sábado, 18 de fevereiro de 2017

Mário Lisboa entrevista... Daniel Rocha

Iniciou-se na representação ainda adolescente e nos últimos anos tem-se tornado num dos atores brasileiros mais promissores da sua geração, cujo percurso passa essencialmente pelo teatro e pela televisão (onde entrou em produções como "Avenida Brasil" (TV Globo), "Amor à Vida" (TV Globo), "Império" (TV Globo), "Totalmente Demais" (TV Globo). Também tem experiência no kickboxing, tendo lutado profissionalmente pela seleção brasileira e chegou a ser campeão paulista, brasileiro, sul-americano e pan-americano, adora desafios e gostava de fazer cinema. Atualmente participa na telenovela "A Lei do Amor" que está em exibição tanto na TV Globo como na SIC. Esta entrevista foi feita no passado dia 10 de Fevereiro.

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
D.R: Comecei a fazer teatro na escola. Quando tinha 17 anos entrei para o CPT (Centro de Investigação Teatral), dirigido pelo Antunes Filho. Foi no CPT que decidi atuar profissionalmente. Os anos que passei lá foram a minha inspiração para seguir a carreira de ator.

M.L: Quais são as suas referências, enquanto ator?
D.R: Admiro alguns atores como Marlon Brando e James Dean. Quando possível uso referências de filmes e séries para compor as minhas personagens. Agora por exemplo, utilizei o filme “The Fighter-Último Round” (2010), com Christian Bale e a série “Mr. Robot” com Rami Malek, como inspiração para construir o Gustavo em “A Lei do Amor” (TV Globo).

M.L: De tudo o que tem feito até agora como ator, qual foi o trabalho em especial que diria que teve um impacto muito bom em si?
D.R: Todos os trabalhos que fiz foram importantes. A minha primeira novela foi “Avenida Brasil” (TV Globo), de lá para cá fiz personagens altamente complexas onde pude colocar toda a experiência que adquiri no teatro. Mas acredito que a minha personagem atual é a mais desafiadora. O Gustavo é a personagem mais distante da minha personalidade que já interpretei. Tem sido um desafio muito prazeroso para mim! Até porque ele tem muitos modos de sentir em cada cena! Dá para explorar os contrastes e mostrar para o público um ser humano de forma mais realista.

Cláudia Raia & Daniel Rocha, um dos pares românticos de "A Lei do Amor"
M.L: Também tem experiência no kickboxing, tendo lutado profissionalmente pela seleção brasileira e chegou a ser campeão paulista, brasileiro, sul-americano e pan-americano. Que recordações guarda desse tempo?
D.R: Guardo boas recordações e ainda pratico sempre que posso. Apesar dos machucados e lesões, praticar um desporto sempre traz benefícios. Além da saúde, aprendi muito a ouvir. No desporto temos um mestre e na dramaturgia também tem sempre alguém direcionando, seja o diretor ou o autor. O desporto me trouxe isso, aprender a ouvir e também me concentrar.

M.L: Como lida com o público que tem acompanhado a sua carreira nestes últimos anos?
D.R: Sou muito agradecido por ter sido sempre tratado com muito carinho e respeito e tento retribuir da mesma forma. É uma relação de cumplicidade. Tenho fãs que me acompanham desde o começo, que estão sempre perto, querendo ajudar, acompanhando e incentivando. E é incrível o amor que recebo.

M.L: Em 2015, a telenovela “Império” (TV Globo), na qual participou, foi premiada com o Emmy Internacional na categoria de Telenovela. Como é que se sentiu na altura ao saber da premiação, e como olha também para este tipo de ficção, pelo menos desde que começou a trabalhar como ator?
D.R: “Avenida Brasil” é um marco na história da TV brasileira e foi a minha primeira experiência na telinha! Estrear numa novela de tanto sucesso me deu uma motivação a mais! Sou reconhecido na rua em muitos países do mundo por causa do Roni! Todos ficamos extasiados com o Emmy, receber um prémio é sempre emocionante. Mas acredito que o que buscamos em todo trabalho é sempre elevar a qualidade e poder levar para o público o nosso melhor.


Daniel Rocha como Roni ao lado de Isis Valverde em "Avenida Brasil"

Adriana Birolli, Josie Pessôa, Rogério Gomes, Marina Ruy Barbosa, Paulo Betti, Maria Ribeiro, Leandra Leal, Joaquim Lopes e Caio Blat com o Emmy Internacional conquistado por "Império"
M.L: Numa altura imensamente complexa tanto para o Brasil como para o Mundo, este é a seu ver um momento muito desafiante para se ser ator/atriz?
D.R: Fazemos parte de um todo, a vida por si só já é um desafio! 

M.L: Que balanço faz do percurso que tem desenvolvido até agora como ator?
D.R: Comecei cedo, estudo muito e amo o meu trabalho. Como venho do teatro, recomendo que todo jovem que queira ser ator ou atriz que curse uma boa escola de teatro! Tenho orgulho de olhar retrospetivamente para a minha carreira e ter a sensação de paz e de dever cumprido! Isso é muito importante na vida de um artista. Estou na quinta novela e não paro de ser desafiado como ator! Explorando contrastes e mostrando para o público o ser humano de uma forma mais realista.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda nesta altura da sua vida?
D.R: Caramba! Tem muitas coisas que ainda quero e vou realizar! Uma carreira bacana no cinema é uma delas! Já estive bem perto disso mas a agenda da TV é muito exigente e ainda não permitiu! O teatro é um alimento para mim, e acho que no futuro estarei bem velhinho mas com toda a energia sobre o palco! A minha profissão é muito generosa nesse aspeto, há grandes papéis em todas as idades! Na TV seria bacana fazer um vilão terrível, tipo psicopata! Adoro desafios!ML

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Brevemente...

Entrevista com... Daniel Rocha (Ator)

Mário Lisboa entrevista... Pedro Górgia

Estreou-se na representação no Grupo de Teatro de Carnide em 1991 e desde aí tornou-se num dos atores portugueses mais carismáticos das últimas duas décadas, cujo percurso passa pelo teatro, pelo cinema e pela televisão (onde entrou em produções como "Primeiro Amor" (RTP), "Polícias" (RTP), "Filhos do Vento" (RTP), "Ballet Rose-Vidas Proibidas" (RTP), "Jardins Proibidos" (TVI), "Super Pai" (TVI), "Nunca Digas Adeus" (TVI), "Lusitana Paixão" (RTP), "Queridas Feras" (TVI), "Mundo Meu" (TVI), "Morangos com Açúcar" (TVI), "Fascínios" (TVI), "Espírito Indomável" (TVI), "Louco Amor" (TVI), "I Love It" (TVI). Apresentou em 2014 o programa "Casting Nacional" (TVI Ficção) e nos últimos anos tem-se dedicado ao storytelling, onde tem atualmente dois projetos dedicados a essa arte (Selfietelling e "Conta-me Tudo"). Esta entrevista foi feita no passado dia 7 de Fevereiro.

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
P.G: Eu tinha 17 anos e entrei num curso de teatro dado pelo João Ricardo e o José Boavida, no Teatro de Carnide. Fiquei fascinado. Não só pelo curso em si, mas também pelo grupo de pessoas que encontrei. Fiz amigos para o resto da vida.

M.L: Quais são as suas referências, enquanto ator?
P.G: Sem dúvida que as minhas maiores referências são no humor. Peter Sellers, Ben Stiller, Jerry Lewis e por aí fora.

M.L: Como ator, tem trabalhado frequentemente em comédia/humor. No que toca a este género específico, qual foi a personagem que interpretou que pode dizer-se que é a sua favorita?
P.G: O Miguel Ângelo de “Mundo Meu” (TVI) e o Gualdino Júnior de “Queridas Feras” (TVI) foram duas personagens onde pude trabalhar o humor que gosto de fazer. Marcaram-me.



M.L: Estreou-se na televisão com a telenovela “Primeiro Amor” que foi exibida na RTP em 1996, na qual interpretou o muito divertido Benjamim. Que recordações guarda do seu primeiro trabalho televisivo?
P.G: Não foi fácil. Eram outros tempos e eu era muito jovem. Fiz o melhor que pude e sabia. Mas guardo recordações muito carinhosas, principalmente do Nicolau Breyner e do Armando Cortez. Foram eles que me escolheram para desempenhar o Benjas e me deram muita força durante esses tempos.

M.L: Em “Primeiro Amor”, fez par romântico com Patrícia Tavares, com quem voltaria a formar par em 2013 na série juvenil “I Love It” (TVI). Como olha para o percurso que a Patrícia tem desenvolvido como atriz nestas últimas duas décadas?
P.G: Um percurso imaculado. Nada a apontar senão o grande talento que ela tem e a colega fantástica em que se tornou.

Patrícia Tavares & Pedro Górgia
M.L: Celebra 26 anos de carreira em 2017, desde que começou como ator no Grupo de Teatro de Carnide em 1991. Que balanço faz destes 26 anos?
P.G: O tempo passou a voar e cheio de grandes experiências. Foi um bom “balanço” para os próximos 26 anos.

M.L: Foi apresentador do programa “Casting Nacional” (TVI Ficção) em 2014. Esta é uma experiência por repetir num futuro próximo?
P.G: Sim, claro. Basta surgir o projeto certo. No “Casting Nacional” foi-me dada a possibilidade de também escrever conteúdos, o que tornou a experiência muito proveitosa.



M.L: Nos últimos anos, tem-se interessado pelo storytelling. O que o cativa mais no contar histórias e gostava de, um dia, passar esse interesse por outro nível no que toca à realização?
P.G: Sou um apaixonado pelas histórias e as histórias pessoais conseguem divertir-nos, ensinar-nos, mas também inspirar-nos. Estou envolvido em dois projetos. O Selfietelling, na Casa do Coreto, em Carnide, em que trabalho com pessoas que se querem iniciar nesta arte e num projeto chamado “Conta-me Tudo”, em que convidamos pessoas com mais "hábitos de palco” para partilharem histórias num evento mensal ao vivo. O “Conta-me Tudo” é um projeto bastante ambicioso, tendo já podcast e programa no Canal Q que terá, em breve, a sua segunda temporada.



M.L: Numa era atual profundamente incerta, a seu ver ser ator/atriz já não tem tanto o seu encanto do que quando começou há 26 anos atrás?
P.G: Claro que sim. É um caminho que se renova a cada dia.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda nesta altura da sua vida?
P.G: Ter um projeto pessoal a ser produzido para televisão. Mas estou a trabalhar para isso e é algo que ambiciono ver realizado a curto prazo.ML

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Brevemente...

Entrevista com... Pedro Górgia (Ator)

Mário Lisboa entrevista... Beatriz Barosa

Natural do Porto, já demonstrava o gosto de viver outras pessoas desde muito cedo, passando o tempo em pequena a brincar ao faz de conta, e tem desenvolvido um percurso artístico muito promissor que além da representação também passa pela Dança e pela Música. Com 20 anos de idade atualmente, gostava muito de fazer cinema, e recentemente participou na série "Massa Fresca" que foi exibida na TVI e na minissérie "Vidago Palace" que vai estrear na RTP ainda em 2017. Esta entrevista foi feita no Hotel Infante Sagres no Porto.

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
B.B: Quando era muito pequenina, passava a vida a brincar ao faz de conta e levava isso muito a sério. Durante um dia, assumia que era uma personagem (podendo ser inventada ou não), tal como a Celeste ou a Ti Ju e ai de quem me chamasse de Beatriz! Não sei se foi aí que surgiu ou não o verdadeiro interesse, mas de facto já gostava muito de viver estas pessoas peculiares. É isso que eu faço hoje em dia. Eu vivo a vida de outras pessoas, dou a voz a personagens que não têm outra voz ou recupero a voz delas através da minha própria voz e isso é muito engraçado.

M.L: Quais são as suas referências, enquanto atriz?
B.B: A minha atriz de eleição é a Meryl Streep. Gosto mesmo muito do seu trabalho, acho que ela é camaleónica e absolutamente credível nas personagens que interpreta. Lembro-me de uma vez ouvir uma entrevista sua, na qual afirmava que o seu objetivo era respeitar ao máximo cada mulher que representava e isso ficou muito marcado em mim. Parece-me que faz todo o sentido e que se nota, de facto, no seu desempenho profissional.

M.L: Apesar de ter um percurso curto, de tudo o que tem feito até agora como atriz, há algum trabalho em particular que pode dizer-se que é o seu favorito até agora?
B.B: Não, eu não tenho um favorito. Guardei ingredientes muito importantes e muito especiais de cada trabalho que fiz. Posso destacar a “Massa Fresca” que foi realmente muito importante, por ter sido a minha primeira grande experiência, digamos assim, em televisão. Tinha feito publicidade e uma pequena participação noutra série também, mas nunca tinha atingido o tal ritmo alucinante de gravações em televisão e então foi um projeto relevante para mim.

M.L: Além da representação, também tem experiência, por exemplo, na Dança e na Música. A versatilidade, para si, é um complemento como pessoa e como atriz?
B.B: Sim é-me fundamental. Esses ramos também fazem parte de mim. Adoro dançar e dançava quando era mais miúda, mas fui deixando um bocadinho em prol da representação. O canto tem sido muito importante para mim, tenho feito alguns musicais e adoro cantar, acho que a música anda de braços dados com todas as formas de arte. É inspiradora.

M.L: Ultimamente tem experimentado mais a televisão com a série “Massa Fresca” (TVI) e a minissérie “Vidago Palace” que vai estrear na RTP em 2017. Estas experiências foram gratificantes para si no que toca, por exemplo, ao ritmo e a meios diferentes?
B.B: Sim. O ritmo de trabalho de “Vidago Palace” foi um bocadinho diferente da “Massa Fresca”, porque foi tudo feito de uma forma mais calma e respirada, embora tenha crescido muito e adorado as correrias da série/novela.

M.L: “Vidago Palace” foi realizada por Henrique Oliveira e contou, por exemplo, com as participações de Anabela Teixeira e Margarida Marinho. Como foi trabalhar tanto com aquele realizador como com aquele elenco?
B.B: Foi fantástico. O Henrique é uma pessoa muito disponível, é muito talentoso, sabe bem aquilo que quer e ao mesmo tempo é super humilde. Ele agradece as propostas dos atores. Deixa-nos criar à vontade e tem uma visão muito ampla de tudo. A Margarida e a Anabela são atrizes fantásticas, para mim foi um privilégio trabalhar com elas. A Margarida fez de minha mãe e a Anabela fez de mãe da minha melhor amiga e foi maravilhoso.

Anabela Teixeira, Margarida Marinho, Beatriz Barosa
M.L: No caso da “Massa Fresca”, já alguma vez tinha pensado que a série podia ter o impacto que teve no horário das 19h00, durante os seus meses de exibição?
B.B: Quando entrei na “Massa Fresca”, não sabia muito bem em que é que devia pensar. Gostaria de ser surpreendida pelo que fosse acontecendo, ignorando um bocadinho as expectativas. O impacto foi realmente surpreendente. Assim que comecei a ler o texto percebi que era fantástico. As personagens estavam todas muito bem escritas, cada uma tinha uma mensagem muito forte para transmitir. Inteirei-me de que aquele projeto poderia ter bastante sucesso. O elenco dava-se muito bem e isso também passa para o público de certa forma, nós éramos todos muito cúmplices.

Susana Sá, Beatriz Barosa, Beatriz Leonardo, Lavínia Moreira, Maria Eduarda Laranjeira
M.L: Como tem lidado com as pessoas que acabaram por a conhecer através da “Massa Fresca”?
B.B: É muito bom sentir que as pessoas vêm o meu trabalho e perceber que ele faz sentido, que estou realmente a comunicar, que aquilo que eu digo através das personagens chega a alguém, que as pessoas o ouvem, que o amor que eu aplico no trabalho é valido para alguém.

M.L: É natural do Porto. A seu ver, a cidade está no seu melhor a nível artístico, pelo menos desde que começou a trabalhar?
B.B: Não. Está a melhorar e pode melhorar muito mais, mas a meu ver não está no seu auge. Espero que haja uma maior aposta nas formas de arte e na Cultura. Sim, eu acredito que possa acontecer e perdurar esse auge da Cultura no Porto, mas ainda há uma distância muito grande entre a minha cidade e a capital. Fui para Lisboa trabalhar e geralmente nós temos que estar lá para que nos tragam cá ou a gravar ou a fazer alguma outra coisa. O Porto deveria deixar de ser uma moda e ganhar direitos. Quando dizem que não se faz nada, a nível artístico, nesta cidade, também não têm razão. Temos que estar realmente atentos e se formos ver as programações dos teatros há de facto uma grande variedade de coisas para se ver. Contudo, pode-se sempre fazer mais e muito mais de facto.

M.L: Que balanço faz do curto percurso que tem desenvolvido até agora como atriz?
B.B: Tem sido muito bom. Estou muito agradecida a todas as pessoas que acreditam em mim e ao público que me vê, pelas experiências que me têm proporcionado. Agora é seguir em frente!

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda nesta altura da sua vida, apesar de ser ainda muito jovem?
B.B: Eu gostava muito de fazer cinema. Participei uma vez numa curta-metragem, quando era ainda muito miúda, mas creio que não retive tudo aquilo que desejava dessa experiência… se bem que tento sempre aproveitar ao máximo cada momento. Gostava de fazer mais televisão, gostava de voltar ao teatro e gostava de cantar mais.ML 

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Brevemente...

Entrevista com... Beatriz Barosa (Atriz)

Mário Lisboa entrevista... Sérgio Graciano

A paixão pelo audiovisual surgiu muito cedo na sua vida, e nos últimos dez anos tornou-se num dos realizadores mais prolíferos em Portugal, trabalhando essencialmente em Cinema e Televisão. Um dos fundadores da produtora SP Televisão, trabalhou em Angola em anos mais recentes, onde guarda boas recordações, e gostava de realizar um jogo do Sporting. Recentemente, realizou a longa-metragem "Perdidos" que vai estrear ainda em 2017, e também co-realizou a série "Filha da Lei" que está em exibição na RTP. Esta entrevista foi feita no passado dia 9 de Janeiro.

M.L: Quando surgiu o interesse pelo audiovisual?
S.G: Desde pequeno que ia muito ao cinema com o meu avô, ia ao Eden, ao Pathé, ao Condes, etc. Acho que foi aí que me comecei a apaixonar pela imagem. A partir daí e especialmente nos tempos de faculdade, ia ao cinema quase diariamente. Acho que foi nesses tempos que criei hábitos que nunca mais perdi, e mais, fiquei dependente desse mesmo (ir ao cinema). 

M.L: Quais são as suas referências nesta área?
S.G: As minhas referências estão mais relacionadas com o cinema, e as minhas escolhas estão sempre muito ligadas à dramaturgia, por isso mesmo, prefiro sempre os verdadeiros "contadores" de histórias (Paul Thomas Anderson, Woody Allen, Christopher Nolan e Martin Scorsese).

M.L: Como realizador, trabalha essencialmente em cinema e televisão. O teatro poderá ser para si uma área por explorar no futuro no que toca à encenação?
S.G: Estive para encenar um espetáculo em Março de 2017 com o Palco 13, mas com alguns projetos que tenho tido, têm coincidido com esse, tive de adiar. Para o ano embarco nessa aventura de certeza.

M.L: Foi co-realizador do remake da telenovela “Vila Faia” que foi exibida na RTP entre 2008/09 e foi a produção inaugural da produtora SP Televisão. Quase dez anos depois, valeu a pena fazer este remake da primeira telenovela portuguesa na sua perspetiva?
S.G: Valeu, até porque acho que foi das melhores novelas que fiz. A "Vila Faia" foi onde tudo começou, e nem que seja só por isso, foi uma justa homenagem que a RTP fez.


M.L: Trabalhou em anos mais recentes em Angola, onde realizou, por exemplo, a longa-metragem/série televisiva “Njinga, Rainha de Angola”. Que recordações guarda dessa experiência internacional?
S.G: Fazer este projeto foi incrível, tive a oportunidade de conhecer um País e um povo que não conhecia, fiquei apaixonado por aquela terra. Artisticamente estava sem qualquer limitação e isso, resulta como uma motivação gigante. Éramos uma equipa fantástica, e antes mesmo de sermos uma equipa, éramos verdadeiros amigos. Foram tempos onde criei como nunca, e isso, vê-se muito bem nas imagens. Foram tempos inesquecíveis.



M.L: Estreou-se na realização de longas-metragens em 2012 com “Assim Assim” que era baseada numa curta-metragem também realizada por si e foi distribuída pela extinta joint venture Columbia TriStar Warner Portugal. À semelhança do Brasil, as majors de Hollywood a seu ver deviam atualmente estar também em Portugal no que toca ao apoio à produção nacional?
S.G: A única questão é que essas majors só entram em indústrias formadas e têm só o objetivo de ganhar dinheiro. Portugal, ainda não é mercado nem tem tão pouco uma visão de indústria para com o cinema. Com o "Assim Assim" aconteceu que a Warner achou que o filme podia ser um filme de público e decidiram arriscar. O filme teve perto de 12.000 espectadores, que é muito abaixo do que costumam ser as apostas destas distribuidoras, por isso, apesar de achar que tenham de apoiar, percebo que não apoiem...


M.L: O que o cativa na língua portuguesa tanto como realizador e como pessoa?
S.G: Gosto de poesia, e acho que a língua portuguesa é poesia, tem uma melodia como mais nenhuma, e um vocabulário que não acaba. Quando leio qualquer coisa escrita em português, normalmente também a vejo. Deve ser por isso, deve ser porque o português ser uma língua completamente cinematográfica que gosto tanto dela. 

M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na área do audiovisual?
S.G: Para fazer! Não deixem mesmo de fazer. Não interessa se filmam com os telemóveis, o importante é que filmem, e acima de tudo, que errem, errem muito!

M.L: Que balanço faz do percurso que tem desenvolvido até agora como realizador?
S.G: Acho que tenho alcançado o que pensei para mim. Agora estou numa fase em que quero fazer muito cinema e séries de televisão. Já fiz alguns projetos dos quais me orgulho muito e outros que nem por isso, mas todos serviram para eu me desenvolver profissionalmente e assim, todos os projetos acabam por ser importantes, não só porque me formo como profissional e pessoa. 

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda nesta altura da sua vida?
S.G: Adorava realizar um jogo de futebol do Sporting.ML