Na passada segunda-feira (22 de Janeiro) celebrou-se 10 anos desde que o inesquecível ator australiano Heath Ledger faleceu devido a uma overdose e, ultimamente, eu tenho pensado nele, pois não só era um dos atores que me marcaram no meu tempo de adolescente como também era um talento imenso que lutou muito em vida para ser levado a sério como ator e não ser considerado apenas uma cara bonita, e este texto é apenas uma pequena homenagem a aquele que, como o título acima refere, é o Joker do Século XXI.
Eu ouvi falar pela primeira vez de Heath Ledger em 2000, quando estreou "O Patriota", o épico realizado por Roland Emmerich e protagonizado pelo seu compatriota Mel Gibson, onde Ledger era o filho do próprio. Tinha eu 10 anos na altura. Mas só o vi num filme pela primeira vez, quando a SIC exibiu "10 Coisas Que Odeio em Ti" (1999), e ainda hoje eu acho que o Ledger era a melhor parte deste popular clássico teen.
Heath Ledger como o inesquecível rebelde "Patrick Verona"
À medida que eu fui crescendo, Heath Ledger sempre me impressionava seja, por exemplo, em "Coração de Cavaleiro" (2001), "Monster's Ball-Depois do Ódio" (2001), "Os Irmãos Grimm" (2005) e o aclamado "O Segredo de Brokeback Mountain" (2005), que mudou a sua vida tanto a nível pessoal como profissional e lhe valeu em 2006 uma nomeação para o Óscar de Melhor Ator.
William Thatcher (Heath Ledger) - "Coração de Cavaleiro"
Sonny Grotowski (Heath Ledger) - "Monster's Ball-Depois do Ódio"
Jacob Grimm (Heath Ledger) - "Os Irmãos Grimm"
Ennis Del Mar (Heath Ledger) - "O Segredo de Brokeback Mountain"
No que toca ao agora clássico "O Cavaleiro das Trevas" (2008), esse era um dos meus filmes mais antecipados desse ano e eu lembro-me muito bem do impacto gigantesco que o filme teve nessa altura e quando o vi eu adorei imenso por várias razões nomeadamente a premiada e icónica interpretação de Heath Ledger como o tresloucado Joker. Apesar de eu ter um especial carinho pela versão de Jack Nicholson desta personagem em "Batman" (1989), pois eu cresci a ver esta versão mais do que uma vez, eu acho sinceramente que o Joker de Ledger é a versão definitiva no que toca às novas gerações e também o facto de ser uma versão muito profunda e sombria.
Heath Ledger como "Joker" numa magnífica interpretação que ficou para a História recente do Cinema
Heath Ledger é uma de várias personalidades públicas que faleceram quando estavam na flor da idade e ainda tinham muito para dar, cuja interpretação de Joker imortalizou-o como ator, mas, como fã do trabalho de Ledger, eu aconselhava às novas gerações para irem além do Joker e conhecerem um pouco melhor o trabalho deste carismático aussie.
Iniciou-se na Moda, tendo depois enveredado tanto pela Comunicação Social como pela representação, e tem desenvolvido um bom percurso artístico que já conta com duas décadas de existência. Estreou-se nas telenovelas em 2004 com "Mistura Fina" (TVI), e regressou recentemente a este género televisivo com "Paixão" que está em exibição na SIC, e gostava de fazer muita coisa em vida. Esta entrevista foi feita no passado dia 18 de Janeiro.
M.L: Quanto surgiu o interesse tanto
pela Comunicação Social como pela representação?
S.A: O interesse surgiu já no tempo da escola, e mais
tarde percebi que em todos os trabalhos que passei, esse era um dos pontos mais
valorizados. Eu comecei na moda, espetáculos de dança, e aos 24 anos foi aí que
percebi o interesse pela representação em televisão e subir ao palco.
M.L: Quais são as suas referências nestas duas áreas?
S.A: Muitos atores e atrizes são uma referência
para mim, mas principalmente todos os que contracenaram comigo. Sei que aprendi
muita coisa e só tenho que agradecer a todos o que cresci e vivi em cada cena,
com cada um, como atriz.
M.L: Seja como apresentadora ou como atriz, houve
algum trabalho em particular que considera como o mais divertido de se fazer?
S.A: Bom, eu posso dizer
que todos têm o seu lado divertido e o mais sério também. Lembro-me de uma das
minhas primeiras apresentações que foi uma gala de entrega de prémios, no
Casino Estoril, e que o fiz com o nosso conhecido Aldo Lima, que para mim foi
um orgulho e por outro lado, lembro-me que fiquei tão nervosa, por ser alguém
tão experiente e profissional, falamos, ensaiamos, mas assim que começamos, o
Aldo, com o seu à vontade, pôs-me à vontade também e o trabalho fluí muito bem.
Acho que num modo geral tudo o que fiz, tanto me deu divertimento como deu
algumas consequências, mas por outro lado me deu aprendizagem, crescimento, amadurecimento
e muitas histórias por contar, onde muitas fotografei ou reportava para os meus
telemóveis ou câmaras e mais tarde, revejo-as e divirto-me ao recordá-los
todos.
M.L: Também tem experiência na Moda e na Publicidade.
No caso da Moda, esta área específica a seu ver está hoje em dia muito
diferente do que quando começou a trabalhar como modelo?
S.A: Sim, a Moda e a Publicidade foi por onde eu
comecei, mas não acho que sejam muito diferentes. Mas sim na altura havia muita
oferta, os cachets eram outros, eu
lembro-me de estar horas em castings,
de fazer 3/4 castings no mesmo dia. O
meio sempre foi interessante e desafiador ao veres-te a conhecer muitas
pessoas, e trocar experiências, muitas horas a filmar, e claro os making-of sempre a rodar.
M.L: Participou como atriz na telenovela “Mistura
Fina” que foi exibida na TVI entre 2004/05, na qual interpretou a personagem
Fátima Benfeito. Que recordações guarda da sua estreia nas telenovelas e também
da sua personagem?
S.A: Tenho muitas
recordações boas, e muitas das cenas eram divertidas, a estreia foi um momento que
me marcou. Eu lembro-me de receber os parabéns e as críticas que na altura a
personagem desenvolveu, e no fim já não gostavam da Fátima Benfeito. Como já
tinha mania de filmar, tenho alguns dos making-of,
de alguns trabalhos, que no outro dia por acaso encontrei, e autocritiquei-me
claro, pois nunca estava satisfeita com uma cena, ou recordei alguns dos atores,
que já não estão entre nós como o Rodrigo Menezes e o Canto e Castro, e os que
ainda vejo que continuam na profissão como Eunice Muñoz, Adriano Luz, Custódia Gallego,
Ana Padrão, Maria João Luís, Luís Esparteiro, Manuel Sá Pessoa, Jorge Corrula,
São José Lapa, etc.
Sylvie Dias ("Solange Benfeito") & Sara Aleixo ("Fátima Benfeito")
M.L: Regressou recentemente à televisão como atriz na telenovela
“Paixão” (SIC), cuja sua personagem é a Tina. Tendo em conta que já não
representava em televisão há já bastante tempo, como é que surgiu o convite
para interpretar a Tina e o que a cativou nessa personagem?
S.A: O convite surgiu
através da minha agência Cast 39. Eu fiquei muito contente quando me ligaram a
dar a notícia e aceitei logo, pois há já algum tempo que estava a querer
voltar. Muito resumindo, digamos que a Tina vai criar alguns distúrbios, mas
não deixa de ser cativante, talvez por ser diferente das outras personagens que
tinha feito, até hoje, é sempre um desafio maior se formos a fugir daquilo que
realmente somos. Já batia saudades há já algum tempo e criou vontade de fazer
mais.
M.L: Que expectativas têm em relação ao seu regresso
como Tina no que toca à receção do público?
S.A: Espero que positivo, que
a personagem se desenvolve mais, e que o público goste do meu trabalho, e que
não deixe de dar apoio com a sua opinião. A expectativa é de desejar que outros
convites surgam, pois uma porta nova se está a abrir.
M.L: Qual conselho que daria a um/a aspirante tanto na
Comunicação Social como na representação?
S.A: Diria aos aspirantes para
estudarem, formarem-se, lutarem e seguirem os seus sonhos, sem desistir, pois
nada é fácil nesta vida. Temos é que acreditar!
M.L: Olhando para trás, sente-se de certa forma
orgulhosa do percurso que tem desenvolvido até agora como pessoa, como
apresentadora e como atriz?
S.A: Sim, se não fosse orgulhosa
do meu percurso de vida estava a ser muito ingrata, pois cresci muito como pessoa,
como profissional e como mulher, e tento fazer sempre com um sorriso .
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
S.A:Gostava de fazer tanta coisa, mas assim de repente eu
gostava de fazer cinema um dia, dar a volta ao Mundo, ir a países que eu não
fui ainda, gostava de casar e ter filhos um dia.ML
O interesse pelo Cinema surgiu quando tinha 6 anos e viu "Aconteceu no Oeste" (1968) do lendário Sergio Leone (1929-1989) e nas últimas duas décadas tem desenvolvido um percurso muito sólido nessa área, tornando-se num dos editores mais requisitados da atualidade e foi premiado em 2014 com o Óscar de Melhor Montagem pelo aclamado "Gravidade" (2013) de Alfonso Cuarón e protagonizado por Sandra Bullock e George Clooney. Em 2017, co-editou "Transformers: O Último Cavaleiro" de Michael Bay e o 5º filme da saga no espaço de uma década, e gostava de passar menos tempo a editar e mais tempo com a família. Esta entrevista foi feita no passado dia 18 de Julho.
M.L: Quando surgiu o interesse pelo Cinema?
M.S: Como qualquer miúdo,
eu fui sempre um fã de histórias, mas eu vi “Aconteceu no Oeste” (1968) quando eu tinha 6 anos e percebi que eu
queria contar histórias em cinema. A linguagem de (Sergio) Leone ainda é tão
apelativa para mim e então eu fiquei transfixado desde uma idade precoce. Essa
foi a faísca. Eu então tornei-me fã de muito do cinema americano dos anos 70,
particularmente o trabalho de (William) Friedkin e (Alan J.) Pakula. Cresceu a
partir daí.
M.L: Quais são as suas referências, enquanto editor?
M.S: Eu não costumo ser
liderado por referências pessoais ou influências se eu puder evitá-lo. É mais
sobre cometer a visão do realizador para o ecrã, portanto as minhas referências
são o que queremos tentar alcançar dramaticamente em qualquer cena. Então, na
essência, a minha grande referência é o realizador que contratou-me para
colaborar em qualquer história específica.
M.L: Em duas décadas de
trabalho no cinema, houve um projeto específico que pode considerar como o mais
difícil e desafiante que fez até agora?
M.S:
Para mim, a resistência é sempre o maior desafio num filme e por essa razão
“Gravidade” (2013) foi o mais duro na minha carreira. Durante a pré-produção,
não fazíamos a mínima ideia se o filme iria ter luz verde pelo estúdio, então
durante as filmagens e a pós-produção nós não tínhamos uma data de estreia.
Então às vezes achava que estávamos executando um sprint numa corrida sem linha
de chegada. Dessa perspetiva, foi o mais desafiante e, sem dúvida, o mais
exaustivo.
M.L: Em 2014, ganhou,
juntamente com Alfonso Cuarón, o Óscar de Melhor Montagem por “Gravidade”. Qual
foi a sua sensação, quando Anna Kendrick e Gabourey Sidibe anunciaram o seu nome?
M.S:
Honestamente, eu acreditei que o meu amigo Christopher Rouse iria ganhar por
“Capitão Phillips”, portanto foi uma surpresa genuína. Naquele momento, acabou
por se tratar de agradecer a toda a equipa. Há tantos heróis desconhecidos que
trabalham nos bastidores sem o crédito apropriado que foi extremamente
importante para mim e que todos e cada um deles foram agradecidos. Então eu fiz
um esforço concertado para lembrar de todos no meu discurso, o que não é fácil
à frente de 50 milhões de pessoas eu lhe posso garantir, mas graças a Deus eu
consegui de alguma forma.
Gabourey Sidibe, Mark Sanger, Alfonso Cuarón, Anna Kendrick
M.L: Como olha para os
altos e baixos da indústria cinematográfica, pelo menos desde que se iniciou há
duas décadas?
M.S:
Fazer cinema nunca é fácil, é sempre uma batalha. A este respeito, as coisas
não mudaram e eu não acredito que elas deveriam. Algumas das maiores obras
artísticas vêm das profundezas dessas batalhas. Mas eu acho que houve uma
reversão no tamanho e alcance da produção de filmes. Quando eu comecei havia
muitos filmes pequenos a serem feitos e alguns blockbusters de verão. Agora parece que há mais blockbusters e alguns projetos pequenos.
Talvez isso seja porque muitos destes migraram para a Netflix e Amazon, que
fornecem ambientes de trabalho ricos para storytellers
criativos, mas acho que provavelmente é mais difícil obter financiamento para
filmes independentes do que nos velhos tempos e foi bastante difícil então.
M.L: Recentemente, co-editou
“Transformers: O Último Cavaleiro” de Michael Bay, que foi lançado em Junho
passado e é o quinto filme da saga “Transformers”. Como é que este projeto chegou
até si?
M.S:
A verdade é que eu tenho um agente muito bom que me consegue ofertas e
projetos!
M.L: Como foi trabalhar
com Michael Bay, durante o processo de edição?
M.S:
Eu aprecio todas as formas de colaboração de equipa e este foi o melhor exemplo
de coesão de equipa editorial com a qual participei até agora. A tarefa era
enorme. Múltiplos editores, 900 mil metros de filme e, felizmente, um líder
forte no controlo de tudo. O processo de Michael é fazer seleções diárias e
depois dar-nos cada liberdade criativa para trabalhar com as cenas, como nós
gostamos. Normalmente, todos os editores reuniam-se pela manhã para discutir as
seleções de Michael e, em seguida, o que pretendíamos fazer com as nossas
cenas, para garantir que sempre nos comunicássemos. Foi um processo intenso
devido ao horário, mas foi sempre um processo aberto e criativamente
colaborativo. Eu nunca tinha trabalhado com ninguém da equipa do “Transformers
5” e acabei por fazer amigos para a vida.
Michael Bay e Mark Sanger no lado direito da fotografia
M.L: A saga
“Transformers” celebrou 10 anos de existência em 2017. Como olha para este
ícone da cultura pop que as pessoas
tanto adoram como odeiam?
M.S:
Para mim, eu tenho que dizer que acho que a sua popularidade duradoura é, em
parte, ao facto de que Michael Bay é um genuíno génio cinematográfico. Quantos
realizadores lá fora são conhecidos pelo seu próprio estilo único? O Michael faz
parte de um seletivo grupo internacional que têm o talento e a experiência para
serem reconhecidos como artistas puramente do seu estilo visual. Essa é a razão
pela qual as pessoas se reúnem para ver os seus filmes.
M.L: Gostava de, um
dia, fazer a sua estreia na realização?
M.S:
Sim, eu estou ligado a alguns projetos para fazer exatamente isso. Mas a edição
é a minha paixão por agora.
M.L: Qual conselho que
daria a alguém que queira ingressar numa carreira cinematográfica?
M.S:
A verdade é que a realidade da indústria é muitas vezes um reflexo sombrio da
paixão com que entras em relação ao cinema. No entanto, isso não quer dizer que
não pode ser tudo o que imaginaste. Se realmente tens uma paixão, fica com as tuas
armas. Aprende o teu ofício desde o início e lembra-te de que a ambição é
excelente, desde que nunca seja à custa dos outros. Aceita qualquer trabalho
que puderes na indústria e cria o teu próprio nicho para alcançares o teu
objetivo. A experiência é tudo e a paciência é uma virtude.
M.L: Que balanço faz do
percurso que tem desenvolvido até agora como editor?
M.S:
Eu sabia o que eu queria fazer desde muito cedo e recebi as oportunidades de
manter um plano de décadas até agora. Muito poucas pessoas conseguem os intervalos
que tive e então eu considero-me muito sortudo. Mas há muito mais que eu quero
alcançar.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
M.S: A edição é a minha
segunda paixão. A primeira é a minha família e gostava de passar menos tempo a
editar e mais tempo com elas.ML