M.L: Quando surgiu o interesse pelo jornalismo?
A.M: Algures na minha adolescência, quando a minha mãe
começou a trazer-me, de França, as revistas Madame Figaro e Marie Claire. Como
sou francófona, desde criança, eram o meu suporte de leitura mais interessante
no idioma francês. E isso influenciou, também, o meu interesse pelo jornalismo
de moda e de tendências.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto
jornalista?
A.M: Gosto muito do jornalismo de investigação e das
entrevistas biográficas. Gosto, particularmente, do jornalismo de análise
sociológica e de tendências de evolução sobre as sociedades.
M.L: Durante o seu percurso como jornalista, trabalhou
na imprensa, na rádio e na televisão. Qual destes meios de comunicação que mais
gosta de trabalhar?
A.M: Gostei, à minha
maneira, de cada um dos meios, onde trabalhei. Comunicar, despertar, fazer
refletir, contribuir para a evolução dos pensamentos e provocar a discussão
saudável, o debate, é sempre o meu primeiro desejo e o impulso para cada trabalho
que faço.
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, durante o
seu percurso como jornalista?
A.M: É difícil destacar um. O jornalismo de moda fez-me
ganhar um prémio e ser considerada a nível nacional. O trabalho de rádio, com
Júlio Machado Vaz, fez-me sair da zona de conforto e estudar, investigar, para
poder debater temas para os quais não me tinha formado. E fez-me aprender
muito. A televisão foi o passo para uma maior autoconfiança diante do grande
público e também a abertura para uma certa popularidade.
M.L: Além do jornalismo, também têm experiência como
escritora e como artista plástica. Em qual destas funções em que se sente
melhor?
A.M: Também aqui o meu
coração balança. Divirto muito em ambas as situações, apesar de que, com o
avançar dos anos, talvez esteja a tornar-me mais numa artista plástica. Não sei
se é um regresso à essência, se o resumo do que vivi traduzido na minha visão
do Mundo e da vida, que procuro sempre que seja bela, bem-humorada e, sempre
que possível, feliz.
M.L: Como vê, atualmente, a Comunicação Social em
Portugal?
A.M:
Orquestrada pelos interesses dos
investidores financeiros que estão a montante dos organigramas (ou se quiser,
da hierarquia) da empresa que controla determinado jornal, rádio ou canal de TV.
M.L: É irmã da decoradora Maria Barros. Como vê o
percurso que a sua irmã tem feito até agora?
A.M: Extraordinário. É uma mulher com um gosto
muito definido e distinto dos demais. É empenhada e trabalhadora. Uma vencedora.
M.L: Entre 2011 e 2012, participou, juntamente com
Herman José e Rita Ferro, no programa “Moeda de Troika” que foi exibido na RTP
Informação. Que recordações guarda desse programa?
A.M: As melhores possíveis. Tenho, desde criança, uma
admiração reverencial pelo Herman. Trata-se de um profissional que marca a
nossa História contemporânea. E aprendi a gostar da Rita que, à sua maneira, é
também uma alma criativa, irreverente e muito cómica. As pessoas que me
conseguem fazer rir, ficam-me no coração. Talvez seja a minha maior
vulnerabilidade.
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira no jornalismo?
A.M: Que procure ser
independente. Que tenha ideias próprias e que não vá para a redação à espera
que lhe deem trabalho. Que procure inovar apesar de todos os empecilhos dos
muitos bota-de-elástico que irá encontrar pela frente. Que não desista de
querer saber. Que procure o angulo positivo das notícias e que procure
antecipar-se à visão dos outros, para não ser mais um na selva.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito até
agora como jornalista?
A.M: Seria obsceno pedir melhor… Tenho um bom
património assegurado e uma folha limpa. Tenho os meus atos de irreverência e
de luta, que deram resultados, a nível nacional. Fui capaz de contribuir para
mudar alguns panoramas estéticos, sociais e até políticos. Tudo o que vier para
a frente será melhor, porque irá mais seguro.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
A.M: Eu sei que o seu blogue
teria espaço para uma longa lista de projetos que acalento, mas digo-lhe apenas
que tudo farei sempre de forma a comunicar, alertando os que me ouvem,
procurando contribuir para que vivamos mais felizes, exigindo mais de nós do
que dos outros.
M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da
sua vida?
A.M: O estado
das coisas em Portugal. Terrível karma
este nosso. Escolhemos o pior país da Europa para atravessarmos esta Guerra do
Dinheiro.ML
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