de fazer
televisão. Aliás para um tipo, de certo modo, tímido como eu, foi um grande
desafio. Sou, na essência, um homem da observação, da reflexão e da escrita.
Portanto, estou mais à vontade na imprensa. O jornalismo é feito, hoje em dia, nas
diversas plataformas, portanto estou a aprender, rapidamente, a lidar com todos
novos media, formatos, conteúdos, suportes,
redes sociais. Utilizo o Facebook para colocar as minhas crónicas e textos, por
exemplo.
M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou, durante o
seu percurso como jornalista?
J.V.M: Foi a primeira cobertura que fiz
do Festival de Cannes em 2001, onde tive a sorte de entrevistar logo a Nicole
Kidman, a propósito do 'Moulin Rouge' (2001) do Baz Luhrmann. Senti que tinha
concretizado um sonho, pelo qual tinha lutado bastante. Estar em Cannes no
Festival!
M.L: Como vê, atualmente, a Comunicação Social em
Portugal?
J.V.M: É uma grande discussão.
Estamos num período de grande mutação nos media.
É preciso repensar o 'negócio'. Isto é, seja no papel, rede, televisão, quem
vai pagar essas tarefas de produzir e introduzir conteúdos. E quem, realmente, está
preparado para lhes dar credibilidade? Estes são os grandes paradoxos da
Comunicação Social atualmente...
M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
J.V.M: De certo modo, acho que fiz uma
carreira internacional. Trabalhei, em Portugal, para um grande grupo de
comunicação francês: Lagardère Global Media (Hachette Filipacchi), enquanto Diretor
da “PREMIERE-A Revista de Cinema”. Graças à cobertura de festivais e
entrevistas, corri e conheci o mundo inteiro. Só para terem uma ideia: desde
Maio de 2012 até Maio de 2013, fiz 14 viagens internacionais, incluindo as
coberturas dos maiores festivais internacionais e depois ainda os festivais
nacionais. Quer dizer, passei bastante mais tempo fora do que em casa...
M.L: Qual é a personalidade do Cinema que gostava de
entrevistar no futuro?
J.V.M: Não tenho muito esse fascínio pelas estrelas como
alguns dos meus companheiros. Gosto muito de falar com realizadores, pois é uma
forma de aprender cinema. Mas não tenho nenhum em especial...
M.L: Desde 2000 que comenta, na TVI, a cerimónia de
entrega dos Óscares. Como vê, hoje em dia, a cerimónia?
J.V.M: Há duas edições que não comento
a Noite dos Óscares (2012 e 2013). Os Óscares perderam muito com a mediatização
dos outros prémios... Mas, apesar de tudo, continuam a ser os prémios mais
importantes da indústria do Cinema. As últimas edições têm tido altos e
baixos... Gostei muito da última e espero que, pelo menos, continuem a ser um
grande espetáculo de televisão.
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira no jornalismo?
J.V.M: Não gosto de dar conselhos...
Mas creio que é uma profissão em grande mutação e não sei muito bem o que vai
acontecer... O futuro está, decerto modo, incerto para o jornalismo
tradicional... Se calhar vai-se chamar outra coisa qualquer: produtor de conteúdos???
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito até
agora como jornalista?
J.V.M: Não gosto de fazer balanços da
minha vida, porque ainda tenho um longo percurso a percorrer. Posso dizer que quem
corre por gosto não cansa e gosto muito daquilo que faço, embora com todos os constrangimentos da
atualidade.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
J.V.M: É terminar uma curta-metragem documental que
iniciei, depois das duas que já realizei: 'Ó Pai, o que é a Crise?' (2012) e
'Gerações Curtas' (2012), a propósito dos 20 Anos do Curtas de Vila do Conde. E
continuar a fazer mais filmes...
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
J.V.M: Realizar uma longa-metragem de
ficção, a partir dos vários argumentos e sinopses que tenho escrito e arquivado
lá em casa, alguns sobre factos e histórias verídicas da nossa realidade. Também
gostava muito de programar um complexo de duas salas de (outro) cinema
alternativas e um canal de televisão só dedicado ao cinema.
M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da
sua vida?
J.V.M: Gostava que houvesse mais
estabilidade económica, e que esta maldita crise que nos atormenta e cria incerteza
a todos, passe depressa. Quero lançar novos projetos, como os que referi acima.
Sou um empreendedor e um criador por natureza e temperamento.ML
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