Entrevista com... Sara Rodi (Escritora)
terça-feira, 14 de agosto de 2012
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
Mário Lisboa entrevista... Conceição Queiroz
Olá. A próxima entrevista é com a jornalista da TVI Conceição Queiroz. Natural de Moçambique, interessou-se pelo jornalismo, durante a sua juventude tendo desenvolvido um respeitado e marcante percurso como jornalista que passa pela imprensa, pela rádio e pela televisão (tendo trabalhado na Televisão de Cabo Verde e atualmente trabalha na TVI) tornando-se numa das mais respeitadas e incontornáveis jornalistas do panorama televisivo português e em 2012 celebra 18 anos de carreira e ao longo da sua carreira foi premiada por vários trabalhos que fez e atualmente está a preparar o seu terceiro livro (escreveu anteriormente os livros "Serviço de Urgência" em 2007 e "Os Meninos da Jamba" em 2008). Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 1 de Março.
M.L: Como é que surgiu o interesse pelo jornalismo?
M.L: Como é que surgiu o interesse pelo jornalismo?
C.Q: O jornalismo
não foi nem um sonho nem um desejo. Fui estimulada. Isso fez com que passasse a
estar mais atenta. Entretanto, deixaram-me entrar para a rádio da
Faculdade. Senti-me seduzida. Com o passar do tempo (e entre experiências
noutras áreas profissionais) percebi que era isto que queria fazer. Compreendi
que o jornalismo faria parte da minha vida. E assim é.
M.L: Quais são as suas grandes influências, enquanto
jornalista?
C.Q: As influências
chegam sobretudo de quem faz bem o seu trabalho. Confesso que me deixo levar
essencialmente pelo jornalismo literário. É nisso que acredito. Gosto da
escrita de Truman Capote. Não conheço mais ninguém que escreva e
descreva daquela maneira. Aliás, é ele o pai dessa forma diferente de
fazer jornalismo, um estilo que Capote introduziu nos anos 60. Também leio Tom
Wolfe, Gay Talese, Norman Mailer, Joan Didion e tantos outros.
M.L: Quais foram as suas anteriores experiências nesta
área, antes de ir trabalhar para a televisão?
C.Q: Antes da
televisão: imprensa escrita e rádio. Chegando à televisão fiz produção, fui
guionista, fui assistente de realização. As produtoras são grandes escolas.
M.L: Na televisão, trabalhou na Televisão de Cabo
Verde e atualmente trabalha na TVI. Que balanço faz do tempo em que está no
canal?
C.Q: Todo este
caminho é uma eterna aprendizagem. E não me posso esquecer que foi na TVI que
me abriram as portas para a grande reportagem que tanto prazer me dá. Mas
acima de tudo, estou pronta para trabalhar. Hoje (mais do que nunca) há
que estar em todas as frentes. Em relação à Televisão de Cabo Verde assumir a
direção de informação da estação foi dos maiores desafios profissionais.
M.L: Como vê atualmente a TVI?
C.Q: Vejo toda uma
redação empenhada, vejo pessoas que dão tudo, que lutam por um trabalho de
qualidade. Fazemos noitadas. Continuamos com a mesma entrega. Aliás, não existe
outra maneira de nos mantermos nesta profissão. Chego a fazer 15, 16 horas por
dia. As pessoas normalmente não imaginam o trabalho que está por detrás de
qualquer formato televisivo.
M.L: Qual foi o trabalho que a marcou, durante o seu
percurso como jornalista?
C.Q: Vários. Em
Portugal, o caso dos doentes oncológicos que morrem em lista de espera é
escandaloso. No interior de Moçambique, as crianças e adolescentes
que todos os dias fazem horas de caminho a pé para chegar à escola. Tenho
sempre presente a Urgência do (Hospital de) Santa Maria em Lisboa, aquele
lugar onde se decide a vida e a morte. Também os miúdos que morrem à fome
em África. Mas nada é tão violento como a mutilação genital feminina.
Foi das piores coisas que vi, enquanto repórter, enquanto cidadã.
M.L: No passado dia 2 de Janeiro, foi exibida na TVI
uma reportagem da sua autoria intitulada “Bastidores”, onde mostrou os
bastidores da moda. Como é que surgiu a ideia de fazer esta reportagem?
C.Q: Os meus
trabalhos apontam quase sempre no sentido da defesa dos direitos humanos e são
reportagens que transportam uma grande carga emocional. Tenho consciência disso.
O que acontece é que pelo menos uma vez por ano acabo por propor a quem estiver
a coordenar a equipa, um trabalho menos pesado. Foi o que aconteceu. Sugeri a
reportagem sobre os bastidores da moda e correu muito bem. Foi uma descoberta.
Foi também um desafio. Sem futilidades, deu para revelar essa indústria que
escapa sempre à conjuntura da crise. Incluí a alta-costura, o calçado, a
cosmética. Repare que as casas estão mais baratas, mas o preço dos cremes não
baixa.
M.L: Como tem sido a reação do público à reportagem
até agora?
C.Q: As pessoas
reagem… É um fato. Gostaram da reportagem, sim, mas sempre que agarro temáticas
diferentes que fogem da linha a que o público se habituou escrevem-me a dizer
que o trabalho estava bem, mas tudo aquilo pouco ou nada tem a ver comigo. Por
várias vezes recebi mensagens nesse sentido: “Oh menina, tem é de fazer aquelas
reportagens que nos abrem os olhos”. É interessante observar esta atenção do
telespectador.
M.L: Qual foi o momento que a marcou, durante o seu
percurso como jornalista?
C.Q: Tantos… A
chegada a um dos maiores campos de refugiados do mundo, a responsabilidade da
entrega dos donativos na Jamba Mineira, o frente-a-frente com as vítimas da
mutilação genital feminina e com as mulheres que perpetuam essa prática, as
mortes e as glórias a que assisti, durante a temporada pela Urgência do (Hospital
de) Santa Maria, mas sobretudo a história de uma mulher que se inspirou numa
reportagem que fiz sobre violência doméstica e conseguiu finalmente libertar-se,
depois de quase duas décadas de maus tratos. Chorei (surpreendida), quando me
disse que ganhou a força de que precisava, depois de ter visto a minha
reportagem.
M.L: Como vê atualmente a Comunicação Social em
Portugal?
C.Q: Chamam-lhe o
4º poder. A Comunicação Social tem um papel fundamental em qualquer parte do
mundo. Sugere, influencia, pode alterar mentalidades. Carregamos uma imensa responsabilidade.
Por outro lado (uma vez que acredito que a reportagem é a essência do
jornalismo), vejo com atenção a indiscutível evolução do trabalho nesta área.
Jornais, rádios, televisões investiram seriamente no género reportagem e os trabalhos
são de grande qualidade na generalidade. É um bom sintoma.
M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
C.Q: Não me
importava de ser correspondente em São Paulo temporariamente. Aproveitava e
fazia uma pós-graduação em jornalismo literário.
M.L: Este ano celebra 18 anos de carreira desde que
começou em 1994. Que balanço faz destes 18 anos?
C.Q: O tempo passa…
São 18 anos de muito trabalho. Levo uma vida corrida, mas sinto-me feliz,
continuo a fazer a minha caminhada. O jornalismo representa um significativo
pedaço da minha vida.
M.L: Como lida com o público que acompanha a sua
carreira há vários anos?
C.Q: As pessoas são
afáveis. Tento corresponder dentro da timidez que me acompanha nestas
situações.
M.L: Ao longo da sua carreira foi premiada por vários
trabalhos que fez. Como vê estas distinções que recebeu até agora?
C.Q: Nada se
consegue sem trabalho. O prémio reconhece exatamente todo esse esforço, motiva,
incentiva. Fico sempre muito grata, obviamente.
M.L: Qual foi a situação mais embaraçante que a marcou
até agora, durante o seu percurso como jornalista?
C.Q: Recordo-me de não ter conseguido pôr no ar, uma reportagem
sobre a morte de uma criança com cancro (ao que tudo indicava) por erro médico.
Isto aconteceu pouco depois de eu ter perdido a minha mãe. Não consegui fazer
esse trabalho. Fui a Grândola e regressei a Lisboa apenas com uma entrevista
gravada… que nem sequer consegui terminar. A minha mãe também foi vítima de
negligência médica...
M.L: Como vê atualmente Portugal e o Mundo?
C.Q: Atingimos a taxa de desemprego mais alta de sempre. É
assustador. E preocupa-me saber que Portugal é o terceiro país da União
Europeia com o maior número de desempregados entre jovens. É uma geração que
adia sonhos, que não pode assumir responsabilidades. Estamos sufocados pelos
impostos, as listas de espera nos hospitais são intermináveis, o número de
pobres aumenta drasticamente, as instituições sociais estão falidas, a exclusão
social é um fato e a solidão dos idosos é cada vez mais uma realidade nos
grandes centros urbanos, algo a que não deveríamos voltar as costas. É o mundo
às avessas. De qualquer maneira, destaco duas boas notícias no meio do caos: o
Fado transformado em Património Imaterial da Humanidade e algo inédito na
China: a redução do número de crimes que eram punidos com pena de morte mexendo-se
assim numa constituição que era intocável desde 1979.
M.L: Qual foi a pessoa que a marcou, durante o seu
percurso como jornalista?
C.Q: A Ana Leal
ensinou-me a olhar para os detalhes ao longo do processo de criação da
grande reportagem, algo apaixonante. A Manuela Moura Guedes deu-me a
oportunidade de entrar para a informação da TVI. Também me falou
(pacientemente) da especificidade da linguagem televisiva.
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira no jornalismo?
C.Q: Disponibilidade, persistência, humildade, espírito de
sacrifício…
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
C.Q: Estou a preparar o meu terceiro livro. Seria o quarto se não
tivesse sido assaltada. Na altura levaram-me o (computador) portátil. O livro
estava praticamente concluído e não o tinha guardado em mais lado algum.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
C.Q: Tanta coisa... Quero estudar literatura, quero saber mais
sobre jornalismo narrativo, quero fazer uma curta-metragem, tenho vários livros
por ler, vários filmes e documentários para ver. Quero viajar ainda
mais. Preciso de tempo. Há tanta coisa que quero fazer…ML
sábado, 11 de agosto de 2012
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
Mário Lisboa entrevista... Ângela Pinto
Olá. A próxima entrevista é com a atriz Ângela Pinto. Desde muito cedo que se interessou pela representação tendo desenvolvido um percurso que passa pelo teatro, pelo cinema e pela televisão (onde entrou em produções como "Desencontros" (RTP), "Meu Querido Avô" (RTP), "Esquadra de Polícia" (RTP), "Milionários à Força" (RTP), "Saber Amar" (TVI), "Mundo Meu" (TVI), "Morangos com Açúcar" (TVI), "Podia Acabar o Mundo" (SIC) e "Equador" (TVI) fazendo parte da companhia Tenda-Palhaços do Mundo que foi fundada em 2004 e em 2012 celebra 32 anos de carreira e recentemente participou na telenovela "Rosa Fogo" (SIC) e na peça "Coisas de Homem" de Franz Xaver Kroetz da qual contou com encenação de Maria Emília Correia e que esteve em cena no Teatro da Trindade em Lisboa. Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 24 de Janeiro na altura em que a entrevistada estava a gravar a telenovela "Rosa Fogo".
M.L: Atualmente participa na telenovela da SIC “Rosa Fogo”, onde interpreta a personagem Carlota. Como estão a correr as gravações?
M.L: Atualmente participa na telenovela da SIC “Rosa Fogo”, onde interpreta a personagem Carlota. Como estão a correr as gravações?
A.P: As gravações desta
novela correm com um grande ritmo. Tem sido algo cansativo, mas como temos uma
excelente equipa tanto técnica como de colegas, o trabalho acaba por dar muito
gozo.
M.L: Como é que surgiu o convite para integrar o
elenco da telenovela?
A.P: O convite surgiu da diretora
de projeto Patrícia Sequeira. Fui convocada para uma reunião com ela e com a
diretora de atores Ana Nave em que me falaram de todo o projeto e em especial
do meu papel, a Carlota. Fiquei logo bastante entusiasmada, trouxe uns guiões
para ler e decidi rapidamente, pois todo o projeto me pareceu aliciante.
M.L: A última telenovela em que participou antes de
“Rosa Fogo” foi “Podia Acabar o Mundo” da SIC em 2008. Já tinha saudades em
participar numa telenovela?
A.P: Sim, embora eu gosto
de fazer de tudo dentro da minha área e tenha estado bastante preenchida com
teatro. Entretanto, a televisão é uma espécie de vício. É algo de que também
gosto muito e em que podemos confrontarmos diariamente com o nosso trabalho e
eu já sentia falta disso. Foi muito bom voltar.
M.L: “Rosa Fogo” é da autoria de Patrícia Müller. O
que a cativa na escrita dela?
A.P: O ser uma escrita muito
direta. As cenas não andam "à volta", as personagens dizem o que têm
para dizer e isso é muito bom para quem representa. Gosto também da temática
das relações entre mulheres e tenho mesmo pena de que a minha personagem não
tenha desenvolvido mais a relação com a Maria (a filha que a Carlota nunca
teve...). No entanto, acho que a relação de extrema fidelidade da Carlota com a
Gilda me marcou muito e tornou os confrontos que existem entre elas muito
fortes e emocionais, foram cenas que me deram muito prazer.
M.L: Como tem sido a reação do público a este projeto?
A.P: Pelo que posso sentir
na rua tem sido muito positiva e de alguma surpresa. A mim estão-me sempre a
pedir que "salve a menina"!!
M.L: Como classifica este projeto?
A.P: É um projeto muito
cuidado, seguramente um projeto de qualidade.
M.L: Recentemente, Portugal conquistou o seu segundo
Emmy com a telenovela da SIC “Laços de Sangue”. Como vê este reconhecimento
internacional?
A.P: É uma grande mais-valia
para todos os que trabalhamos nesta enorme área: ser-se reconhecido
internacionalmente. Faz-nos sentir orgulho, mas também mais responsabilidade.
Mostra que o nosso país não é tão pequeno como alguns nos querem fazer crer!!!
M.L: Como é que surgiu o interesse pela representação?
A.P: Desde criança que me
sentia atraída pelo mundo das artes especialmente as performativas. Cheguei a
pensar em ser bailarina, mas o grande amor que tenho pela palavra levou-me a
decidir pela representação.
M.L: Durante o seu percurso como atriz fez teatro e
televisão, mas pouco cinema. Gostava de ter trabalhado mais nesse género?
A.P: Claro!!
M.L: Qual foi o trabalho num destes géneros que a
marcou, durante o seu percurso como atriz?
A.P: Felizmente muitos.
Costumo sempre apaixonar-me pela última coisa que estou a fazer... Continuo a
representar a "Carta com Resposta" a partir de um texto do Fernando
Pessoa e esse é um trabalho que me diz muito por toda a problemática da
diferença que aborda. Recentemente, representei a Anna do "Closer" e
foi um trabalho fortíssimo de uma grande atualidade. Mas também já fiz a
Bernarda de "A Casa de Bernarda Alba" e ninguém fica igual, depois de
dar corpo às palavras de (Federico García) Lorca... Muita coisa!!
M.L: Desde os últimos anos que é uma presença regular
nas telenovelas. Este é um género televisivo que gosta muito de fazer?
A.P: Dá-me muito prazer
fazer televisão. Fazer novela é como correr a maratona! É um género muito
exigente em que estamos sempre a pôr à prova a nossa capacidade de resposta,
torna-se muito estimulante para um ator.
M.L: Como lida com a carga horária, quando grava uma
telenovela?
A.P: Como toda a gente!!!!
Temos de nos cuidar e não deixar de descansar sempre que podemos... É uma
questão de treino.
M.L: Um dos seus trabalhos mais marcantes em televisão
foi a série “Milionários à Força” (RTP), onde interpretou a personagem Cândida
Carrapito Leal. Que recordações leva desse trabalho?
A.P: Foi marcante???
Talvez!! Eu adorei, tínhamos um grande elenco. Adoro fazer comédia e trabalhar
com o Fernando Mendes, o Vítor de Sousa, a Rosa do Canto e o Carlos Areia foi
uma verdadeira escola para mim... Era uma equipa sempre muito bem-disposta e
disposta a dar a mão ao colega! Não posso esquecer nesta série, o
talentosíssimo Pedro Alpiarça!
M.L: Qual foi o momento que a marcou, durante o seu
percurso como atriz?
A.P: Não tenho um momento,
tenho uma vida inteira cheia de projetos, de recomeços, de voltar sempre a
acreditar e de fazer sempre como se fosse a primeira vez. Às vezes sou
melancólica do passado, mas não sou nada saudosista!
M.L: Como vê atualmente o teatro e a ficção nacional?
A.P: Isso dava outra
entrevista!!! Mas sou otimista e acho que no teatro há muita gente nova a fazer
coisas interessantes, o mundo não pára. Gostava de ver mais respeito pelos
velhos pela sua sabedoria e capacidade de ainda dar e ensinar. A ficção
nacional, acho que está a crescer na direção certa: a da qualidade.
M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
A.P: Claro!!!!! Mas não
seria fácil, porque sou muito apegada à família... Mas sempre aceitei todos os
voos!
M.L: Este ano celebra 32 anos de carreira desde que
começou em 1980. Que balanço faz destes 32 anos?
A.P: Sempre a lutar... por
fazer melhor e por que se faça melhor! Detesto o facilitismo. Acho que consegui
desenvolver alguns projetos interessantes e dizer às pessoas, "as
coisas" que me interessam!!! É para isso que sou atriz: para comunicar,
para transmitir ideias, para tornar o mundo melhor!!!! Claro que sonhei fazer
muitas coisas que não fiz, mas já esqueci, não fico a olhar para trás... ainda
tenho muito para fazer e para dizer...
M.L: É uma das fundadoras da companhia Tenda-Palhaços
do Mundo que foi fundada em 2004. Como é que surgiu a ideia de fundar a
companhia?
A.P: Não, eu não sou
fundadora da Tenda, ainda que agora esteja empenhada neste projeto. Mas a Tenda
e os Palhaços do Mundo são duas vertentes diferentes. A Tenda será o rosto do
cidadão que intervém ativa e profissionalmente com a arte. Os Palhaços do Mundo
são o lado solidário que também com a arte faz chegar sorrisos a quem mais
precisa.
M.L: Que balanço faz do percurso que a companhia fez
até agora?
A.P: A Tenda está a crescer,
devagar, mas com passos seguros. Os nossos espetáculos têm vindo a criar um
público próprio que já nos segue e isso é extremamente importante tanto
infantil como adulto. E também no plano pedagógico temos desenvolvido um trabalho
continuado com as diversas ações de formação a que nos dedicamos. Portanto, o
balanço é muito positivo e seguramente para continuar.
M.L: Qual foi a pessoa que a marcou, durante o seu
percurso como atriz?
A.P: Tantas... felizmente.
Impossível citar uma.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
A.P: Vamos repor entre 15
e 25 de Março, a "Carta com Resposta" de Fernando Pessoa e Inês
Pedrosa no Teatro da Malaposta. E em Maio estrearei uma nova produção da Tenda
no Teatro da Trindade de um grande dramaturgo europeu. E claro, espero voltar a
fazer televisão brevemente!
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
A.P: Para o meu umbigo,
gostava de fazer um papel importante em cinema!!!! Em termos mais gerais, gostava
que o projeto dos Palhaços do Mundo tivesse mais possibilidades para crescer e
nos deixar ser verdadeiramente solidários e ir para as ex-colónias com os
nossos palhaços!ML
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
Mário Lisboa entrevista... Cristina Areia
Olá. A próxima entrevista é com a atriz Cristina Areia. Filha do ator Carlos Areia, desde muito cedo que se interessou pela representação e desde aí desenvolveu um percurso que passa essencialmente pelo teatro e pela televisão (onde entrou em produções como "Isto É o Agildo" (RTP), "Os Lobos" (RTP), "Ajuste de Contas" (RTP), "O Prédio do Vasco" (TVI), "Doce Fugitiva" (TVI), "Camilo-O Presidente" (SIC) e "Liberdade 21" (RTP) tendo sido capa da edição portuguesa da revista Playboy em 2009 e além da representação também é professora estando a lecionar na escola F.A.M.E-Fábrica de Artistas e recentemente participou na 9ª temporada da série "Morangos com Açúcar" (TVI) e atualmente participa no espetáculo "Mendes.come" que é protagonizado por Fernando Mendes e foi criado a propósito dos 30 anos de carreira do próprio celebrados em 2010 estando em digressão desde aí e atualmente está em cena no Teatro Municipal de Portimão todos os dias às 22h00 até ao próximo dia 26 de Agosto. Esta entrevista foi feita no passado dia 13 de Maio no Teatro Sá da Bandeira no Porto na altura em que o espetáculo "Mendes.come" estava em cena no Teatro Sá da Bandeira.
M.L: Como é que está a correr o espetáculo “Mendes.come”?
M.L: Como é que está a correr o espetáculo “Mendes.come”?
C.A: Muito bem. Apesar de
as pessoas agora com a chamada crise irem menos ao teatro, porque as pessoas
quando cortam primeiro é nas coisas que não são bens essenciais. Apesar disso,
as pessoas têm vindo muito ao teatro, ainda ontem estivemos esgotados.
Obviamente que isso deve muito ao Fernando (Mendes), porque o Fernando é um
fenómeno de popularidade e tem um programa diário na RTP (“O Preço Certo”) e as
pessoas têm muito carinho por ele e têm curiosidade em vê-lo no teatro e depois
é bom perceber que no final, as pessoas acabam por gostar muito do espetáculo.
Isso é muito giro.
M.L: Quais são os próximos locais que o espetáculo vai
passar?
C.A: Agora vamos estar
aqui até ao primeiro fim-de-semana de Junho, mas entretanto vamos a Paris fazer
um espetáculo único no Olympia e depois a seguir temos alguns espetáculos em várias
cidades do país e depois em Agosto vamos estar um mês inteiro na cidade de
Portimão, no Teatro (Municipal) de Portimão. Vamos lá estar todos os dias no
mês de Agosto.
M.L: Como é que surgiu este espetáculo?
C.A: Fizemos um espetáculo
anterior também com o Fernando Mendes, com a mesma equipa e depois tivemos a
necessidade de fazer um espetáculo novo, porque havia pedidos para voltarmos
outra vez às mesmas cidades, aos mesmos sítios, às mesmas festas e então
fizemos um espetáculo novo para as pessoas poderem ver uma coisa diferente.
Digamos que o Fernando gosta muito de trabalhar com as pessoas da confiança
dele e quando gosta de trabalhar com as pessoas não gosta muito de mudar e isso
é muito bom para os artistas que trabalham com ele. Sentem uma grande
confiança, é uma coisa rara nos tempos que correm. É muito difícil encontrarmos
estabilidade e com ele isso acontece.
M.L: Como é trabalhar com o Fernando Mendes?
C.A: É trabalhar com um
amigo de longa data. É difícil distinguir as duas coisas, porque nós somos
amigos há muitos anos, mas é uma pessoa muito divertida, muito bem-disposta,
sempre encara a vida de uma forma positiva, mas a trabalhar é muito
profissional nos bastidores, antes de entrar, gosta que tudo esteja no seu
lugar, que as luzes estejam bem, que os microfones estejam corretos, que o som
esteja bem… Preocupa-se com tudo, se temos tudo certinho, se precisamos de
alguma coisa… É muito profissional, é muito bom trabalhar com ele.
M.L: “Mendes.come” foi criado a propósito dos 30 anos
de carreira do Fernando Mendes celebrados em 2010. Como classifica este
espetáculo?
C.A: Este espetáculo é
exatamente por isso: por comemorar a carreira do Fernando. Passa um bocadinho
pelos pontos altos da carreira dele e digamos que nós fazemos um pouco de todos
os sketches que fizeram o maior
sucesso na carreira do Fernando e alguns por coincidência também são os que
fizeram maior sucesso com o pai dele (Vítor Mendes), porque alguns foram feitos
pelo pai dele, quando o pai era vivo. Alguns que o pai fez com muito sucesso no
teatro e o Fernando agora volta a repeti-los e portanto é um espetáculo que tem
o melhor dos melhores dos sketches e
no fundo é passar um bocado pela história profissional do Fernando. É muito
giro.
M.L: Recentemente participou na 9ª temporada da série
“Morangos com Açúcar” (TVI), onde interpretou a personagem Isabel Garcia. Que
balanço faz da sua participação na série?
C.A: Foi muito giro
também. Foi uma outra experiência diferente desta, porque é televisão já para
começar e trabalhar com muita gente nova que está agora a começar a ter o sonho
de ser ator. O ambiente é excelente, os profissionais que fazem os “Morangos
com Açúcar” (eu estou a falar da equipa técnica) é uma equipa que já fazem
aquele formato há 9 anos, portanto sabem perfeitamente o que é que estão a
fazer. Isso dá muito segurança. E por outro lado tem também aquele sangue novo,
de ter muita gente nova e muito profissional, porque os atores ali não
começavam assim do nada, tinham primeiro que fazer um workshop, um curso para perceberem como é que trabalham com as
câmaras, como é que representam com naturalidade, etc. Foi muito giro, é um
ambiente muito bom, fizeram-se muitas amizades ali.
M.L: “Morangos com Açúcar” foi cancelada ao fim de
quase 10 anos de exibição. Como vê o percurso que a série fez até ser
cancelada?
C.A: Eu penso que a série
é cancelada, porque faz sentido, porque as coisas têm uma evolução natural, as
coisas evoluem e é preciso renovar e se
calhar para aquele espaço horário era preciso uma coisa diferente, uma coisa
que acompanhasse o que se faz noutros canais de televisão estrangeiros (não
sei, estou um bocadinho a tentar adivinhar, mas penso que tem um bocadinho a
ver com isso). A evolução foi excelente no sentido em que retirou-se o que não
era tão bom e tentou-se melhorar as coisas. Por exemplo, eu noto que os
primeiros “Morangos…” eram engraçados, muito inocentes, mas depois
arriscaram-se outras coisas e depois às vezes tocavam-se em assuntos que eu não
sei se eram os mais adequados aos jovens e cada vez a série se tornou mais
pedagógica no sentido em que por exemplo passavam bons exemplos nos últimos
“Morangos…”, nas últimas temporadas. Por exemplo, as personagens não fumavam,
bebiam com moderação, tinham cuidado com a linguagem, tentavam passar mensagens
ambientalistas, mensagens de humanidade, de cooperação, de ajuda aos animais e
isso tornou-se muito interessante e não deixou de ser cool na mesma. Eu acho que isso fui muito giro de observar.
M.L: Como é que surgiu o interesse pela representação?
C.A: O interesse pela
representação não surgiu, o interesse pela representação digamos que já estava
na minha família. O meu pai (Carlos Areia) era ator, sempre foi ator e eu
cresci um bocadinho no meio teatral e portanto era quase inevitável para mim
gostar de teatro, gostar das artes, porque vivia nos palcos ou nos bastidores
ou nos teatros e portanto foi uma coisa que foi acontecendo naturalmente. Se
bem que na minha adolescência tinha ali uma fase em que achava que não queria
ser atriz e não queria estar ligada ao teatro, mas há coisas que parecem que já
estão escritas.
M.L: Durante o seu percurso como atriz fez teatro e
televisão, mas pouco cinema. Gostava de ter trabalhado mais nesse género?
C.A: Muito mais. Se
pudesse sim, gostava muito de fazer cinema. Gosto muito de ver cinema, sou
apaixonada por cinema e gostava muitíssimo de fazer cinema. Não tem surgido a
oportunidade, talvez é um meio um pouco distante talvez do meu apesar de ser
tudo na mesma área, mas estou sempre aberta a fazer cinema. Por acaso, é mesmo
uma área que eu gostava de desenvolver mais.
M.L: Um dos seus trabalhos mais marcantes em televisão
foi a telenovela “Ajuste de Contas” (RTP), onde interpretou a personagem
Cristina. Que recordações leva desse trabalho?
C.A: Sobretudo, as
recordações que levo desse trabalho tem mais a ver se calhar com a parte
humana, com os colegas com quem contracenei, de ter contracenado com o Sr.
(Raul) Solnado por exemplo, de ter conhecido pessoas como o João Perry e estar
integrada na indústria das telenovelas é fascinante também e depois fiz grandes
amizades que lá duraram até hoje, portanto fui uma fase muito interessante da
minha vida profissional.
M.L: Como vê atualmente o teatro e a ficção nacional?
C.A: O teatro e a ficção
são duas coisas um pouco diferentes, embora estejam ligadas, porque muitas
vezes os atores de ficção fazem teatro e vice-versa hoje mais do que nunca. Mas
as duas neste momento estão um bocadinho em crise, todas as áreas estão em crise.
O cinema é o que está pior, porque o cinema neste momento não tem qualquer
subsídio, foram cortados a 100%. Mas mesmo na televisão, as coisas estão
complicadas, porque a crise chega a todo o lado. Agora o que eu acho é que as
pessoas muitas vezes mesmo que gostem muito de fazer teatro devem fazer
televisão, porque a televisão chega mais depressa e a mais pessoas e para além
disso fazer televisão é muito interessante para um ator, porque é preciso
reagir de uma forma muito rápida. Às vezes é: hoje fazemos 20 textos e temos já
hoje à noite, estamos cansados, mas temos que estudar 30 textos para amanhã e
temos que conseguir fazê-lo com o melhor que conseguimos e dentro do cansaço e
isso torna-nos atores com muita rapidez. O teatro, eu gosto mais, porque há mais
tempo para se desenvolver uma personagem, para se desenvolver a peça, para se
desenvolver tudo e tem outra coisa muito boa que é pode-se usar muito mais a
espontaneidade no momento e eu acho que isso é fascinante no teatro.
M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
C.A: Não é uma coisa que
me preocupe muito, porque eu já fico feliz de ser atriz no meu país e até já
consegui chegar um pouco mais longe do que eu alguma vez imaginaria, porque por
exemplo nunca imaginaria que as pessoas me reconheceriam na rua. Isso nunca me
passou pela cabeça, porque eu só queria fazer teatro e nem estava à espera
disso, isso não me fascina muito. Portanto já cheguei um pouco longe e sei que
isso é fruto das pessoas gostarem do meu trabalho. Agora o ser internacional:
se acontecesse, claro era ótimo.
M.L: Como lida com o público que acompanha a sua
carreira há vários anos?
C.A: Eu gosto de estar
muito próxima deles, das pessoas que compõe o meu trabalho e uma das razões
para eu ter Facebook é para me poder aproximar um pouco mais das pessoas e
fiquei ainda muito surpreendida, quando as pessoas dizem que me conhecem de
vários trabalhos. Acho natural que as pessoas se lembrem do último, porque as
pessoas têm má memória, o público tem má memória nesse sentido. Mas depois fico
muito contente, quando as pessoas dizem que acompanham o meu trabalho, tenho
muito apreço pelas pessoas que reparam em mim.
M.L: Além da representação também é professora estando
a lecionar na escola F.A.M.E-Fábrica de Artistas. Que balanço faz da sua
atividade como professora?
C.A: Eu acho que continuo
a aprender também como professora. Gosto muito de fazer isso, acho que tenho
realmente algum talento para ensinar e sinto que os meus alunos estão
diferentes, quando terminam o curso que é aprenderam alguma coisa. Isso dá-me
um enorme gosto, por acaso dá. Eu gosto de partilhar a minha experiência com
eles e gosto de lhe dar instrumentos para eles poderem terminar bons atores
profissionais e respeitadores da nossa profissão.
M.L: Em 2009 foi capa da edição portuguesa da revista
Playboy. Como foi a experiência de ser capa de uma revista masculina?
C.A: Foi uma experiência
um bocadinho avassaladora. Talvez seja a melhor palavra, porque é um trabalho
que não está bem dentro da área do que eu estou habituada a fazer, mas eu
encarei aquele trabalho como um trabalho de atriz também. Foi assim que eu
consegui encarar aquilo de uma forma um pouco mais natural para mim, mais fácil
para mim. Acabou por ser uma experiência positiva, porque apercebi que era capaz
de ultrapassar essa barreira, esse limite. Trabalhei com excelentes
profissionais, um grande fotógrafo e no fundo foi como de passar pela
experiência de ser uma modelo num dia. Foi um bocado isso.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
C.A: Neste momento não
tenho muitos projetos a não ser continuar os que já tenho ou seja continuar a
fazer espetáculos com o Fernando, temos alguns projetos até ao fim do Verão e
continuar a dar alguns cursos de representação na área da escola F.A.M.E, onde
eu estou integrada. Neste momento é só isso.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
C.A: Não tenho muitas mesmo, não consigo me lembrar de
apenas uma. Gostava muito ainda de fazer pelo menos uma peça de (William)
Shakespeare que eu gosto muito, gostava de fazer uma longa-metragem que nunca
fiz, gostava de fazer um curso de representação nos Estados Unidos, porque eu
gosto sempre de aprender. Tantas coisas que eu queria fazer, muitas… ML
domingo, 5 de agosto de 2012
sábado, 4 de agosto de 2012
Mário Lisboa entrevista... Carla Baptista
Olá. A próxima entrevista é com a produtora Carla Baptista. Desde muito cedo que se interessou pela produção, quando era bailarina clássica e devido a um problema de saúde teve de abandonar essa vertente, mas nessa altura prometeu a si mesma que não estaria em cima de um palco, mas que estaria atrás de um e desde aí desenvolveu um percurso como produtora que passa por áreas como o audiovisual, a música e a produção de eventos (tendo por exemplo produzido em 2007 a cerimónia das 7 Maravilhas do Mundo) e recentemente trabalhou na edição deste ano do The Famous Humour Fest-Festival de Humor de Lisboa que ocorreu no Cinema São Jorge em Lisboa e atualmente trabalha com o cantor Fernando Pereira que celebra este ano 30 anos de carreira. Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 6 de Fevereiro.
M.L: Como é que surgiu o interesse pela produção?
C.B: Surgiu bem cedo. Eu era bailarina clássica e devido a um
problema de saúde tive de abandonar essa minha vertente, mas nesse mesmo
instante prometi a mim mesma: não estou em cima de um palco, mas estarei atrás
de um. Era uma criança, mas sabia bem o que queria para mim.
M.L: Qual foi o trabalho que a marcou, durante o seu
percurso como produtora?
C.B: Tenho vários por diversas razões... o meu primeiro programa de
TV, o meu primeiro direto, o primeiro evento, a primeira película, todos os
trabalhos me marcam... todos eles são especiais e guardo-os com muito carinho.
Mas as 7 Maravilhas do Mundo, esse marcou e bem, a responsabilidade era bem
acrescida. Muitas equipas, muitos meios, pouco tempo e muito para fazer. Posso
dizer que nos últimos dias só saía do Estádio da Luz para ir a casa trocar de
roupa.
M.L: Durante o seu percurso como produtora trabalhou
em áreas como o audiovisual, a música e a produção de eventos (tendo por
exemplo produzido em 2007 a cerimónia das 7 Maravilhas do Mundo). Qual destas
áreas em que se sente melhor?
C.B: Sinceramente, sinto-me confortável em qualquer uma das áreas,
cada uma tem especificações diferentes. O meu empenho e dedicação são sempre os
mesmos. A diferença aqui é apenas o grau de adrenalina, os diretos e os eventos
ao vivo são sempre os mais excitantes, "Live Without a Net", não há
tempo para falhas... tudo tem de estar perfeito.
M.L: Qual foi o momento que a marcou, durante o seu
percurso como produtora?
C.B: Arrepiou-me fazer o
Euro 2004, o patriotismo e a solidariedade que vi... marcou-me.
M.L: Como vê atualmente a Cultura em Portugal?
C.B: O estado da Cultura em Portugal... pois bem, esse é um
assunto bastante delicado para mim. Pois sempre entendi e me esforçei para
levar cultura a todo o Portugal. Com o passar dos anos, os apoios, os esforços,
o empenho tem vindo a diminuir... por dificuldades do País, é a resposta correta.
Infelizmente penso que neste momento estamos à beira de sermos um País inculto por
culpa de todos nós. Não apontemos dedos só a uma ou outra pessoa, a realidade é
que deixou de haver um esforço generalista. A cultura começou a sair cara... e
desistiram dela.
M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
C.B: Claro que sim, cada
vez mais tenho consciência de que lá fora ainda há muito para se fazer. E para
se crescer e aprender tem de se trabalhar com os melhores e esses neste momento
agora estão lá fora!
M.L: Qual foi a situação mais embaraçante que a marcou
até agora, durante o seu percurso como produtora?
C.B: O meu primeiro
encontro com um ídolo meu... fiquei parada a olhar uns segundos sem conseguir
responder a nada... corei, foi bastante embaraçoso para mim.
M.L: Em 2000 trabalhou na série “Crianças SOS” que foi
produzida pela NBP (atual Plural) para a TVI na parte da produção e contratação
de atores. Que recordações leva desse trabalho?
C.B: Belos tempos, recordo com grande carinho todo esse tempo. Principalmente,
o Senhor Ruy de Carvalho: grande Homem, um Ser Humano sem igual, aprendi muito
com ele. Foi um trabalho bem distinto dos que já fiz, fazer uma série com
crianças não é fácil, elas não têm a paciência de um adulto e filmar 8 horas
por dia... não é pêra doce. Mas permitiu-me conhecer grandes nomes do nosso
leque de atores, o que para mim foi uma honra.
M.L: Qual foi a personalidade que a marcou, durante o
seu percurso como produtora?
C.B: Sem sombra de dúvidas o meu mentor, Sr. Manuel Falcão. Muito
do que sei aprendi com ele, ficarei eternamente grata!
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira no mundo do espetáculo?
C.B: O melhor conselho que
posso dar é que antes de mais façam esta pergunta a si próprios: O que não é
possível fazer? Só existe uma resposta possível... nada, tudo é possível! Só se
tiverem essa atitude é que conseguiram ultrapassar os obstáculos que vão
aparecendo. Mas sem nunca perder a gentileza, a humildade e a palavra.
M.L: Está com quase 40 anos. Como é que se sente ao
chegar a esta idade?
C.B: É verdade, daqui a um
ano e pouco lá chegam os 40!! Sinto-me bastante tranquila e serena, adquiri
sabedoria, experiência e felicidade!
M.L: Que balanço faz da sua carreira?
C.B: Sou uma privilegiada,
trabalhei em projetos únicos e marcantes que ficaram na história e ainda por
cima adoro o que faço!
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
C.B: Esses estão ainda nos segredos dos Deuses! A seu tempo serão
divulgados ao grande público.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito
ainda?
C.B: Uma digressão Mundial,
mas a seu tempo a oportunidade irá surgir!
M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da
sua vida?
C.B: O que mudava eu na minha vida? Boa pergunta... em
mim nada. Mas gostava de mudar nos outros: que as pessoas não se esquecessem do
seu lado humano, da palavra, da honestidade, da sinceridade, da humildade, de
olhar para o lado e fazer o bem. Não sejam gananciosos, a maior riqueza que
podem ter desta Vida não é material... nada paga um sorriso, um abraço, uma
palavra. Só assim será possível a Humanidade sobreviver... sejam felizes todos
os dias!ML
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
Mário Lisboa entrevista... Anabela Baldaque
Olá. A próxima entrevista é com a estilista Anabela Baldaque. Natural de Vizela, foi viver para o Porto com três anos e desde muito cedo que se interessou pela moda tendo desenvolvido um bem-sucedido percurso como estilista e marcou presença em importantes eventos de moda como o Moda Lisboa e o Portugal Fashion tendo dedicado praticamente a sua vida profissional no Porto da qual tem um atelier na cidade aberto desde 2002. Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 22 de Novembro.
M.L: Como é que surgiu o interesse pela moda?
M.L: Como é que surgiu o interesse pela moda?
A.B: O interesse pela
moda surgiu de forma quase inata. Não existia muita oferta de
vestuário na cidade do Porto pela altura da minha adolescência e então comecei
a adaptar e a recriar peças a meu gosto. Transformava, cortava mangas, pintava
tecidos... e fazia nascer uma peça única. Comecei a desenvolver aptidões nesse
sentido, o que me levou a optar pelo curso de estilismo.
M.L: Qual foi o trabalho que a marcou, durante o seu
percurso como estilista?
A.B: Vários trabalhos me
marcaram, mas posso assinalar um vestido de noiva todo bordado à mão pela Aliança
Artesanal de Vila Verde com vários véus.
M.L: Dedicou praticamente a sua vida profissional no
Porto. Gostava de ter trabalhado mais em Lisboa?
A.B: Sim, gostava de ter tido
mais trabalho em Lisboa. Tive um espaço "Anabela Baldaque" no El
Corte Inglés em Lisboa, onde recuperei algumas das clientes que me foram
seguindo ao longo dos mais de 10 anos em que participei na Moda Lisboa,
mas gostaria de trabalhar em mais projetos na capital.
M.L: Qual foi o momento que a marcou, durante o seu
percurso como estilista?
A.B: A abertura da minha loja
própria na cidade do Porto.
M.L: Como vê atualmente a Moda em Portugal?
A.B: Vejo que existe mais
oportunidades para ela. As pessoas estão mais informadas e têm mais vontade de
ter uma peça de autor no seu guarda-fatos.
M.L: Já trabalhou no estrangeiro. Gostava de ter
ficado lá?
A.B: Não foi bem trabalhar, foi
mais aprender... Quando no fim do estágio optei por regressar a Portugal fi-lo
como sendo a opção mais acertada no momento.
M.L: Como estilista gostava de trabalhar em outras
áreas como o audiovisual?
A.B: Sim, gostaria de trabalhar
noutras áreas. Gosto de misturar e de pensar que tudo pode ser um desafio.
M.L: Qual foi a personalidade da Moda que a marcou,
durante o seu percurso como estilista?
A.B: A personalidade da moda que
mais me tem marcado pela sua capacidade de génio é o Karl Lagerfeld.
M.L: Como vê o futuro da Moda nos próximos anos?
A.B: Penso que a moda e a
indústria de diversos setores terão que ir fazendo diversas fusões.
M.L: Está com quase 50 anos. Como é que se sente ao
chegar a esta idade?
A.B: É verdade. E gosto. Sinto-me
bem!
M.L: Que balanço faz da sua carreira?
A.B: Um balanço positivo, porque
gosto muito do que faço, embora saiba que podia fazer muito mais se...
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
A.B: Neste momento, tento apenas
estar atenta ao mercado para continuar a existir para o ano (2012)...
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
A.B: Gostaria de concretizar uma
linha de calçado. Já tentei e não foi avante, mas continuo com alguns
projetos em vista.
M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da
sua vida?
A.B: Gostaria de trabalhar as
minhas aptidões de chefia e de liderança.
M.L: Se não fosse a Anabela Baldaque, qual era a
estilista que gostava de ter sido?
A.B: Talvez a Stella
McCartney.ML
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