sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Mário Lisboa entrevista... José Vieira Mendes

Olá. A próxima entrevista é com o jornalista José Vieira Mendes. Desde muito cedo que se interessou pelo jornalismo, tornando-se num dos mais reputados jornalistas do meio jornalístico português, com um percurso que passa, essencialmente, na imprensa e na televisão. Foi diretor da "PREMIERE-A Revista de Cinema" (que existiu entre 1999 e 2012), entre 2009 e 2013 apresentou, na RTP Memória, "Noite de Cinema", um espaço que era dedicado à apresentação dos ciclos de cinema que o canal exibe aos fins-de-semana e entre 2000 e 2011 comentou, na TVI, a cerimónia de entrega dos Óscares. Realizou as curtas-metragens "Ó Pai, o que é a Crise?" (2012) e "Gerações Curtas" (2012) e está, atualmente, a terminar uma curta-metragem documental. Esta entrevista foi feita, por via email, no passado dia 3 de Junho.

M.L: Quando surgiu o interesse pelo jornalismo?
J.V.M: Desde criança que sempre quis ser jornalista, mesmo contra a vontade dos meus pais e as oportunidades e trabalhos diversos que me foram surgindo na vida. Na verdade, aprendi a ler pelos jornais (e pelos livros aos quadradinhos), que o meu avô vendia na banca dos jornais. O meu avô materno é aquilo que se chamava um ardina/jornaleiro. E sempre sonhei 'aparecer' na televisão, pois adorava ver televisão, quando era pequeno.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto jornalista?
J.V.M: São a História, a Literatura, o Cinema e, claro, a Língua Portuguesa.

M.L: Trabalha, essencialmente, na imprensa e na televisão. Qual destes meios de comunicação que mais gosta de trabalhar?
J.V.M: Gosto muito de fazer televisão. Aliás para um tipo, de certo modo, tímido como eu, foi um grande desafio. Sou, na essência, um homem da observação, da reflexão e da escrita. Portanto, estou mais à vontade na imprensa. O jornalismo é feito, hoje em dia, nas diversas plataformas, portanto estou a aprender, rapidamente, a lidar com todos novos media, formatos, conteúdos, suportes, redes sociais. Utilizo o Facebook para colocar as minhas crónicas e textos, por exemplo.

M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou, durante o seu percurso como jornalista?
J.V.M: Foi a primeira cobertura que fiz do Festival de Cannes em 2001, onde tive a sorte de entrevistar logo a Nicole Kidman, a propósito do 'Moulin Rouge' (2001) do Baz Luhrmann. Senti que tinha concretizado um sonho, pelo qual tinha lutado bastante. Estar em Cannes no Festival!

M.L: Como vê, atualmente, a Comunicação Social em Portugal?
J.V.M: É uma grande discussão. Estamos num período de grande mutação nos media. É preciso repensar o 'negócio'. Isto é, seja no papel, rede, televisão, quem vai pagar essas tarefas de produzir e introduzir conteúdos. E quem, realmente, está preparado para lhes dar credibilidade? Estes são os grandes paradoxos da Comunicação Social atualmente...

M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
J.V.M: De certo modo, acho que fiz uma carreira internacional. Trabalhei, em Portugal, para um grande grupo de comunicação francês: Lagardère Global Media (Hachette Filipacchi), enquanto Diretor da “PREMIERE-A Revista de Cinema”. Graças à cobertura de festivais e entrevistas, corri e conheci o mundo inteiro. Só para terem uma ideia: desde Maio de 2012 até Maio de 2013, fiz 14 viagens internacionais, incluindo as coberturas dos maiores festivais internacionais e depois ainda os festivais nacionais. Quer dizer, passei bastante mais tempo fora do que em casa...

M.L: Qual é a personalidade do Cinema que gostava de entrevistar no futuro?
J.V.M: Não tenho muito esse fascínio pelas estrelas como alguns dos meus companheiros. Gosto muito de falar com realizadores, pois é uma forma de aprender cinema. Mas não tenho nenhum em especial...

M.L: Desde 2000 que comenta, na TVI, a cerimónia de entrega dos Óscares. Como vê, hoje em dia, a cerimónia?
J.V.M: Há duas edições que não comento a Noite dos Óscares (2012 e 2013). Os Óscares perderam muito com a mediatização dos outros prémios... Mas, apesar de tudo, continuam a ser os prémios mais importantes da indústria do Cinema. As últimas edições têm tido altos e baixos... Gostei muito da última e espero que, pelo menos, continuem a ser um grande espetáculo de televisão.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira no jornalismo?
J.V.M: Não gosto de dar conselhos... Mas creio que é uma profissão em grande mutação e não sei muito bem o que vai acontecer... O futuro está, decerto modo, incerto para o jornalismo tradicional... Se calhar vai-se chamar outra coisa qualquer: produtor de conteúdos???

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito até agora como jornalista?
J.V.M: Não gosto de fazer balanços da minha vida, porque ainda tenho um longo percurso a percorrer. Posso dizer que quem corre por gosto não cansa e gosto muito daquilo que faço, embora com todos os constrangimentos da atualidade.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
J.V.M: É terminar uma curta-metragem documental que iniciei, depois das duas que já realizei: 'Ó Pai, o que é a Crise?' (2012) e 'Gerações Curtas' (2012), a propósito dos 20 Anos do Curtas de Vila do Conde. E continuar a fazer mais filmes...

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
J.V.M: Realizar uma longa-metragem de ficção, a partir dos vários argumentos e sinopses que tenho escrito e arquivado lá em casa, alguns sobre factos e histórias verídicas da nossa realidade. Também gostava muito de programar um complexo de duas salas de (outro) cinema alternativas e um canal de televisão só dedicado ao cinema.

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
J.V.M: Gostava que houvesse mais estabilidade económica, e que esta maldita crise que nos atormenta e cria incerteza a todos, passe depressa. Quero lançar novos projetos, como os que referi acima. Sou um empreendedor e um criador por natureza e temperamento.ML

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