M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
B.B: Quando era muito
pequenina, passava a vida a brincar ao faz de conta e levava isso muito a
sério. Durante um dia, assumia que era uma personagem (podendo ser inventada ou
não), tal como a Celeste ou a Ti Ju e ai de quem me chamasse de Beatriz! Não
sei se foi aí que surgiu ou não o verdadeiro interesse, mas de facto já gostava
muito de viver estas pessoas peculiares. É isso que eu faço hoje em dia. Eu
vivo a vida de outras pessoas, dou a voz a personagens que não têm outra voz ou
recupero a voz delas através da minha própria voz e isso é muito engraçado.
M.L: Quais são as suas referências, enquanto atriz?
B.B: A minha atriz de
eleição é a Meryl Streep. Gosto mesmo muito do seu trabalho, acho que ela é
camaleónica e absolutamente credível nas personagens que interpreta. Lembro-me
de uma vez ouvir uma entrevista sua, na qual afirmava que o seu objetivo era
respeitar ao máximo cada mulher que representava e isso ficou muito marcado em
mim. Parece-me que faz todo o sentido e que se nota, de facto, no seu desempenho
profissional.
M.L: Apesar de ter um percurso curto, de tudo o que
tem feito até agora como atriz, há algum trabalho em particular que pode
dizer-se que é o seu favorito até agora?
B.B: Não, eu não tenho um
favorito. Guardei ingredientes muito importantes e muito especiais de cada
trabalho que fiz. Posso destacar a “Massa Fresca” que foi realmente muito
importante, por ter sido a minha primeira grande experiência, digamos assim, em
televisão. Tinha feito publicidade e uma pequena participação noutra série
também, mas nunca tinha atingido o tal ritmo alucinante de gravações em
televisão e então foi um projeto relevante para mim.
M.L: Além da representação, também tem experiência,
por exemplo, na Dança e na Música. A versatilidade, para si, é um complemento
como pessoa e como atriz?
B.B: Sim é-me fundamental.
Esses ramos também fazem parte de mim. Adoro dançar e dançava quando era mais
miúda, mas fui deixando um bocadinho em prol da representação. O canto tem sido
muito importante para mim, tenho feito alguns musicais e adoro cantar, acho que
a música anda de braços dados com todas as formas de arte. É inspiradora.
M.L: Ultimamente tem experimentado mais a televisão
com a série “Massa Fresca” (TVI) e a minissérie “Vidago Palace” que vai estrear
na RTP em 2017. Estas experiências foram gratificantes para si no que toca, por
exemplo, ao ritmo e a meios diferentes?
B.B: Sim. O ritmo de
trabalho de “Vidago Palace” foi um bocadinho diferente da “Massa Fresca”,
porque foi tudo feito de uma forma mais calma e respirada, embora tenha
crescido muito e adorado as correrias da série/novela.
M.L: “Vidago Palace” foi realizada por Henrique
Oliveira e contou, por exemplo, com as participações de Anabela Teixeira e
Margarida Marinho. Como foi trabalhar tanto com aquele realizador como com
aquele elenco?
B.B: Foi fantástico. O
Henrique é uma pessoa muito disponível, é muito talentoso, sabe bem aquilo que
quer e ao mesmo tempo é super humilde. Ele agradece as propostas dos atores.
Deixa-nos criar à vontade e tem uma visão muito ampla de tudo. A Margarida e a
Anabela são atrizes fantásticas, para mim foi um privilégio trabalhar com elas.
A Margarida fez de minha mãe e a Anabela fez de mãe da minha melhor amiga e foi
maravilhoso.
Anabela Teixeira, Margarida Marinho, Beatriz Barosa |
M.L: No caso da “Massa Fresca”, já alguma vez tinha
pensado que a série podia ter o impacto que teve no horário das 19h00, durante
os seus meses de exibição?
B.B: Quando entrei na “Massa Fresca”, não sabia
muito bem em que é que devia pensar. Gostaria de ser surpreendida pelo que
fosse acontecendo, ignorando um bocadinho as expectativas. O impacto foi
realmente surpreendente. Assim que comecei a ler o texto percebi que era
fantástico. As personagens estavam todas muito bem escritas, cada uma tinha uma
mensagem muito forte para transmitir. Inteirei-me de que aquele projeto poderia
ter bastante sucesso. O elenco dava-se muito bem e isso também passa para o
público de certa forma, nós éramos todos muito cúmplices.
Susana Sá, Beatriz Barosa, Beatriz Leonardo, Lavínia Moreira, Maria Eduarda Laranjeira |
M.L: Como tem lidado com as pessoas que acabaram por a
conhecer através da “Massa Fresca”?
B.B: É muito bom sentir que as pessoas vêm
o meu trabalho e perceber que ele faz sentido, que estou realmente a comunicar,
que aquilo que eu digo através das personagens chega a alguém, que as pessoas o
ouvem, que o amor que eu aplico no trabalho é valido para alguém.
M.L: É natural do Porto. A seu ver, a cidade está no
seu melhor a nível artístico, pelo menos desde que começou a trabalhar?
B.B: Não. Está a melhorar e pode melhorar
muito mais, mas a meu ver não está no seu auge. Espero que haja uma maior
aposta nas formas de arte e na Cultura. Sim, eu acredito que possa acontecer e
perdurar esse auge da Cultura no Porto, mas ainda há uma distância muito grande
entre a minha cidade e a capital. Fui para Lisboa trabalhar e geralmente nós
temos que estar lá para que nos tragam cá ou a gravar ou a fazer alguma outra
coisa. O Porto deveria deixar de ser uma moda e ganhar direitos. Quando dizem
que não se faz nada, a nível artístico, nesta cidade, também não têm razão.
Temos que estar realmente atentos e se formos ver as programações dos teatros
há de facto uma grande variedade de coisas para se ver. Contudo, pode-se sempre
fazer mais e muito mais de facto.
M.L: Que balanço faz do curto percurso que tem
desenvolvido até agora como atriz?
B.B: Tem sido muito bom.
Estou muito agradecida a todas as pessoas que acreditam em mim e ao público que
me vê, pelas experiências que me têm proporcionado. Agora é seguir em frente!
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida, apesar de ser ainda muito jovem?
B.B: Eu gostava muito de
fazer cinema. Participei uma vez numa curta-metragem, quando era ainda muito
miúda, mas creio que não retive tudo aquilo que desejava dessa experiência… se
bem que tento sempre aproveitar ao máximo cada momento. Gostava de fazer mais
televisão, gostava de voltar ao teatro e gostava de cantar mais.ML
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