domingo, 1 de dezembro de 2013

Mário Lisboa entrevista... Ana Mesquita

Olá. A próxima entrevista é com a jornalista Ana Mesquita. Irmã da decoradora Maria Barros, desde muito cedo que se interessou pelo jornalismo, tornando-se numa das mais versáteis e populares jornalistas da sua geração, com um percurso que passa pela imprensa, pela rádio e pela televisão, e além do jornalismo, também têm experiência como escritora e como artista plástica. Esta entrevista foi feita, por via email, no passado dia 10 de Junho.

M.L: Quando surgiu o interesse pelo jornalismo?
A.M: Algures na minha adolescência, quando a minha mãe começou a trazer-me, de França, as revistas Madame Figaro e Marie Claire. Como sou francófona, desde criança, eram o meu suporte de leitura mais interessante no idioma francês. E isso influenciou, também, o meu interesse pelo jornalismo de moda e de tendências.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto jornalista?
A.M: Gosto muito do jornalismo de investigação e das entrevistas biográficas. Gosto, particularmente, do jornalismo de análise sociológica e de tendências de evolução sobre as sociedades.

M.L: Durante o seu percurso como jornalista, trabalhou na imprensa, na rádio e na televisão. Qual destes meios de comunicação que mais gosta de trabalhar?
A.M: Gostei, à minha maneira, de cada um dos meios, onde trabalhei. Comunicar, despertar, fazer refletir, contribuir para a evolução dos pensamentos e provocar a discussão saudável, o debate, é sempre o meu primeiro desejo e o impulso para cada trabalho que faço.

M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, durante o seu percurso como jornalista?
A.M: É difícil destacar um. O jornalismo de moda fez-me ganhar um prémio e ser considerada a nível nacional. O trabalho de rádio, com Júlio Machado Vaz, fez-me sair da zona de conforto e estudar, investigar, para poder debater temas para os quais não me tinha formado. E fez-me aprender muito. A televisão foi o passo para uma maior autoconfiança diante do grande público e também a abertura para uma certa popularidade.

M.L: Além do jornalismo, também têm experiência como escritora e como artista plástica. Em qual destas funções em que se sente melhor?
A.M: Também aqui o meu coração balança. Divirto muito em ambas as situações, apesar de que, com o avançar dos anos, talvez esteja a tornar-me mais numa artista plástica. Não sei se é um regresso à essência, se o resumo do que vivi traduzido na minha visão do Mundo e da vida, que procuro sempre que seja bela, bem-humorada e, sempre que possível, feliz.

M.L: Como vê, atualmente, a Comunicação Social em Portugal?
A.M: Orquestrada pelos interesses dos investidores financeiros que estão a montante dos organigramas (ou se quiser, da hierarquia) da empresa que controla determinado jornal, rádio ou canal de TV.

M.L: É irmã da decoradora Maria Barros. Como vê o percurso que a sua irmã tem feito até agora?
A.M: Extraordinário. É uma mulher com um gosto muito definido e distinto dos demais. É empenhada e trabalhadora. Uma vencedora.

M.L: Entre 2011 e 2012, participou, juntamente com Herman José e Rita Ferro, no programa “Moeda de Troika” que foi exibido na RTP Informação. Que recordações guarda desse programa?
A.M: As melhores possíveis. Tenho, desde criança, uma admiração reverencial pelo Herman. Trata-se de um profissional que marca a nossa História contemporânea. E aprendi a gostar da Rita que, à sua maneira, é também uma alma criativa, irreverente e muito cómica. As pessoas que me conseguem fazer rir, ficam-me no coração. Talvez seja a minha maior vulnerabilidade.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira no jornalismo?
A.M: Que procure ser independente. Que tenha ideias próprias e que não vá para a redação à espera que lhe deem trabalho. Que procure inovar apesar de todos os empecilhos dos muitos bota-de-elástico que irá encontrar pela frente. Que não desista de querer saber. Que procure o angulo positivo das notícias e que procure antecipar-se à visão dos outros, para não ser mais um na selva.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito até agora como jornalista?
A.M: Seria obsceno pedir melhor… Tenho um bom património assegurado e uma folha limpa. Tenho os meus atos de irreverência e de luta, que deram resultados, a nível nacional. Fui capaz de contribuir para mudar alguns panoramas estéticos, sociais e até políticos. Tudo o que vier para a frente será melhor, porque irá mais seguro.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
A.M: Eu sei que o seu blogue teria espaço para uma longa lista de projetos que acalento, mas digo-lhe apenas que tudo farei sempre de forma a comunicar, alertando os que me ouvem, procurando contribuir para que vivamos mais felizes, exigindo mais de nós do que dos outros.

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
A.M: O estado das coisas em Portugal. Terrível karma este nosso. Escolhemos o pior país da Europa para atravessarmos esta Guerra do Dinheiro.ML

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