Entrevista com... Cátia Nobre (Jornalista)
segunda-feira, 30 de junho de 2014
domingo, 29 de junho de 2014
Cinebairro
Olá.
O Cinebairro é um espaço situado no Bairro Alto em Lisboa que resulta de uma sociedade entre a atriz Ana Mafalda (http://www.mlisboaentrevista.blogspot.pt/2013/03/mario-lisboa-entrevista-ana-mafalda_5532.html) e Ricardo Calçada (Sócio Maioritário).
Este espaço nasceu da reflexão e conceção do Cinema ao alcance de todos, promove a Cultura e a divulgação do Cinema Nacional e Internacional, e aposta numa mostra diversificada, da qual seleciona e elege grandes longas-metragens nacionais e internacionais com o intuito de abranger todas as épocas e gerações.
Cinebairro
Travessa da Espera, Nº 46 - Bairro Alto
1200-287 Lisboa
Mário Lisboa
Mário Lisboa entrevista... Lucinha Lins

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação e
pela música?
L.L: A música sempre esteve presente na
minha casa. A minha família é muito musical. O meu pai tocava samba, compôs a
valsa de 15 anos da minha irmã mais velha. A minha mãe tocava piano e sempre
brincávamos em volta do piano e sempre cantávamos juntos. A música sempre fez
parte do ar que eu respiro.
Na
verdade, eu sempre pensei que seria médica...
A carreira de atriz foi
acontecendo, foi um desafio que o grande diretor Walter Avancini me propôs. Ele
viu-me em anúncios de TV e no espetáculo “Sempre, Sempre Mais” (que eu fazia ao
lado do Claudio Tovar) e convidou-me para um papel importante na minissérie “Rabo
de Saia” (TV Globo). Eu aceitei o convite e acabei recebendo um prémio
importante de atriz revelação. Os convites foram chegando e eu fui aceitando, sentindo-me
mais segura e posso dizer que tive muita sorte de participar em bons trabalhos,
novelas que marcaram, peças dirigidas por diretores de prestígio...
E as coisas foram
acontecendo!
M.L: Quais são as
suas influências nestas duas áreas?
L.L: Muitas! Adoro Bossa Nova. MPB (Música Popular
Brasileira). Adoro as cantoras americanas como Ella Fitzgerald... Sou da
geração dos Beatles e dos Rolling Stones que eu também adoro! Amava o Johnny
Mathis. Eu acho que fui influenciada por tudo o que tocava na minha casa.
Sempre amei música!
Como atriz, acho que a minha
maior influência é a Bibi Ferreira. Ela é a grande atriz/cantora ou cantora/atriz
do Brasil. Ela é completa! Maravilhosa!
M.L: Como atriz, faz, essencialmente, teatro e
televisão. Gostava de trabalhar mais em cinema?
L.L: Adoraria fazer mais cinema sim. Fiz muito
pouco, embora tenha feito um dos filmes de maior bilheteira no Brasil, “Os
Saltimbancos Trapalhões” (1981). Esse filme foi um dos meus primeiros trabalhos
como atriz e a banda sonora, onde eu canto diversas músicas, virou um clássico.
Todo o mundo canta “A História de uma Gata” e “Hollywood”.
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora,
tanto como atriz e como cantora?
L.L: Acho que isso não existe. Não saberia dizer qual foi o
trabalho que mais me marcou. Quando você está envolvido no projeto é tudo tão
intenso. Eu gosto do trabalho do momento, mas não posso negar que “Rabo de Saia”,
“Roque Santeiro” (TV Globo), “A Viagem” (TV Globo) e “Chamas da Vida” (TV
Record) foram muito importantes para mim e para minha carreira. Mas não tenho
preferências. Como já disse, a banda sonora do filme “Os Saltimbancos Trapalhões”
virou um clássico e por causa dela muitas pessoas chegam até mim dizendo “Você
é minha eterna Gata”. É muito bom estar na memória afetiva das pessoas e acho
que a música “A História de uma Gata” fez isso.
M.L: Entre 2008 e 2009, participou na telenovela
“Chamas da Vida” que foi exibida na TV Record, da qual interpretou a vilã
Vilma. Que recordações guarda desse trabalho?
L.L: As melhores. A Vilma foi a minha primeira
grande vilã. Foi um presente da Cristianne Fridman para mim. O texto dela era
primoroso! Foi um desafio para mim. Era uma personagem dificílima, muito
diferente de tudo o que eu havia feito em TV e fez muito sucesso. Na Internet, fizeram
listas das pérolas, frases absurdas e grosseiras que a Vilma disparava contra as
demais personagens.
M.L: “Chamas da Vida” é da autoria de Cristianne
Fridman, com quem voltou a trabalhar nas telenovelas “Vidas em Jogo” (TV
Record, (2011/2012) e “Vitória” (atualmente em exibição na TV Record). Como é trabalhar
com ela?
L.L: Adoro trabalhar com ela! Ela tem um texto
impecável. Tem uma capacidade de trabalho enorme. Os capítulos são entregues
sempre com muita antecedência o que facilita o trabalho do elenco e da
produção. Além disso tudo acho que ela confia no meu trabalho e sinto que
sempre me dá uma personagem com peso, com importância na trama. Agora na novela
“Vitória”, por exemplo, eu faço uma jovem senhora, uma avó, que sofrerá de Alzheimer.
M.L: Como vê, atualmente, a Cultura no Brasil?
L.L: Estamos atravessando uma crise grave nessa
área, mas acho que a grande responsável por isso é a péssima qualidade da educação
no nosso país. É uma pena, porque somos um país muito rico culturalmente. É um
paradoxo.
M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
L.L: Gostaria sim. Acho que qualquer atriz já
sonhou com o Óscar! Eu sonhei!
M.L: Como lida com o público que acompanha a sua
carreira há vários anos?
L.L: Eu tenho fãs que viraram amigos. Que têm o
meu telemóvel, com quem eventualmente saio para comer uma pizza e beber um chopp.
Acho que essas pessoas são um presente na minha vida. Algumas delas eu conheci
ainda meninas e que hoje estão casadas e com filhos. Eu estou agradecida a
essas pessoas e é para elas que o meu trabalho é feito.
M.L: Foi casada com o cantor Ivan Lins e é mãe do ator
e cantor Cláudio Lins. Como vê o percurso que ambos têm feito até agora?
L.L: Sou a fã nº1 do Ivan. Ele é um músico
extraordinário. O piano dele é único! As harmonias dele são uma loucura! Fico
muito orgulhosa da carreira internacional que ele construiu. Para mim o Ivan
está no mesmo patamar de Tom Jobim. Só acho que ele deveria apresentar-se mais
no Brasil e já disse isso para ele.
O Cláudio enche-nos de orgulho!!!
Ele seguiu o nosso caminho. É um belíssimo cantor e compositor e acho que a
carreira de ator também acabou sendo influenciada pelo Claudio Tovar, o meu
marido há mais de 25 anos. Atualmente, ele está em cartaz com “Elis, A Musical”
e arrasa!!!
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira seja na representação ou na música?
L.L: Acho uma escolha difícil. Não conheço ninguém que
tenha nascido para o fracasso, mas daí para chegar ao sucesso é uma caminhada
longa e complicada. É preciso estar atento. Ir atrás do seu sonho. Mantenha-se
informado. Leia tudo, veja filmes, vá ao teatro, exposições... Acho que tem que
haver empenho, estudo, dedicação e sorte. É uma carreira muito difícil, mas se
você é artista não vai conseguir viver sem arte. Tem uma
música que gravei que diz o seguinte: “se uma estrela aparecer não esconda o
seu olhar, dê a ela uma chance de brilhar...”.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até
agora, como atriz e como cantora?
L.L: Depois de uns 40 anos em cima de um palco posso
dizer que me sinto feliz. Gosto da vida que foi acontecendo para mim. Aprendi
muito e contínuo aprendendo todos os dias. Eu gosto de saber que tenho
credibilidade. Tenho orgulho da minha trajetória. Acho que fiz trabalhos que
marcaram, desafiei-me, cresci como artista e como pessoa. Trabalhei com pessoas
e artistas incríveis. Tive muita sorte também.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
L.L: Todos! Da vida eu quero a vida! Sempre e
sempre mais! Quero estar sempre no palco. Quero envelhecer trabalhando. Esse é
um dos privilégios da nossa carreira. Veja a Bibi fazendo espetáculos por todo
o Brasil com 90 anos e linda!
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
L.L: Acho que
gostaria muito de fazer um clássico. Quem sabe uma rainha Elizabeth... Acho sim
que falta-me fazer um grande clássico no teatro.ML
sábado, 28 de junho de 2014
sexta-feira, 27 de junho de 2014
Mário Lisboa entrevista... Irina Gomes

M.L: Quando surgiu o interesse pela escrita?
I.G: Desde sempre. Na 3ª
classe escrevi uma peça de teatro. Na adolescência também, além de alguns
poemas em papéis soltos. Comecei pelo jornalismo em 1994, sem nunca imaginar
vir parar ao argumento, em 2004, onde me sinto como peixe na água.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto
guionista?
I.G: Acima de tudo o mundo
real. As histórias que vivo, que me rodeiam e que rodeiam quem está à minha
volta. Desde os amigos à senhora do supermercado e/ou ao casal que janta a meu
lado no restaurante. Leio também sobre tudo um pouco. Quem escreve tem a
obrigação de ter os horizontes abertos e “ver Mundo”.
M.L: Trabalha, essencialmente, na televisão. Gostava
de trabalhar em outras áreas como, por exemplo, o cinema?
I.G: O meu trabalho de
televisão é mais vasto, mas conto já com alguns trabalhos como ghost writer. Confesso que o cinema
seria uma experiência, mas almejo mais a escrita de livros da minha autoria.
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, durante o
seu percurso como guionista?
I.G: O trabalho que mais
me marcou foi sem dúvida o “Espírito Indomável” (TVI) que escrevi com a Mafalda
Ferreira, a Andreia Vicente e a Cláudia Marques, sob a batuta da Sandra Santos.
Foi uma história complexa, mas muito bem intricada, que me deu muitíssimo gozo
escrever.
M.L: Em 2005, escreveu, juntamente com Rui Vilhena,
Raquel Oliveira e George C. Martins, a telenovela “Ninguém como Tu” que foi exibida
na TVI. Que recordações guarda desse trabalho?
I.G: Foi a minha primeira
experiência como argumentista. Foram 11 meses de escrita muito intensa onde
aprendi muita coisa e descobri que tinha muito mais capacidades para a área do
que alguma vez pensara. Foi sem dúvida uma surpresa. Apaixonei-me pelo
argumento.
M.L: Como vê, atualmente, a ficção nacional?
I.G: Do pouco que tenho
acompanhado e, embora saiba que a Troika
também chegou à ficção nacional, acho que é importante ousar. É preciso, à
semelhança da ficção americana, por exemplo, ter novas histórias, testando
novos modelos e novas formas de as abordar. Se queremos que o público seja
ainda mais exigente temos de o levar a isso. Quem se habitua às séries
americanas, por exemplo, sabe disso.
M.L: Desde o passado dia 16 de Maio que vive em
Inglaterra. O que a levou a querer deixar Portugal e iniciar uma nova fase da
sua vida?
I.G: Esta decisão já
estava tomada há muito tempo e só não se realizou mais cedo por motivos
pessoais. O meu marido veio trabalhar e, obviamente, que a família ter-se-ia de
reunir, mais cedo ou mais tarde. A situação em Portugal, infelizmente,
empurra-nos para estas tomadas de decisão, mas encaro esta fase como uma
aventura. Como outra maneira de abrir os meus horizontes e poder levar isso
também para a minha escrita.
M.L: Nestes últimos tempos, que diferenças é que
encontrou, até agora, entre Portugal e Inglaterra?
I.G: Muitas. Em Inglaterra
a sociedade é deveras organizada. O verdadeiro by the book, enquanto que em Portugal, somos especialistas “no
desenrasca”. No que diz respeito à área da televisão a produção é fantástica.
Há programas tão simples como desenhar para o colega de equipa adivinhar. Coisas
extremamente simples que com uma boa produção e um apresentador desenvolto,
funcionam lindamente. Os anúncios publicitários são também, para quem gosta de
os ver, um verdadeiro elixir de criatividade. Obviamente que isto também é
reflexo de um país com mais poder financeiro que o nosso e que tem uma
multiculturalidade imensa.
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na área do guionismo?
I.G: É importante que quem
queira ser guionista/argumentista tenha noção de que não escreve para si mesmo
e que não tenha a presunção de que apenas a sua visão do mundo é válida.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até
agora, como guionista?
I.G: Faz em Outubro deste
ano dez anos que comecei a escrever o “Ninguém como Tu”. A cada projeto novo
dou toda a energia, como se fosse o primeiro, e cada vez mais tenho a certeza
de que nasci, entre outras coisas, também para fazer isto.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
I.G: Tanta coisa… mas gostava de escrever algo que
desperte a nossa consciência para as inevitabilidades da vida, para o facto de
não as controlarmos, mas controlarmos a maneira como reagimos a tudo o que nos
acontece. No Mundo que temos hoje urge usar todas as técnicas que temos para
passar mensagens e deixar de lado as histórias antigas.ML
quinta-feira, 26 de junho de 2014
quarta-feira, 25 de junho de 2014
Mário Lisboa entrevista... Adriana Moniz

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
A.M: Desde muito pequena. A
minha mãe tinha uma aluna que dizia que queria ser atriz e levou-me a ver a
primeira peça que essa aluna fez, eu tinha 5 anos, e a partir daí fiquei completamente
fascinada. Essa atriz é a Flávia Gusmão e estreei-me profissionalmente com ela.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
A.M: Eu gosto muito de
estudar e sempre que posso vou fazendo workshops
e reciclando os meus conhecimentos e vou experimentando várias técnicas. A
última técnica sobre a qual eu me debrucei foi a de Michael Chekhov, mas é uma
ferramenta como outra qualquer. Não consigo definir as minhas influências, mas
antes várias correntes que contribuem depois para as minhas ferramentas de
trabalho.
M.L: Faz, essencialmente, teatro e cinema. Gostava de
trabalhar mais em televisão?
A.M: Eu trabalhei bastante
em televisão, durante um período, e é um trabalho diferente, muito exigente.
Estou diferente, estou mais velha, tenho uma filha, e agora que fiz uma pausa e
estive mais focada no teatro, gostava de voltar a fazer televisão.
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora,
durante o seu percurso como atriz?
A.M: Eu tenho que referir
“A Casa da Bernarda Alba” no (Teatro) São Luiz em 2005, foi encenado pelo Diogo
Infante e pela Ana Luísa Guimarães, e foi o meu primeiro espetáculo
profissional. Eu tinha 18 anos e foi um processo muito rico com quem me
identifiquei muito e aprendi imenso e contínuo a olhar para esta experiência
com carinho e com muitas saudades.
M.L: Em 2010, participou na curta-metragem “Tejo” de
Henrique Pina, da qual interpretou a personagem M. Que recordações guarda desse
trabalho?
A.M: As melhores. Era um
projeto sem dinheiro, o Francisco Batista (o
guionista de “Tejo”) contactou-me para saber se eu estaria interessada em
participar, ele enviou-me o guião e adorei. Acho que há muito poucas pessoas a
escrever bom cinema e a escrever boas curtas-metragens e eu fiquei logo
fascinada. Eles são maravilhosos, têm uma capacidade de trabalho incrível, a
rodagem decorreu maravilhosamente, não houve problemas, gostei muito de trabalhar
com o Filipe Duarte, a equipa toda era incrível, e eu acho o resultado final
maravilhoso. Eu adoro essa curta-metragem.
M.L: “Tejo” foi feita sem dinheiro e também contou com
as participações de Miguel Seabra, Ana Bustorff e Rosa do Canto. Como vê esta
generosidade do elenco em geral em participar nesta curta-metragem sem
remuneração?
A.M: Na nossa vida,
enquanto atores, há muitas coisas que nós temos que fazer como todas as pessoas,
porque estamos a trabalhar, temos que viver, e como qualquer pessoa temos que
pôr comida na mesa, mas há uma parte que nós nunca podemos abdicar que é o
nosso prazer, enquanto artistas, a nossa vontade de fazer coisas boas, coisas
com que nos identifiquemos, e muitas vezes não temos tantas oportunidades de o fazer
na nossa vida profissional. É cada vez mais difícil manter sempre associadas a
questão dos ganhos materiais com os ganhos artísticos, e nesta experiência nós
ganhamos muito artisticamente e pessoalmente.
M.L: Como vê, atualmente, o teatro e a ficção
nacional?
A.M: Acho que estamos
aproximar de um momento em que vai ser preciso reformular muitas coisas que têm
feito e perceber o que é que vai acontecer. Não há subsídios, não há Ministério
da Cultura, e eu acho que nós temos que pensar muito bem no caminho que estamos
a tentar traçar com o teatro.
A ficção televisiva, salvo
honrosas exceções, tem um formato mais de entretenimento do que um formato de
qualidade.
M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
A.M: Quando era mais
pequena gostava, mas agora não. Obviamente, há pessoas com quem gostava de
trabalhar como o (Pedro) Almodóvar, o (Quentin) Tarantino ou o Woody Allen, mas
ter uma carreira internacional não é uma das minhas prioridades.
M.L: Em 2015, celebra 10 anos de carreira, desde que
se estreou como atriz profissional com a peça “A Casa da Bernarda Alba”, no
Teatro São Luiz em 2005. Que balanço faz destes 10 anos?
A.M: Não sei fazer
balanços. Estou feliz, acho que aprendi muito, quero continuar aprender cada
vez mais e espero poder continuar a trabalhar.
M.L: Qual o conselho que daria, nesta altura, a alguém
que queira ingressar numa carreira na representação?
A.M: Estudar ao longo do
tempo, construir uma auto-confiança quase blindada (é uma coisa extremamente
importante para se conseguir sobreviver neste meio), e nunca perder a tentativa
de fazer sempre o melhor em cada trabalho.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
A.M: Em termos profissionais, eu gostava de fazer uma
longa-metragem, que nunca fiz em 10 anos de carreira.ML
terça-feira, 24 de junho de 2014
segunda-feira, 23 de junho de 2014
Mário Lisboa entrevista... Diogo Infante

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
D.I: Desde miúdo que me sentia
atraído pelo mundo do espetáculo. Adorava ver na televisão aqueles filmes
musicais dos anos 50. “Serenata à Chuva” (1952) é o meu favorito!
M.L: Quais são as suas influências, enquanto ator?
D.I: São sobretudo
anglo-saxónicas. Não só pela proximidade com a língua, mas porque via muito
cinema americano. O registo naturalista era algo que me agradava e que procurei
reproduzir afincadamente no início da minha carreira. Mais tarde quando tive a
oportunidade de começar a viajar descobri o teatro inglês, o teatro clássico e
o prazer da palavra, os textos, a respiração. Tento no fundo integrar estes
dois universos na minha forma de representar.
M.L: Faz teatro, cinema e televisão. Qual destes
géneros que mais gosta de fazer?
D.I: Teatro. Essa é a grande
escola. Não só porque nos dá tempo para descobrir o que está para além do
texto, mas porque podemos aprofundar os jogos, a contracena. Depois porque é
uma arte viva, efêmera, de partilha com um público real, que sente e respira
connosco. É uma grande injeção de adrenalina.
M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou, até agora,
durante o seu percurso como ator?
D.I: Não consigo eleger
apenas um. Houve vários que me marcaram por razões diferentes. O que lhe posso dizer
é que o espetáculo que estou neste momento a fazer, "Ode Marítima" de
Álvaro de Campos, é provavelmente o
mais exigente e mais difícil que já fiz e que me dá proporcionalmente um grande
prazer, apesar de ficar literalmente de rastos!
M.L: Entre 1998 e 1999, participou na telenovela “Os
Lobos” que foi exibida na RTP, da qual interpretou a personagem Jorge Lobo. Que
recordações guarda desse trabalho?
D.I: Trabalhei com o
extraordinário Armando Cortez. Foi um trabalho que me deu muito gozo. Fazia um
malandro, ambicioso e manipulativo, mas que no fundo tinha bom coração. No
final foge com a rapariga pobre por quem se apaixona e deixa a noiva pendurada
no altar!
M.L: Como vê, atualmente, o teatro e a ficção nacional?
D.I: São realidades
distintas.
O Teatro, como as outras
artes performativas, sobrevive com muitas dificuldades. A falta de capacidade
de produção teve como resultado imediato, estruturas fechadas, espetáculos com
muito poucos atores e com estéticas necessariamente muito pobres. Houve um
enorme retrocesso numa área já de si pouco reconhecida e valorizada.
A ficção nacional tem um
papel essencial nas programações dos canais generalistas, sobretudo através das
telenovelas que são o género mais rentável. As séries, são poucas e tem sido a
RTP, como lhe compete, a fazer essa despesa.
O cinema português está
praticamente parado, apesar do reconhecimento internacional que os poucos
filmes produzidos conseguem granjear.
M.L: Em 2014, celebra 25 anos de carreira, desde que
se estreou como ator profissional com a peça “As Sabichonas” no Teatro Nacional
D. Maria II em 1989. Que balanço faz destes 25 anos?
D.I: Sinto-me muito
felizardo por poder fazer aquilo de que gosto e por ter o reconhecimento do público
pelo meu esforço e dedicação. Espero poder completar pelo menos mais vinte e
cinco anos de atividade, com trabalho, saúde e muito amor!
M.L: Como lida com o público que acompanha a sua
carreira há vários anos?
D.I: Agora bastante
melhor. Consegui vencer a minha timidez inicial que me deixava pouco à vontade
e projetava muitas vezes uma imagem pouco acessível e distante. Hoje recebo com
muito prazer os gestos e as palavras de carinho que me dirigem e tento olhar
sempre nos olhos das pessoas com quem falo, para que sintam que realmente estou
ali, agradecido pelo reconhecimento que me dão.
M.L: Além da representação, também é encenador e
apresentador, e foi diretor artístico do Teatro Maria Matos entre 2006 e 2008 e
do Teatro Nacional D. Maria II entre 2008 e 2011. Em qual destas funções em que
se sente melhor?
D.I: São funções distintas
que pressupõem graus de responsabilidade também distintos.
A encenação é um ato de
paixão, é uma urgência em fazer aquela peça e em trabalhar com aquelas pessoas.
As direções artísticas
foram uma oportunidade que não quis dispensar, de por em prática ideias e projetos
artísticos específicos, pensados para as estruturas em causa e encontrar os
caminhos e as equipas certas para provar que era possível criar novas correntes
de público com uma programação exigente e de qualidade. Em ambos os casos
(Maria Matos e D. Maria II) foram desafios que me deram um enorme prazer, onde
aprendi imenso e dos quais tenho muito orgulho nos resultados alcançados.
M.L: Em 2005, participou na longa-metragem “Animal”
que marcou a estreia da realizadora, produtora e guionista francesa Rose Bosch (escreveu o guião da longa-metragem “1492-Cristóvão
Colombo” (1992) de Ridley Scott) na realização. Como foi trabalhar com ela?
D.I: Foi ótimo. A Rose
confiou em mim e acabou por me dar um dos protagonistas do filme, depois de ter
tido uma discussão com um ator americano e de este se ter despedido. Tive um
dia para me preparar e acabei por conseguir fazer uma personagem que há muito
desejava: um psicopata.
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na representação?
D.I: Procurar formação
adequada. Por mais jeito que se possa ter, ou por mais bonito que se seja, não
chega. Não chega para quem deseja ser um ator a vida toda. É fundamental termos
um aprofundado auto-conhecimento e adquirir e desenvolver instrumentos que nos
dêem a capacidade de responder com profissionalismo às muitas solicitações que
a profissão de ator pressupõe. Noções de corpo, voz, técnicas de representação,
dramaturgia, História do teatro, etc., são apenas algumas das disciplinas que
um futuro ator deve abordar para enfrentar uma profissão que, felizmente, é
cada vez mais exigente!
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
D.I:
Vou continuar com a digressão de “Ode Marítima”, que regressará a Lisboa em
Setembro. E em Outubro começarei os ensaios de “Cyrano de Bergerac” que
estreará em Janeiro no TNDM II.M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda nesta altura da sua vida?
D.I: Realizar um filme! ML
domingo, 22 de junho de 2014
sábado, 21 de junho de 2014
Mário Lisboa entrevista... Natacha de Noronha

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
N.D.N: Aos 15 anos, quando
os meus amigos resolveram juntar-se a um grupo de jograis que se estava a
formar. E como fazíamos muitas coisas interessantes juntos, lá fui.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
N.D.N: Tudo e todos. Tanto
grandes interpretações de atores como situações do quotidiano. Essencialmente, o
Sentimento, real ou ficcionado (para mim no exercício da minha profissão), é
sempre real.
M.L: Faz, essencialmente, teatro. Gostava de trabalhar
mais no audiovisual (Cinema e Televisão)?
N.D.N: Gosto muito de ser dirigida e de novas
abordagens e conceitos. Estabeleço então para mim o meu próprio desafio:
absorver, tomar como meu o que me é pedido que seja na linguagem estética e
técnica que me é proposta.
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora,
durante o seu percurso como atriz?
N.D.N: Não sei especificar trabalhos, mas foram
vários os momentos de transcendência, tanto em palco, como em teatro de rua
como em cinema.
M.L: Além da representação, também tem experiência
como assistente de encenação, produtora e figurinista. Em qual destas funções
em que se sente melhor?
N.D.N: Atriz. Absolutamente.
M.L: Qual foi o momento que mais a marcou, até agora,
durante o seu percurso como atriz?
N.D.N: O período que sucedeu os quatro anos que fiz
de pausa da representação para descanso, e durante os quais fui convidada a
assinar uma coluna de crítica de teatro para uma publicação de artes enquanto
trabalhava intensamente no “backstage”
como figurinista, assistente de encenação, apoio à cenografia e adereços. A
aprendizagem resultante da constante observação e intervenção de um ponto de
vista exterior revelou-se surpreendente.
M.L: Como vê, atualmente, o teatro e a ficção
nacional?
N.D.N: Melhores dias virão, mas piores também já os
vi. Prevalecem os interesses (sejam eles de que natureza forem…) e os círculos
herméticos, mas… como sempre penso, “a coisa há-de se compor”.
M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
N.D.N: Com a internacionalização da carreira advém o
seu reconhecimento fora de portas e o seu reforço “cá dentro”. É sempre um bom
caminho. Melhor será que não sejamos reconhecidos “cá dentro” apenas porque nos
valorizaram em terras estrangeiras! Mas penso que este raciocínio é válido para
qualquer profissão.
M.L: Em 2014, celebra 23 anos de carreira, desde que
se estreou como atriz no teatro em 1991. Que balanço faz destes 23 anos?
N.D.N: “Segue o teu coração” nem sempre é um
conselho sensato, mas 23 anos depois de uma “mera experiência” que logo se revelou
apaixonante, este era O conselho.
M.L: Em 2008, fundou a companhia Gteatro, juntamente
com Anna Carvalho e Carlos Piecho. Como é que surgiu a ideia de fundar a
companhia?
N.D.N: Após o término de um projeto onde
trabalhávamos os três, numa luzidia manhã de um domingo de Maio tive uma
autêntica epifania (um pouco lírica a descrição, mas à distância é assim mesmo
que me parece): convidei o Carlos Piecho, com quem já trabalhava há mais de dez
anos, a criar o nosso próprio projeto. Queríamos mais uma pessoa e convidámos a
Anna Carvalho.
M.L: Que balanço faz do percurso que a companhia tem feito,
desde a sua fundação até agora?
N.D.N: Obviamente oscilante
com o panorama político nacional, mas sempre assente no princípio do
auto-sustento. Nunca fomos uma companhia de repertório comercial, temos um
universo próprio e temos como lema “O teatro vai”. O amadurecimento foi
uma consequência natural da passagem dos anos, houve ajustes no nosso trabalho,
em nós, entre nós, já várias pessoas passaram por mim e pelo Carlos e todas
deixaram um legado positivo.
M.L: Qual foi a pessoa que mais a marcou, até agora,
durante o seu percurso como atriz?
N.D.N: Várias pessoas marcaram o meu percurso, duas
delas definindo-lhe pontos de viragem (Carlos Piecho e José Pinho) e uma muito
especial, apoiando-me nas minhas decisões (a minha Mãe).
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na representação?
N.D.N: Mais vale tentar nem que depois se tenha de arrepiar caminho, do que passar uma vida inteira a dizer “O meu sonho era ter sido
ator…”.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
N.D.N: O meu próximo
projeto, já quase a estrear (estamos já nos ensaios gerais) é o meu filho
Vicente.
Entretanto, outros projetos
de palco e cinema avançarão, há sempre uma fila deles.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
N.D.N: Uma
longa-metragem.MLFotografia: Francisco Vaz Fernandes
terça-feira, 17 de junho de 2014
"Anjo/Negro"
Olá. O "Mário Lisboa entrevista..." têm o prazer de apoiar a curta-metragem "Anjo/Negro" de Pedro Horta (http://www.mlisboaentrevista.blogspot.pt/2013/09/mario-lisboa-entrevista-pedro-horta.html) e protagonizada por Sofia Reis (http://www.mlisboaentrevista.blogspot.pt/2011/12/mario-lisboa-entrevista-sofia-reis.html), cuja estreia vai decorrer ainda em 2014.
"Um dia de ensaios. Ana (Sofia Reis) mergulha num abismo. Conseguirá salvar-se?"
O seguinte trailer de "Anjo/Negro":
Mário Lisboa
segunda-feira, 16 de junho de 2014
"O Farrusco, o Telefone e Eu" no Centro Cultural da Malaposta até 25 de Junho
Olá. O "Mário Lisboa entrevista..." têm o prazer de apoiar o monólogo "O Farrusco, o Telefone e Eu" de Geraldine Aron, encenado por Mónica Leite e protagonizado por Maria Henrique, da qual está em cena no Centro Cultural da Malaposta em Odivelas até ao próximo dia 25 de Junho.
"Ângela (Maria Henrique), na casa dos 40 e qualquer coisa, procura uma nova forma de vida, um caminho para a felicidade, depois do seu marido Tó a trocar por uma rapariga mais nova.
O cão da filha, os papéis do divórcio à espera de serem assinados, os óculos que já se impõem a ser usados, uma boa dose de hipocondria, um saco de uma sex-shop recém-visitada…"
O cão da filha, os papéis do divórcio à espera de serem assinados, os óculos que já se impõem a ser usados, uma boa dose de hipocondria, um saco de uma sex-shop recém-visitada…"
Mário Lisboa
Mário Lisboa entrevista... Catarina Matos

musical "Annie" no Teatro Maria Matos, cuja encenação esteve a cargo de Armando Cortez, e desde aí tem desenvolvido um percurso como atriz que passa pelo teatro, pelo cinema e pela televisão (onde entrou em produções como "Cinzas" (RTP), "A Senhora das Águas" (RTP), "Amanhecer" (TVI), "Saber Amar" (TVI), "Coração Malandro" (TVI), "Mundo Meu" (TVI), "Nome de Código: Sintra" (RTP), "A Outra" (TVI), "Regresso a Sizalinda" (RTP) e "Pai à Força" (RTP). Além da representação, também é professora, estando a lecionar na escola Primeiro Ato que é especializada em Teatro Musical e, atualmente, está a participar na longa-metragem de ação "Salamandra". Esta entrevista foi feita no passado dia 4 de Junho.
M.L: Faz teatro, cinema e televisão.
Qual destes géneros que mais gosta de fazer?
C.M: Sem dúvida, Cinema, embora tenha feito pouco. É (em termos de interpretação) a área com a qual mais me identifico pelo absoluto domínio das emoções face ao enquadramento (tamanho do ator face ao ecrã) e horários de trabalho. Em televisão, o trabalho é muito rápido e por vezes algo insatisfatório: “Mais dois takes e a minha interpretação seria excelente, penso!”. O único inconveniente do Teatro (em Portugal) tem a ver com as horas de apresentação. Não sendo notívaga (e apreciando acordar em sintonia com o sol) tenho alguma dificuldade em ter o “pico de energia” necessária para arrebatar o público às 21h30 (hora a que já encerrei os “sistemas”). Arrebato, mas “rebento-me toda”!!!
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora, durante o seu percurso como atriz?
C.M: Marcam-me (normalmente) as personagens mais intensas, os trabalhos mais exigentes e aqueles raríssimos momentos de verdade e entrega absolutos em que sinto que a interpretação foi brilhante (o texto certo, a personagem certa, a contracena (com o ator/atriz) certa, o realizador certo a apanhar os melhores momentos, o melhor cameraman a enquadrar esses momentos, a melhor música a dar corpo ao momento (Não é fácil acontecer e depende de tantos…). Saliento a minha participação em “Às Vezes Neva em Abril” no Teatro Aberto sob direção do ENORME João Lourenço (algures no início dos anos 90) em que houve dias em que a interpretação foi de tal maneira intensa que no final do espetáculo não me conseguia sequer lembrar do que tinha feito (de tal modo deixei de ser eu!). Também gostei da personagem Dirce Santos na telenovela “A Outra” (para a TVI) por me ter dado gozo a composição de uma personagem tão distante (e histriónica). No coração, tenho a minha estreia em 1983 no musical “Annie”. Com 11 anos, foi a concretização de inúmeros sonhos: para além de poder representar, cantar e dançar profissionalmente pude fazê-lo ao lado de nomes como Nicolau Breyner, Armando Cortez, José Raposo, Manuela Maria, Noémia Costa, Rita Ribeiro, Maria João Abreu (foi também a sua estreia!)… Aprendi muito…
M.L: Como lida com a carga horária, quando grava uma telenovela?
C.M: Gosto muito de ter de estar no estúdio às 8h00 da manhã e sair às 8h00 da noite ainda que isso implique 12 horas de texto sabido, correrias, mudanças de roupa e um esgotamento absoluto de sentimentos, energia e emoções. Cansam-me mais as esperas entre cenas (que chegam a duas ou três horas…).
C.M: Sem dúvida, Cinema, embora tenha feito pouco. É (em termos de interpretação) a área com a qual mais me identifico pelo absoluto domínio das emoções face ao enquadramento (tamanho do ator face ao ecrã) e horários de trabalho. Em televisão, o trabalho é muito rápido e por vezes algo insatisfatório: “Mais dois takes e a minha interpretação seria excelente, penso!”. O único inconveniente do Teatro (em Portugal) tem a ver com as horas de apresentação. Não sendo notívaga (e apreciando acordar em sintonia com o sol) tenho alguma dificuldade em ter o “pico de energia” necessária para arrebatar o público às 21h30 (hora a que já encerrei os “sistemas”). Arrebato, mas “rebento-me toda”!!!
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora, durante o seu percurso como atriz?
C.M: Marcam-me (normalmente) as personagens mais intensas, os trabalhos mais exigentes e aqueles raríssimos momentos de verdade e entrega absolutos em que sinto que a interpretação foi brilhante (o texto certo, a personagem certa, a contracena (com o ator/atriz) certa, o realizador certo a apanhar os melhores momentos, o melhor cameraman a enquadrar esses momentos, a melhor música a dar corpo ao momento (Não é fácil acontecer e depende de tantos…). Saliento a minha participação em “Às Vezes Neva em Abril” no Teatro Aberto sob direção do ENORME João Lourenço (algures no início dos anos 90) em que houve dias em que a interpretação foi de tal maneira intensa que no final do espetáculo não me conseguia sequer lembrar do que tinha feito (de tal modo deixei de ser eu!). Também gostei da personagem Dirce Santos na telenovela “A Outra” (para a TVI) por me ter dado gozo a composição de uma personagem tão distante (e histriónica). No coração, tenho a minha estreia em 1983 no musical “Annie”. Com 11 anos, foi a concretização de inúmeros sonhos: para além de poder representar, cantar e dançar profissionalmente pude fazê-lo ao lado de nomes como Nicolau Breyner, Armando Cortez, José Raposo, Manuela Maria, Noémia Costa, Rita Ribeiro, Maria João Abreu (foi também a sua estreia!)… Aprendi muito…
M.L: Como lida com a carga horária, quando grava uma telenovela?
C.M: Gosto muito de ter de estar no estúdio às 8h00 da manhã e sair às 8h00 da noite ainda que isso implique 12 horas de texto sabido, correrias, mudanças de roupa e um esgotamento absoluto de sentimentos, energia e emoções. Cansam-me mais as esperas entre cenas (que chegam a duas ou três horas…).
M.L: Em 2008, participou na telenovela
“A Outra” que foi exibida na TVI, da qual interpretou a personagem Dirce
Santos. Que recordações guarda desse trabalho?
C.M: Como em tudo, boas e más! Uma das melhores foi o dia em que a produtora (Rosa Guerra) me ligou, após o casting, a dizer que tinha sido selecionada. Depois, veio a terrível sensação de que não tinha nada a ver com esta personagem: uma cozinheira, vidente, angolana… Sou portuguesa, educada dos 3 aos 18 anos no Colégio Moderno (o do Mário Soares), fruto da classe média-alta (Pai médico-cirurgião, Mãe especialista em Educação, embaixadora para a Unesco…) em tudo o oposto da personagem. Acabei por compor a Dirce algo histriónica, mas realista. O público gostou! Diverti-me muito a fazer e dizer o que jamais diria ou faria na minha vida. Como sabe, o nome da minha profissão tanto em Francês (Jouer), como em Inglês (to Play)-(Brincar, brincar, brincar). Foi o que fiz com esta personagem.
M.L: Qual foi o momento que mais a marcou, até agora, durante o seu percurso como atriz?
C.M: O início, em 1983! Para uma criança que cresceu a ver filmes com o Fred Astaire, John Wayne e Errol Flynn, a possibilidade de concretização do sonho de também “sonhar e representar” é o momento mais marcante da minha vida!!!
M.L: Como vê, atualmente, o teatro e a ficção nacional?
C.M: Quanto à Televisão, acabo por ver mais ficção estrangeira (tanto filmes, como séries), não seguindo tanto quanto gostaria a ficção nacional. Quanto ao Teatro, e por ser Professora numa escola de Teatro Musical, tenho dado por mim, nos últimos anos, a procurar e a ver mais este Género que me fez Atriz, e que ainda está em estado embrionário. De resto, confesso-me como uma “fã” de filmes de ação, fruto de anos de trabalho físico e cultura familiar (e o género também está pouco desenvolvido em Portugal)… Não resisto a ver cerca de 3 filmes por dia…
C.M: Como em tudo, boas e más! Uma das melhores foi o dia em que a produtora (Rosa Guerra) me ligou, após o casting, a dizer que tinha sido selecionada. Depois, veio a terrível sensação de que não tinha nada a ver com esta personagem: uma cozinheira, vidente, angolana… Sou portuguesa, educada dos 3 aos 18 anos no Colégio Moderno (o do Mário Soares), fruto da classe média-alta (Pai médico-cirurgião, Mãe especialista em Educação, embaixadora para a Unesco…) em tudo o oposto da personagem. Acabei por compor a Dirce algo histriónica, mas realista. O público gostou! Diverti-me muito a fazer e dizer o que jamais diria ou faria na minha vida. Como sabe, o nome da minha profissão tanto em Francês (Jouer), como em Inglês (to Play)-(Brincar, brincar, brincar). Foi o que fiz com esta personagem.
M.L: Qual foi o momento que mais a marcou, até agora, durante o seu percurso como atriz?
C.M: O início, em 1983! Para uma criança que cresceu a ver filmes com o Fred Astaire, John Wayne e Errol Flynn, a possibilidade de concretização do sonho de também “sonhar e representar” é o momento mais marcante da minha vida!!!
M.L: Como vê, atualmente, o teatro e a ficção nacional?
C.M: Quanto à Televisão, acabo por ver mais ficção estrangeira (tanto filmes, como séries), não seguindo tanto quanto gostaria a ficção nacional. Quanto ao Teatro, e por ser Professora numa escola de Teatro Musical, tenho dado por mim, nos últimos anos, a procurar e a ver mais este Género que me fez Atriz, e que ainda está em estado embrionário. De resto, confesso-me como uma “fã” de filmes de ação, fruto de anos de trabalho físico e cultura familiar (e o género também está pouco desenvolvido em Portugal)… Não resisto a ver cerca de 3 filmes por dia…
M.L: Gostava de fazer uma carreira
internacional?
C.M: Claro e continuo a participar em projetos, embora não se possa chamar a isso “uma Carreira”. Está para estrear um filme na Austrália intitulado “The Second Coming” (http://www.imdb.com/title/tt2678700/?ref_=nm_flmg_act_1). Fiz Cinema em Inglaterra (“Walk In The Night City”), teatro em Itália e França (“La Principessa di Fez” (eu era a Principessa) e “Macbeth”), gravei nos EUA (“Ferry Street”), filmei em Angola (O Herói (2004), http://www.imdb.com/title/tt0424142/?ref_=nm_flmg_act_10, um filme premiado no Festival de Sundance), gravei em São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau, trabalhei com encenadores franceses, espanhóis, ingleses, argentinos…
M.L: Em 2014, celebra 31 anos de carreira, desde que se estreou como atriz com o musical “Annie”, no Teatro Maria Matos em 1983. Que balanço faz destes 31 anos?
C.M: Fiz sempre TUDO o que me era possível e não tenho arrependimentos!!! Por esta altura, talvez devesse estar profissional, social e economicamente mais “à frente”. Entre a falta de apoio que as Artes em geral têm, pela parte do Estado (tanto ao nível do apoio, como do reconhecimento e da educação de Públicos), como dos preconceitos que acabam por restringir o acesso a determinados papéis ou projetos, creio que estou onde só podia estar. Continuo a minha formação (estou agora em processo de Doutoramento, sempre à procura de saber mais e me tornar melhor) e creio que já terei formado, encaminhado e inspirado bastantes novos Atores para me sentir muitíssimo realizada. Tenho projetos: estou, neste momento, a preparar-me para o meu primeiro filme de Ação intitulado “Salamandra” (https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1488537154712755&set=a.1479704418929362.1073741828.1477184135848057&type=1&fref=nfAssim), e contínuo a dar aulas na Primeiro Ato-Escola de Musicais (http://www.primeiroacto.com/). Assim, o meu balanço é positivo: faço diariamente o que gosto e tenho, diariamente, a possibilidade de transmitir todo o meu amor por esta arte. Sim, o balanço é muito positivo!
M.L: Este ano vai fazer 43 anos. Como é que se sente ao chegar a esta idade?
C.M: Muito bem!!! Ignoro os preconceitos, pois sei que não me são aplicáveis. Pelo lado externo, estou muitíssimo bem fisicamente: faço espargatas e “Aranhas” sem aquecimento, corro 5 km sem dificuldade, não tenho rugas nem cabelos brancos… Pelo lado psicológico, creio até que já vivi mais do que os 43 anos, e não há experiência, boa ou má, que me faça deixar de sentir uma criança ainda com tudo por aprender. Na realidade penso pouco na idade, tão pouco que, quando ma perguntam, tenho que fazer contas (será já da idade?!?). Vivo intensamente cada dia, desejando viver sempre mais e mais. Idade??!??
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
C.M: Estou, neste momento, em fase de treinos e coreografias para o filme “Salamandra”, e estou a orientar os meus alunos para os Exames da Trinity que farão no final do próximo mês.
C.M: Claro e continuo a participar em projetos, embora não se possa chamar a isso “uma Carreira”. Está para estrear um filme na Austrália intitulado “The Second Coming” (http://www.imdb.com/title/tt2678700/?ref_=nm_flmg_act_1). Fiz Cinema em Inglaterra (“Walk In The Night City”), teatro em Itália e França (“La Principessa di Fez” (eu era a Principessa) e “Macbeth”), gravei nos EUA (“Ferry Street”), filmei em Angola (O Herói (2004), http://www.imdb.com/title/tt0424142/?ref_=nm_flmg_act_10, um filme premiado no Festival de Sundance), gravei em São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau, trabalhei com encenadores franceses, espanhóis, ingleses, argentinos…
M.L: Em 2014, celebra 31 anos de carreira, desde que se estreou como atriz com o musical “Annie”, no Teatro Maria Matos em 1983. Que balanço faz destes 31 anos?
C.M: Fiz sempre TUDO o que me era possível e não tenho arrependimentos!!! Por esta altura, talvez devesse estar profissional, social e economicamente mais “à frente”. Entre a falta de apoio que as Artes em geral têm, pela parte do Estado (tanto ao nível do apoio, como do reconhecimento e da educação de Públicos), como dos preconceitos que acabam por restringir o acesso a determinados papéis ou projetos, creio que estou onde só podia estar. Continuo a minha formação (estou agora em processo de Doutoramento, sempre à procura de saber mais e me tornar melhor) e creio que já terei formado, encaminhado e inspirado bastantes novos Atores para me sentir muitíssimo realizada. Tenho projetos: estou, neste momento, a preparar-me para o meu primeiro filme de Ação intitulado “Salamandra” (https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1488537154712755&set=a.1479704418929362.1073741828.1477184135848057&type=1&fref=nfAssim), e contínuo a dar aulas na Primeiro Ato-Escola de Musicais (http://www.primeiroacto.com/). Assim, o meu balanço é positivo: faço diariamente o que gosto e tenho, diariamente, a possibilidade de transmitir todo o meu amor por esta arte. Sim, o balanço é muito positivo!
M.L: Este ano vai fazer 43 anos. Como é que se sente ao chegar a esta idade?
C.M: Muito bem!!! Ignoro os preconceitos, pois sei que não me são aplicáveis. Pelo lado externo, estou muitíssimo bem fisicamente: faço espargatas e “Aranhas” sem aquecimento, corro 5 km sem dificuldade, não tenho rugas nem cabelos brancos… Pelo lado psicológico, creio até que já vivi mais do que os 43 anos, e não há experiência, boa ou má, que me faça deixar de sentir uma criança ainda com tudo por aprender. Na realidade penso pouco na idade, tão pouco que, quando ma perguntam, tenho que fazer contas (será já da idade?!?). Vivo intensamente cada dia, desejando viver sempre mais e mais. Idade??!??
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
C.M: Estou, neste momento, em fase de treinos e coreografias para o filme “Salamandra”, e estou a orientar os meus alunos para os Exames da Trinity que farão no final do próximo mês.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda nesta altura da sua vida?
C.M: Uiiiiiii!!! Gostaria de trabalhar com o Russell Crowe, Colin Farrell, Martin Scorsese, Meryl Streep, Ridley Scott, Al Pacino, Robert DeNiro… Também gostaria de fazer “ações” (mais do que gravar cenas sentada e inativa!!!) dando uso aos meus 20 anos de prática de desportos ao nível da alta competição (peçam-me agora uma espargata, mesmo sem aquecimento e eu faço!!!). Gostava de fazer muito mais cinema. E gostava de poder mudar o nosso panorama artístico bem como aumentar o grau de instrução do público fazendo-o mais crítico e exigente.
C.M: Gostava de ter sido… a Catarina Matos (com o talento da Meryl Streep, o sorriso da Julia Roberts, o ordenado da Angelina Jolie, o corpo da Ava Gardner ou Raquel Welsh, a aura da Marlene Dietrich, a doçura da Audrey Hepburn, o reconhecimento da Meg Ryan, a inteligência da Katherine Hepburn, a força da Michelle Rodriguez, a história familiar da Drew Barrymore, o ímpeto da Catherine Zeta-Jones, o brilho de Kate Hudson, a voz falada da Kathleen Turner, a voz cantada da Bernadette Peters ou da Jennifer Hudson, a capacidade de surpreender da Juliette Lewis)…ML
domingo, 15 de junho de 2014
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