M.L: Quando surgiu o interesse pela representação e
pela Comunicação Social?
J.O: Quando era pequenina,
era uma filha única extremamente introvertida. No entanto, fascinava-me pelo
mundo do fantástico e pelas estórias que ouvia. Sempre tive um fascínio por
pessoas, pelos seus modos, tiques e gestos e pelas peripécias das suas vidas.
Tanto como atriz e como jornalista, é isso que se procura: algo que nos
impressione e cative a atenção. Temos o privilégio de contar estórias.
M.L: Quais são as suas influências nestas duas áreas?
J.O: As influências têm
sido tantas, quanto os estados de espírito que se vão tendo ao longo do tempo.
Conta a curiosidade pelo mundo da interpretação, mas não só. Também outras
áreas como a música, a literatura, a História, o jornalismo, a arquitetura
inspiram qualquer observador atento, tanto como outras figuras, conhecidas,
amigas ou anónimas. Estórias que se sabem e que se contam. Tudo isso enriquece
o nosso imaginário e faz de nós melhores pessoas, loucos por tantos estímulos e
melhores artistas.
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora,
tanto como atriz e como apresentadora?
J.O: Essa questão é um
pouco ingrata de se responder. Cada trabalho lançou desafios, criou
circunstâncias, apresentou-me a novas pessoas, expôs-me a algo que será
irrepetível pela novidade e pela surpresa. Gosto, sobretudo, de trabalhar. Acho
que todas as experiências são enriquecedoras, fazem-nos aperfeiçoar sempre um
pouco mais, quer pessoal, como profissionalmente.
M.L: Como atriz, faz, essencialmente, Televisão.
Gostava de trabalhar no Teatro e no Cinema?
J.O: Com certeza. São
espaços diferentes, não só pelo contacto com o público, mas também pelo próprio
método em si. A Televisão é uma academia emocional para os atores em que, todos
os dias, a personagem cresce um pouco mais. Interessa a imagem, há um cuidado
pelo pequeno pormenor ampliado. No Teatro, há espaço para trabalhar a
personagem, dentro de uma narrativa fechada, durante alguns meses. Conhecemos
toda a sua viagem, desde o primeiro dia. No entanto, todos os espetáculos são
diferentes. No Teatro, há a reação direta e descomprometida do público em
massa. Em Televisão, temos, como primeiro público, a equipa que nos filma. Não
há muito tempo para repetir. Sempre que
tenho oportunidade, procuro participar em cursos de interpretação ou em peças
de teatro amador e até participar em curtas-metragens para a universidade. Não
perco uma oportunidade. São formas que me fazem feliz de estar sempre pertinho
do mundo da representação.
M.L: Em 2006, participou na telenovela “Fala-me de
Amor” que foi exibida na TVI, da qual interpretou a personagem Clara Vilar. Que
recordações guarda desse trabalho?
J.O: Guardo as
melhores recordações. Foi a primeira novela em que participei. Conheci os melhores
profissionais de Televisão e fui sempre muito acarinhada. A Clara era uma filha
problemática com muitos problemas vividos pelos adolescentes da sua idade. É
muito engraçado criar personagens que traduzem as dores e os conflitos de muita
gente. Obriga a uma pesquisa e muitos pormenores para que tudo faça sentido.
M.L:
Como vê, atualmente, a Cultura e a Comunicação Social em Portugal?
J.O: Acho que somos uns privilegiados pela liberdade e pela oferta que
dispomos. Penso que temos sempre ainda muita coisa por fazer.
M.L:
Gostava de fazer uma carreira internacional?
J.O: Penso que inevitavelmente, como em qualquer profissão, devemos tentar
sempre evoluir e fazer o nosso melhor. Sobretudo, não descartando
oportunidades.
M.L:
Quais são os atores, em Portugal, com quem gostava de trabalhar no futuro?
J.O: Qualquer pessoa que seja generosa e que esteja disponível para estar. Isso já seria uma virtude.
M.L:
Que balanço faz do percurso que tem feito, até agora, como atriz e como
apresentadora?
J.O: Acho que sou uma privilegiada por já ter tido a oportunidade de
concretizar um sonho. No entanto, sou realista e nem tudo depende de sorte,
experiência e talento, por isso tenho tentado conciliar a paixão pela
representação com a carreira académica.
M.L:
Quais são os seus próximos projetos?
J.O: Vou agora para Zurique para acabar o mestrado. Entretanto, contínuo
atenta a novas oportunidades no mundo da representação. A ideia de estar parada
faz-me muita confusão.
M.L:
Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda nesta altura da sua
vida?
J.O: Acho sempre que ainda tenho tanto para fazer. Só assim vale a pena.ML
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